Os Romanos

Roma – Da Fundação à República

A península italiana, situada no meio do Mediterrâneo, estava povoada, já no século VIII a.C., por vários grupos distintos. Destes, destacavam-se os etruscos, os italiotas, os gregos, os gauleses e outros. Os gauleses habitavam a Gália Cisalpina, os gregos, a Magna Grécia, os etruscos, a Etrúria (atual Toscana), os italiotas, outras áreas da península.

Os mais importantes de todos esses povos foram os etruscos. De origem asiática, ocupando férteis solos da Itália centro-ocidental, logo desenvolveram avançada civilização. Durante cerca de 5 séculos, lavradores, comerciantes e artistas etruscos estenderam sua influência pelo Mediterrâneo, mantendo relações com os vizinhos peninsulares e continentais.

No ano de 753 a.C., segundo a tradição, foi fundada Roma, às margens do rio Tibre, na região do Lácio. O fundador da cidade teria sido Rômulo. Este, juntamente com seu irmão Remo, foi alimentado por uma loba, após terem sido abandonados por ordem de Amúlio, rei de Alba, a Longa. Após a fundação de Roma, Rômulo assassinou seu irmão, tornando-se o primeiro rei da cidade.

Durante o reinado de Rômulo, como a cidade não possuísse mulheres, foi organizada uma grande festa, à qual compareceram os Sabinos, suas filhas e esposas. A uma ordem de Rômulo, seus companheiros raptam as mulheres Sabinas, fazendo-as, daí por diante, suas esposas. Estava resolvido o problema da sobrevivência da população romana.

Após a morte de Rômulo, desaparecido numa tempestade e, desde então, adorado como um Deus (Quirino), Roma teve mais 6 reis. Seus sucessores foram: Numa Pompílio (legislador e organizador de um calendário); Túlio Ostílio (que guerreou contra Alba a Longa); Anco Márcio (construtor do porto de Óstia); Tarquínio Prisco (construtor de um sistema de esgotos – cloacas – da cidade); Sérvio Túlio (que fortificou as muralhas e defesas); Tarquínio, o Soberbo (que concluiu o templo de Júpiter – o Capitólio).

Os 3 últimos reis eram de origem etrusca. Seu governo caracterizou-se por grandes melhoramentos públicos, mas os romanos não os aceitavam sem suspeita. Apesar do poder do rei ser bastante limitado pelo Senado (formado pelos cidadãos ricos, ou patrícios) o reinado do último Tarquínio foi muito agitado. Procurando apoio nos plebeus (pobres, sem direitos políticos), Tarquínio, o Soberbo, foi deposto em 510 a.C. pelos patrícios, que proclamaram a República.

Com a proclamação da República, Roma passou a ser governada por 2 cônsules eleitos anualmente pelo Senado. Durante as guerras, ou épocas de crise, um deles era nomeado ditador pelo prazo de seis meses. Sua palavra era a lei e a grande autoridade de que estava investido facilitava a solução dos problemas da República.

O Senado, em épocas normais, era o maior poder da República. Formado, inicialmente, por 300 cidadãos, tinha muitos privilégios e grande prestígio. Além dos senadores e dos cônsules, a República romana tinha os censores (que cuidavam dos bons costumes e contavam a população); os questores (que cobravam os impostos); os pretores (juizes); os edis, responsáveis pelo bom estado dos edifícios e pelos jogos anuais; os pontífices (sacerdotes responsáveis pelos cultos).

No início da República a população romana estava dividida em patrícios (privilegiados) e plebeus (destituídos dos direitos mais elementares). A situação destes últimos agravava-se após as guerras, de que voltavam endividados. Eram, muitas vezes, transformados em escravos com toda a família por causa da sua impossibilidade de saldar as contas. Além disso suas terras eram tomadas pelos patrícios, seus credores.

Levados ao desespero pela falta de direitos e pelo agravamento de sua situação, os plebeus iniciam uma luta para obterem melhor condição social. Retiram-se da cidade para o Monte Aventino, resolvidos a fundar uma nova cidade. Os patrícios, vendo que sem os plebeus Roma estaria perdida, resolvem ceder. A partir de então a plebe conquista o direito de ser defendida pelos tribunos da plebe, que tinham direito de veto.

Mais tarde os plebeus conseguem fazer com que as leis da República sejam escritas, para que todos as conhecessem. Foi a Lei das 12 Tábuas – gravadas em lâminas de bronze e afixadas no Fórum. A seguir, não sem muita luta, os plebeus conseguem o direito de se casarem com patrícias. Aos poucos vão desaparecendo as diferenças entre as duas classes.

A próxima conquista foi o direito de acesso ao consulado e aos demais cargos da República. Ao chegar o ano 300 a.C., praticamente havia em Roma uma só classe, pelo menos no que respeitava aos direitos civis. Entretanto, a influência do dinheiro dava aos ricos o verdadeiro controle da República.

Desde a fundação Roma não parou de crescer. Ainda ao tempo dos reis as cidades vizinhas foram, pouco a pouco, submetidas ao controle romano. O domínio de Roma sobre seus vizinhos e rivais não se fez sem sangue. Duras foram as lutas travadas contra os etruscos, os Volcos, os Équos e outros. Algumas vezes a cidade caiu e foi cruelmente saqueada.

Aos poucos, porém, os romanos dominam a Itália central. Ao norte, os gauleses, que já haviam devastado a cidade anteriormente, foram sempre um inimigo a ser atacado. Ao cabo de sangrentas lutas, por meio século, os gauleses são detidos e confinados às montanhas do norte.

A expansão da República não podia parar. Ao sul estava a Magna Grécia, povoada pelos gregos, com ricas cidade prometendo generosos tributos. É iniciada a conquista. Algumas cidades submetem-se sem resist6encia.

Tarento, uma delas, pode auxílio a Pirro, rei do Épiro, que lança elefantes no combate aos romanos. Após sangrentas lutas, Pirro sai vencedor, mas à custa de quase todo seu exército. Pirro teria exclamado “mais outra vitória dessas e estou perdido…”.

Os romanos voltam à carga. Pirro é vencido e retira-se para a Grécia. O sul da Itália fica submetido à autoridade romana.

Com o domínio da Magna Grécia os romanos passam a ter um vizinho indesejável: Cartago. Essa rica cidade do norte da África tinha o domínio da Sicília. Os cartagineses, povo navegador, em franca expansão pelo Mediterrâneo, passam a incomodar os romanos em seu projeto imperialista. O choque de Roma e Cartago era iminente. Foi o que veio a chamar-se de Guerras Púnicas.

