A digitalis ou dedaleira

“Se o inverno chega, pode a primavera estar longe?” foi a observação cretina de Shelley, embora tenhamos que admitir que ele estava vivendo na Itália, nessa época. Quando o inverno chega na Inglaterra a primavera está ainda muito além do próximo Grande Nacional, e muitas vezes bem no meio da estação de críquete. Mas quando os bosques ingleses usam maquiagem verde e a noite começa a levantar sua saia, comemoramos nossa escapada dos perigos médicos do inverno, aproveitando com prazer as ofertas maduras da terra – como amoras, aspargos e batatas novas, hoje tão convenientemente trazidas de avião da Califórnia, do Chile e do Egito.

Quando Shakespeare estava falando sobre “O mundo verde na recém-chegada primavera”, os ingleses tiravam o inverno do sangue tomando chá de ervas que brotavam do sol: Margarida amarela, a aquáticas beldroega e Hampshire, folhas de framboesa, ou comiam a geléia de amora negra da primavera no anterior, ou tomavam suco de nabo (que se extrai açucarando pedaços crus). Nesse chás eram, sem que ninguém soubesse, anti-escorbuto, como o suco de lima de Lind, admirável quando baixava o nível da vitaminas C no sangue equinocial.

William Withering (1741-1799) e era um clínico geral rural, de Stafford, que ganhava 100 libras por ano e que se mudou para Birmingam e passou a ganhar 1.000 libras por ano, mas que gostava de passear no campo. Birmingham era uma próspera cidade industrial dizem que fabricou 15.000 esperadas para Crownwell, por ocasião da guerra civil. Ela atraía os homens de espírito prático, como Joseph Priestly, que descobriu o oxigênio, James Watt, que inventou a estrada de ferro, William Herschel, que descobriu o planeta Urano, John Smeaton, que construiu o farol de Eddystone, Josiah Wedgwood, que fez as placas. Eles criaram a Sociedade Lunar, que se reunia nas noites de lua cheia para discutir ciência e filosofia. Withering era seu botânico. Seu livro A Botanical Arrangement of all Vegetable Naturally Growing in Great Britain foi um enorme sucesso de um ano de 1776. Ele era médico-chefe do Hospital Geral de Birmngham. Combinando os conhecimentos do epidemiologista que estudou e a escarlatina e do mineralogista que descobriu o carbonato de bário, e ele criava cães, tocava flauta, como Jenner, e como Jenner conversava com ordenhadoras.

Cavalgando nas suaves colinas de Shropshire em 1775, Whitering encontrou uma e velha mulher que conhecia o segredo da cura da hidropsia nas pernas. Pernas que não cabiam nas calças, o que sei arrastavam debaixo das saias, com pés que não podiam ser calçados, melhoravam com seu chá de vinte ervas – quando o paciente conseguia argumentar os vômitos violentos e a diarréia. Ele curava onde os médicos locais não podiam curar. ” Não mãe era muito difícil para uma pessoa que conhecia o assunto “, escreveu Whitering, “Perceber que é erva ativa só podia ser a digitalis”. Era o mesmo princípio divino contido na erva de Escorbuto. Nicholas Culpeper (1616-1654) já havia indicado, em 1654, que a dedaleira “A do ossada com açúcar ou meu serve para limpar e purgar o corpo, tanto para cima quanto para baixo”.

Whitering imediatamente experimentou o xangô seus pacientes, em os pobres aos quais ele dedicava uma hora por dia. Os doentes de hidropsia o urinaram copiosamente, um efeito omitido pela velha senhora de Shropshire. Quando soube que o diretor de Brasenose, Oxford, fora curado de hidropsia peitoral (efusão da pleura) com a raiz da dedaleira, em 8 de setembro de 1775 , Whitering administrou chá de dedaleira a um construtor de 50 anos que sofria de asma e excesso de fluidos no abdome, o qual ” fez uma grande quantidade de água. Sua respiração gradualmente ficou mais fácil, a barriga desapareceu e dentro de dez dias e ele começou a comer com enorme apetite”.

Ao contrário da velha senhora, Whitering compreendeu que a hidropsia fora bombeada para os esgotos de Birmingham pelo coração, estimulado pela dedaleira. Como digitalis, o nome dado a dedaleira em 1542, a feitiçaria deWenlock Edge entrou respeitavelmente para a Farmacopéia de Edimburgo em 1783. O relato de Whitering, História da dedaleira, foi o enorme sucesso de 1785. Por acaso ele havia descoberto o poderoso medicamento cardíaco cujos vários derivados são usados até hoje.

Como Jenner, Whitering atraiu oponentes ferrenhos. O Dr. Lettson, de Londres, matou oito pacientes com digitalis, incluindo Charles James Fox. Houve muitos desastres devido ao fato de a hidropsia ser um sintoma, não uma doença. Pode ser causada por insuficiência renal, tanto quanto por insuficiência cardíaca. Isso foi estabelecido em 1827 pelo jovial, gorducho, operoso Richard Bright (1789-1858), o explorador da Islândia, que foi da Universidade de Edimburgo para a Guy’s, em Londres. A hidorpsia na Guy’s era ainda considerada uma doença isolada, como entre os camponeses de Whitering, no Shropshire porém, Bright viu uma conexão entre três itens: hidropsia, a albumina que aparecia em quantidade anormal na urina dos pacientes e a deixava turva, quando aquecida, e os rins rigidamente contraídos no iminente estado de post-mortem. “Depois de uma vida de calorosa afeição, pureza imaculada e grande utilidade”, Bright morreu de insuficiência cardíaca e vive para sempre na doença de Brigth.

