Traumas do aparelho genital ocorrem com relativa frequência na infância e na adolescência; e exige diagnóstico preciso e tratamento adequado, pois em alguns casos há risco de vida.
Os traumas são resultantes de queda sobre objetos rombos ou pontiagudos (empalamento), e estupro e acidente automobilístico.
A queda a cavaleiro responde pela maioria dos traumas, seguida do estupro e do acidente automobilístico.
Laceração da vulva e do períneo por queda à cavaleiro
Lesão de hímen e vagina por introdução de objeto
Outros agentes menos comum podem lesar os órgãos genitais. A figura abaixo mostra a vulva de uma menina de 9 anos que recebeu um tiro de espingarda, com orifício de entrada no hipogástrio e saída pelo genitais externos. Houve destruição extensa da vulva, tornando-se reconhecíveis os pequenos lábios e o clitóris.
Destruição da vulva por arma de fogo
Outro traumatismo raro aconteceu em menina com um problema ósseo no membro inferior, que sob anestesia, recebeu tratamento especializado em mesa ortopédica; uma das manobras de tração ocasionou contusão nos órgãos genitais externos.
Os traumas podem produzir desde escoriações leves até edema acentuado e lacerações extensa dos órgãos genitais comprometendo vísceras vizinhas como bexiga e reto. Podem formar se hematomas que crescem no tecido gorduroso frouxo da vulva nos espaços perivaginais. Os hematomas formados acima do plano do músculo elevador do anus são particularmente graves, podendo progredir até o espaço retroperitonial.
Trauma sobre o clitóris
Dentre as quedas, as mais graves são aquelas ocorridas sobre objetos pontiagudos (empalamento). A penetração destes pode dar-se através do hímen, rompendo o fundo do saco posterior, comprometer vísceras abdominais. O estupro determina, além do trauma psíquico, extensas lesões do genitais, de difícil reparação. Os acidentes automobilísticos, a par do traumatismo generalizado, com fraturas dos ossos da bacia, pode ocorrer lesões genitais e de outras vísceras pélvica.
Os traumas podem ser classificados em grupos, de acordo com a extensão das lesões:
I – laceração vulvo-perienal e himenal.
II – laceração vulvo-perineal e himenal com hematoma.
III – laceração vulvo-perineal, himenal e vaginal (paredes e fórnices)
IV – laceração de órgãos genitais e de órgãos vizinhos.
Nem sempre as queixas relatadas revelam a extensão das lesões. Assim, e hemorragia acentuada dor intensa no períneo podem corresponderá apenas a rotura de um vaso do grande lábio, com formação de hematoma. Por outro lado, o paciente portadora de lesões extensas da vagina e mesmo perfuração de intestino, pode apresentar-se, de início, em bom estado geral, praticamente sem dor ou hemorragia. Em nossa experiência, analisando 80 casos de trauma dos órgãos genitais ocorridos em menores de 16 anos, observamos que 50% das meninas não apresentam dor ou hemorragia. Estes sintomas distribuem ser igualmente pelos quatro grupos anteriormente citados.
Diagnóstico
A amnésia cuidadosa revelará o tempo decorrido entre o trauma e o atendimento, o tipo de acidente e os sintomas e feridos. Deverá ser pesquisada presença de hematúria e eventual comprometimento do estado geral.
O exame físico geral deverá ser minucioso.
O exame ginecológico será apenas superficial, no momento da admissão. É obrigatório, no entanto, exame detalhado dos órgãos genitais externos e internos, sob anestesia geral, independentemente do tipo da queixa. Geralmente as pacientes não informam bem a respeito do tipo de acidente e mesmo a verificação de que há apenas a vacinação dos genitais externos não dispensa o exame completo, feito sob anestesia geral. Deverá ser feita sondagem vesical para verificação da cor da urina, e para facilitar o exame; o toque retal tem por finalidade investigar a integridade do esfincter anal e da parede retal. A vaginoscopia poderá ser feita com colpovirgoscópio ou espetáculo de virgem.
A constatação de perfuração da vagina, na altura dos fórnices, obriga a realização de Laparotomia, principalmente o trauma for devida empalamento. Temos observado casos de pequenos pertuitos no fundo do saco posterior, ocasionados pela penetração de objetos pontiagudos, nos quais o mesentério e o intestino se encontravam lesados.
Tratamento
Havendo comprometimento grave de outros órgãos, como frequentemente acontece em acidentes automobilísticos, o exame e o tratamento da ferida genital serão realizados em um segundo tempo.
A investigação da exata extensão do trauma se faz por exames sob anestesia geral. Em seguida, procede-se ao tratamento adequado. Havendo apenas escoriações, faz-se seu curativo. Ocorrendo lacerações da vulva, períneo e vagina, efetua se a sutura, utilizando material delicados e fio de catgut 00 simples para recompor os tecidos. As lesões de bexiga são tratadas por sutura em dois planos, com catgut simples (na mucosa) e cromado e (muscular). Esfíncter anal e o reto extraperitonial podem ser suturados primária mente com fio mononylon 4-0, em dois planos.
Constatando se perfuração do fundo de saco, será indicada Laparotomia para investigação e tratamento de eventuais lesões internas. De acordo com nossa experiência, esta conduta é a mais aconselhável.
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Não tenho esta informação para te passar, mas você pode entrar em contato com o Departamento de Tocoginecologia do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, pelo telefone (41) 3360-1800 e pedir o ramal do departamento, ou pelo site http://www.saude.ufpr.br/ e conversar com os professores (Tristão, Tereza, Mauri Piazza entre outros), que lhe darão informações mais detalhadas e precisas.
Olá,gostaria de saber se já teve algum caso de ruptura de fundo de saco de douglas pós histerectomia vaginal,durante a relação sexual.
Relato de caso (e/ou) artigos.
Desde já agradeço
Francisco Almeida