Roma esperava apenas um pretexto para atacar sua rival. Este chegou, quando Messina foi atacada pelo rei de Siracusa, com o apoio de Cartago. Roma veio em socorro de Messina, iniciando a primeira guerra púnica que duraria 20 anos. Os soldados cartagineses eram quase todos mercenários. Apesar disso, sob o comando de Amílcar Barca, conseguem alguns triunfos contra os romanos na Sicília.

No mar, apesar de superiores, os cartagineses acabam por sofrer várias derrotas. Desanimados, resolvem pedir paz a Roma. Enviam o próprio cônsul romano Régulo, que caíra prisioneiro, com a missão de propor a paz. Régulo, porém, aconselha seus patrícios a continuar a guerra. Ao voltar a Cartago, como castigo, é supliciado dentro de um barril cheio de lâminas, posto a rolar por uma encosta.

Ao fim da guerra, Cartago perde a Sicília, a Córsega e a Sardenha. Assim, os romanos dominam todo o sul da península. A seguir, vão combater mais uma vez os gauleses, no norte.

Derrotados na primeira guerra, os cartagineses preparam-se para à desforra. Amílcar Barca conquista a Espanha, onde se recupera da perda da Sicília. A Espanha era rica de cereais, além de ferro, prata e ouro. Ali, o grande general reorganiza seu exército.

Morto Amílcar, sucede-o seu filho Aníbal. Educado para ter ódio a Roma, Aníbal jura vencer a grande inimiga de sua pátria. Parte da Espanha à frente de 100 mil homens e 37 elefantes. Atravessa os Pirineus e os Alpes, suportando o frio intenso de seus cumes nevados, e alcança a Itália.

Ao chegar à planície do Pó, perdera metade de seu exército. Apesar disso derrotou por 3 vezes as forças romanas que foram alcançá-lo. A seguir, parecia querer atacar Roma. A cidade de Roma. A cidade tomou-se de pânico.

Entretanto, o grande cartaginês preferiu esperar, acampado em Cápua, reforços de sua terra. Esses reforços tardaram. Finalmente, as tropas cartaginesas que lhe vinham ao encontro, sob o comando de Asdrúbal, seu irmão, são derrotados. (Batalha de Metauro).

Os romanos atacam e conquistam a Espanha. A seguir, para forçar Aníbal a deixar a Itália, desembarcam na África. Aníbal parte em socorro de sua terra, mas é derrotado em Zama (202 a.C.) pelas tropas do romano Cipião.

Severa foi a pena imposta a Cartago pelos romanos. Obrigada a pagar pesada indenização, assim mesmo ficava proibida de fazer guerra a outros povos sem ordem do senador romano. Enquanto isso, em Roma, o senador Catão iniciava intensa campanha contra Cartago. Todos os seus discursos eram encerrados com a frase “Delenda Cartago” (Cartago precisa ser destruída). Pouco a pouco os romanos vão-se convencendo dessa necessidade.

Faltava, porém, o pretexto para a nova guerra. Este chegou, quando Cartago é atacada pelo rei da Numídia, Massinissa. Apesar dos protestos cartagineses, o senado romano não lhes deu atenção. Cartago resolve defender-se, atacando Massinissa. Os romanos acusam Cartago de haver violado o tratado de paz e lhes impõem a entrega de todos os seus navios e o abandono da cidade. Deveriam fundar outra, no interior da África.

Tal ordem era absurda e Cartago a rejeita. Os romanos atacam a cidade, que resiste ferozmente. Apesar da heróica resistência cartaginesa os romanos avançam palmo a palmo. Ao fim, as forças de Cipião Emiliano arrasam totalmente a cidade (146 a.C.).

Uma Origem Lendária

As origens de Roma estão situadas no século VIII a.C. Nos primeiros tempos a cidade foi tão insignificante que passou despercebida. Mais tarde, já então centro urbano de um povo em franca expansão, surgem lendas que procuram ligar a origem de Roma à cidade de Alba, a Longa, ou mesmo, à distante Tróia.

A lenda mais conhecida conta que os reis de Alba, a Longa, descendiam de Enéias, o famoso troiano, que se refugiara na Itália após o incêndio de sua cidade. Númitor, rei que havia sido destronado por seu irmão, Amúlio, tinha uma filha – Réia Sílvia. Esta, sacerdotisa do templo de Vesta, inspirou violenta paixão ao deus Marte e deu à luz dois gêmeos: Rômulo e Remo. Os meninos foram lançados ao rio Tibre, em uma cesta, por Amúlio, que queria desfazer-se deles. Descendo o rio, a cesta foi parar aos pés do Monte Palatino, onde uma loba a achou e amamentou as crianças. Mais tarde, um pastor as encontrou, tomando-as sob sua proteção. Sabedores de sua origem, os irmãos voltam a Alba, a Longa, destronam Amúlio e repõem seu avô no trono. Em 753 a.C. ambos fundam Roma, às margens do rio Tibre.

Outra lenda conta simplesmente que Enéias, fugindo de Tróia após seu incêndio, estabelece-se no Lácio e funda Roma. Essa lenda é contada por Virgílio.

Qualquer que tenha sido sua verdadeira origem, o fato é que Roma, mercê de sua excelente localização (às margens do Tibre e sobre colinas estratégicas), expandiu-se sempre. Logo se estendia sobre 7 colinas (Palatino, Capitólio, Aventino, Quirinal, Viminal, Célio e Esquillino). Ainda ao tempo dos reis serviu-se de um porto (Óstia) que lhe dava acesso ao mar, antecipando o futuro expansionismo que iria transformar o Mediterrâneo num “lago” romano.

clique para ampliar De 753 a 510 a.C., Roma foi uma monarquia. Consta que teve 7 reis, os 3 últimos de origem etrusca. Durante a realeza a cidade era dotada de prédios modestos, sendo a vida do povo bastante simples. Ao lado do rei havia o Senado, dividindo a responsabilidade do governo. O último rei foi deposto por um golpe de estado desfechado pelos patrícios sob a alegação de legítima defesa da honra de Lucrécia, uma jovem patrícia que teria sido violentada por um dos netos de Tarquínio O Soberbo, que proclamou a República.

As Eficientes Legiões Romanas


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Na época nenhum povo teve uma organização militar superior à dos romanos. Baseava-se ela na cega obediência do soldado a seus chefes, através de uma rígida disciplina militar.

O chefe (dux) tinha sob suas ordens os legados, decuriões e centuriões. As legiões eram compostas de 5 a 6 mil homens. A infantaria ligeira (velites), a cavalaria (equites) e a artilharia formavam corpos bem adestrados, revelando seu excelente conhecimento bélico nos combates. A artilharia empregava máquinas de ataque como catapultas e aríetes para forçar as portas das fortalezas.

