Desde o fim do século XIX a Europa começou a viver um ambiente de tensão permanente. Embora temporariamente em paz, respirava-se um clima de guerra: era o que se chamou de “paz armada”. As nações, em nome da paz, aumentavam incessantemente seus armamentos; celebravam tratados com possíveis aliados na futura guerra que todos sentiam inevitável. A Inglaterra, a França e a Rússia formaram a “tríplice entente”. A Inglaterra, a Itália e a Áustria-Hungria, “tríplice aliança “.Uma das causas dessa expectativa bélica era a política imperialista das nações industriais. Necessitando de colônias, onde adquirissem matérias-primas baratas para as indústrias e mercados para seus produtos, a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Itália e a Rússia sentiam conflitar seus interesses. A Inglaterra era senhora de grande parte do mundo. Em menor escala, a França e a Itália também se haviam garantido bons mercados.
A Alemanha, porém, queria sua área de influência aumentada. Suas indústrias desenvolveram-se de tal sorte que produziam mais carvão e aço que a Inglaterra. Muitos produtos industrializados alemães eram colocados em portos ingleses por preços inferiores aos locais. Além disso, pretendia a Alemanha construir uma ferrovia ligando Berlim a Bagdá, através da qual controlaria um rico mercado do Oriente Médio. Tal pretensão contrariava os interesses da Rússia e da Inglaterra, que mantinham estreitos laços político-econômicos na região.
Além do espírito armamentista e das rivalidades comerciais havia, na Europa, descontentamento em certas áreas. Isso resultara de guerras anteriores que determinaram o traçado artificial de algumas fronteiras. Era o caso dos bálcãs, onde nacionalista eslavos pretendiam desligar-se do poderoso império da Áustria.
O clima europeu era de tensão. Qualquer incidente poderia fazer eclodir a guerra. Foi o que aconteceu no dia 28 de junho de 1914 quando o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria, foi assassinado a tiros, junto com sua esposa, quando visitava Sarajevo, Bósnia, pelo estudante Sérvio Gavrilo Princip. Tal crime foi o estopim que fez eclodir a primeira grande guerra.
A Áustria enviou à Sérvia um ultimato, alegando sua cumplicidade no crime. A seguir (18 de julho) declarava-se a guerra. A Alemanha levantava-se contra a Rússia, que mobilizara seus exércitos contra a Áustria. Como a França começara a se preparar para o combate, a Alemanha também declara-lhe guerra (3 de agosto).
Tendo de lutar em duas frentes, a Alemanha pretendeu vencer primeiro a França. Para atacar o território francês os alemães invadiram a Bélgica, desrespeitando-lhe a neutralidade. Os belgas resistem dramaticamente em Liège, o que dá aos franceses tempo para prepararem suas defesas.
Acusando os alemães de desrespeitarem a neutralidade da Bélgica, a Inglaterra entra na guerra ao lado da França e da Rússia (4 de agosto). A princípio os alemães vencem os franceses e ingleses (Charleroi). Invadem a França e aprontam-se para tomar Paris, mas tropas aliadas que recuavam contra-atacam. Os alemães foram vencidos na batalha do Marne que teve mais de 2 milhões de homens em luta.
Pretendendo fechar as comunicações entre a Inglaterra e a França, os alemães tentam atacar Calais. Entretanto, os aliados conseguem impedir essa manobra e mantém suas linhas de defesa intactas.
Começa, então, um longo período de imobilidade. É a terrível guerra de trincheiras. Mais de 700 quilômetros de valas fortificadas cortam a Europa, da Suíça (neutra) até o Mar do Norte.
Após a invasão da Alemanha pelas tropas do Tzar, Hindenburg consegue deter os russos dos Lagos Masurianos. Entretanto, contra os austríacos, os russos são vitoriosos, fazendo-os recusar continuamente.
De 1915 a 1917 prolongaram-se as lutas de trincheiras. Nesse período são desenvolvidas novas armas. Na tentativa de obter uma vitória sobre o inimigo, surge a aviação militar, bombardeando as trincheiras; o tanque de guerra e o uso de gás asfixiante.
Várias ofensivas são tentadas dos dois lados. Os aliados, com a perda de mais de 750 mil homens, tentam a vitória no Somme (1916). Os alemães assediam as fortalezas aliadas da Verdun inutilmente, deixando o trágico saldo de mais de 300 mil mortos. Entrando na guerra em 1915, ao lado dos Aliados, a Itália obrigou a Áustria a manter poderosa força nos Alpes, o que favorecia os franco-ingleses e os russos em suas frentes.
Ingleses e franceses buscavam invadir os impérios centrais pelos balcãs. Para isso enviaram uma poderosa esquadra ao Mediterrâneo Oriental, tentando forçar a passagem através da Turquia. Esta, aliada dos alemães, inflige grande derrota aos Aliados, através de suas baterias de costa, afundando numerosos navios de guerra.
A Bulgária entra na guerra e, ao lado dos austríacos, invade a Sérvia. A Romênia, que havia atacado Áustria, é batida invadida.
Em 1917 estoura na Rússia a revolução bolchevique. Os socialistas, vitoriosos, pedem e assinam com Alemanha a paz em separado (1918 – tratado de Brest-Litovsk). Isso aliviou a situação para os alemães. A partir de então teriam de lutar apenas na frente ocidental.