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O tempero da vida

A vitaminas são substâncias químicas caracteristicamente ausentes nos alimentos que usamos. Foram inventadas em Cambridge, em 1912, por Sir Frederick Gowland Hopkins (1861-1947). Os médicos mais antigos de Cambridge, como eu, lembra ainda a exclamação murmurada “É, Hopkins!” – como Pasteur ou Lister – quando ele aparecia nos laboratórios de bioquímica, entre os Colégios de Pembroke e Downing.

Hopkins descobriu que uma pequena gota de leite podia tornar perfeita a dieta que estava matando os ratos. Ele foi também o sogro póstumo de J. B. “Bons Companheiros” Priestley.

Em 1907 foi provocado o escorbuto em cobaias, na Noruega. Os cientistas da nutrição começavam a aprender que a alimentação humana não era exclusivamente constituída por proteínas, gordura, carboidratos e minerais, mas que misteriosamente era necessário algum aditivo. As cobaias de Hopkins tinham se desenvolvido muito bem só tomando leite. Mas quando alimentadas com os elementos do leite, separados, elas morriam.

Em 1932 a vitamina C foi cristalizada por engano por Szent Györgi, na Hungria, depois na América, retirada do suco de limão como ácido ascórbico. era uma substância química simples, que curava o escorbuto e identificava as confusões a respeito da doença: o limão era mais eficaz do que a lima porque era três vezes mais rico em vitamina C. Os oficiais, que se alimentavam melhor, deixavam o porto com maior quantidade de vitaminas C armazenada no corpo. Toda a tripulação embarcava na primavera, ou seja, depois do inverno, quando comiam menos vegetais. A vitamina C é fabricada nos organismos de todos os animais, exceto naquelas cobaias, no homem e nos macacos.

Em 1886, os holandeses preocupavam-se com o Beribéri, em cingalês, significa “eu não posso”, indicando a fraqueza dos músculos e das pernas inchadas que precedia a morte por insuficiência cardíaca. O médico do exército holandês, Christian Eijkman (1858-1930), pensava que o beribéri fosse uma infecção, até que a crise de 1897 o obrigou a alimentar as galinhas do laboratório com restos de comida do hospital e elas contraíram beribéri. Quando o arroz branco e polido dos curries e podia fizera substituído pelo arroz escuro e não-polido, de gosto desagradável, elas melhoravam. Ele experimentou o arroz polido nas galinhas, complementando com gordura e sais minerais. Não adiantou. Tentou arroz polido e um extrato do polimento do arroz, e as galinhas logo voltaram a ciscar e a por ovos. Eijakman declarou, em 1901, que os itens conhecidos da dieta necessitavam de “algo mais” desconhecido, em quantidades mínimas e sem valor nutritivo, para nos manter vivos. Mas ninguém deu muita atenção. Seu algo mais era a vitamina B do germe do arroz, que era retirado pelo polimento, saindo com a pele escura. Isso se tornou aparente só depois que Hopkins aplicou sua imaginação ao enigma. Tudo acabou bem, em 1929 eles ganharam o prêmio Nobel.

As outras vitaminas foram identificadas e sintetizadas antes de 1940. A vitamina A no leite, na manteiga, nos ovos e óleo de fígado de peixes prevenia certas formas de cegueira. A vitamina B é formada por várias vitaminas do cereais e evita vários problemas graves de pele, pelagra (dermatite, diarréia e demência) e o beribéri das galinhas de Eijakman e também de 40% da Marinha Japonesa, entre 1878 e 1882. A vitamina D, que vem junto com a A, evita raquitismo; a K, nos vegetais verdes, evita hemorragias. Ninguém sabe o que faz a vitamina E. Quando foi descoberta, em 1936, acreditaram que aumentava a fertilidade, e os idosos médicos de Cambridge cantaram em uníssono:

“Vitamina E é para mim!

Vamos acabar com a esperança da velhice

Tomando-a com o nosso chá.”

No nosso mundo de boas moradias, saudável e hedonista, a insuficiência de vitaminas atinge somente os decréptos, que não podem ter uma dieta normal, e os seguidores das novas modas, que não querem comer normalmente. Essa parte triste da história de nossa dieta acontece predominantemente no terceiro mundo, descoberto relativamente há pouco tempo. É uma terra da qual sabemos vagamente que é repleta de florestas, onde nada há para fazer senão sexo, onde os nativos usam paletós xadrez rasgados e gravatas vistosas, enquanto assistem à televisão em branco e preto e ouvem discos de vinil nas suas cabanas, sentados em cadeiras de plástico ou deitados em almofadas, entre uma profusão de outros itens dos quais felizmente há muito tempo nos desfizemos. Só a deficiência da vitamina A, ou ceratomalácia, cega centenas de milhares de crianças todos os anos, mas ninguém faz muita coisa a respeito disso.

A vitamina C não cura resfriados, ferimentos na cabeça nem elimina os efeitos da bebida. A vitamina A não nos faz enxergar no escuro (desinformação da RAF, em 1940 – na verdade era o radar). Uma overdose de vitamina A ou D pode nos deixar doentes. Mas nenhuma vitamina podem nos tornar mais saudáveis. Elas não podem aumentar a inteligência dos nossos filhos. Como não são distribuídas de graça, são um desperdício pouco inteligente de dinheiro. Um primeiro-ministro inglês do nosso tempo toma um comprimido de vitamina C todas as manhãs

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Limões e limas

Naquela época, acreditava-se que, para cada doença enviada por sua ira, Deus, misericordiosamente, plantava uma erva para curá-la. A medicina herbal, ecoava por toda a Bíblia.