O soldado covarde era morto a pauladas por seus próprios companheiros. Em caso de motim, ao invés de todo o grupo ser punido, escolhia-se um soldado em cada vez, que era executado (dizimar). A carreira militar, graças à régia paga e aos privilégios que acumulou com o tempo, era muito atraente. Os soldados eram treinados no Campo de Marte (às margens do Tibre) e seus exercícios eram, basicamente, corridas, assaltos, manejo de espada, natação, marchas, etc.

As armas eram muito variadas. geralmente, além do escudo, possuíam uma espada curta de dois fios e uma lança (pilum), que atiravam contra o inimigo. Além do escudo, protegiam a cabeça com um capacete e o corpo com armaduras e perneiras.

A legião romana dividia-se em manípulos durante os combates. Era superior à falange macedônica, mas em luta contra a cavalaria, levava desvantagem.

Os legionários romanos eram notáveis no cerco de fortalezas ou cidades. Formavam cinturões ao redor da área sitiada, cavavam trincheiras e tentavam vencer as muralhas através de torres de assalto providas de rodas. Às vezes cavavam túneis e penetravam na cidade pelo subsolo. Outras, arrombavam as portas com poderosos aríetes. Quando atacavam a defesa da praça de guerra, avançavam em grupo, protegidos pelos escudos ao alto das cabeças, o que lhes dava o aspecto de gigantescas tartarugas.

De Conquistados a Conquistadores

Desde os primeiros tempos de sua existência, Roma esteve em guerra. Inicialmente foram lutas em defesa de sua sobrevivência, quando sofreu ataques de seus vizinhos. Os gauleses foram um de seus mais sérios inimigos. Invadindo a Itália, pelo norte, atacaram primeiro os etruscos. Em 390 a.C. derrotaram os romanos junto às margens do rio Allia, afluente do Tibre. Apavorada, a população abandonou a cidade, nela apenas ficando alguns bravos, sitiados no Capitólio por 7 meses. Numa madrugada os defensores foram acordados pelo grasnar dos gansos sagrados, denunciando um ataque dos gauleses, que os sitiavam. Finalmente, depois de receberem mil libras de ouro como indenização, os gauleses retiraram-se e os romanos regressaram à sua cidade saqueada.

Após esses duros dias, Roma aperfeiçoou sua defesa. Fortificou pontos estratégicos, adestrou seus soldados e passou à ofensiva. Primeiramente anexou a Campânia, venceu os Samnitas e apossou-se da parte central da Itália. A seguir atacou para o norte, expulsando os gauleses do Vale do Pó. Depois expandiu-se para o sul, onde venceu os gregos da Magna Grécia (sul da Itália e Sicília). Já então, os romanos eram donos de toda a Itália. A seguir, tiveram lugar as guerras Púnicas, ao fim das quais Cartago foi riscada do mapa. Restavam-lhes, apenas, o resto do mundo para conquistar. Isso, porém, seria feito mais tarde, meticulosamente, ao tempo do Império.

Roma – do Apogeu à Decadência

Após ter realizado grandes conquistas a República romana foi agitada por violentas lutas internas de caráter social. Prevaleciam as condições injustas dos patrícios privilegiados e dos plebeus quase sem nenhum direito. Numerosos foram os plebeus arruinados pelas guerras. Suas terras tomadas pelos patrícios como pagamento de dívidas, iam-se concentrando na mão de alguns privilegiados, ficando a maioria desprovida de suas propriedades.

 

Os irmãos GracoDois irmãos, Caio e Tibério Graco, levantaram-se contra esse estado de coisas. Pretendiam eles redistribuir as terras públicas, então em poder da nobreza, para os desocupados. Com isso esperavam aumentar a produção agrícola e acabar com o grande número de pessoas sem trabalho. Estas se acumulavam em Roma, dando lugar a desordens.

Tibério Graco, autor da tentativa de reforma agrária, ficou marcado pelos proprietários. Apesar de aprovada, sua lei não conseguiu ser aplicada corretamente por causa da sabotagem. O próprio Tibério foi assassinado a pauladas, na companhia de 300 companheiros, pelos senadores romanos, seus inimigos. (133 a.C.).

Caio Graco, eleito tribuno pouco depois, retomou os planos de seu infeliz irmão. Fundou colônias agrícolas, fornecendo alimentos para as classes pobres, lutando pela mais justa distribuição das terras da República. Entretanto, pouco depois, novo golpe dos senadores é tramado contra ele. Para não ser aprisionado, pede a um escravo que o mate; três mil de seus seguidores são brutalmente assassinados (121 a.C.).

Seguem-se anos de grande agitação. Generais passam a dirigir os acontecimentos. Alguns defendem os plebeus, como Mário; outros, os patrícios, como Sila. Ambos, além de rivais, executaram cruéis repressões contra seus inimigos. Foram anos de lutas sangrentas.

Mais tarde o poder fica nas mãos de Pompeu. Este alia-se a Júlio César, seu sogro e a Crasso, romano de grande fortuna. Forma-se o Primeiro Triunvirato. Graças ao apoio de seus companheiros, Júlio César é feito cônsul.

Dotado de grande capacidade de trabalho e de brilhante inteligência, César logo se destaca. É designado para realizar a conquista das Gálias (atual França). Crasso é enviado para conquistar o Oriente. Pompeu fica em Roma.

Enquanto César consegue vencer os gauleses graças a seu brilho militar, Pompeu começa a temê-lo, devido ao seu crescente prestígio em Roma. Apoiado pelo Senado, Pompeu ordena a César que licencie suas tropas. Desobedecendo a Pompeu, César marcha com seu exército contra Roma. Pompeu foge para o Egito, onde é assassinado, ao chegar, por ordem de Ptolomeu, que pretendia agradar a César.

Indignado, Júlio César vai ao Egito, destrona Ptolomeu, colocando sua irmã Cleópatra no poder. Em seguida, dá combate ao rei do Ponto e aos generais de Pompeu na África e na Espanha. A todos vence.

Regressando a Roma, César é feito ditador. Recebendo honrarias e títulos do Senado, César começa a revelar seus dotes de grande estadista. Dá terras à plebe, reforma o calendário, obriga os ricos proprietários a dar trabalho aos homens livres desocupados em Roma.

Espírito nobre, perdoa seus antigos inimigos, a muitos dando cargos em seu governo. Entretanto, despertando desconfianças entre os nobres, que temiam viesse César tornar-se rei, é traiçoeiramente assassinado em pleno Senado (15 de março de 44 a.C.). Entre seus assassinos estava seu filho adotivo, Bruthus.

Morto César, o cônsul Marco Antônio agita a população contra os assassinos que fogem.