Ludendorff, comandante alemão, desencadeia violenta ofensiva contra os aliados. Começa o bombardeio de Paris. Hindenburg consegue levar os alemães mais uma vez ao Marne.
Eis, porém, que um fato novo iria mudar a guerra. Durante os anos anteriores os alemães tinham afundado numerosos navios mercantes de nações até então neutras, mas que tinha um comércio com a Inglaterra e a França. Isso era feito para cortar as fontes de abastecimento e enfraquecer os inimigos. Tal fato provocou a revolta de nações neutras que acabaram por entrar na guerra contra os alemães. Entre estas nações estavam o Brasil e os Estados Unidos.
Ao ataque de Hindenburg à França, os norte-americanos já haviam desembarcado na Europa cerca de um milhão de soldados descansados e forte material bélico. Sob o comando de Folch, ingleses, franceses e americanos romperam as defesas alemães e levaram-na à derrota. Itália, Sérvia, Bulgária e Turquia, aliados dos alemães pedem a paz.
Neste ínterim eclode na Alemanha uma revolução socialista. O Kaiser Guilherme II é obrigado a fugir para Holanda. A Alemanha pede a paz (11 de novembro de 1918).
Começam as negociações de armistício. A Alemanha é duramente castigada com os pesados termos do tratado de Versalhes. O mapa da Europa é alterado, desaparecendo várias nações (Sérvia, Montenegro) e surgindo outras (Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia).
Como consequência da guerra há o empobrecimento geral e a desorganização do comércio, da indústria e da agricultura. Aumenta o custo de vida e toma impulso as agitações sociais. A Europa está empobrecida. No lugar das poderosas nações de quatro anos antes, agora fracas e endividadas, surge outra grande potência: os Estados Unidos da América.
As causas da Primeira Guerra Mundial
Várias foram as causas, dentre elas podem ser destacadas as seguintes:
- A política de alianças: certos que, mais cedo ou mais tarde, uma guerra explodiria, as nações europeias procuravam aliar-se na esperança de contar com solidariedade no conflito. Assim, a Alemanha uniu-se à Itália e à Áustria-Hungria, formando a Tríplice Aliança. Por outro lado, a França associou-se à Inglaterra e à Rússia, formando a Tríplice Entente.
- Choque de imperialismos: as nações industriais disputavam acirradamente os mercados mundiais para seus produtos. Era preciso garantir matérias-primas baratas e países consumidores para os excedentes da indústria Nacional. essa política orientou a Inglaterra, a França, a Alemanha, Itália, entre outras, no sentido de conquistarem colônias em outras partes do mundo (África, Ásia). A luta por mercados coloniais chegaria a um impasse que somente seria resolvido pela guerra.
- Ressentimentos nacionais resultantes de insucessos em guerras anteriores: era o caso da França, por exemplo, que perdeu para Alemanha, em 1870, os territórios da Alsácia e da Lorena, ricos em carvão.
- Política armamentista: que obrigava as nações a gastar fabulosas somas na fabricação e armazenamento de armas, criando uma complexa e caríssima indústria bélica.
- O incidente de Sarajevo: causa aparente da guerra; na verdade, apenas um pretexto que se aguardava para iniciar o conflito há muito esperado.
Consequências da Primeira Guerra Mundial
- O tratado de Versalhes: após o fim da guerra, o Presidente americano Wilson outro apresentou um documento que serviu de base para o tratado de Versalhes. Por curiosidade, foi assinado na mesma sala onde se proclamara, há cerca de meio século, a formação do Império Alemão. Desta vez a sorte foi cruel com a Alemanha. Perdia ela territórios para a Polônia; para a França (Alsácia-Lorena); colônias em todo mundo (repartidas entre as grandes nações aliadas).
- Ditado de Versalhes: tal foi a severidade das cláusulas do tratado de Versalhes, que ele ficou conhecido como o “Ditado”. Entre as obrigações da Alemanha estava o pagamento de mais de 350 milhões de marcos-ouro; a supressão da força aérea; a redução das forças terrestres e navais e a destruição de seu material bélico. As cláusulas humilhantes do tratado de Versalhes estão entre as principais causas da Segunda Guerra Mundial.
- Novas Nações: ao fim da Grande Guerra, muitas alterações ocorreram no mapa da Europa. Surgiram (o ressurgiram) várias Nações, entre as quais a Polônia, a Iugoslávia, a Tchecoslováquia, a Finlândia, a Estônia, a Letônia e a Lituânia. A Áustria separou-se da Hungria. A Grécia aumentou seus territórios anexando áreas da Turquia e da Bulgária, além de outras alterações de fronteiras.
- Os Estados Unidos: foram os grandes beneficiados pela guerra. Além de vender infarto material bélico para os aliados, e ainda alimentos, roupas e calçados, foram das grandes nações participantes, os únicos que nada tiveram destruído pela guerra, pois ela se travou fora de seu território. Após a Primeira Grande Guerra, os Estados Unidos começaram a desfrutar da liderança do mundo ocidental.
- Gripe espanhola: surgida nos Estados Unidos em 1918, espalhou-se pelo mundo graças ao caos resultante da guerra e matou entre 50 e 100 milhões de pessoas ao redor do mundo, desaparecendo da mesma forma que apareceu, em 1919, sem vacinas. No Brasil a gripe espanhola matou, oficialmente, cinco milhões de habitantes, incluindo o presidente da república eleito na época, Rodrigues Alves, que faleceu em janeiro de 1919, antes de tomar posse.
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