Uma se aprofundou na parte emocional, a outra na parte de pesquisas científicas e medicamentos. Uma prefere saber o essencial, a outra quer entender os detalhes. Diagnosticadas com esclerose múltipla (EM) com oito meses de diferença, as irmãs gêmeas Andressa e Andréa Antonini Bertolazzo, de 36 anos, se complementam e respeitam como cada uma lida com a doença.
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Encaminhada ao neurologista, ela fazia acompanhamento a cada seis meses para verificar sintomatologia e repetir a ressonância do crânio. Até então assintomática, a professora teve os primeiros sintomas, visão dupla e não conseguir andar em linha reta, em janeiro de 2018, dez dias após fazer o exame.no images were found
Com sintomas mais brandos e curtos, a engenheira química Andréa perdeu a sensibilidade nas duas pernas por apenas uma semana. O neurologista que a atendeu disse que provavelmente era um quadro de ansiedade, mas como havia histórico familiar de EM, ela insistiu para fazer uma ressonância magnética de cabeça e coluna cervical“Se não fosse o diagnóstico da Andressa oito meses antes, com certeza meus sintomas teriam passado despercebido e eu não teria procurado um médico”, comenta ela, que inicialmente contou a situação só para o marido.
De acordo o neurologista Wasem, os sintomas da esclerose múltipla podem variar entre:
- dor ocular com visão embaçada
- visão dupla com ou sem estrabismo
- falta de sensibilidade em qualquer lugar do corpo
- formigamentos
- dormências
- sensação de que há um plástico sobre a pele
- falta de força em algum membro ou de todo um lado do corpo
- dificuldade para andar ou para pegar as coisas
- espasmos (contrações musculares involuntárias)
- falta de equilíbrio
- andar cambaleante
- incontinência urinária ou fecal
- perda involuntária da urina, entre outros.
Após fazer todos os exames, receber o diagnóstico e iniciar a pulsoterapia, Andréa contou a notícia para a família. “No começo foi difícil. Na frente deles me fazia de forte, mas quando vinham os sintomas, me desesperava. Levei algum tempo para internalizar que, apesar de não ter cura, a EM tem tratamento e que com o controle da doença ela não vai progredir. Minha irmã me ensinou a levar a esclerose múltipla de forma mais tranquila.”
Gêmeos univitelinos: há mais risco?
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Segundo Wasem, há envolvimento genético e hereditário na gênese da esclerose múltipla, mas esse fator não é absoluto, e sozinho não faz a doença aparecer. É necessária uma complexa interação entre uma genética suscetível com os fatores ambientais conhecidos e desconhecidos.No caso específico de gêmeos univitelinos (quando há uma única fecundação e o zigoto se divide em dois), estudos apontam que quando um deles desenvolve a esclerose múltipla, o outro tem 25% a mais de risco de também desenvolver.
“Se fosse uma doença 100% genética, sempre que um gêmeo univitelino desenvolvesse a esclerose múltipla, o outro também desenvolveria, pois eles têm o mesmo código genético, mas não é o que acontece em 3/4 dos casos”, pondera o médico, que fez aperfeiçoamento em esclerose múltipla e doenças neuroimunológicas no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore (EUA).
Conexão entre Andressa e Andréa: “porto seguro” e “guia”
Com a mesma doença, as gêmeas encontraram na EM uma nova forma de conexão e gostam de trocar experiências sobre o assunto. Andréa comenta:
“Andressa está sempre em busca de novos estudos e é quem me atualiza de tudo, mesmo eu morando em Curitiba e ela na Califórnia. Ela já me deu dicas de profissionais, de como conseguir as medicações, como aplicar as injeções de um jeito mais fácil e como conseguir gratuitamente os aplicadores. Mas, acima de tudo, ela é o meu porto seguro, é com ela que converso quando sinto qualquer coisa diferente.”
Compartilhando do mesmo sentimento, Andressa diz que ainda não sabe lidar com a ansiedade e que sua irmã gêmea é sua guia:
“Quando estou ansiosa, muitas vezes ligo aos prantos pra ela, ela me acalma e me ajuda a olhar os melhores caminhos para resolver a situação. Andréa é com certeza a única pessoa da família que me compreende inteiramente, porque passa pelas mesmas coisas que eu passo ou já passei.”
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