Marco Antônio, novo senhor de Roma, passa a liderar a vida da República. Eis porém que Otávio um sobrinho-neto de César, e seu herdeiro, passa a reivindicar o poder, apoiado pelo grande orador Cícero e Otávio. Após breve luta contra Marco Antônio, ambos fazem com Lépido um acordo político, formando o 2.º Triunvirato. Saindo em perseguição a Bruthus e Cassius, os autores da conspiração contra César, os triúnviros derrotam as tropas em fuga. Cassius e Bruthus suicidam-se. A seguir, o Triunvirato divide o território da República: Lépido, a África; Otávio, a Itália e o Ocidente; Marco Antônio, o Oriente.

Lépido logo é afastado. Otávio procura manter a ordem em seus domínios. Marco Antônio, derrotado no Oriente refugia-se no Egito, onde se casa com Cleópatra. Comete, entretanto, alguns atos que provocam revolta. Entre eles estava a doação, aos filhos de Cleópatra, de pedaços do território romano.

Com ordem do Senado para combater Marco Antônio, Otávio parte para o Egito. Vencido na batalha naval de Ácio (31 a.C.), Marco Antônio suicida-se.

 

CleópatraPara não ser levada prisioneira a Roma, Cleópatra também se mata, deixando-se picar por uma serpente venenosa. O Egito é transformado em província romana. Tal fato marca o fim da República.

Só no governo, Otávio absorve toda a fonte do poder. Recebe os títulos de Imperador e de Príncipe do Senado. Depois o de Augusto. Embora mantendo, na aparência, todas as instituições republicanas, Otávio transforma Roma num Império.

Augusto, como é então chamado, demonstrou dotes de excelente administrador. Dividiu o Império Romano em províncias, nomeou para cada uma delas eficientes governantes, aos quais fiscalizava. Qualquer violência praticada contra um cidadão das províncias podia ser julgada pelo Imperador em Roma.

Regularizou-se a cobrança de impostos. O exército foi reorganizado e levado às fronteiras do Império. Combateu-se o crime. A população de Roma e das províncias foi contada através de um recenseamento.

Roma transformou-se. Majestosos edifícios foram levantados. O povo tinha espetáculos públicos de gladiadores, além de receber víveres do Estado. Augusto disse: “recebi uma cidade de tijolos e deixo uma cidade de mármore.”

Após governar durante 44 anos, Augusto morreu no ano 14 da Era Cristã. Seu governo foi a fase de ouro de Roma, comparado ao século de Péricles, em Atenas. Houve longo período de paz. Grandes poetas abrilhantaram a cultura (Virgílio – as “Bucólicas”, Horácio – “Sátiras”, Ovídio – “Metamorfoses”). Também o grande historiador romano Tito Lívio foi de sua época.

Talvez o mais transcendental fato ocorrido durante o governo de Augusto tenha sido, porém, o nascimento de Jesus Cristo, em Belém de Judá, então uma das províncias de Roma.

Após Augusto seguem-se seus sucessores em número de 10, conhecidos por 12 Césares (incluindo Júlio César e o próprio Augusto). Os 4 primeiros foram da família de César: Tibério, Calígula, Cláudio e Nero. Apesar de prosseguir a prosperidade do Império, nenhum deles conseguiu ter o brilho de Augusto. Calígula, por exemplo, era louco. Sedento de sangue mandou matar milhares de infelizes, além de nomear seu cavalo, Incitatus, senador.

Sendo o Imperador considerado divino, sua palavra tinha força de lei. Nero, apesar de louco, era obedecido cegamente. Entre seus atos mais conhecidos constam: o assassínio de sua mãe, de seu irmão, da esposa e de seus mestres, além de ter incendiado Roma. Acusando desse ato os cristãos, patrocinou a primeira perseguição da história aos seguidores de Jesus Cristo.

Outros dos 12 Césares dignos de realce foram os chamados Flávios: Vespasiano – bom administrador; Tito – que tomou Jerusalém; Domiciano, que pelo seu gênio cruel lembrava Nero. Durante o governo de Tito houve uma erupção do Vesúvio que sepultou sob as cinzas as cidades de Pompéia, Herculana e Estábias.

Após os 12 Césares, Roma foi governada pelos Antoninos. Foi quando as fronteiras do Império atingiram sua maior extensão. Merecem citação: Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio e Cômodo. Durante o reinado dos Antoninos, Roma conheceu pontos altos e baixos. Dos bons governos de Trajano e Adriano à perseguição dos cristãos (Marco Aurélio) ou à loucura (Cômodo).

Após os Antonini (plural de Antoninvs em latim) veio a fase final de Roma, como Estado. A decadência acelerava-se. Muito grande, o Império era difícil de administrar.

Surgem rivalidades freqüentes. Generais disputam o trono, apoiados por suas tropas. Há longos períodos de desordem, Diocleciano consegue deter momentaneamente o caos, restabelecendo a ordem no exército. Ordena, também, a mais violenta perseguição aos cristãos.

Os cristãos eram perseguidos, muitas vezes jogados às feras nas arenas, porque sua doutrina entrava em conflito com a idéia da divindade do Imperador. Milhares de homens, mulheres e crianças foram sacrificados pela sua fé. Apesar disso, seu número aumentava sempre.

Até mesmo na nobreza romana e na própria família imperial, surgiram cristãos. Assim, em 312, o novo imperador de Roma, Constantino, resolve também converter-se ao cristianismo. Assim fazendo, torna a nova religião oficial. Para nova sede do Império Romano é construída Constantinopla, magnificamente situada entre a Europa e a Ásia.

Após a morte de Teodósio (395), seus filhos resolvem dividir o Império Romano. Arcádio torna-se o dono do Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla. Honório, do Império Romano do Ocidente, com sede em Roma. Para alguns, o ano de 395 marca, também, o fim da Idade Antiga. Outros preferem considerar, como limite, a data da queda de Roma sob os bárbaros de Odoacro (476).

A Prosperidade Gerou a Ociosidade

A vida humilde e simples que levavam os romanos até o século I a.C. foi profundamente alterada com as conquistas. Verdadeiras multidões de escravos chegavam anualmente à cidade, onde eram colocados a serviço das famílias patrícias. No século I os escravos romanos foram calculados em 1 milhão.

Uma família patrícia possuía, às vezes, centenas e até milhares de escravos. Isso levou os costumes romanos, de início severos, ao relaxamento. Os patrícios viviam em festas e, sob o menor pretexto, matavam seus escravos. Às vezes davam vazão a seus instintos perversos, torturando pobres homens ou mulheres. Não eram raros os escravos marcados a ferro em brasa no próprio rosto.

Os territórios conquistados pelos romanos eram administrados por pretores ou encarregados, que procuravam cobrar impostos muitas vezes escorchantes. Graças a isso crescia a fortuna de certas famílias e a prosperidade da República (mais tarde Império).

Grande parte dos tributos cobrados por Roma ia em forma de gêneros. Assim, o trigo e outros cereais chegavam da Sicília, da Espanha ou da África em grande quantidade. Isso levou ao abandono da lavoura nas imediações da capital e à invasão de Roma pelas multidões de ex-lavradores. A partir de então, milhares de desempregados viviam pelas ruas, dependendo da distribuição de pão, feita pelo Estado, para sua sobrevivência.

