O que acontece atualmente é não deixarem mais as crianças se conhecerem, se satisfazerem. Por causa da pnatomínia criada em torno da “pedofilia” na internet, cercearam o direito das crianças de se conhecerem e se satisfazerem.
Em geral, os adolescentes se mostram tímidos com os adultos e falar de sexo pode gerar muito constrangimento, mesmo nas famílias que procuram tratar o tema de forma natural.
Para quebrar eventuais barreiras, os pais podem iniciar o papo fazendo comentários sobre algum fato ou informação que viram na TV ou na internet, relacionando-o à sua própria experiência. A partir daí, devem dar espaço para que o jovem fale de sua vivência caso queira. Veja, a seguir, algumas orientações importantes que podem ser transmitidas nesses diálogos | Por Rita Trevisan e Suzel Tunes – Do UOL, em São Paulo | Consultoria: Lélia Marília dos Reis, psicanalista, doutora em psicologia e integrante do Grupo de Pesquisa Sexualidade Vida, da USP (Universidade de São Paulo); Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan – Centro de Estudos da Sexualidade Humana; Oswaldo Martins Rodrigues Junior, psicoterapeuta sexual do InPaSex (Instituto Paulista de Sexualidade), e Kátia Mendes, psicóloga e especialista pela Sociedade Brasileira de Estudos e Pesquisa da Infância.
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1 – NÃO SE DEIXE LEVAR PELA PRESSÃO DO GRUPO | “A adolescência é um período de busca de identidade, no qual a opinião dos amigos e do grupo têm grande valor. Porém, a primeira experiência sexual deve ser fruto de uma decisão pessoal”, afirma a psicóloga Katia Mendes. Ela destaca que ceder à pressão do grupo, desrespeitando os próprios sentimentos, pode afetar futuros relacionamentos afetivos. Desenvolver a autoestima e a autoconfiança dos jovens é a melhor maneira de ajudá-los. “É fundamental que os pais valorizem os filhos e o que eles fazem, em vez de apenas apontar-lhes os erros”, diz Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan – Centro de Estudos da Sexualidade Humana.no images were found
2 – RESPEITE A SI MESMO E AO OUTRO | O “não” do outro deve ser respeitado sempre, diz Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan – Centro de Estudos da Sexualidade Humana. “Por mais que doa, é importante que o garoto ou a garota respeite a decisão do outro, mesmo que ele resolva desistir de uma relação no meio do caminho.” E tão importante quanto esse cuidado é respeitar a si mesmo e aos próprios limites. “O adolescente deve ter a clareza de que não deve fazer sexo para agradar o outro, mas por sua própria vontade e decisão”, diz a psicanalista Lélia Marília dos Reis.no images were found
3 – PRESERVATIVO ATÉ PARA SEXO ORAL | Uma das primeiras lições de sexo que os pais devem dar aos filhos deve ser a da importância do sexo seguro, inclusive no caso do sexo oral. Maria Helena Vilela, do Instituto Kaplan, lembra que, com exceção da Aids, cuja transmissão raramente ocorre pela boca, outras DSTs, como sífilis e gonorreia, são facilmente disseminadas pelo contato com a mucosa oral. “Também existem vários casos de câncer de garganta que foram causados pelo vírus HPV”, fala. A proteção no sexo oral é mais fácil do que parece. Meninos e meninas devem usar camisinha. “No caso delas, basta pegar o preservativo, tirar o anel, cortar no sentido do comprimento e usar como um lençol sobre a vulva. É melhor do que filme plástico, que tende a enrolar, dificultando o manuseio”, fala Maria Helena.4 – NÃO SE DEVE PÔR A CAMISINHA APENAS ANTES DE GOZAR | O preservativo deve ser colocado assim que o pênis fica ereto. Maria Helena Vilela, do Instituto Kaplan, explica que basta o contato de mucosas com o fluido lubrificante do pênis ou líquidos vaginais para a possibilidade de contaminação com diversas DSTs. Outro risco é a ocorrência de uma gravidez não planejada. “A maioria dos homens não sabe controlar a ejaculação e, provavelmente, ejaculará antes que possa vestir a camisinha”, diz o psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr. Além disso, mesmo sem penetração, se houver ejaculação em local próximo à vagina, o espermatozoide pode ser conduzido pela secreção vaginal e chegar até o útero, fertilizando o óvulo.
