A teoria do Complexo de Édipo de Sigmund Freud

A teoria do Complexo de Édipo de Sigmund Freud


  Publicado em 5 de março de 1998


A Teoria do Complexo de Édipo preconiza que a personalidade evolui em forma de fases ou estágios e, ainda teoria, que a personalidade tem três estruturas psíquicas. As estruturas são o ID, o EGO e o SUPEREGO, e os estágios são o complexo materno, o complexo de castração e o complexo paterno, respectivamente.

Ao nascer, a criança é um ser desprogramado e vazio, desprovido de aparatos de diferenciação e cognição, isso segundo a teoria de FREUD. Seus desejos são instintivos, a fome, o frio, o calor, a dor e a irritabilidade frente à agressões são comunicados de uma única forma, a qual a criança já nasce sabendo fazer, chorando.

Esta é a primeira fase do complexo materno, onde a criança reage apenas aos desconfortos físicos e cinestésicos, não discriminando pai, mãe, tio, avô, avó e outros. Ela nasce apenas com uma carga de impulsos biológicos, o ID. Aos poucos o bebê começa a discriminar os traços físicos da mãe e diferenciá-los dos outros e neste momento instala-se a relação bi-pessoal, onde a criança sente que a mãe é seu único meio de obtenção de prazer e também se acha o único objeto de prazer da mãe e, não tem pai, irmãos, ninguém mais. Esta etapa do complexo materno é denominada célula narcísica e aqui o ID emite os impulsos e estes são satisfeitos pela mãe.

Aos poucos, a criança começa a perceber que ela não é a única na vida da mãe, começa a perceber que tem pai e que a mãe também lhe dá atenção. No início a criança reage, mas acaba se conformando com a competição e passa para o segundo estágio. Nesta etapa do complexo materno, inicia-se a formação do ego, a formação da capacidade de decidir e executar por si mesmo as demandas do ID.

Se, ao reagir à competição pelo amor materno, os pais não mantiverem seu lugar no relacionamento e o competidor se afastar e deixar continuar o funcionamento da célula narcísica, o ego em formação se fragmentará dando, segundo a teoria, origem às psicoses. Mas, se a criança aceitou as regras da triangulação e consegue abandonar a célula narcísica, ela entra então no estágio do complexo de castração.

No complexo de castração, a criança aprenderá o não e introjetará os limites, sendo que isto já se iniciou com o abandono do complexo materno. Se a criança obtiver aprovação integral em tudo o que fizer, certo ou errado, por parte dos pais, ela não terá o senso interno, o senso de justiça, de propriedade e de lei. Pensará que tudo lhe pertence, pessoas e objetos. Que tudo ela pode fazer e tudo o que fizer está correto, e, se isto acontecer, instala-se, segundo as concepções da linha psicanalítica, a psicopatia, a mais grave das doenças mentais, pois, não tem cura, medicamento ou terapia e o resultado, geralmente, são crimes de furto, homicídios, latrocínios, violência sexual e muitas outras atrocidades.

Mas, se os pais impuserem os limites, o não, o certo, o errado, a lei, começará a se formar o sensor interno, o superego que tem por função, regular as demandas do ID e as possibilidades éticas, morais e legais de sua execução por parte do ego. Se isto acontecer, a criança entra no terceiro, último e mais doloroso complexo, o complexo paterno.

Após ter superado a frustração de entrarem outras pessoas na relação objetal com a mãe, após haver tolerado todos os nãos, não faça isso; isso não pode; é proibido; e muitas outras negativas limitantes, a criança agora terá ainda de suportar a frustração de, ao encontrar seu objeto de amor do sexo oposto, identificar-se com o genitor do próprio sexo para atrair o genitor do sexo oposto, terá de abandoná-lo e partir em busca de outro que não seja seu pai e sua mãe.

No complexo paterno consolida-se a identificação sexual e a criança começa a interessar-se pelos integrantes do sexo oposto, passando a copiar ou imitar o pai ou a mãe para atrair seu objeto de amor heterossexual ou mais precisamente: uma menina se apaixona pelo pai e para atraí-lo, utiliza o batom da mãe, calça o sapato da mãe, veste a roupa da mãe e imita os comportamentos e atitudes da mãe para conquistar o amor do pai. Se o genitor do mesmo sexo rivaliza a relação e começa a competir com a criança em seu amor incestuoso, ele estará reforçando a situação e dificultando a saída da criança do complexo de Édipo.

No complexo paterno a menina, por exemplo, ama o pai mas teme a hostilidade e o castigo da mãe e se houver ameaças concretas disso, pode surgir o pânico e o medo excessivo e instalar-se aqui a neurose fóbica que será projetada ou simbolizada em algum objeto, situação ou animal. Se houver a rivalização e o castigo é imposto pela mãe à filha, pode surgir daí a neurose histérica.

Quando a criança se apercebe que a mãe é do pai ou que o pai é da mãe e ela tem que procurar um parceiro, sai do complexo de Édipo, levando consigo um resquício inconsciente da paixão incestuosa que experimentou na infância, o ciúme que é o resultado da frustração pela rivalidade do genitor do mesmo sexo, ou seja, aquele desejo de menina de que a mãe lhe desse o pai e por isso ela hostilizava a mãe, transforma-se no ciúme que poderá ser mais ou menos intenso, dependendo do grau de frustração enfrentado pela criança na perda do seu amor incestuoso pelo pai ou pela mãe.

A teoria de FREUD explica, hipoteticamente, grande parte da formação da personalidade e suas patias, especialmente os distúrbios neuróticos onde encontramos falhas no aprendizado do comportamento, mas não explica corretamente as psicoses endógenas, como veremos adiante, neste capítulo.

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