O herbalista e barbeiro-cirurgião de James I. Gerarde (1545-27 12), em 1597 proclamou divinamente a descoberta da erva do escorbuto. Essa Cochlearia officinalis, com 30 cm de altura e flores brancas, que crescia perto do mar, é uma das quadripétalas da família das crucíferas, parente dos nabos, rabanetes, agrião, mostarda goivo amarelo. O brado das ruas ” compre a erva do escorbuto! ” Era bastante comum em Middleton e no livro de Decker, The Roaning Girl, de 1611. em era possível comprar cerveja de erva do escorbuto. Em 1764, o avô de Bayron, Almirante ” mau tempo Jackie “, prudentemente incluiu entre as porções do Dolphin, para a viagem ao redor do mundo, a erva do escorbuto e cocos.

Os marinheiros estavam descobrindo que frutas tropicais comidas em terra curavam o escorbuto a bordo. Laranjas a azedas e limão eram a ração favorita de Sir Richard Hawkins , o cirurgião da Companhia das Índias Orientais, John Woodall (1569-1643), no The Surgeon Mate. Em 1612, recomendava o armazenamento de suco de limão a bordo de todos os navios da companhia. Os holandeses preferiam Sauerkraut, o capitão Cook recomendava geleia de cenoura ou mosto de cereja. Vinagre, para tomar ou lavar o convés, óleo de vitríolo e enterrar o paciente até o pescoço, na terra fria, todos esses métodos tínhamos seus defensores, embora mal orientados.

James Lind (1716-1794), de Edimburgo, nove anos no mar, com a Marinha, bravamente denunciou as acomodações para os doentes, a comida rançosa, a água imunda e deixou o mar para ser médico do Hospital Naval Haslar, em Portsmouth, que em 1790 tinha ainda 1.754 casos de escorbuto. Lord Anson são perdeu três quartos de sua tripulação na viagem ao redor do mundo, em 1740-1744. Em 1778, a Frota do Canal, depois de 10 semanas no mar, tinha 2400 caso de escorbuto . Porém, em 1753, o Tratado Sobre Escorbuto, de Lind, determinou um curso entre as supostas causas e supostas curas que flutuavam ainda no mar da ignorância.

Em 20 de Maio de 1747, a bordo do Salisbury, voltando para casa, tendo saído há um mês de Plymouth, Lins realizou uma experiência clínica. Doze doentes de escorbuto, na enfermaria em Bordeaux, na proa, alimentava— se de mingau no desjejum, caldo de carne de carneiro e pudim no almoço e sagu, passas de Corinto e passas de uvas no jantar. Lind dava a cada um meio litro de cidra por dia. Dois tomaram óleo de vitríolo. Dois tomaram vinagre. Dois, água do mar. Dois chuparam laranjas e limão, e dois um preparado de pó de alho, rabanete, bálsamo-do-Peru e mirra. Os dois que recebam laranjas e limão estavam aptos para o trabalho dentro de seis dias, e passaram a tratar dos que continuavam doentes.

Johannes Bachstrom (1686-1742), de Leyden,13 anos antes havia declarado que o os corpo do mar e o de terra era mão única doença que só tinham uma cura: comer verduras. Fim de afirmou a mesma coisa:

” O marinheiro em ignorante e o médico cultos sentem necessidade, igualmente, e com a mesma intensidade, de vegetais verdes e das frutas frescas da terra. “

Lind receitou suco de limão ou de lima.

Ele havia encontrado o remédio específico, sem idéia de como funcionava, para uma doença cuja causa ninguém conhecia.

Um ano depois da sua morte, o almirantado concordou com ele. Duzentos gramas de suco de limão, com cem gramas e meio de açúcar, eram distribuídos para toda a tripulação depois de seis semanas no mar. O escorbuto desapareceu como o Holandês Voador.

Mais tarde, o suco de limão passou a ser preservado com a adição de um quarto de seu volume de rum. Os donos de navios mercantes, a partir de 1854, foram obrigados a “servir o suco de limão ou de lima à tripulação, sempre que os homens haviam consumido alimentos salgados durante dez dias “. As limas das índias orientais eram preferidas aos os Limões do Mediterrâneo e, por muito tempo, a palavra passou a designar os ingleses nos pontos da América (embora durante um tempo os limeys fossem também os ” novos amigos” que desembarcavam na Austrália). As usinas, estranhamente, não era tão eficazes contra o escorbuto quanto o limão. A viagem em busca do pólo norte, comandada por Sir George Nares, em 1875, quando só foi o usado suco de lima, teve casos de Escorbuto, e a de Sir Alexander Armstrong, em 1850, com suco de limão, não teve nenhum. Às vezes,85% dos pacientes de Florence Nightingale, em Scutari ir ela tinha um Escorbuto, apesar das frações de suco de lima, mais isso logo foi explicado pelo fato de as minas teriam ficado todas em Balaclava. Ao humanidade teria de esperar 50 anos pela resposta certa.

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Um osso duro de roer

“Todos estavam juntos no convés,

Para ver a construção de uma prisão-túmulo:

Todos ficavam em mim seus olhos frios

Que à luz dominar brilhavam.”

Samuel Taylor Coleridge,

The Rime off The Anciest Marine

Gengivas inchadas, esponjosas, arroxeadas, sangrando, hálito fétido, dentes amolecidos e cuspidos, sangramento em volta dos pelos do corpo, logo grandes equimoses, juntas inchadas, hemorragia nasal, olhos injetados, vômito sangrento, ferimentos não-cicatrizados, lassidão, fraqueza, insuficiência cardíaca e morte súbita. Quando os marinheiros saíram de Bristol, no século XVIII, deixando Dr. Jenner entre os ordenhadoras, tudo isso era tão comum a bordo quanto o enjoo do mar.