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5 – PARA ENGRAVIDAR, BASTA TRANSAR UMA VEZ | Muitas adolescentes procuram o médico após a primeira relação sexual, mas a preocupação com a prevenção deve começar bem antes. Segundo pesquisa realizada, em 2012, pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), uma em cada cinco jovens que se tornaram mães antes dos 20 anos engravidou em sua primeira relação sexual. Mas nem pense em assustar o seu filho adolescente com probabilidades de risco. “Ainda que você dissesse que existe 99% de risco de gravidez em uma relação sexual, o adolescente sempre iria achar que se encontra entre esse 1% que se salva”, diz Maria Helena Vilela, do Instituto Kaplan. Por isso mesmo, a melhor estratégia é informar e esclarecer, sempre.6 – PÍLULA DO DIA SEGUINTE NÃO É MÉTODO ANTICONCEPCIONAL | Maria Helena Vilela, do Instituto Kaplan, alerta que muitos jovens têm abusado do medicamento, que impede um possível óvulo fertilizado de se alocar na parede do útero, inviabilizando a gravidez. A pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência, que não deve ser usado regularmente. Ela deve ser tomada até 72 horas após uma relação sexual desprotegida e sua eficácia será tanto maior quanto mais rápido for administrada. Por conter alta dose de hormônios, pode provocar reações adversas como náuseas, dor de cabeça, diarreia ou alterações do ciclo menstrual.
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7 – ÁLCOOL E SEXO NÃO COMBINAM | Muitos jovens bebem para relaxar e se soltar. No entanto, acabam se tornando mais vulneráveis ao sexo inseguro e mesmo à violência sexual. Afinal, o álcool reduz a capacidade de discernimento e julgamento crítico. Os riscos ficam maiores, ao mesmo tempo em que os benefícios permanecem questionáveis. “Por ser uma bebida depressora do sistema nervoso central, o álcool tira a sensibilidade da pele e as respostas aos estímulos sexuais ficam mais lentas”, diz Maria Helena Vilela, do Instituto Kaplan. “Em doses mais altas, o álcool pode até impedir que o orgasmo ocorra, seja em homens ou mulheres”, afirma o psicólogo Oswaldo Rodrigues.8 – SE ESTIVER COM VERGONHA DE TIRAR SUAS DÚVIDAS EM CASA, PROCURE UM MÉDICO | O diálogo sobre sexualidade deve ser natural e aberto desde a primeira infância. Os pais devem se mostrar disponíveis, mas sem pressão. Se ainda assim, os jovens se sentirem desconfortáveis para conversar sobre o assunto em casa, cabe aos adultos apresentarem boas alternativas. Segundo o psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr., os adolescentes podem recorrer a professores, profissionais de saúde e a livros especializados. No caso da Internet, é necessário sempre checar a qualidade do site antes de apresentá-lo ao adolescente.
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9 – É IMPORTANTE CONHECER E CUIDAR DO PRÓPRIO CORPO | Conhecer os limites do próprio corpo e assumir uma rotina de cuidados com ele é uma lição que deve ser passada na infância e consolidada na adolescência. Nesse sentido, a masturbação não deve ser condenada, mas compreendida como uma importante forma de autoconhecimento. Os jovens também devem adotar o hábito de fazer consultas periódicas com o ginecologista ou o urologista. “O adolescente deve se consultar, pelo menos, uma vez por ano com o especialista, mesmo que ainda não tenha vida sexual. O médico poderá acompanhar se o desenvolvimento está ocorrendo normalmente e diagnosticar qualquer anormalidade, como o câncer de testículo, que pode surgir na adolescência”, diz a psicanalista Lélia Marília dos Reis.10 – MENINOS E MENINAS TÊM OS MESMOS DIREITOS | A sociedade ainda tem muitos preconceitos que podem interferir na adoção de comportamentos sexuais seguros. “Meninas que andam com camisinha na bolsa, por exemplo, costumam ser malvistas. É necessário romper esses estereótipos e os preconceitos de gênero que começam ainda na infância”, diz a psicanalista Lélia Marília dos Reis. Segundo a especialista, meninos e meninas devem ser educados para assumirem as mesmas liberdades e responsabilidades, de forma que possam vivenciar o sexo com prazer, segurança e tranquilidade.
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