Adolescentes que passam tempo demais na internet têm quase 50% mais chances de desenvolver depressão do que usuários moderados, segundo um estudo chinês.
Reuters Terça-feira, 03 de agosto de 2010 – 08h16
O pesquisador Lawrence Lam disse que adolescentes que passam de 5 a 10 horas por dia conectados apresentam agitação quando não estão na frente do computador e perdem o interesse pelas interações sociais.
“Alguns passam mais de dez horas por dia, eles são usuários realmente problemáticos e demonstram sinais e sintomas de comportamento aditivo ao navegar na Internet e jogar games”, disse Lam, coautor do estudo publicado na terça-feira pela revista Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine.
“Eles não conseguem tirar a cabeça da internet, sentem-se agitados se não voltam após um curto período distantes”, disse por telefone o psicólogo da Escola de Medicina da Universidade Notre Dame, de Sydney.
“Eles não querem ver amigos, não querem participar de reuniões familiares, não querem passar tempo com pais e irmãos”, acrescentou.
O estudo envolveu 1.041 adolescentes de 13 a 18 anos em Guangzhou, no sul da China. Nenhum deles tinha depressão no começo do estudo. Nove meses depois, 84 apresentavam a doença, e os que passavam tempo demais na Internet eram 50% mais vulneráveis que os usuários moderados.
Lam, que trabalhou em parceria com Zi-wen Peng, da Universidade Sun Yat-sem, de Guangzhou, disse que a falta de sono e o estresse causado pelos jogos online podem explicar a tendência depressiva.
“Quem passa tempo demais na internet perde o sono, e é um fato muito bem estabelecido que quanto menos se dorme, maiores as chances de depressão”, disse Lam.
Segundo ele, foi a primeira vez que um estudo examinou aspectos patológicos do uso da internet como possível causa da depressão.
Um estudo anterior havia apontado a depressão como possível fator causal para o vício em internet, e outros estudos haviam demonstrado uma correlação entre ambas as coisas, mas sem definir claramente o que era causa e o que era consequência.
Lam disse que as escolas deveriam ficar atentas aos alunos que estejam viciados em internet para lhes oferecer tratamento e orientação.
[Voltar]