O cheiro forte de acobertamento

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O massacre que estão perpetrando contra essa técnica de enfermagem está cheirando a acobertamento de erro (imperícia ou imprudência) cometido por algum médico aparentado ou protegido por figurões.

Caso Benício: colega diz que alertou técnica sobre adrenalina na veia | G1

Em qualquer unidade de saúde, para administrar qualquer fármaco, é necessária uma prescrição médica, e se a técnica de enfermagem aplicou adrenalina intravenosa, certamente ela estava prescrita. Ela não cometeria uma sandice dessas se não tivesse uma ordem expressa — a prescrição médica — em mãos.

A médica alega que sua prescrição foi alterada pelo sistema informatizado, mas isso é praticamente impossível, pois, uma vez gravado o arquivo, tudo o que é feito em programas de computador ou com plataformas de gerenciamento hospitalar, clínico ou de qualquer tipo, hospedados em servidores de rede, é tratado como arquivos ou “files”, e é praticamente imutável, a não ser que a médica tenha utilizado alguma plataforma de inteligência artificial na prescrição (e das quais se pode esperar qualquer coisa) ou, então, que ela tenha fornecido sua senha pessoal a qualquer outro médico para cobri-la enquanto descansava (algo muito mais comum do que se possa imaginar), e seu substituto pode ter alterado a prescrição por algum motivo. Embora essa última possibilidade jamais será admitida, pois gera PAD (Processo Administrativo Disciplinar), demissão por improbidade administrativa e ação judicial.

Se o erro aqui foi de prescrição médica, ele foi grosseiro e gritante, digno de cassação do registro profissional da médica e revisão ou reavaliação do curso no qual se graduou, mas há situações muito piores e mais comuns do que se imagina, especialmente em enfermarias de unidades de internação hospitalar, onde médicos apressados ou preguiçosos não leem o prontuário do cliente e prescrevem fármacos aos quais ele é alérgico, sendo um exemplo clássico a dipirona.

Não ocorrem muitos acidentes farmacoterapêuticos graves com dipirona administrada a pacientes que se declaram alérgicos, porque a maioria deles não são realmente alérgicos. Certamente sentiram um de seus efeitos adversos mais comuns, a hipotensão, e pensaram ser alérgicos ao fármaco. O que chama a atenção, no entanto, é o número dessas prescrições que se enquadram tipicamente como negligência ou omissão.

Um dos maiores desafios dos hospitais, algo que deveria ser trivial, é a segurança do paciente. A maioria dos hospitais, especialmente os universitários, tem programas, protocolos e até mesmo brigadas de segurança do paciente constituídas de equipe multidisciplinar com enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e até engenheiros. Contudo, mesmo assim, ocorrem situações tão graves, geralmente criadas por médicos negligentes e omissos, que é impossível descrever aqui por razões éticas. Leia aqui

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