Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. (Gen Santa Rosa).
Ernesto Caruso, 18/02/2010
É nojento assistir, interrogativo pensar na sua concepção e constatar o pouco valor que atribuem à ética os idealizadores dos programas de debates que envolvem as questões de governo como o do recente plano de direitos humanos na terceira versão. O programa Expressão Nacional da TV Câmara é um desses com capa de lisura e boas intenções, mas com nítido objetivo de moldar a opinião pública de acordo com o interesse do momento, no caso a criação da Comissão da Verdade, e dar a impressão de que todas as providências foram tomadas e ouvidos todos os segmentos da sociedade, fundamenta com números e palavras que são lançados no You Tube para justificar os propósitos totalitários nos padrões chavistas, mas com aprovação “democrática”.
De início, ao desenrolar de imagens favoráveis à esquerda armada, a apresentadora relata que foram realizados 100 eventos, reunindo 14 mil pessoas, além de 50 conferências nacionais sobre temas diversos, tendo como resultado o tal PNDH3, com modificações posteriores, não confiáveis, devido à reação dos comandantes das Forças Singulares. Ora, reunir 14 mil pessoas do PT + … não é nada. Deu no que deu. Um texto que condena os militares, amordaça a imprensa, é favorável às invasões de propriedades e contra posturas religiosas.
A apresentação dos debatedores já pressupõe o resultado pretendido pelos organizadores, que não escondem o que foram no passado como os deputados Pedro Wilson do PT/GO, 1º Vice Presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara e João Almeida, PSDB/BA, líder do PSDB na Câmara, dando de pronto uma conotação de confronto situação x oposição. Ainda presentes a cientista política Glenda Mezarobba, autora do livro Um acerto de contas com o futuro, anistia e suas consequências e, quem me pareceu isento das paixões, o cientista político Otaciano Nogueira.
No outro canto o Gen Rocha Paiva.
O melhor argumento de um que conteste os objetivos do plano macabro vai ser combatido por no mínimo três argumentos contrários pelas posições assumidas dos dois deputados que disseram ter enfrentado a ditadura e da autora do livro do acerto de contas. Não se aceita outra solução que não o julgamento dos agentes do estado pelo crime de tortura. Não fica nisso.
O tempo que é fundamental em qualquer debate com fins equilibrados e honestos não existiu e demonstra o viés sub-reptício de um cenário de prévia condenação dos agentes do Estado e defesa dos seqüestradores, guerrilheiros e torturadores das várias facções trotskistas, maoístas e fidelcastristas. Um grupo com a visão de que a anistia deve ser revista; o outro entende que foi feita para beneficiar os que lutaram contra a ditadura e há os Pilatos que se contentam em deixar por conta da justiça, com ações incentivadas no STF.
Batem na tecla de que não é revanchismo, só querem a verdade histórica, a revelação dos documentos que julgam existirem nos arquivos militares e encontrar os corpos dos desaparecidos políticos. Ao que consta os tais arquivos estão na posse do governo.
Apesar da engrenagem arquitetada, da balança desequilibrada como a de um feirante desonesto e das arapucas, o Gen Rocha Paiva se saiu muito bem. Reagiu à altura dos contendores em número superior, com fundamentos na Constituição e qualificando coerentemente os crimes de tortura cometidos pelos seqüestradores e guerrilheiros empenhados na luta armada.
Tal jogo/engodo já foi engendrado em proporção idêntica, como se em uma partida de futebol, três/quatro jogadores da equipe A (8/7 expulsos por um juiz comprado) tivessem que disputar a peleja contra onze da equipe B.
Em “Braveza e ódio dos vencidos” de 17/08/2008, escrevemos sobre o mesmo programa Expressão Nacional: “Querem ganhar no grito diante da câmera, luz, ação. O que se viu no debate havido na TV Câmara foi uma emboscada para que os holofotes criassem um espetáculo televisivo com a “vitória” comunista no tapetão. Babam de ódio e o fel percorre as suas entranhas enquanto ditam palavras de ordem contra alguém que precisa expiar os seus pecados, como representante simbólico do Movimento Democrático de 31 de Março de 1964, que atendeu ao clamor da nação brasileira, e os jornais e revistas o provam. …… De um lado o advogado Antônio Ribas Paiva e do outro — vejam o time — deputado Ivan Valente, do PSOL, deputado Daniel Almeida, do PCdoB, Sra Elizabeth Silveira, do Grupo tortura nunca mais e o professor José Geraldo de Souza Junior, diretor da Faculdade de Direito da UNB.” Tema: anistia
Ora, é importante uma resposta por gente da área civil que pensa diferente e possa equilibrar o debate, contestando o que foi divulgado. Convidar, por exemplo, o jurista Yves Gandra Martins, o médico Heitor de Paula e o ex-ministro do STJ Waldemar Zveiter, além de militares que atuaram, como o Cel Ustra, Cel Lício e outros. Filmar o debate e colocá-lo no You Tube e em outros portais.
Querer uma comissão da verdade, ainda que passe pelo Congresso, é um retrocesso e mais, não confiável, pois os propósitos são claros, condenar os agentes do Estado, que os combateram e sobreviveram. Os mortos, metralhados, explodidos, alvos de carros bomba do terrorismo insano, estão como escalpos nas salas de troféus dos organismos-vermelho-russo, coroas de louros dilacerados, como os corpos das suas vítimas, que estão vivos nas suas consciências e não os deixam dormir em paz.
Os bárbaros que arrastam esses fantasmas deveriam pedir perdão ao Brasil, aos brasileiros.
No passado, imploraram o perdão, a anistia, que não tem o valor da absolvição como gostariam que fosse. Agora, querem apagar a culpa presente na alma, pretendendo que os militares reconheçam o erro e peçam desculpas à Nação, ou seja, a eles próprios, criminosos que sem dó nem piedade explodiram o soldado Mario Kozel Filho, a cumprir o seu dever de sentinela da Pátria, no porta do QG do II Ex (CMSE) ou massacraram a coronhadas o crânio do Ten PM Alberto Mendes, já preso pelos guerrilheiros de Lamarca, e tantos outros crimes.
As Forças Armadas que nos livraram do inferno e fuzilamento indiscriminado de uma Cuba de Fidel Castro, sem liberdade, cumpriram as suas obrigações.
Não. Não haverá um só general que traia por trinta dinheiros o seu juramento e aqueles que foram vitoriosos nas suas missões, arriscaram as suas vidas e das suas famílias, se feriram, morreram e glorificaram o seu passado.
Será o mesmo que cuspir em seus túmulos, nas suas medalhas, nas suas honras.
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