Vasco da Gama, em 1497, o primeiro a dar a volta ao Cabo da Boa Esperança, perdeu desse modo 160 homens de sua tripulação. A doença intrigou Fernando de Magalhães, o primeiro a dar a volta ao Cabo Horn, em 1520. Um ano e três meses depois de sair de Sevilha, após passar três meses de inverno em São Juliano, na Patagônia, as gengivas do seus homens “cresceram, cobrindo os dentes, impedindo-os de se alimentar, e eles morreram de fome”. Jacques Catier, de St. Malo, descobridor do São Lourenço, passou o inverno de 1535 ancorado no Rio Charles, que divide Québec, e perdeu 50 homens em dezembro, quando essa ” doença desconhecida começou a se espalhar entre nós do modo mais estranho jamais visto ou ouvido “. Em fevereiro, dos 110 tripulantes apenas 10 tinham condições de trabalhar, outros 25 morreram em terra, a despeito das orações contínuos.

O veterano da Armada, Sir Richard Hawkind, autor de Voyage into the South Sea, seguiu a esteira de Drake, para circunavegar o globo no Reputance (rebatizado, por ordem da rainha Elizabeth I, com o nome de Daintie), liberalmente aprisionado em 1593, em Plymouth, com carne de boi, de porco, biscoitos e cidra, e foi atacado pela doença no Equador. Nos seus 20 anos de mar, Sir Richard admitiu ter visto 10.000 casos.

O Escorbuto era uma doença identificada pelo número de mortos. Os comandantes se perguntavam se seria uma infecção dos misteriosos fômites ou provocada pela preguiça evidente de suas vítimas , por quiasmas demoníacos, entre um um convés e outro, o sal ar, o trabalho duro, beijar mulheres em terra, a comida. A ração diária da Marinha, em 1615, era de 236 gramas de queijo, 118 gramas de bacon 118 de manteiga, meio quilo de biscoitos, geralmente bichados “fedidos como mijo”, mas toleráveis com o meio litro de cerveja.

O Escorbuto no mar era grave e rápido, raro entre os oficiais, até mesmo entre os oficiais subalternos, atacando mais rapidamente nas viagens que começavam na primavera. Nos porões-prisões ancorados ao largo de Woolwich, no Tâmisa, o escorbuto era um carrasco muito ocupado. Os traficantes de escravos queixavam-se que o número de vítimas da doença, nos seus navios superlotados, custava a eles a perda de vidas valiosas. O escorbuto em terra era mais insidioso no seu ataque às guarnições, às cidades cercadas, aos Países Baixos, ao norte da Rússia e Escandinávia e às regiões romanas, que ela atravessavam o Reno .

Felizmente para os romanos, os holandeses tinham uma erva curativa, bem como os índios da margem do São Lourenço. Atônito com os casos dos índios que se recuperavam numa semana, tomando chá de agulhas de pinheiro, Jacques Cartier mandou fazer o chá para sua tripulação e, satisfeito, viu todos curados, sendo sua alegria maior pelo fato de não precisar repetir a desagradável tarefa de abrir o corpo de um amigo morto na neve, sem descobrir a causa da terrível doença.

Johannes Bachstrom (1686-1742), de Leyden,13 anos antes havia declarado que o os corpo do mar e o de terra era mão única doença que só tinham uma cura: comer verduras. Fim de afirmou a mesma coisa:

” O marinheiro em ignorante e o médico cultos sentem necessidade, igualmente, e com a mesma intensidade, de vegetais verdes e das frutas frescas da terra. “

Lind receitou suco de limão ou de lima.

Ele havia encontrado o remédio específico, sem idéia de como funcionava, para uma doença cuja causa ninguém conhecia.

Um ano depois da sua morte, o almirantado concordou com ele. Duzentos gramas de suco de limão, com cem gramas e meio de açúcar, eram distribuídos para toda a tripulação depois de seis semanas no mar. O escorbuto desapareceu como o Holandês Voador.

Mais tarde, o suco de limão passou a ser preservado com a adição de um quarto de seu volume de rum. Os donos de navios mercantes, a partir de 1854, foram obrigados a “servir o suco de limão ou de lima à tripulação, sempre que os homens haviam consumido alimentos salgados durante dez dias “. As limas das índias orientais eram preferidas aos os Limões do Mediterrâneo e, por muito tempo, a palavra passou a designar os ingleses nos pontos da América (embora durante um tempo os limeys fossem também os ” novos amigos” que desembarcavam na Austrália). As usinas, estranhamente, não era tão eficazes contra o escorbuto quanto o limão. A viagem em busca do pólo norte, comandada por Sir George Nares, em 1875, quando só foi o usado suco de lima, teve casos de Escorbuto, e a de Sir Alexander Armstrong, em 1850, com suco de limão, não teve nenhum. Às vezes,85% dos pacientes de Florence Nightingale, em Scutari ir ela tinha um Escorbuto, apesar das frações de suco de lima, mais isso logo foi explicado pelo fato de as minas teriam ficado todas em Balaclava. Ao humanidade teria de esperar 50 anos pela resposta certa.

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Fazendo a limpeza

As ideias de Lister não abrangeram todos os problemas da sua profissão. Na década de 1880, o cirurgião menos confuso de Londres admitiu relutantemente a existência das bactérias, mas zombou da ideia de que podiam transmitir doenças através das nossas mãos. Um médico com título de nobreza, no King College Hospital que, descuidadamente enfiou o dedo na incisão feita por Lister foi violentamente empurrado pelo cirurgião para longe da mesa. A sanitização no teatro operatório era considerada ridícula, efeminada e afetada, equivalente a limpeza do cepo do açougueiro ou do carrasco.

Robert Lawson Tait (1845-1899), ginecologista na próspera cidade de Birmingham, ligava negava ferozmente que as bactérias fossem responsáveis pelo ” pus louvável ” que pingava livremente das decisões incisões cirúrgicas. Mas fazia questão de lavar seu teatro operatório com água e sabão com o zelo de uma dona de casa, todos os seus casos de ovariotomia sobreviveram, e Ernest Bergman (1836-1907), em Berlim, esterilizava tudo com vapor. A ideia de limpeza surgiu logo depois do começo da aceitação da divindade do cirurgião.

