Fazendo a limpeza

As ideias de Lister não abrangeram todos os problemas da sua profissão. Na década de 1880, o cirurgião menos confuso de Londres admitiu relutantemente a existência das bactérias, mas zombou da ideia de que podiam transmitir doenças através das nossas mãos. Um médico com título de nobreza, no King College Hospital que, descuidadamente enfiou o dedo na incisão feita por Lister foi violentamente empurrado pelo cirurgião para longe da mesa. A sanitização no teatro operatório era considerada ridícula, efeminada e afetada, equivalente a limpeza do cepo do açougueiro ou do carrasco.

Robert Lawson Tait (1845-1899), ginecologista na próspera cidade de Birmingham, ligava negava ferozmente que as bactérias fossem responsáveis pelo ” pus louvável ” que pingava livremente das decisões incisões cirúrgicas. Mas fazia questão de lavar seu teatro operatório com água e sabão com o zelo de uma dona de casa, todos os seus casos de ovariotomia sobreviveram, e Ernest Bergman (1836-1907), em Berlim, esterilizava tudo com vapor. A ideia de limpeza surgiu logo depois do começo da aceitação da divindade do cirurgião.

O método anti-séptico de Lister, que consistia em matar os germes na sala de operação, foi substituido, no fim da sua vida, pela assepsia, que usava autoclaves e água fervente para evitar que eles entrassem. Somente 15 anos depois da operação de Jummy Greenless, em Glasgow, William Stewart Halstead (1852-1922), no Hospital John Hopkins, em Baltimore, começou a praticar a cirurgia asséptica em lugar da anti-séptica. Os aventais cirúrgico eram previamente fervidos e as luvas de borracha começaram a ser usadas em 1890, depois que o professor Halstead notou que a sua enfermeira assistente, Miss Hampton, estava manchando as mãos sensíveis para fazer assepsia dos instrumentos. A experiência foi tão bem sucedida que o professor casou com ela no mesmo ano. Porém, Lister lutou contra a nova ideia, como o criador de cavalos lutou contra o automóvel, o coronel de cavalaria contra o tanque de guerra e como todos que se opuseram ao seu burro mecânico.

Hoje a assepsia e tudo, todos os instrumentos não esterilizados remotamente por meio de raios gama e acondicionados em envoltórios de papel, como band—aid; os cirurgiões usam uniformes, gorros, máscara e luvas esterilizados que se tornaram, para um devotado público de televisão, vestimentas cerimoniais como os mantos e as casulasda Igreja.

A divisão da história da cirurgia em pré e pós-listeriana ainda venera Lister por abrir os lugares sagrados do corpo – as juntas, o abdômen, o peito e o crânio – antigamente selados pelos demônios da infecção. Contudo, a identificação e a aceitação da existência dos germes, no fim do século XIX, certamente teria feito isso, mesmo que Lister tivesse seguido o pai do comércio de vinho.

“Não vamos ouvir mais bobagem sobre Lister ter resolvido os problemas da cirurgia pré-listeriana. Isso não é verdade “, escreveu nem delicadamente Lawson Tait em 1898. Talvez o mal-educado estivesse certo. Tiros no escuro tornando-se desnecessários quando se espera pacientemente pelo nascer do dia. Com tudo: “ninguém sabia como prevenir o perigo de uma picada alfinete, nem como fazer um curativo, até a vinda de Lister! “.

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