A Teoria do Complexo de
Édipo preconiza que a personalidade evolui em
forma de fases ou estágios e, ainda teoria, que a personalidade tem
três estruturas psíquicas. As estruturas são o ID, o EGO e o
SUPEREGO, e os estágios são o complexo materno, o complexo de
castração e o complexo paterno, respectivamente.
Ao nascer, a criança é um ser desprogramado e vazio, desprovido de
aparatos de diferenciação e cognição, isso segundo a teoria de
FREUD. Seus desejos são instintivos, a fome, o frio, o calor, a dor
e a irritabilidade frente à agressões são comunicados de uma única
forma, a qual a criança já nasce sabendo fazer, chorando.
Esta é a primeira fase do complexo materno, onde a criança reage
apenas aos desconfortos físicos e cinestésicos, não discriminando
pai, mãe, tio, avô, avó e outros. Ela nasce apenas com uma carga de
impulsos biológicos, o ID. Aos poucos o bebê começa a discriminar os
traços físicos da mãe e diferenciá-los dos outros e neste momento
instala-se a relação bi-pessoal, onde a criança sente que a mãe é
seu único meio de obtenção de prazer e também se acha o único objeto
de prazer da mãe e, não tem pai, irmãos, ninguém mais. Esta etapa do
complexo materno é denominada célula narcísica e aqui o ID emite os
impulsos e estes são satisfeitos pela mãe.
Aos poucos, a criança começa a perceber que ela não é a única na
vida da mãe, começa a perceber que tem pai e que a mãe também lhe dá
atenção. No início a criança reage, mas acaba se conformando com a
competição e passa para o segundo estágio. Nesta etapa do complexo
materno, inicia-se a formação do ego, a formação da capacidade de
decidir e executar por si mesmo as demandas do ID.
Se, ao reagir à competição pelo amor materno, os pais não mantiverem
seu lugar no relacionamento e o competidor se afastar e deixar
continuar o funcionamento da célula narcísica, o ego em formação se
fragmentará dando, segundo a teoria, origem às psicoses. Mas, se a
criança aceitou as regras da triangulação e consegue abandonar a
célula narcísica, ela entra então no estágio do complexo de
castração.
No complexo de castração, a criança aprenderá o não e introjetará os
limites, sendo que isto já se iniciou com o abandono do complexo
materno. Se a criança obtiver aprovação integral em tudo o que
fizer, certo ou errado, por parte dos pais, ela não terá o senso
interno, o senso de justiça, de propriedade e de lei. Pensará que
tudo lhe pertence, pessoas e objetos. Que tudo ela pode fazer e tudo
o que fizer está correto, e, se isto acontecer, instala-se, segundo
as concepções da linha psicanalítica, a psicopatia, a mais grave das
doenças mentais, pois, não tem cura, medicamento ou terapia e o
resultado, geralmente, são crimes de furto, homicídios, latrocínios,
violência sexual e muitas outras atrocidades.
Mas, se os pais impuserem os limites, o não, o certo, o errado, a
lei, começará a se formar o sensor interno, o superego que tem por
função, regular as demandas do ID e as possibilidades éticas, morais
e legais de sua execução por parte do ego. Se isto acontecer, a
criança entra no terceiro, último e mais doloroso complexo, o
complexo paterno.
Após ter superado a frustração de entrarem outras pessoas na relação
objetal com a mãe, após haver tolerado todos os nãos, não faça isso;
isso não pode; é proibido; e muitas outras negativas limitantes, a
criança agora terá ainda de suportar a frustração de, ao encontrar
seu objeto de amor do sexo oposto, identificar-se com o genitor do
próprio sexo para atrair o genitor do sexo oposto, terá de
abandoná-lo e partir em busca de outro que não seja seu pai e sua
mãe.
No complexo paterno consolida-se a identificação sexual e a criança
começa a interessar-se pelos integrantes do sexo oposto, passando a
copiar ou imitar o pai ou a mãe para atrair seu objeto de amor
heterossexual ou mais precisamente: uma menina se apaixona pelo pai
e para atraí-lo, utiliza o batom da mãe, calça o sapato da mãe,
veste a roupa da mãe e imita os comportamentos e atitudes da mãe
para conquistar o amor do pai. Se o genitor do mesmo sexo rivaliza a
relação e começa a competir com a criança em seu amor incestuoso,
ele estará reforçando a situação e dificultando a saída da criança
do complexo de Édipo.
No complexo paterno a menina, por exemplo, ama o pai mas teme a
hostilidade e o castigo da mãe e se houver ameaças concretas disso,
pode surgir o pânico e o medo excessivo e instalar-se aqui a neurose
fóbica que será projetada ou simbolizada em algum objeto, situação
ou animal. Se houver a rivalização e o castigo é imposto pela mãe à
filha, pode surgir daí a neurose histérica.
Quando a criança se apercebe que a mãe é do pai ou que o pai é da
mãe e ela tem que procurar um parceiro, sai do complexo de Édipo,
levando consigo um resquício inconsciente da paixão incestuosa que
experimentou na infância, o ciúme que é o resultado da frustração
pela rivalidade do genitor do mesmo sexo, ou seja, aquele desejo de
menina de que a mãe lhe desse o pai e por isso ela hostilizava a
mãe, transforma-se no ciúme que poderá ser mais ou menos intenso,
dependendo do grau de frustração enfrentado pela criança na perda do
seu amor incestuoso pelo pai ou pela mãe.
A teoria de FREUD explica, hipoteticamente, grande parte da formação
da personalidade e suas patias, especialmente os distúrbios
neuróticos onde encontramos falhas no aprendizado do comportamento,
mas não explica corretamente as psicoses endógenas, como veremos
adiante, neste capítulo.