O método anti-séptico de Lister, que consistia em matar os germes na sala de operação, foi substituido, no fim da sua vida, pela assepsia, que usava autoclaves e água fervente para evitar que eles entrassem. Somente 15 anos depois da operação de Jummy Greenless, em Glasgow, William Stewart Halstead (1852-1922), no Hospital John Hopkins, em Baltimore, começou a praticar a cirurgia asséptica em lugar da anti-séptica. Os aventais cirúrgico eram previamente fervidos e as luvas de borracha começaram a ser usadas em 1890, depois que o professor Halstead notou que a sua enfermeira assistente, Miss Hampton, estava manchando as mãos sensíveis para fazer assepsia dos instrumentos. A experiência foi tão bem sucedida que o professor casou com ela no mesmo ano. Porém, Lister lutou contra a nova ideia, como o criador de cavalos lutou contra o automóvel, o coronel de cavalaria contra o tanque de guerra e como todos que se opuseram ao seu burro mecânico.

Hoje a assepsia e tudo, todos os instrumentos não esterilizados remotamente por meio de raios gama e acondicionados em envoltórios de papel, como band—aid; os cirurgiões usam uniformes, gorros, máscara e luvas esterilizados que se tornaram, para um devotado público de televisão, vestimentas cerimoniais como os mantos e as casulasda Igreja.

A divisão da história da cirurgia em pré e pós-listeriana ainda venera Lister por abrir os lugares sagrados do corpo – as juntas, o abdômen, o peito e o crânio – antigamente selados pelos demônios da infecção. Contudo, a identificação e a aceitação da existência dos germes, no fim do século XIX, certamente teria feito isso, mesmo que Lister tivesse seguido o pai do comércio de vinho.

“Não vamos ouvir mais bobagem sobre Lister ter resolvido os problemas da cirurgia pré-listeriana. Isso não é verdade “, escreveu nem delicadamente Lawson Tait em 1898. Talvez o mal-educado estivesse certo. Tiros no escuro tornando-se desnecessários quando se espera pacientemente pelo nascer do dia. Com tudo: “ninguém sabia como prevenir o perigo de uma picada alfinete, nem como fazer um curativo, até a vinda de Lister! “.

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O burro mecânico

Embora o inimigo fosse ainda desconhecido, a recomendação para matá-lo era o “hospitalismo”: a infecção, o envenenamento do sangue e a gangrena negra, que esvaziavam as salas de cirurgia nos cemitérios e dava aos sucessivos ocupantes da mesa de operação uma chance pior do que a de um soldado em Waterloo.

Joseph Lister (1827-1912), filho de um comerciante de vinhos em Londres, ainda estudante assistiu à primeira operação com anestesia realizada na Europa por Robert Liston no Hospital Colégio da Universidade em 1846. Lister estudou a inflamação nas patas de sapos. Na sua opinião, a infecção fatal das incisões cirúrgicas não era causada pelos vagos miasmas, como pensava a crença popular, mas por algo sólido que flutuava no ar. Como Jenner, Lister antecipou Louis Pasteur que, em 1864, identificou aquelas partículas invisíveis como coisas vivas que acidificavam o vinho. Lister especulava que, se coisas sólidas faziam apodrecer os vinhos que seu pai vendia, deviam provocar a putrefação das incisões feitas por ele.

Lister tentou então destruir essa massa de germes variados no local em que o bisturi do cirurgião facilitava sua entrada usando um desinfetante no campo operatório. Ele escolheu o ácido carbólico que, sabia, tinha funcionado nos esgotos de Carlisle. Nessa época Lister era professor de cirurgia na Enfermaria Real de Glasgow, construída sobre um cemitério repleto de vítimas da epidemia de cólera. Ele resolveu experimentar sua ideia em 12 de agosto de 1865, aplicando panos embebidos em ácido carbólico na perna esquerda de Jimmy Greenless, de 11 anos, que estava com fratura da tíbia.

Em seguida, Lister adaptou vaporizadores usados para perfume, manejados por um estudante, que durante todo o tempo vaporizava a mesa comum, coberta por uma toalha com bordas como preparada para o chá da tarde, onde se processava a operação. A equipe de cirurgia usava a mesma roupa com que chegava ao hospital, e só o cirurgião arregaçava os punhos. Alguns cirurgiões usavam sempre a mesma sobrecasaca para operar, com fios de sutura presos nas casas dos botões, endurecidos com sangue e pus secos; quanto mais sujos, maior era a clientela do cirurgião. A sala de operação tinha pias de cozinha com torneiras de bronze, bancadas de banheiro com tampo de mármore para os vidros e toalhas, bacias de louça com as esponjas cheias de sangue e um balde cheio de areia, que era espalhada com uma pá no assoalho de madeira sujo de sangue. Um aquecedor a carvão aquecia a sala no inverno e facilitava a alguns cirurgiões mais conservadores o estancamento das hemorragias com ferro em brasa, como faziam seus ancestrais elizabetanos.

Lister aperfeiçoou os vaporizadores de perfume, criando seu “burro mecânico”, um tripé de madeira com um vidro de ácido carbólico vaporizado manualmente por meio de uma alavanca (o qual pode ser visto no corredor do Colégio Real dos Cirurgiões). Como não podia deixar de acontecer, logo passou a ser movido a vapor, como as locomotivas e os navios. O desconforto provocado na equipe pela nuvem constante de fenol no rosto, dai após dia, pode ser compreendido pelo jardineiro que resolve vaporizar suas árvores frutíferas num dia de vento forte. Em 1887, Lister abandonou o burro mecânico e voltou à gaze impregnada com ácido carbólico.

