Vulva

A vulva normal é coberta pela mesma pele que recobre diversos outros locais em que matura para uma camada de queratina. Por causa disto o esfregaço consiste de células queratinizadas anucleadas.

Lesões de vulva incluem as distrofias vulvares, neoplasma vulvar intra-epitelial (VIN) e carcinoma invasivo de célula escamosa. Adenocarcinoma das glândulas de Bartholin tem sido descrito e a vulva pode ser um sítio primário para melanoma maligno. Diagnóstico citológico é de valor limitado porque em muitas moléstias vulvares a superfície é recoberta por hiperqueratose e paraqueratose as quais previnem esfoliação de células mais severamente anormais das camadas mais profundas. Nestes casos o esfregaço pode subestimar a severidade da lesão e isto seria esperado em VIN III tipo Bowenóide ao passo que quando VIN III é do tipo basal pequeno há menos paraqueratose e a esfoliação poderia ser mais profusa (Buckley et al., 1984). Exceto nos casos de câncer invasivo exposto, a apresentação clínica é semelhante na distrofia vulvar, VIN e câncer microinvasivo. A mulher queixa-se de irritação acentuada ou dor, e ao exame, manchas brancas estão presentes. O exame colposcópico pode mostrar áreas vasculares entre as manchas brancas e os esfregaços destes sítios são mais fidedignos, mas em geral o diagnóstico de moléstia vulvar deve ser por múltiplas biópsias.

Caso 1: VIN III (Bowenóide)

318 Células discarióticas e reativas. Este é um esfregaço infectado com células discarióticas e reativas presentes, uma das últimas é queratinizada. Alterações reativas são comuns porque o trauma causado pela arranhadura causa alterações celulares regenerativas. (x 160)

319 Células discarióticas. Em outro local do esfregaço são vistos núcleos discarióticos e reativos. É raro este caso em que há esfoliação razoável, mas a biópsia mostrou VIN III do tipo Bowenóide. (X 160)

Caso 2: Moléstia de Paget da vulva

320 Infecção e degeneração celular. Neste caso existe infecção mais acentuada do esfregaço com degeneração celular. Notar as células queratinizadas. (x 160)

321 Células severamente discarióticas. Em aumento maior é vista uma placa de células severamente discarióticas. Estas mostram pleomorfismo com irregularidades nucleares rígidas e nucléolos proeminentes ocasionais. O quadro citológico sugere a possibilidade de câncer invasivo, mas a histologia mostrou que este era um caso de moléstia de Paget. (X 400)

Caso 3: VIN III (basilóide)


322. Células discarióticas queratinizadas. Células levemente discarióticas são vistas nestes esfregaços. Notar a coloração borrada; isto é comum no esfregaço coletado da lesão vulvar. (x 125)

323. Discariose leve. Apesar de ser um caso de basilóide VIN III, havia um esfregaço escasso e este campo mostra presença de células discarióticas remanescentes. (x 125)

324. VIN III (basilóide): vulvectomia simples. Cortes mostraram ser a lesão predominantemente do tipo pequenas células, mas com diferenciação sobre a superfície que previne esfoliação de células discarióticas mais severas. (H & E, x 37,5)

Caso 4: VIN III


325. Células discarióticas degeneradas. Este é um exemplo de um esfregaço muito escasso. As células presentes eram principalmente escamas queratinizadas anucleadas com uma degeneração pequena, células levemente diferenciadas, como vistas neste campo. (x 125)

326. VIN III: vulvectomia simples. Neste corte uma camada espessa de hiperqueratose previne a esfoliação de células severamente discarióticas nas camadas mais profundas. Notar a transição abrupta entre o epitélio normal e o anormal deste corte. (H & E, X 37,5)

Caso 5: Carcinoma escamoso de vulva – Invasão precoce


327. Fotografia da vulva. Manchas brancas são vistas sobre o pequeno lábio e sob inspeção clínica esta mulher poderia ter distrofia vulvar, VIN ou câncer precocemente invasivo.

328. discariose leve e degeneração celular. O esfregaço escasso e este campo são representativos. Ele mostra escamas anucleadas queratinizadas, com uma célula levemente discariótica e um grupo de células degeneradas. (x 250)

329. Carcinoma escamoso de vulva: invasão precoce – vulvectomia simples. Corte mostra uma hiperqueratose muito densa e abaixo desta, carcinoma escamoso com invasão precoce do estroma. (H & E, x 37,5)

Caso 6: Carcinoma invasivo de células escamosos (recorrência)


330. Células malignas pobremente diferenciadas. Paciente já tinha tido um carcinoma de células escamosas de vulva, tratado por vulvectomia. Este esfregaço foi feito de nódulo vascular que foi clinicamente diagnosticado como carcinoma recorrente. Este campo mostra células queratinizadas com umas poucas células malignas pobremente diferenciadas. (x 125)

331. Pérola maligna. Este campo contém uma pérola maligna queratinizada. (x 250)

332. Pérola maligna. Em outro lugar do mesmo esfregaço foi achada uma outra pérola com um grupo de células degeneradas. O diagnostico de carcinoma recorrente foi confirmado por biópsia. (X 250)

Caso 7: Carcinoma de célula escamosa do clitóris


333. Células escamosas malignas. Este caso é um exemplo de carcinoma de células escamosas nas quais células escamosas esfoliam livremente. Este campo mostra uma lâmina de células escamosas malignas bem preservada. (x 250)

334. Carcinoma de células escamosas: biópsia de tumor. Em pequeno aumento o epitélio escamoso da superfície é visto, com lingüetas de tumor infiltrando o estroma. (H & E, x 37,5)

335. Carcinoma de células escamosas: biópsia de tumor. Parte do corte feito com o mesmo aumento como o esfregaço vulvar torna possível comparar morfologia celular. (H & E, x 250)

Caso 8: Melanoma maligno da vulva “amelanótico”


336. Células malignas. Esta mulher também tinha um tumor do clitóris, que era semelhante aquele do caso anterior, sob inspeção clínica. Contudo, o quadro citológico é bastante diferente. Este campo mostra células indiferenciadas com macronucléolo. (x 250)

337. Células malignas. Em aumento maior um corte é visto claramente em um núcleo e o macronucléolo mostra irregularidades bem definidas. Apesar da falta de pigmentos a morfologia celular garantiu um diagnóstico de melanoma maligno. (x 620)

338. Melanoma maligno de vulva: biópsia. Este corte inclui epitélio superficial e mostra atividade juncional, mas mínimo pigmento. (H & E, x 125)

339. Melanoma maligno da vulva: biópsia. No mesmo aumento, como as células em 337, a morfologia pode ser comparada. Entalhamento da membrana nuclear e irregularidade dos nucléolos são mais evidentes no tecido. (H & E, x 620)



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