Mais um daqueles colóquios flácidos para acalentar bovinos ou conversinha mole para boi dormir, que só o médico sabe receitar o “remédio” que não faz mal.
Especialista defende que a prescrição exige conhecimento aprofundado e que farmacêuticos devem atuar dentro dos limites de sua formação
O efeito de um fármaco depende unicamente de seu mecanismo de ação e não da vontade de quem o prescreve. Um fármaco prescrito por um médico, um dentista, um veterinário ou mesmo por um pai de santo terá que fazer o mesmo efeito. Essa é a lei fundamental da farmacologia. Médico não têm varinha mágica e toca na caixa do fármaco prescrito dando-lhe ordens.
Concordo com os principais argumentos do colunista de que ‘prescrição exige conhecimento aprofundado’ e que ‘farmacêuticos devem atuar dentro dos limites de sua formação’. Se aplicados ipsis literis, isso tira dos médicos a prescrição farmacoterapêutica, pois médicos não fabricam os fármacos, não têm a mínima noção de como são produzidos e ainda, o profissional do ‘medicamento’ – outro termo errôneo – é o farmacêutico, conforme dispõe o decreto-lei nº 85.878/81, que estabelece o âmbito da profissão farmacêutica.
Começando pelo equivocado termo “remédio”, que pode ser conceituado como qualquer ato, massagem, música, relaxamento, chá, líquido, alimento ou congêneres que produza bem-estar. Os termos corretos são droga, que alude a qualquer espécie in natura (chá, raiz, folha, etc) que tenha efeito terapêutico, e fármaco, que é a apresentação farmacêutica testada e indicada para tratamento clínico. O termo medicamento alude ao exercício da medicina, que não tem 2.000 anos de existência como profissão reconhecida, pois sua criação foi “decretada” pelo Rei Frederico II das Duas Sicilias, em 1244d.C (depois de Cristo)
Na imagem acima vê-se a separação da medicina da farmácia, ilustrada por Robert Thom, parte da sua coleção de gravuras “The History of Pharmacy in Pictures”.
Relatos da prática da farmacotécnica, que a manipulação de drogas para fabricação de fármacos ou afins já no Egito dos tempos dos Faraós, por volta de 1.500 anos antes de Cristo são encontrados nos Papiros de Ebers e reproduzida na imagem abaixo também de Robert Thom, outra peça da sua coleção de gravuras “The History of Pharmacy in Pictures”.
Falando em segurança do paciente, como se pode confiar em médicos que não conseguem diagnosticar uma apendicite – atribuição privativa deles – sem uma ecografia e um hemograma? Quantas crianças e adolescentes não morrem em localidades sem estrutura de diagnóstico por imagens e laboratório de análises clínicas devido à insegurança ou mesmo ao despreparo de médicos?
O desespero é nítido com o fim da reserva de mercado, mas a culpa é dos médicos, pois o Conselho Federal de Farmácia está baixando esta resolução por necessidade devido a ausência de médicos nos lugares mais remotos e pobres do Brasil, que são a maioria. Leia aqui
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