Em 1871, Lister operou a axila real. A rainha Vitória estava com um abcesso de 15 centímetros de largura na axila esquerda, e pior do que a dor era a indignidade de tal coisa na pessoa real. Na atmosfera impressionante da operação, feita com anestesia local, infelizmente a rainha recebeu uma baforada do vaporizador no rosto. “Eu sou apenas o homem que maneja os foles”, protestou arrasado, o assistente alvo da ira real. Lister se gabou delicadamente, depois da morte da rainha: “Acredito que eu fui a única pessoa que jamais praticou no seu corpo divino a arte da cirurgia.” Para os amigos, ele disse: “Cavalheiros, eu fui único homem que enfiou a faca na rainha!”

No seu septuagésimo aniversário, Lister conheceu Pasteur, apresentado pelo presidente Carnot, da Sorbonne. “Não existe no mundo todo um indivíduo a quem a ciência deva tanto quanto ao senhor”, disse Lister elegantemente para Pasteur. Eles se beijaram e todos gritaram Vive! Nesse rasgar de seda acadêmico, Lister era lord há três meses, o primeiro da medicina.

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Alguma coisa no ar

Jenner tinha feito a previsão, antecipando Pasteur:

“A origem da varíola é uma matéria morta, de uma espécie peculiar.”

E Jenner especulou, antecipando Robert Koch:

“Não será certo imaginar que muitas das moléstias contagiosas que prevalecem agora entre nós podem dever seu aparecimento não a uma origem simples, mas composta? Por exemplo, é difícil imaginar que o sarampo, a escarlatina e a inflamação ulcerosa da garganta, com pintas na pele, tenham todas vindo da mesma fonte, supondo alguma na forma de acordo com a natureza das novas combinações?”

Jenner sabia tanto quanto uma vaca que a varíola era causada por um vírus. No microscópio eletrônico, esse vírus tem a forma de um tijolo, um dos grandes do grupo do ácido desoxirribonucléico. Ele cresce nos embriões de galinha, e a varíola é visível no fim de três dias. O vírus da varíola bovina é muito parecido, embora os vacinadores do mundo tenham se despedido das ordenhadoras e passado a usar o vírus da varíola atenuado, fazendo-o passar pelo corpo de vitelas.

Há um século, quando a cada ano eram identificados novos micróbios, os médicos estavam ainda confusos a respeito dos germes. O conceito de infecção não se/urgiu para eles como um glorioso nascer do sol, merecedor da contemplação científica. A explosão de descobertas, detonada pro Robert Koch, em 1876, foi tão violenta que, ao invés de iluminar a antiquada estrutura do pensamento científico, a reduziu a ruínas

Até os antigos “fômites” de Hieronymus Frascatorius foram lembrados para explicar aquelas misteriosas novas “partículas”, as quais , ensinavam vagamente o Dr. Husband, de Edinburgh, 15 anos depois de Koch: “Segundo dizem, têm vida própria, são capazes de se movimentar em fluidos, procurar alimento, crescer e morrer.”

Algumas opiniões profissionais conflitantes:

  • O Dr. Parkes explicava que a infecção não era inevitável, porque algumas pessoas não tinham no organismo o alimento adquado para essas partículas, ou esse alimento já fora devorado por elas num ataque anterior.

  • O Professor Hallier dizia que as partículas eram fungos.

  • O Dr. Ross citava Darwin, insistindo em dizer que as partículas eram pequenas partes modificadas que se soltavam de um indivíduo e produziam a doença aderindo a outro indivíduo.

  • O Dr. Richardson achava que elas retiravam o oxigênio do sangue, provocando a decomposição dos tecidos.

  • O oficial médico do Conselho Privado calculava oficialmente: uma única bactéria pode produzir 16.777.220 indivíduos a cada 24 horas.

A infecção, portanto, era um assunto sem argumentos definitivos, como é o câncer hoje.

Porém em meados do século certos desinfetantes, como o fluido do Dr. Condy, começavam a ser usados abundantemente, e os desodorantes apareceram nos manuais de saúde, antes de atingirem a sofisticação do uso nas axilas. Água de Colônia era o perfume favorito para disfarçar o cheiro extremamente desagradável e gangrenoso dos hospitais. Era preciso evitar as “fermentações” e as putrefações misteriosas produzem seus nebulosos contagia. Desse modo, o ácido carbólico, o permanganato de potássio e o cloro passaram a ser usados, correta e eficientemente, para evitar a infecção pelos germes que ninguém conhecia (Hipócrates tinha usado alcatrão).

O contato direto do desinfetante e do contágio era, também corretamente, visto como essencial; a simples aspersão do ácido carbólico no ar do hospital era acertadamente considerado inútil. O calor seco, a uma temperatura de 125 °C, era recomendado como o desinfetante mais eficiente de todos, o precursor da esterilização moderna. “Para maior segurança e para prevenir a infecção e outras doenças , a população deve procurar limpeza, boa ventilação e drenagem”, aconselhava acertadamente o oficial médico do Conselho Privado em 1866, “e o uso da água completamente pura para beber “. Florence Nightingale havia previsto isso em Scutari. Para ela, a limpeza era tudo. Durante toda sua longa vida, Florence Nigthingale encarava os germes com o mesmo desprezo com que ela via a supremacia masculina.

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Pare a vacinação agora

Como qualquer ideia nova que desabrocha em qualquer sociedade ou instituição, não demorou para que as portas se fechassem para Jenner. A Real Sociedade a rejeitou ativamente.

Ele não devia arriscar sua reputação apresentando para o ilustre grupo de médicos algo que parecia tão contrário ao conhecimento estabalecido e, ao mesmo tempo, tão incrível.