Era preciso ocupar, outra vez, as terras improdutivas ao redor de Roma, para onde deveriam ir essas multidões de ex-lavradores. Essa foi uma das razões da luta dos irmãos Graco (Caio e Tibério) e, mais tarde, de Mário e Sila, em prol de reformas sociais.

Os Doze Césares

1 – Júlio César – Depois da morte de Pompeu, governa Roma com sabedoria e discernimento. Dá terra à plebe; reforma o Calendário; realiza reformas sociais. É assassinado por Bruthus (seu filho adotivo) e outros senadores, no dia 15 de março de 44 a.C.

Na verdade, Júlio César jamais recebeu o título de Imperador, sendo aclamado e entronado em Roma antiga como Ditador Perpétuo, em cuja função ele morreu. Além de Ditador Perpétuo, também foi declarado Sumo Pontífice de Roma, sendo, portanto, o chefe e líder espiritual dos romanos. Em outros palavras, os Doze Césares na realidade eram apenas Onze.

2 – Augusto – Herdeiro de Júlio César (e seu sobrinho), Otávio recebe o título de Augusto no ano 27 a.C., após o fim do 2.º Triunvirato. Governou em paz o Império (a pax romana). Cercou-se de artistas e filósofos, embelezando Roma e aumentando seu poder. Morre no ano 14 da Era Cristã, sendo deificado. Em latim, Augusto significa Divino.

3 – Tibério – Filho adotivo de Augusto, governa com justiça nos primeiros anos. O fim de seu reinado é sangrento, tendo mandado matar senadores suspeitos de conspiração. Foi assassinado em Capri, onde vivia (37 d.C.).

4 – Calígula – Notabilizou-se pela loucura e desvarios de seu governo. Obrigava o povo a adorá-lo no lugar de Júpiter e nomeou seu cavalo – Incitatus – senador do Império. Embora muitos historiadores famosos atestem que a nomeação de Incitatus fora um ato de loucura, na realidade, Calígula queria mesmo era dizer alto e em bom tom aos senadores do império que para ele – Calígula – os senadores valiam tanto quanto seu cavalo. Foi assassinado no ano 41, pelo prefeito da guarda pretoriana.

5 – Cláudio – Proclamado Imperador pelos assassinos de Calígula, governou com justiça. Entretanto, não pôde impedir os crimes de suas esposas Messalina e Agripina, terminando por ser envenenado por esta última.

6 – Nero – Levado ao trono por sua mãe, Agripina, no ano 54, Nero foi o mais louco dos imperadores de Roma. Sanguinário, manda matar seu irmão Britânico (filho de Cláudio), sua mãe Agripina, sua esposa Otávia, seus mestres Burro e Sêneca, o poeta Lucano e Pompéia, que matou com violento pontapé. Julgando-se poeta, manda incendiar Roma para inspirar-se a compor um poema sobre o fim de Tróia. O fogo alastrou-se pela cidade durante 17 dias. Para fugir à revolta popular, acusa os cristãos de incendiários e leva-os ao martírio no Coliseu, entregues às feras, ou transformados em tochas humanas, para iluminar as ruas. Diante da revolta das legiões sublevadas pelo general Galba, suicida-se declarando: “Que grande artista perde o mundo!”

7 – Galba – 8 – Oton e 9 – Vitélio – Governaram em um período de grande desordem.

10 – Vespasiano – Nomeado pelas tropas do Oriente, pertencia à família Flávia. Durante seu governo (69-79) procurou recuperar tudo o que Nero havia destruído, especialmente as finanças e a disciplina militar.

11 – Tito – Filho de Vespasiano, foi um homem virtuoso que procurava praticar o bem. Em seu governo (ano de 79d.C.) houve a destruição das cidades de Pompéia e Herculana pela erupção do vulcão Vesúvio. Governou de 79 a 81. Apesar de ser virtuoso mandou destruir Jerusalém, cujo templo foi arrasado, e fez dispersar os judeus pelo mundo (a diáspora).

12 – Domiciano – Irmão de Tito, reinou de 81 a 96. Era mau e vingativo. Lembrava um segundo Nero. Perseguiu os cristãos e mandou matar vários cidadãos que julgava inimigos seus. Terminou assassinado por um grupo de que fazia parte sua própria esposa.

Antoninos, Flávios e Outros Imperadores

Após os 12 Césares reinaram os Antoninos e os Flávios. Nessa época as fronteiras imperiais atingiram sua maior extensão. Desses imperadores merecem menção:

1 – Nerva – Governou de 96 a 98. Era já idoso e notabilizou-se pelo saber jurídico.

2 – Trajano – Reinou de 98 a 117. Era filho adotivo de Nerva. Fez excelente governo, levou as fronteiras imperiais até a Índia; construiu estradas, aquedutos, pontes e belos edifícios. Está imortalizado na famosa Coluna Trajana, em Roma. Entretanto, mandou perseguir os cristãos, outra vez.

3 – Adriano – (117-138) – Excelente administrador. Governou Roma em uma época de paz interna.

Antoninvs Pivs ou Antonino Pio4 – Antoninvs Pivs ou Antonino Pio (138-161) – Notabilizou-se pela administração primorosa e sábia legislação, sabendo, como poucos, administrar os problemas internos e conciliando suas decisões com os ditames jurídicos dos códigos vigentes em sua época, sem valer-se das prerrogativas absolutistas de seu posto de Imperador. Antonino Pio pode ser chamado de primeiro democrata verdadeiro de Roma antiga. Em seu governo todos os cientistas, literatos e religiosos da época, inclusive os cristãos eram respeitados, não havendo registro de qualquer perseguição aos cristãos ordenada por Antonino Pio.

5 – Marco Aurélio – Filósofo, cultor das Letras e das Artes (161-180). Guerreou os bárbaros do Oriente (partas) e os germanos do Danúbio. Ordenou mais uma perseguição aos cristãos.

6 – Cômodo – Filho de Marco Aurélio (180 a 192), celebrizou-se pela loucura. Seu amor ao crime lembrava Nero. Acabou assassinado, em palácio.

Segue-se longo período de desordens. Os imperadores de então somente se mantinham no poder à custa das armas. O assassinato tornou-se rotina. Cada exército pretendia fazer imperador seu comandante. 25 imperadores se sucederam no período de 94 anos (século III d.C.).

Enquanto o povo só queria “pão e circo”, Roma chegou a ter 30 imperadores diferentes.

