Thomas Hicks é o nome do britânico-americano que protagonizou uma das histórias mais inacreditáveis de todos os Jogos Olímpicos da história moderna. E, como estamos em meio a uma grande polêmica envolvendo doping, o capítulo da história dos Jogos dedicado a Hicks tem uma pitada, podemos dizer, quase fatal de drogas para melhorar a performance esportiva.
Seu ouro olímpico veio após consumir duas doses de estricnina, comumente usado como veneno de rato, mas que em algum momento foi usado como estimulante, por atuar no sistema nervoso central.
Fazia calor, estava muito úmido, o percurso contava com oito morros para serem vencidos pelos maratonistas, a largada ocorreu às 15h. Dos 32 competidores, 18 desistiram no meio do caminho. Um deles quase morre com uma hemorragia no esôfago provocada pela poeira levantada pelos carros que acompanharam os atletas no trajeto até a linha de chegada. A pista era de terra batida. Só havia uma estação para hidratação ao longo dos 42 quilômetros.
O quarto colocado foi um carteiro cubano que simplesmente parou e tirou um rápido cochilo no meio da prova, porque quilômetros antes ele comera algumas maçãs podres que colhera no percurso.
O primeiro a completar a maratona foi o nova-iorquino Fred Lorz, mas não levou o ouro para casa. Descobriu-se, após a chegada de Lorz, que ele pegara uma carona com seu treinador após o 14º quilômetro, sob a alegação de estar exausto, e fizera boa parte da maratona de carro.
Assim, ele foi desqualificado e o ouro foi para Thomas Hicks.
Hicks, por sua vez, cumpriu os últimos metros carregado pelos ombros pelo treinador. Ele fez boa parte da prova caminhando, e sabia que Lorz já havia cruzado a linha de chegada em primeiro lugar. Para não desistir, recebeu duas doses estricnina que somadas, eram inferiores a 1g.
Para que o “doping” descesse melhor goela abaixo, ingeriu a estricnina com clara de ovos crus. Ainda tomou umas doses de brandy (uma forte bebida alcoólica) para recuperar o fôlego. O historiador George R. Matthews, garante que uma terceira dose de estricnina, com clara de ovo, brandy ou qualquer outra coisa, ocasionaria a morte de Hicks.
Apesar dos estimulantes, não foi desclassificado, e com a exclusão de Lorz, que tomara uma carona no carro do treinador, Thomas Hicks sagrou-se um inacreditável campeão olímpico com o tempo de 3h28s53 – o pior tempo já registrado em todos os tempos em Olimpíadas.
Túnel do tempo
Importante lembrar que isso ocorreu na maratona olímpica de Saint Louis, nos Estados Unidos, em 1904. A prova mais surreal da história dos Jogos Olímpicos.
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