Talvez eles tenham zombado do título de 33 palavras de “Um Inquérito sobre as Causas e Efeitos” etc. do seu livro fino e elegantemente escrito, que apresentava a heresia com ilustrações coloridas das mãos elegantes das ordenhadoras, 7 shillings e 6 pence.

“As pessoas tinham medo de serem transfornadas em vacas.

Ali, mastigando uma haste de grama, estão Jem, Joe e Mary,.

Nas suas testas, oh, horríveis chifres torcidos começam a brotar;

Lá está Tom com sua calda, e o pobre Willian todo peludo.

Reclinado num canto rumina o que comeu.”

dizia a canção.

Mas a vacinação venceu. Em 1800, 6.000 compartilharam a felicidade das ordenhadoras. Em 1802, o Parlamento votou 10.000 libras para Jenner, Em 1807 mais 20.000, uma generosidade histórica com o dinheiro dos contribintes. Ele se tornou um Homem Livre de Londres e médico de Oxford, e foi membro honorário da Sociedade Real de Medicina, envergonhada da sua atuação anterior. Quando em 1813, Jenner Implorou a Napoleão para libertar um parente capturado, o Imperador exclamou: “Ah! C’est Jenner, je ne puis rien refuser à Jenner.” A resposta de Jenner a tudo isso foi: “E o que é a fama? Um traseiro dourado, para sempre castigado pelas flechas da maledicência”, o que devia ocorrer com frequência a qualquer pessoa cujo nome aparecia nos jornais.

A varíola continuou a matar. Só os nobres podiam pagar a vacinação. A solução era vacinar de graça as crianças, o que foi feito na Grã-Bretanha, em 1840, e tornado compulsório em 1853 (depois da Bavária, Dinamarca, Suécia, Würtemburg, e Prússia). Mas, para qualquer atividade , em qualquer parte da Grã-Bretanha l logo é criada uma sociedade para impedi-la. Hoje, a Associação Scotch Whisky, em Edinburgh, bebe à saúde da Liga Nacional da Temperança, em Sheffield; os Mestres da Caça à Raposa gritam “Tally-ho!”, através dos Costwolds para a Liga Contra Esportes Cruéis, no Elephant and Castle; o Clube Naval e Miltar, em Picadilly, avista além do seu porto as xícaras de chá da Liga da Amizade Internacional, em Ashton, e até o Colégio Real de Cirurgiões, em Lincoln’s Inn Fields, tem de reconhecer a Associação de Pacientes do East End. Assim, o espírito de Jenner, em 1867, enfrentou a Liga Antivacinação.

“Cortar com instrumento agudo o braço do seu bebê pequeno e saudável, nascido há poucas semanas, e pôr nos cortes uma matéria imunda tirada de uma vaca…”

dizia a liga.

O suficientes para fazer chorar um crocodilo.

A liga organizou uma grande demonstração em 1885, o futuro Primeiro-ministro Belfour interveio, a vacinação tornou-se uma peça teatral com tema político e, como todas as peças desse tipo, chegou até a direção do nosso precário Serviço de Saúde. O script foi a partir daí, escrito por Lewis Carrol. Os Antis chegaram a conseguir a revogação da vacinação compulsória nas forças armadas, no ano da Batalha do Somme.

Em 1899, os pais podiam objetar conscientemente contra a vacinação, a respeito da qual a atitude do público público passou a ser de apatia, só quebrada no caso de alguma epidemia local. Mas a vacinação em massa venceu. Na II Guerra Mundial, a Inglaterra teve apenas duas mortes por varíola. O triunfo de Jenner foi paradoxalmente proclamado em 1946, quando o Ministro da Saúde da Grã-Bretanha despertou para o perigo de que as mortes infrequentes, provocadas pela vacina, eram em maior número do que o perigo de mortes mais raras ainda, causadas pela varíola. Assim, em 1948 foi suspensa a vacinação compulsória das crianças, embora a vacinação voluntária continuasse sendo feita gratuitamente, para provar a generosidade do Serviço Nacional de Saúde.

Em 1971, a vacinação voluntária rotineira das crianças foi abolida. Em 1977, a varíola estava erradicada do mundo todo. Como é agradável terminar assim, como uma simplicidade tão gratificante.

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Um cavalheiro do campo

Edward Jenner era filho do vigário de Berkeley e, e sua mãe era filha do vigário anterior. Com 13 anos foi ser aprendiz de um cirurgião na Chipping Soldbury, mas tornou-se mais do que um clínico geral rural, uma prática arriscada. No hospital São Jorge, em Hyde Park corner, ele foi um dos melhores alunos de John Hunter (1728-1793), o homem que transformou a cirurgia de ofício de barbeiro em ciência. Hunter era anatomistas de criaturas grandes e pequenas, ele dissecava desde abelhas até baleias. Os 13.000 e espécimes do seu museu em Leicester Square incluíam o famoso esqueleto do gigante irlandês, senhor Byrne, que Hunter desejou durante toda a vida e acabou comprando por 500 libras, usado (sir Joshua Reynolds reproduziu a cena). Hunter era um escocês desdenhoso e cheio de orgulho, um professor temido que, diziam os estudantes, tinha um esqueleto que certa vez levou para a classe, para poder começar aula dizendo: “Cavalheiros “. Ele tinha sífilis, inoculada por ele próprio para provar que era diferente da gonorreia (e essa era a história que ele contava). E angina sobre a qual sempre observava: ” minha vida está nas mãos de qualquer salafrário que queira me provocar e me irritar. ” Até que isso aconteceu numa reunião dos diretores do São George. John Hunter foi enterrado em Saint Martin-in-the-fields, mas foi exumado em 1859 e transportado para a abadia de Westminster, todas as despesas da remoção pagas pelo colégio real do cirurgiões.

