A doação de tecidos músculo-esqueléticos é uma prática que já possui eficiência comprovada. No Brasil ainda existem poucos bancos para captação, processamento e distribuição desses tecidos. Um dos exemplos é o Banco de Tecidos de Músculo-Esqueléticos (BTME) do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. A finalidade do banco é fornecer ossos, ligamentos, tendões e outros tecidos do aparelho locomotor, para serem usados em diversos procedimentos cirúrgicos reconstrutivos como em caso de falha óssea, ruptura de ligamento, lesões no menisco e implantes dentários.
A melhora na qualidade de vida do paciente receptor é visível. São ganhos desde recuperação de atividades simples do dia-a-dia até a prática de esportes sem risco adicional em função da cirurgia.
Hoje a doação de ossos enfrenta a barreira da falta de conhecimento, que impede que doadores em potencial saibam sobre essa forma de doação. É muito importante que o número de doações cresça. Só desse modo os bancos de ossos poderão aumentar os seus atendimentos e contribuir para a qualidade de vida da população.
Quais os riscos de receber um enxerto?
O risco é muito baixo. Estatisticamente, um receptor, dependendo do tipo de enxerto, assume o risco de contrair uma doença calculado em menos de um em um milhão. Há casos em que o risco é ainda mais reduzido.
Quem pode ser doador?
O doador não deve ser portador de nenhuma doença que possa ser transmitida receptor do tecido. São pacientes que em vida eram saudáveis. Fatores como idade, antecedentes médicos e causa da morte também são levados em conta. No caso de doador vivo, pessoas que sofrem de cirurgias do quadril onde é retirada a cabeça do fêmur podem ser doadoras.
Que tecidos podem ser transplantados?
Vaso sanguíneos, ossos, medula óssea, tecido conectivo, tecido reprodutivo, córneas, válvulas cardíacas, cartilagem costal, tendões, fascia lata e pele.
A doação deixa sequelas no corpo?
A equipe cirúrgica que faz a captação de tecidos preserva a integridade do doador e da família. Não são feitas alterações em partes expostas, como face, pescoço e mãos. O aspecto após a captação é o habitual e no lugar dos ossos retirados são colocadas próteses.
Há algum custo para doar ou receber um tecido?
Não há nenhum custo para fazer a doação. Para receber tecido há apenas custos com processamento e esse valor é coberto pelo SUS e pelos planos de saúde.
Depoimento
“Eu estava com os ligamentos cruzados anteriores dos dois joelhos rompidos. Como pratico esportes habitualmente, fui procurar uma solução para ter condições de voltar a praticá-los.
Ao consultar um médico, fui informado que haviam duas opções para solucionar este meu caso: operar os dois joelhos simultaneamente e utilizar meus tendões patelares para reconstruir os ligamentos ou operar os dois joelhos simultaneamente e aplicar uma nova técnica que consistia em utilizar tecidos do banco de tecidos músculo-esqueléticos. Optei pela segunda opção, a do banco de ossos, em virtude das várias vantagens desta, como a manutenção dos meus dois tendões patelares; menor tempo de recuperação; cicatrizes sensivelmente menores; possibilidade de praticar esportes novamente, inclusive futebol. A cirurgia foi muito tranquila, a recuperação relativamente rápida, uma vez que foram os dois joelhos juntos e não tive nenhum problema com o tecido utilizado.
Se hoje, sete anos depois, pratico regularmente qualquer atividade física, inclusive futebol e as cicatrizes são mínimas. Não pretendo ter a experiência de romper nunca mais meus ligamentos, mas caso isso viesse a ocorrer, optaria novamente por esta técnica.”
G. W. E.
Receptor de tecidos.
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