Dessa fase citam-se: Caracala (211-217); Heliogábalo (218-222); Alexandre Severo (222-235). Diocleciano (284-305) realizou bom governo. Restabeleceu a disciplina militar, fez reformas políticas e administrativas. Dividiu o Império em 4 partes, dando as outras 3 a seus amigos (Tetrarquia). Constantino (311-324), percebendo a importância do Cristianismo, abraçou-o e o tornou a religião oficial do Estado. Fundou Constantinopla e a fez capital do Império. Segue-se uma fase de divisão do Império até que chega ao poder Teodósio (379-395). Defendeu a fé cristã e conseguiu manter a unidade do Império. Combateu os godos (bárbaros) e um levante em Tessalônica. Ao morrer, dividiu o Império, dando a cada um de seus filhos uma parte. O Império Romano do Ocidente coube a Honório. O Império Romano do Oriente a Arcádio. Tal fato, ocorrido em 395, é considerado por alguns historiadores como o fim da Idade Antiga e o começo da Idade Média.

Direito Romano: Raiz das Nossas Leis

A contribuição romana mais importante para o progresso da humanidade foi, sem dúvida, as suas leis. Ainda hoje a maioria das nações civilizadas tem sua legislação fundamental baseada no Direito Romano.

Essa preocupação legalista dos romanos foi, por sua vez, o segredo que manteve unidos povos tão diferentes em distâncias tão grandes da sede do Império, sob a soberania dos Césares.

As primeiras leis escritas em Roma foram as Leis das Doze Tábuas, que refundiam o direito dos costumes, até então transmitidos oralmente. Graças a elas, os plebeus tiveram garantias para sua sobrevivência social frente aos desmandos dos patrícios.

Ao tempo de Júlio César o Direito foi enriquecido com sábias leis, que regulavam desde problemas políticos, sociais e econômicos até os de natureza familiar.

O jurisconsulto Juliano publicou o chamado Edito Perpétuo (uma codificação do Direito Civil).

As leis republicanas, que davam um poder desmesurado ao Pater familiae foram, mais tarde, abrandadas. A mulher teve reconhecido seu papel na família e na sociedade, na qual desfrutava de um prestígio relativamente grande.

Merecem destaque como legisladores Papiniano e Ulpiano (autor de Disputationes e Institutiones).

Durante o reinado de Diocleciano foram publicados os códigos Gregoriano e Hermogeniano.

Mais tarde, seguindo a linha dos imperadores romanos do Ocidente, Justiniano, Imperador do Oriente, daria sua contribuição para o aperfeiçoamento das leis romanas.

Como já se disse, muitas dessas leis estão presentes, ainda, em nossos códigos.

A Opulência Degradou os Costumes

Durante a República, os costumes romanos eram muito severos. A autoridade máxima, na família, cabia ao pai (Pater familiae) a quem deviam obediência: sua esposa, os filhos, clientes e todos os demais dependentes. Com o tempo, porém, a mãe conquistou uma posição mais elevada, quase igualando a do pai. No recinto do lar, a mulher dedicava-se a tarefas leves, como manejar a roca e o fuso e a manter o fogo sagrado diante dos altares dos deuses lares (culto dos antepassados).

Os jovens eram educados no sentido de serem fortes para a guerra. No Campo de Marte, aprendiam a manejar a espada, a lançar discos e lanças, a correr, a saltar, a nadar e a cavalgar. Aprendiam a obedecer, para depois saberem mandar.

Com o Império, as conquistas romanas foram de tal vulto, que os povos vencidos inundaram Roma de tributos e escravos. O ouro, a prata, o marfim, a abundância exagerada levou a família romana a perder seus antigos costumes moderados, substituindo-os pelo luxo e pela devassidão. A corrupção dos costumes foi-se acelerando, a partir do século I da Era Cristã. “Os aristocratas viviam com um luxo indescritível. Enquanto isso os homens livres permaneciam na miséria e os escravos levavam uma vida duríssima: às vezes era mais barato adquirir escravos novos do que alimentar e cuidar dos que já tinham.” Isso levou Roma a degenerar. Os costumes corromperam-se por toda sorte de vícios e, os soldados romanos já não queriam combater pois se haviam afeminado, em grande número. Aos profetas do apocalipse de plantão, que pregam o fim do mundo no final desse milênio, aqui vai uma contradição a um dos fatos mostrados por eles como prenúncio do Juízo Final – o homossexualismo.

Esse fenômeno é tão antigo quanto a humanidade e basta ver pelo texto que até nas legiões romanas essa aberração já era descrita entre os soldados e também na corte, até mesmo entre os imperadores (veja em Fúlvio Suetônio, a História dos Doze Césares da Editora Ediouro). Incesto, estupro de crianças, perversões sexuais, então, nem se fala!.

Tal fato levou o Império a contratar milhares de soldados mercenários, recrutados entre os povos vizinhos de suas fronteiras (bárbaros). As antigas legiões, orgulho de Roma, estavam agora mesclados de germanos, que defendiam o Império a troco de dinheiro. Enquanto havia recursos, os milhares de soldados bárbaros recebiam seus soldos regularmente e continuavam a defender o Imperador. Nos séculos III, IV e V, a decadência romana acentuou-se, gerando o caos financeiro, apesar do aumento vertiginoso dos impostos.

A necessidade de pagar os mercenários de suas legiões levou o Império a dar-lhes terras, à falta de dinheiro. Nessas terras, dentro de suas fronteiras, instalaram-se milhares de famílias bárbaras, antecipando, com sua presença física, embora pacificamente, o fim das instituições romanas. Pouco depois começariam as invasões dos bárbaros, estas de caráter não pacífico. Elas iriam selar o destino do maior império da História da humanidade, até então.

As Artes e a Filosofia

As artes romanas não podem ser comparadas com as gregas, sem dúvida superiores. Mas refletem, profundamente, sua influência. Na arquitetura, destaca-se o uso de colunas variantes do estilo coríntio, além de influências orientais (arcos, abóbadas, etc.).

Na escultura merecem destaque as estátuas de imperadores, concebidas e executadas com atenção especial, por causa de sua natureza divina (o imperador era cultuado como deus). Os baixos-relevos da Coluna Trajana e o da de Marco Aurélio são dignos de menção.

A pintura romana é pouco conhecida porque a maioria se perdeu. As escavações de Pompéia, contudo, revelam algumas de grande beleza, realizadas sob a forma de afrescos.

Mosaicos – Os romanos desenvolveram a arte de fabricar mosaicos, com que eram pavimentadas suas residências. Alguns são de uma beleza admirável.