“Por que pensar? Por que não tentar a experiência? ” Era o que Hunter sempre dizia – um aforismo que, no caso de Jenner, custou a ser aceito. Os dois tornaram-se amigos pelo resto da vida. Hunter descreveu, em 1778, quando Jenner foi abandonado pela mulher:

Devo confessar que fiquei satisfeito quando soube que você se casou com uma mulher de fortuna. Mas deixa que ela vá, não pense mais nela. Vá trabalhar para mim com um porco-espinho. Quero que apanhe um porco-espinho, no começo do inverno, verifique o peso dele, deixei-o no seu jardim e arranje algumas folhas, feno ou palha para que ele possa se cobrir, depois verifique seu peso na primavera e veja quanto ele perdeu. Quero que mate um no começo do inverno, para ver quanto está pesando, e outro na primavera, para ver quanta gordura ele perdeu.

Nada melhor do que os espinhos de um porco-espinho para costurar um coração partido. (a dama é um mistério, embora Eleanor Clutterbuck e Judith Excell, de Wooton-under-Edge, apareça um brevemente na história da medicina como herdeiras locais desejáveis, naquela época.) Jenner tocava flauta e teve que o poesia – ” discurso para um tordo ” e ” sinais de chuva “:

“Vazios começa na assoprar

As nuvens parecem negras, o vidro está abaixado

A fuligem caiu, o spaniels dormem,

E aranhas sabem das suas teias sorrateiramente.”

E assim por diante.

Ele era um bondoso senhor rural e médico, que merecia respeito. Mais tarde construiu uma pequena casa de Campo para se o paciente experimental, James Phipps, plantando pessoalmente as rosas do jardim. No próprio jardim, Jenner transformou em uma pequena casa de pedra com telhado de palha, feita para dar uma aparência de selva ou local, nnum Templo de Vacina, onde e atendia de graça os doentes pobres. A essa altura ele estava tão nos fica rindo de pessoa para pessoa, e a vaca tornou-se redundante.

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A ameaça pintada

O século XVIII foi o século do terror do varíola. No fim do século anterior tinha havido epidemias na Inglaterra e na Nova Inglaterra onde, dizimando os peles vermelhas por atacado, ajudou os cara pálidas a herdar a América a varíola atacava famílias inteiras. O autor de um diário, viseira John Evelyn, em 1685 perdeu duas filhas, Mariy em março e Elizabeth em agosto. Aprendizes e meninos espertos que procuravam emprego, deveriam ter tido varíola, para evitar que apanhassem a doença e a passassem para seus empregadores as empregadas domésticas e anunciavam sua recuperação da doença com o mesmo orgulho com que afirmavam sua sobriedade, os bares informavam em que era um bem ventilado Zelito visitar varíola que matavam uma em cada cinco pessoas que a apanhavam, e quase todo mundo teve varíola. Em 1746,3236 londrinos morreram na epidemia de varíola. As vítimas eram enterradas à noite, num clima de terror, tendo uma carroça como carro fúnebre, o sino parando de tocar quando o encarregado do enterro ficava sóbrio e fugia. Porém, as marcas da varíola eram úteis para identificar maridos fujões e criminosos, como aconteceu com Dick Turpan em 1739.

Logo começaram na brotar em em Londres inocobradores elegantes, como o craque Thomas Dimsdale (1712-1800), que foi chamado em 1768 para inocular Catarina, a grande da Rússia e seu filho, o grão Duque Paulo. A idéia foi de Voltaire. É difícil imaginar se isso reprimia o Fort ficou sua idéia de que os médicos dão medicamentos que mal conhecem, para curar doenças que conhecem menos ainda, para ser desumanos dos quais não sabem absolutamente nada. Dimsdale recebeu 10.000 libras adiantadas,2000 para despesas, uma pensão de 500,1 libras e um baronato na Rússia. Uma aposta alta, mas os pacientes não seriam seus únicos casos fatais se a coisa não desse certo (Dimsdale preparou cuidadosamente seu caminho de fuga). Ele inoculou 200 russos, e seu primeiro paciente foi um menino, que a imperatriz ordenou fosse rebatizado com o nome de ” Vacinoff “, o pobrezinho.

Robert Sutton (? 1708-1788) e seu filho Daniel inoculavam mais prudentemente com uma picada, não uma incisão, e criada em casas confortáveis para Inoculação, nos arredores de Londres, para o tempo do inevitável o leve ataque da doença, com comida farta, peixe, carneiro e aves (Dinho, mas não chá ou açúcar, incluído) a dois guinéis por semana. Tiveram 30.000 pacientes, com um índice trivial de mortalidade de 4% e fizeram fortuna, a despeito da inveja dos seus rivais inoculadores, da ira do colégio real de medicina (Damião não era adequadamente qualificado) e do ultraje dos vizinhos da casa de Inoculação.

Os inoculadores estavam curiosos sobre uma coisa estranha: a Inoculação nunca funcionavam no paciente que já havia tido a varíola bovina. Jenner encontrou a resposta. Sarah era o seu 16º caso de varíola bovina. Com os outros vistos durante 25 anos, ele formalizou a lenda de Gloucestershire:

  • Pacientes de varíola bovina muito apanham a varíola humana durante as epidemias.
  • Ordenhadoras que sobreviveram na varíola humana nunca apanham a varíola bovina.
  • Porém, os que têm varíola bovina podem ter essa varíola outra vez, duas ou três vezes.
  • E as ordenhadoras os podem passar sua varíola bovina para as vacas.

A vacinação rapidamente tomou o lugar de inoculação por ser mais segura – por que não causava varíola – e socialmente preferível, porque os doentes de varíola bovina não podiam transmitir a varíola humana, e o paciente inoculado com a forma fraca da varíola, podia. Em 1840, a inoculação passou a ser crime.

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