O Magnésio místico e o charlatanismo farmacêutico

Tem um canal no YouTube propagando um suplemento alimentar que promete curas milagrosas de dores crônicas, distúrbios hepáticos e inflamações em geral. O propagandista, um advogado que não é ninguém na fila do pão da farmacologia, alardeia que o suplemento é feito à base de sete tipos de magnésio, mas…

Na tabela periódica dos elementos químicos, há apenas um magnésio. Não existem “tipos” de magnésio além do Mg²+.

Desde a Idade Média já se conhece o magnésio, sendo universalmente conhecida a existência de apenas um e não sete como anunciado.

Outro ingrediente alardeado é o “enxofre orgânico”, espécie química inexistente e que, segundo o advogado, faz um “detox” no organismo, acabando com a inflamação generalizada… Hã? Inflamação generalizada do organismo? De onde tiraram tal barbaridade? Certamente, ninguém dentro da fabriqueta tem formação farmacêutica, não passando de farmacotrambiqueiros.

O advogado alardeia que o tal produto milagroso é aprovado e homologado pela Anvisa, mas consultando-se o site da agência, buscando nas três categorias de registro — insumos farmacêuticos, as matérias-primas para a produção, apresentações farmacêuticas e suplementos alimentares —, o produto não é encontrado em nenhuma delas. Ou seja, o propagandista noticia uma informação falsa.

O que mais chama a atenção é o modo de comercialização dele, feito apenas por telefone ou site na internet, além de presentear os otários com três brindes e até 70% de desconto, parcelado em até 10x no cartão de crédito.

Agora vem a lógica farmacêutica: se funcionasse de fato, estaria à venda nas prateleiras de todas as farmácias do mundo e seu criador já teria sido laureado com o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia.

A legislação sanitária proíbe a propaganda de efeitos farmacológicos/curativos através da RDC nº 44/18, art. 17, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Quem promove este tipo de barbaridade pode responder pelos crimes de curandeirismo ou charlatanismo dispostos no Código Penal brasileiro.

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