Cabeça nas nuvens

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade não termina na infância. Ao contrário do que se supunha há alguns anos, pode prosseguir pela adolescência e chegar à idade adulta

por Mônica Carolina Miranda
Inúmeras pesquisas têm indicado nos últimos anos que, diferentemente do que se pensava, os sintomas do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDA/H) não desaparecem na adolescência. A característica essencial desse problema de saúde mental é um padrão persistente e acentuado de desatenção e/ou hiperatividade. Estudos longitudinais mostram que o TDA/H persiste na vida adulta em torno de 60% a 70% dos casos.

O transtorno pode ser diagnosticado tanto em crianças como em adolescentes e adultos. Estudos nacionais e internacionais apontam prevalência de 3% a 6% nas crianças em idade escolar e de até 5% em adolescentes e adultos. De forma geral, pessoas com TDA/H tendem a apresentar dificuldades de concentração, problemas de aprendizado, distúrbios motores e de comportamento, instabilidade, hiperatividade e retardos da fala.

Embora a maioria dos indivíduos apresente sintomas tanto de desatenção como de impulsividade, em alguns há predominância de um ou outro padrão. Fatores preditivos da persistência nos adultos incluem história familiar de TDA/H, comorbidade psiquiátrica e adversidades psicossociais.

Sinais coumuns
Crianças com o transtorno não conseguem ficar sentadas em sala de aula e prestar atenção por muito tempo. Com freqüência, são rejeitadas por colegas em razão da inquietude, agravada pelos comportamentos impulsivos. Se não há intervenção, os problemas acadêmicos e sociais tendem a piorar, levando a conseqüências adversas no futuro.

Mônica Carolina Miranda é neuropsicóloga, pesquisadora e coordenadora do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil (Nani), da Unifesp, e professora do curso de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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