Homens, micróbios e história

O verão de 1894 foi terrível em Woking. Os marcianos aterrissaram. Eram grandes como ursos, pele oleosa, dois olhos enormes e a baba e escorria das bocas repletas de tentáculos móveis como fios de cabelo. Não comiam nunca – não tinham entranhas – mas injetavam o sangue humano nas suas veias. Nunca dormiam nem ficavam cansados. Gritavam “ulla, ulla, ulla, ulla!” o tempo todo, se reproduziam como botões de flores. Estenderam um tapete emaranhado de mato vermelho que emitia raios quentes fatais e gás negro venenoso. Os invasores avançaram pela estrada de Chobham e tomaram a sossegada Byfleet, a despeito dos hussardos e dos Maxins. Weybridge caiu, Shepperton foi devastada, a população de Londres fugiu para Barnet. Os marcianos continuaram seu caminho assassino até Primrose Hill, onde todos contraíram uma doença e morreram. Eles haviam conquistado o homem, mas não tinha nenhum fator de resistência às bactérias que pululavam na terra dos homens. Nossos germes nos salvaram. Destruíram também o tapete de mato vermelho.

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