Lula: de lider globalizado à pateta global

Luiz Inácio Lula da Silva tornou o mundo mais seguro!

Por Reinaldo Azevedo

É verdade ! Acreditem em mim ! Não fosse a decidida, pertinaz, corajosa, ousada, fabulosa, estonteante estréia do Babalorixá de Banânia no miolo mesmo da principal questão de segurança hoje no mundo, o consenso das cinco potências para impor sanções ao Irã demoraria um pouco mais.  Mas “o Cara” agiu, e os EUA decidiram calciná-lo e apressar a aprovação de sanções!  Quem disse que Lula não dá uma dentro no cenário externo?

Sim, queridos, as sanções demorariam um pouco mais.  Ma aí um grupo de gênios brasileiros  — em que se destacam, além do próprio Grande Morubixaba, inteligências estratégicas como Samuel Pinheiro Guimarães, Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia —  decidiu que os filósofos já haviam pensado demais o mundo;  era chegada a hora de transformá-lo.  Como vocês sabem, a sacada é de Karl Marx, certamente formulada num momento em que os furúnculos no traseiro lhe doíam terrivelmente.  Ajeitou a sentada sobre a banda direita; incomodou;  sobre a esquerda depois, continuou a incomodar.  Então ele disparou aquele repto contra o pensamento.  Fosse um existencialista, poderia ter escrito: “Como ser feliz com tanta dor?”  Mas era um materialista dialético, né?  Então se saiu com essa brutalidade!

A formosura daquele pensamento atravessou a história, fez seu ninho no Itamaraty e instruiu a aventura do Grande Negociador!  E Lula, então, foi ao Irã, com seu “papo pra lá de Teerã”, e negociou a paz.  Seus aloprados tinham resolvido que já era hora de tomar os destinos da segurança mundial nas mãos, tanto as dianteiras como as traseiras.  Deu do que deu!

A ironia de Obama, quando declarou o seu “Ecce homo” (”Esse é o Cara!) sobre o político mais popular da Terra, finalmente se revela.  Em menos de 24 horas, os Estados Unidos e os outros quatro com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU submeteram Lula e seus aloprados de gravata ao ridículo.  Celso Amorim pode incluir mais esta derrota (ver abaixo) à sua formidável coleção de trapalhadas.  Lula, o Bibelô da Nova Ordem Internacional, é, hoje, só um senhor patético, que resolveu brincar com o perigo, sem se dar conta do salseiro em que estava se metendo.

O que esperar de alguém que senta ao lado de Medvedev, uma invenção de Vladimir Putin, herdeiro das aspirações imperiais tanto da velha Rússia como da extinta União Soviética, e deita proselitismo contra, nas suas palavras, “a invasão da Rússia do Afeganistão”.  Se os russos soubessem que isso, em português, está mais para o russo, certamente teriam se divertido um tanto.  Aliás, em Moscou, ele já havia desenhado um plano para a paz no Oriente Médio — que incluía o… Afeganistão!!!  A geografia não é um limite para o pensamento criativo !  Lula já havia “atravessado o Atlântico” para chegar aos EUA…

O Babalorixá de Banânia merece o Prêmio Nobel da Paz!  Como, ao tentar proteger Mahmoud Ahmadinajed, colega com quem trama a Nova Ordem Global, ele conseguiu apressar o consenso sobre as sanções, temos, então, que Lula colaborou de maneira decidida para encostar o facinoroso contra a parede.  Agora só falta aquela colunista escrever que tudo foi rigorosamente combinado com Barack Obama…  Afinal, ela havia feito essa descoberta quando o presidente do Irã visitou o Brasil.  Segundo asseverou então, Lula cumpria uma missão passada pelo presidente americano.  No dia seguinte, Obama enviou uma carta esculhambando o governo brasileiro.

Vocês querem o quê?  Lula é um clichê.  Quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza. Meu bisavô tinha outra frase, não muito elegante, que recende a certo ruralismo.  Vou torná-la mais familiar:  “Quem nunca viu aquele monossílabo de duas letras da anatomia humana, quando vê, pensa que o dito-cujo é uma cidade”.

Já escrevi sobre a reação patética de Amorim, que pode ser definido como a menor distância entre o fígado e o cérebro.  Ontem, na TV, apareceu Marco Aurélio Garcia, com esgares de insatisfação, virando os olhos  — mais ou menos, suponho como Marx naqueles momentos terríveis —  a fazer ameaças: “Se os EUA optarem pelas sanções, vão se dar mal.  Vão sofrer uma sanção moral e política”.  A Casa Branca tremeu.  É mesmo?  De quem?  Deixe-me ver…  Do Brasil, da Venezuela, da Bolívia, do Equador…  A Turquia só está esperando alguma facilidade da União Européia para cair fora.

O Brasil se isola de tal maneira na questão que a embaixadora do país na ONU, Maria Viotti, abandonou ontem a reunião do Conselho de Segurança.  Não aceita nem mesmo participar das discussões.  Huuummm…  O grupo reúne 15 países.  São necessários nove votos para aprovar as sanções desde que não haja veto de nenhum dos cinco com assento permanente (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França).  Com o Brasil fora do debate e sendo a Turquia co-patrocinadora do acordo, será preciso conquistar quatro adesões entre os nove países restantes:  Nigéria, Bósnia-Herzegóvna, México, Uganda, Gabão, Líbano, Áustria e Japão.

O Brasil foi pego de calças curtas.  A reação abobalhada, a começar da de Lula, se deveu à fulminante reação das cinco potências.  Só não me parece correto afirmar que é como se o Brasil jamais tivesse anunciando um acordo porque, reitero, Lula conseguiu, na prática, apressar o consenso dos grandes.  Rússia e China, que mais resistiam às sanções,  tiveram de escolher entra as duplas “Lula-Amorim” e “Obama-Hillary”.  Imaginem a angústia…

Resta a Lula, agora, voltar ao Brasil e transformar a sua formidável derrota num ativo eleitoral, excitando o antimericanismo rombudo.  O discurso do recalcado triunfante é sempre um bom lugar para esconder uma monumental derrota.

Lá fora, a máscara de Lula caiu.  Agora só lhe sobrou o picadeiro da política interna.

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