“O médico do futuro será um imunizador”, ousadamente profetizou Sir Almroth Wright (1861-1947),professor no Colégio de Medicina Militar Britânico, em 1900, e amigo do irlandês George Bernard Shaw. Mais tarde Shaw frequentemente tomava chá com Wright no Hospital de Inoculação do Hospital Santa Maria, em Londres. Shaw se inspirou em Wright para criar seu personagem estimulador de fagócitos, Sir Colenso Ridgeon, em Dilema de um Médico. Sir Almroth saiu do teatro no meio da peça, na noite da estréia.
A guerra da África do Sul, de 1899-1902, o primeiro dobre de finados para o Império Britânico, não foi ganha com os rifles antiquados dos fazendeiros boers, mas pelo bacilo da febre tifóide. Em cada grupo de mil soldados enviados para a Cidade do Cabo, a febre matou 15, duas vezes mais do que o inimigo conseguiu matar. Sir Almroth Wright criou a vacina, injetando o bacilo do tifo atenuado para crirar resistência ao bacilo verdadeiro. O exército zombou da invenção. Sir Almroth desistiu. Na I Guerra Mundial, o exercito teve tempo para estudar a ideia e poucos morreram de febre tifóide, mesmo em Galipoli, assolada pela doença. O exército foi vacinado contra tétano também, causado pela terra que entrava nos ferimentos. Na II Guerra Mundial esse perigo praticamente não existia porque os tanques, ao contrário dos cavalos, não defecavam.
o cavalo inoculado, com sua tradicional boa vontade, produz uma grande quantidade de anti-soro para combater os mesmos germes que estão dizimando seus donos. Essa inoculação passiva não funcionou contra a pneumonia lobar. contra uma assassina de crianças, a difteria, funcionou. A difteria poderia ter sido abolida pela inoculação ativa, como a febre tifóide, no exército, depois de 1926. Mas ninguém se importou muito com o assunto até 1940, assim 50.000 civis, mais do que na blitz, morreram desnecessariamente por descaso.
Sir Almroth Wright, aos 80 anos, sofreu a humilhação de negar sua autoconfiança da juventude. Ele confessou, arrasado, para a Real Sociedade de Medicina, a “necessidade de ignorar muita coisa na imunologia, considerada como garantida”. As sulfas e a penicilina estavam massacrando os germes que ele tão engenhosamente havia voltado contra eles mesmos. Ele teria morrido mais feliz se tivesse visto a imunização desfechada contra os vírus do sarampo, da rubéola (que ameaça a gravidez), da coqueluche, da hepatite e das mesmas doenças contra as quais ele lutou entre as guerras. A imunização está de volta. Os germes podem se voltar astuta e selvagemente contra seus atacantes químicos, e o homem está interferindo com sua imunologia pela introdução dos transplantes.
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