A Origem do Cristianismo

É um livro do escritor Iakov Lentsman, editado em Lisboa pela Caminho, sobre as origens da seita cristã iniciada entre pescadores judeus.

Por Padre Jean Melier

O livro traz o resultado das investigações de teólogos e historiadores sobre os documentos e monumentos que esclareçam as origens da religião cristã.

Surpreendentemente não foi encontrada qualquer documentação ou monumento que comprove os relatos bíblicos, especialmente os relativos ao Novo Testamento e à história de Cristo. Os escritores e historiadores dos povos que conviveram com os cristãos não mencionam nenhum Jesus Cristo, nem se referem aos cristãos na palestina durante os primeiros duzentos anos da era cristã.

Judeus e romanos, povos cultos, contando com escritores e historiadores, nunca poderiam ignorar os fatos narrados no Evangelho, pois fatos menores tiveram registro. Os romanos eram ciosos do seu Direito, o famoso direito romano, entretanto não existe o processo do fundador do cristianismo, Jesus Cristo. O historiador judeu Flávio Josefo foi historiador dedicado que narrou os fatos mais importantes de sua época mas não menciona nenhum Jesus Cristo ou outro profeta cristão morto nas condições descritas no Evangelho. E Flávio Josefo viveu exatamente na época em que Jesus teria vivido e fundado cristianismo.

O único documento existente é o próprio Evangelho escrito e reescrito pelos próprios interessados mais de um século depois dos fatos, mas mesmo os evangelhos não existem mais no original, nem mesmo uma cópia nas línguas originais. As cópias mais antigas datam de 400 anos depois da suposta morte de Jesus e são a cópia da cópia, escolhidas entre inúmeras outras pelos bispos católicos reunidos em concílio. Existe uma cópia no Vaticano de alguns livros e outra na Inglaterra.

Tudo indica que Cristo é um mito criado pelos escravos judeus do Império Romano. Em torno deste mito formou-se uma seita dissidente do judaísmo tradicional. Posteriormente o Império decadente adotou o cristianismo como religião oficial e organizou sua difusão pelo mundo. Difusão que dura até hoje.

É surpreendente que existam pessoas que acreditem em textos de origem duvidosa, escritos muito depois dos fatos que dizem descrever, mencionando personagens que provavelmente nunca existiram; textos cujos originais se perderam e que narram acontecimentos contados como verdadeiros por escravos analfabetos do Império Romano. É estranhíssimo considerar tais escritos como verdade sagrada e absoluta.

O que as pesquisas científicas comprovam é que o cristianismo se originou entre os judeus expulsos da Palestina, residentes na Ásia Menor e no Egito. Não havia, originalmente, cristãos na Palestina, onde são minoria até hoje. Entre os judeus dispersos, escravos do Império Romano, desencantados com o judaísmo, surgiu a seita pregando que o Messias Salvador – esperando mas nunca vindo – era um ser divino – o Cordeiro de Deus. O livro mais antigo do Novo Testamento, o Apocalipse, escrito nesta época, identifica as sete igrejas da Ásia onde a seita cristã nasceu. Interessante é que o livro não menciona Jesus Cristo, justamente porque foi escrito antes do surgimento do mito evangélico. Mesmo contra a vontade da hierarquia eclesiástica o livro foi incluído na Bíblia devido ao respeito que lhe era devido pela maioria dos fiéis.

Os textos do Novo Testamento foram redigidos pelos padres depois que o Cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, conforme as conveniências do governo imperial. Como religião oficial passou a controlar todo o mundo acadêmico, tornando-se senhora das escolas e controladora do saber científico, filosófico e até militar, através das cruzadas para ocupar a Palestina. Em conseqüência deste controle que durou aproximadamente mil anos, os escritores e cientistas foram forçados a se tornarem religiosos para poder estudar e trabalhar. Sendo assim, os textos evangélicos trazem muitas orientações verdadeiras, muitos bons pensamentos ao lado de muitos preconceitos e falsificações de todo tipo. Era tão freqüente a falsificação que o autor do Apocalipse introduziu no final do texto uma praga contra os copistas que suprimissem ou acrescentassem qualquer palavra ao texto original.

A Origem do Cristianismo, cita os fatos que comprovam a gigantesca farsa que é o mito evangélico. Uma ideologia eficaz para exercer o controle social, transferindo para um “outro mundo” imaginário e futuro, a solução dos problemas reais do mundo do presente.

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