Conforme a pesquisa, a capivara possui olhos que apresentam vários pontos de similaridade com os dos seres humanos.
Entre as semelhanças está, além do tamanho, o fato de a espessura da córnea da capivara ser idêntica a dos seres humanos. Sua córnea também apresenta uma camada presente no homem e ausente na maioria das outras espécies, abaixo do epitélio, denominada membrana de Bowman.
“A capivara demonstrou um enorme potencial inexplorado de utilização como um modelo animal experimental para a oftalmologia médica no que tange à compreensão do funcionamento da visão e ao estudo de doenças genéticas que possam acometer o olho humano”, afirma o professor Fabiano Montiani-Ferreira, do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR, que coordenou a equipe de pesquisadores.
A capivara se reproduz com facilidade e não está ameaçada de extinção, além de ser uma das espécies da fauna sul-americana com maior potencial zootécnico e já em uso em criações comerciais regulares.
“Alguns dos pontos descobertos pelo trabalho certamente farão com que as capivaras passem a ser mais empregadas na pesquisa médica mundial”, afirma Montiani-Ferreira.
Além de ser relevante para a descoberta e descrição de dados biológicos úteis para a medicina, a oftalmologia veterinária é fundamental para a própria conservação das espécies estudadas, por proporcionar o correto manejo sanitário de animais selvagens e exóticos.
Detalhes inéditos
Realizada no Ambulatório Experimental de Oftalmologia Comparada da UFPR, dentro do Hospital Veterinário da universidade, a pesquisa demonstrou alguns detalhes insólitos —jamais relatados anteriormente— sobre o olho da capivara.
Entre os dados inéditos está a constatação de que a sua pupila tem o formato oval e é posicionada verticalmente.
Outra descoberta diz respeito à sua conjuntiva, cuja forte pigmentação se deve à presença de grânulos de melanina, localizados nas camadas mais profundas das células conjuntivais.
A provável função da presença de pigmento na conjuntiva seria proteger contra ações nocivas das radiações solares do tipo ultravioleta.
“A capivara habita campos tropicais ou nada em lagos e rios com a cabeça para fora d’água, de modo semelhante aos velejadores e nadadores que recebem enorme quantidade de raios solares diretos e refletidos na superfície da água”, observa o professor da UFPR. “A pigmentação talvez seja um mecanismo que a natureza criou para proteger seus olhos.”
Fernando César Oliveira
[Voltar]