O papa Francisco afirmou que a igreja tem o direito de expressar suas opiniões, mas não deve “interferir espiritualmente” na vida de gays e lésbicas. A entrevista do pontífice foi publicada na quarta-feira (18), no jornal jesuíta “La Civiltà Cattolica”. Ele também aproveitou para criticar a ‘obsessão’ da igreja por aborto e contracepção.
Em julho, Francisco já havia abordado a questão da homossexualidade, dizendo que os gays ‘não devem ser julgados’.
“Uma pessoa me perguntou uma vez, em tom provocativo, se eu aprovava o homossexualismo”, disse. “Eu respondi com uma pergunta: Quando Deus olha para uma pessoa gay, ele reconhece a existência desta pessoa com amor, ou a rejeita e condena? Sempre precisamos considerar esta pessoa”.
O papa também afirmou que nunca foi “de direita” –após ser escolhido pontífice, argentinos acusaram Francisco de ter colaborado com a ditadura argentina (1976-1983). Recentemente, um grupo de perseguidos políticos disse ter recebido a ajuda do então cardeal Bergoglio.
Aborto
Francisco afirmou que foi criticado por não falar sobre aborto e contracepção. “Fui repreendido por isso. Mas, quando falamos sobre essas questões, temos que fazê-lo em um contexto. O ensinamento da igreja quanto a isso é claro, e eu sou um filho da igreja, mas não é necessário falar sobre esses assuntos o tempo inteiro”.
“Sou um pecador”
Indagado pelo repórter sobre quem é Jorge Mario Bergoglio (seu nome de batismo), o papa respondeu que é “um pecador”. “Essa é a melhor definição. Não é uma figura de linguagem, eu sou um pecador”.
Francisco disse ainda que a igreja por vezes “se fechou em torno de coisas pequenas”. “Coisas de mentes pequenas. O povo de Deus quer pastores, não clérigos agindo como burocratas ou políticos”.
Além disso, o papa também destacou o papel das mulheres na igreja, e disse que a igreja precisa encontrar um “novo balanço” entre suas missões políticas e espirituais.
[Voltar]