A literatura foi bastante rica. A língua latina muito ajudou os escritores romanos, pela sua riqueza e flexibilidade. Muitas obras são de destaque. No século III, a.C., temos uma tradução da Odisséia para o latim, obra do escravo grego Lívio Andrônico. Plauto (254-184) a.C. escreveu 140 comédias. Terêncio (190-159 a.C.) escreveu “O verdugo de si mesmo” (Carrasco de Si Mesmo) e outras peças. O tempo mais fértil para as artes romanas foi o de Augusto e de seu ministro Mecenas, protetor dos artistas. É dessa época Virgílio (70-20 a.C.) autor das “Bucólicas”, “Geórgicas” e da “Eneida”, onde, à maneira de Homero, narra a volta de Enéias, da Guerra de Tróia. Ovídio (43-7 a.C.), contemporâneo de Virgílio, escreveu “A arte de Amar” e “Metamorfoses”; Horácio (65-8 a.C.) escreveu odes, sátiras e epístolas; Fedro, à semelhança do grego Esopo, escreveu várias fábulas.

A oratória teve vários vultos, em geral, de políticos. Entre os maiores: Catão, Cipião o Africano e os irmãos Graco. O maior de todos foi Cícero. No Senado combateu Catilina, com suas Catilinárias e Marco Antônio, com suas Filípicas. Deixou, também, escritos como “Da Velhice” e “A República”.

Historiadores Roma tece alguns grandes nomes. Entre eles devem ser citados Júlio César (A Guerra das Gálias ou Debello Gallico, em latim), Tito Lívio (História de Roma, em 142 volumes), Caius Petronius (historiador dos costumes e da lendas e tradições romanas e que acabou se suicidando devido à depressão que a degradação moral e corrupção dos costumes romanos lhe inflingiu) e Fulvio Suetonio (Os Doze Césares).

Na filosofia destaca-se Sêneca (4-65), mestre de Nero e sua vítima (foi por ele obrigado a cortar suas veias, segundo a história oficial. Na verdade, Sêneca foi mesmo é trucidado pelas mãos próprias de Nero e não por indução ou ordem sua. Deixou escritos “Da Ira” e “Epístolas a Lucílio”.

Um Povo Prático

Se pudéssemos resumir numa só frase as diferenças de temperamento das culturas grega e romana, diríamos que, enquanto os gregos eram idealistas e teóricos, os romanos eram práticos acima de tudo. Os gregos preocupavam-se com seus problemas filosóficos, procurando o sentido das coisas do universo que os cercava. Sua ciência era especulativa. Pesquisava-se pelo amor à pesquisa. Os romanos, por outro lado, procuravam tirar partido imediato de seus conhecimentos, aplicando-os em coisas práticas.

Como exemplo disso, podemos citar os estudos de astronomia, em Roma, que resultaram na reforma do calendário, realizada por ordem de Júlio César, no ano 47 a.C. Ou na aplicação da matemática, física e geometria na construção de magistrais obras públicas (aquedutos, circos, palácios, etc.). Ou, ainda, no mapeamento das terras do Império, mandado executar do ano 49 ao 19 a.C.

Grande parte do progresso cultural romano deve-se à contribuição dos gregos, levados de sua terra à sede do Império, muitas vezes como escravos. Ali trabalhavam nos mais diversos misteres, muitas vezes de maneira anônima, produzindo obras “romanas”. Muitas peças de escultura romana foram produzidas por gregos.

Dioscorydes

DioscorydesPEDANYUS DIOSCORYDES, um botânico grego que se interessava muito por plantas e acompanhava as legiões romanas durante as campanhas militares, no tempo dos Césares. Fazia, naqueles tempos, o que se pode chamar hoje de “testes farmacológicos” com drogas vegetais e, durante a campanha das Gáleas (Gálea Cisalpina, que atualmente constitui-se parte do sudeste da França, sul da Áustria e norte da Itália), no histórico DEBELLO GALLICO, campanha militar empreendida por Júlio César com o objetivo de debelar os gauleses e livrar Roma do perigo dos cruéis ataques e saques destes, descobriu uma enorme variedade de plantas e testou-as em seus companheiros de tropa. Naquela mesma época, durante a campanha militar, ele identificou a droga ÓPIO, separando a fração do látex da fração ativa, isso no ano 77a.C., sendo por isso, considerado o responsável pela identificação dos primeiros dependentes de Ópio que a humanidade tem notícia.


