As lições da Deepwater

Quem nos protege?

O acidente com a plataforma oceânica Deepwater de propriedade da todo-poderosa British Petroleum America, ocorrido no dia 23 do mês passado, põe a nu uma série de questões a serem respondidas.

Apenas para recapitular, o acidente que ocorreu primeiramente com a explosão da plataforma, que causou a morte de onze operadores, seguida de afundamento, talvez tenha sido um dos maiores de que se tem notícia, só comparável ao do petroleiro “Exxon Valdez” que foi a pique em 1.989.

Não temos elementos para fazer tal comparação, porém nem a Casa Branca no início deu-se conta da gravidade, daquela que seria catalogada como uma verdadeira catástrofe.

O presidente Obama só deslocou-se para a área no domingo (02/05), quando aparentemente o Departamento de Estado já tinha reavaliado a situação real.

O óleo vazou em proporções incalculáveis atingindo as costas de quatro estados americanos, ameaçando chegar à América Central e Caribe e até o norte sul americano.

A riquíssima diversidade biológica de uma extensa área ficou definitivamente prejudicada, exigindo-se longos anos para sua recuperação, se tal for possível. Assim, não bastam as promessas da BPA de apenas reparar os danos causados com os trabalhos de contenção e eliminação do óleo que vazou, pois o estrago feito ao meio ambiente e à ecologia já estão consumados e são irreversíveis.

As perguntas que devem estar na cabeça de todo mundo e que nos deixam um tanto pessimistas com a possibilidade de novas tragédias repetirem-se, dizem respeito à capacidade dos Estados Unidos reagirem prontamente a este tipo de ocorrência e o preparo tecnológico da gigante BPA para lacrar poços que apresentem riscos.

Ambos falharam, demonstrando que há muito caminho a ser andado. Os poderosos satélites americanos capazes de achar uma agulha num monte de feno não foram capazes de detectar um gigantesco vazamento de óleo que ocorria debaixo de seus narizes; e, a British Petroleum America com toda a tecnologia para encontrar e extrair petróleo no subsolo marinho, não desenvolveu ainda uma simples válvula para lacrar um poço que apresente problemas.

O Congresso americano deverá formar urgentemente uma comissão para apurar responsabilidades e propor punições exemplares.

Bem ao sul do Equador, um país chamado Brasil, prepara-se para uma aventura perigosa: sem ainda ter tecnologia suficiente, pretende explorar petróleo na camada do pré-sal, localizada a mais de sete mil metros de profundidade.

Evidente, que esta idéia ainda está no campo das conjecturas, mas só em pensar num eventual acidente nesses poços superprofundos, antevê-se a proporção do desastre, com potencial de deixar as costas brasileiras negras de óleo.

Se algo não for feito com urgência, para regulamentar a exploração do subsolo, para responsabilizar os causadores de danos ambientais, que causam prejuízo a toda humanidade, o futuro astronauta americano a caminho de marte, talvez, plagiando o cosmonauta Aldrin, dirá “que maravilha, ela (a Terra) ao invés de azul, é cinza-escuro da cor do petróleo, pena que seu futuro seja negro”.

Luiz Bosco Sardinha Machado

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