Pedanyus Dioscorides

Alguns Aspectos Resumidos da Vida Romana

  • Os ETRUSCOS – Dos primitivos habitantes da península italiana, os etruscos foram os que alcançaram mais desenvolvida civilização. Originários da Ásia Menor, estabeleceram-se na Itália central, ao lado dos latinos, Úmbrios e Sabinos. Na região da atual Toscana fundaram cidades, construíram pontes, abriram caminhos, secaram pântanos, canalizaram rios e melhoraram o país que habitaram. Foram muito religiosos, tributando culto aos antepassados.
  • A FAMÍLIA – Nas origens de Roma, a família estava estruturada rigidamente ao redor de um chefe – o Pater familiae – obedecido pelos filhos – filii – mais do que o próprio rei. Os representantes de cada família compunham o Senado, que dividia a autoridade do poder com o rei.
  • A SOCIEDADE – As classes sociais da Roma antiga eram: a dos patrícios – donos das terras e grupo dominante – os estrangeiros e os escravos. Ao redor dos patrícios e sob sua proteção, estavam os clientes, que eram homens livres e formavam, juntamente com seus protetores, o populus romano.
  • LUTAS SOCIAIS – Durante a República, Roma foi palco de violentas lutas de caráter social. Os patrícios, donos das terras e de grande número de escravos, gozavam de privilégios que aumentavam cada vez mais. Os plebeus, empobrecidos pelas guerras, degradavam-se socialmente, a ponto de terem feito, talvez, a primeira greve da História, retirando-se de Roma e recusando-se a voltar, a não ser em troca de reformas sociais. Apesar disso e dos rios de sangue que correram pelos anos seguintes, os plebeus vão conquistando, progressivamente, mais direitos (o Tributo da plebe; a Lei das 12 Tábuas; a eleição de um dos cônsules; o casamento com patrícios e outras). Ao fim, legalmente, desapareceram as diferenças entre patrícios e plebeus, passando a ser, ambos, simplesmente cidadãos romanos.
  • AS LEGIÕES – Além do seu papel de defender Roma e expandir suas fronteiras, as legiões realizavam outros notáveis serviços. Entre eles estava a drenagem de pântanos e a construção de pontes e estradas. Além disso, fundavam cidades. Algumas delas: Mogúncia, Bonn, Colônia, Basiléia e Lion.
  • AI DOS VENCIDOS – Os vencidos pelas legiões eram transformados em escravos e seus bens repartidos entre os soldados.
  • OS GRACO – Os irmãos Tibério e Caio Graco foram grandes lutadores pela causa dos plebeus. Tentaram fazer a reforma agrária em Roma, despertando o ódio dos patrícios, que se haviam apoderado das terras do Estado. Foram assassinados, junto com centenas de seus seguidores.
  • O CALENDÁRIO – Júlio César realizou uma reforma no Calendário, no ano 47 a.C. Para isso contou com a colaboração de um astrônomo grego (Sosígenes), que criou o chamado dia bissexto (bio-sexto-calendas). Morto César, Marco Antônio para honrá-lo, mudou o nome do sétimo mês (“Quintilis”) para “Julius”. Mais tarde, o mês “Sextilis” foi mudado para “Augustus” em homenagem a Augusto.
  • GEOGRAFIA – Além de mapear todas as terras do Império entre os anos 44 e 19 a.C., os romanos publicaram a monumental “Geografia”(em 16 volumes) de Estrabon, baseada nos textos de Hiparco e Eratóstenes. Por ela ficou conhecido todo o mundo antigo. Mais tarde (44 da Era Cristã), Pompônio Mela publicou o primeiro tratado completo de geografia: “De situ orbis”.
  • ALQUIMIA – Era praticada em Roma, principalmente por escravos gregos ou outros estrangeiros. Os maiores alquimistas foram Asclepíades e Cláudio Galeno. Este foi célebre anatomista.
  • JÚLIO CESAR – Extraordinário tribuno, escritor e historiador, o jovem patrício Júlio César teve fulminante carreira política e militar. Juntamente com Pompeu e Crasso formou o 1.º Triunvirato. Conquistou as Gálias, cuja história registrou em magnífica linguagem. Rompido O Triunvirato, César venceu seus rivais nas batalhas de Farsália (Grécia), Tapso (África) e Munda (Espanha). Senhor único do poder, recebeu o título de “Pontifex Máximus”. Reduzindo as atribuições do Senado, empreendeu uma série de reformas sociais, políticas e jurídicas. Distribuiu terras e fundou colônias, para lá canalizando os desocupados de Roma. Modificou o Calendário e construiu belíssimos edifícios. Sua obra inspirou a inveja de muitos, sendo assassinado por conspiradores no dia 15 de março do ano 44 a.C.
  • MARCO ANTÔNIO – Os amigos de César apressaram-se em vingar sua morte. À frente deles colocou-se Marco Antônio, mais tarde associado a Lépido e a Otávio (2.º Triunvirato). Enviado para o Egito, com finalidades punitivas, Marco Antônio apaixonou-se pela rainha Cleópatra com quem se casou. Mais tarde, perseguido pelas tropas de Otávio, Marco Antônio suicidou-se. Cleópatra o imitou.
  • JESUS CRISTO – Numa das províncias romanas (a Palestina), nasceu uma criança durante o reinado do Imperador Augusto. Essa criança veio a ser, nos anos seguintes, o pregador de uma nova e revolucionária doutrina, que iria pôr em choque todos os costumes da época. Pregando o amor, num mundo de ódio, e a adoração a um Deus único e espiritual, sua doutrina chocou-se com o culto pagão dos romanos a seus Imperadores. Isso gerou várias perseguições aos cristãos. Até que, sob Constantino, o Cristianismo foi reconhecido como doutrina oficial do Estado romano.
  • AQUEDUTOS – Construídos de pedra ou de alvenaria, levavam água às cidades. Somente para Roma os aquedutos “Aqua Martia”, “Aqua Appia” e “Aqua Claudia” conduziam, diariamente, mais de 2 milhões de metros cúbicos de água. Além doa aquedutos da capital, os romanos também os construíram nas províncias. (Espanha, frança, etc.).
  • CIRCOS – Eram, talvez, a diversão predileta do povo. Neles reuniam-se multidões que deliravam, vendo lutas de gladiadores, corridas, ou cristãos lançados às feras. O chamado Circo Máximo era um teatro duplo, de forma circular. Exigiu o trabalho de várias gerações, ficando concluído ao tempo de Tito. Abrigava quase 90 mil pessoas. No dia de sua inauguração foram sacrificados mais de 5 mil animais, em luta com gladiadores. Tinha 3 pisos e media 156 metros de diâmetro. A arena tinha 86 por 54 metros.
  • TEMPLOS – Os romanos construíram templos muito semelhantes aos dos gregos.
  • PALÁCIOS – Foram construções esmeradas, onde a grandiosidade da arquitetura era exaltada pelo mármore dos pisos, por paredes e colunas, além da estatuária e dos baixos-relevos.
  • ARCOS – Foram construídos para comemorar feitos de alguns imperadores. Os mais famosos são o de Tito (exaltando seu triunfo sobre os judeus) e o Triplo de Sétimo Severo, em Roma.
  • COLUNAS – Monumentos de grandes dimensões (a de Trajano tem 42 metros de altura), são decoradas com baixos-relevos da base ao cimo.
  • CIÊNCIA APLICADA – Como já foi dito, os romanos foram um povo prático, que procurava aplicar os conhecimentos científicos em proveito de sua vida. Assim Plínio, o Velho, publicou uma “História Natural” que contém ensinamentos sobre agricultura e pecuária.
  • ARQUITETURA – O romano foi um povo construtor de grandes obras públicas. Entre elas destacam-se imensos aquedutos, alguns com centenas de metros de comprimento e dezenas de altura. Usavam muito o arco, invenção mesopotâmica, levada para a Itália pelos etruscos. Além disso, edificaram grandes circos, teatros ao ar livre, onde eram exibidas corridas de carros, lutas contra feras ou combate de gladiadores. Muitos palácios também foram edificados. Usaram colunas, a exemplo dos gregos, especialmente de estilo coríntio, com algumas modificações. Também empregaram abóbadas em algumas obras (como no Panteão de Roma), sob influência oriental.

A queda de Roma – o final da Idade Antiga

A outrora majestosa, poderosa e invencível Roma cai, sob o domínio de Odoacro, rei dos Hérulos, que destrona o jovem Rômulo Augústulo e, apesar de não aceitar o título de Rei de Roma, coroa-se Rei da Itália e estabelece a sede seu reinado e Ravena.

Com as grandes invasões, termina o Império Romano (476) e a chamada História Antiga clássica. Começa a Idade Média, que se irá prolongar por 10 séculos (até 1453 com a queda do Império Romano do Oriente, ou Constantinopla, também chamada de Bizâncio). A união de povos da mais variada origem (germanos, eslavos, Mongóis) com os antigos romanos irá dar origem ao europeu moderno. por outro lado, os povos invasores, apesar de muita destruição causada em monumentos e tesouros dos romanos, acabaram aceitando sua cultura. As línguas européias modernas refletem a influência do latim. A religião cristã é a predominante em toda a Europa. O Direito Romano é a base da sua legislação ainda hoje. As fronteiras dos países europeus, apesar da sua constante mudança, ainda guardam muita relação com aquelas que se estabeleceram nos antigos reinos bárbaros, edificados sob a ruína do outrora invencível Império Romano.

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