Publicado em 5 de março de 1998
A
narrativa se inicia com o Rei Édipo recebendo, à escadaria de seu
palácio, um grupo de jovens e idosos, liderados pelo Sacerdote,
vindo estes a suplicar-lhe que encontrasse uma forma de livrar Tebas
do mal que afligia a cidade e causava a destruição, a dor e a morte
de todos.
Pois eis que o Rei Édipo, já sabendo dos suplícios pelos quais
passava seus súditos, estes lhe causando muita dor e provocando-lhe
incontido choro, já havia ordenado que seu cunhado Creonte fosse ao
templo do deus Apolo em Delfos consultar os oráculos do deus Sol a
mister de descobrir qual a natureza do mal que se abatia sobre Tebas
e como extirpá-lo.
Voltando Creonte à Tebas, trouxe este as determinações do deus:
APOLO, indignado com o assassínio do rei LAIOS, exigia ou o sangue
ou o desterro do criminoso, fosse ele quem o fosse.
Ao ouvir Creonte, Édipo disse não ter conhecido o Rei Laios pois
este já era morto quando chegou à Tebas e, decifrando o terrível
enigma da Esfinge, derrotou-a e sendo por isso feito rei de Tebas e
ainda, desposando a viuva de Laios, Jocasta, com a qual teve filhos
e filhas e por isso, alienou-se no dever tanto moral quanto divino
de elucidar esse assassínio e punir os culpados. Para isso, iniciou
a investigação, interpelando o Sacerdote, que também ouvira as
ordens do deus, sobre o motivo de não se ter investigado a morte de
seu antecessor e este lhe afirmou que devido à ameaça da esfinge,
todos eram obrigados a deixarem de lado as coisas duvidosas para se
aterem unicamente à rotina e a vida cotidiana.
Primeiramente interrogou Creonte que afirmou ter o Rei Laios
sucumbido nas mãos de salteadores (assaltantes que se espreitam à
beira dos caminhos) e que todos haviam sido mortos, à exceção do
Pastor que conseguira fugir e veio ter à cidade trazendo a nefasta
notícia.
Creonte, sábio e profundo conhecedor do povo tebano, sugeriu ao Rei
que mandasse chamar Tirésias, o vidente cego para que esse
adivinhasse quem era o assassino e onde se escondia, ao que
consentiu Édipo. Chamado Tirésias, este disse que o assassino era o
próprio Rei Édipo, em cumprimento ao destino traçado a ele pelo deus
ao nascer e que determinava: tu, Édipo, um dia matarás teu pai e
desposarás tua mãe.
Esta profecia não era estranha à Édipo que já a conhecia de muito e
por isso mesmo fugiu de sua terra natal Corintos, para que ela não
se cumprisse.
Discutiu Édipo com Tirésias, expulsando-o do palácio e voltando-se,
após isso, contra Creonte, acusando-o de estar usando o vidente para
destroná-lo e ficar com o poder. Após acirrada discussão, Édipo
sentencia Creonte ao desterro, por escolha deste, mas heis que
Jocasta, a rainha intervém e apazigua os ânimos, e quando Édipo
aproveita para interrogar-lha sobre o local e o tempo da morte de
Laios e esta lhe revela que este fora trucidado onde se bifurcam os
caminhos de Delfos e Dáulia, e o tempo era o mesmo da aparição de
Édipo em Tebas. Neste momento, Édipo foi tomado de horrível
pressentimento e perguntou como era o rei Laios e como era seu
séquito e, após a descrição e Jocasta, teve o pressentimento de que
ele próprio havia matado Laios devido a uma discussão que teve ao
encontrá-lo com seu séquito no local onde Jocasta havia descrito.
Para ter a certeza de que não fora ele quem matara o Rei Laios,
mandou chamar o servo sobrevivente para interrogá-lo e descobrir se
fora um ou um bando que matara o séquito do rei Laios.
Enquanto aguarda a chegada do Pastor, Jocasta o interroga sobre o
porque de sua aflição e Édipo lhe conta da profecia e diz que a ela
que para não matar seu pai, o Rei Políbio, de Corintos e não acabar
por desposar Mérope, de Dórios, ele fugiu de sua cidade e vagou pelo
mundo até que um dia, a caminho de Tebas encontrou um cortejo que,
pela força o obrigou a sair do caminho, mas Édipo, ao reagir, matou
a todos, menos o pastor e, para tirar essa imensa dúvida da cabeça,
apesar de que ainda não tenha se dado conta de que o homem que ele
havia matado era seu próprio pai, pediu que lhe trouxessem o pastor.
Antes que o pastor chegasse, apresentou-se no palácio um Emissário
de Corintos, que a procura de Édipo, apresentou-se à Jocasta,
trazendo a notícia de que, pela morte de seu pai Políbio, o povo de
Corintos o queria fazer Rei do Istmo. Jocasta, ao receber a notícia
e sabendo da profecia, mandou a Aia chamar Édipo, imediatamente para
vir ter com o emissário. Chegando à presença do emissário e
recebendo a notícia, Édipo o interrogou acerca das circunstâncias da
morte de seu pai. Morte completamente natural e ao ser interpelado
por Jocasta sobre voltar para Corintos, Édipo perguntou ao emissário
se sua mãe ainda vivia e, com a resposta era afirmativa, disse à
Jocasta que ainda assim a profecia poderia ser cumprida e, ao ouvir
isso, o emissário perguntou a Édipo, como súdito que também o era, o
porquê de não voltar à terra natal e Édipo dizendo-lhe que não era
segredo nenhum, contou-lhe a profecia. Ao ouvir isso, o emissário
revelou-lhe que não era filho legítimo de Políbio e Merópe, mas sim
adotivo, pois ambos não puderam gerar prole e, ouvindo isso, seu
coração se sobressaltou e, ainda ao chegar o Pastor, pelo qual Édipo
esperava para interrogá-lo, o mesmo foi reconhecido pelo emissário
como o homem que entregou Édipo ainda criança para que o criasse.
Neste momento, revelou-se todo o desfecho da profecia que havia há
muito se cumprido: Édipo matara o próprio pai naquela bifurcação e,
ao decifrar o enigma da esfinge, tomara o poder em Tebas e desposara
sua própria mãe, com quem teve filhos e filhas.
Jocasta sabendo que os deuses tramaram um destino infeliz para
aquele filho, colocou em seus pés um grampo e mandou que o Pastor o
levasse para longe e o matasse, mas chegando ao Ciretão, o Pastor
ficou com pena daquela criança e o entregou ao emissário que também
pastoreava por aqueles lados àquelas épocas e este o recebeu e
entregou à Políbio e Merópe, por não terem filhos, o criaram e,
quando o Príncipe Édipo de Corintos soube da profecia, fugiu do país
(a cidade-estado de Corintos) e seguiu-se enredo da narrativa.
Ao conhecer a narrativa do emissário que disse ser Édipo filho
adotivo de Políbio e ao ouvi-lo contar a história do grampo, sendo
que a cicatriz do grampo é que deu o nome Édipo, que significa pés
inchados, Jocasta imediatamente se apercebeu da verdade e implorou
para que Édipo deixasse o caso de lado e se esquecesse dele,
antevendo a desgraça que estava por vir, mas este, teimoso e atávico
quis ir até o fim e, por isso, Jocasta se suicidou por enforcamento
e Édipo, quando descobriu seu crime, foi até o quarto de sua
mãe-esposa e vendo-a morta, pegou seus alfinetes de ouro furando-se
os olhos e amaldiçoando-se, pedindo à Creonte que assumisse o
governo, cuidasse de suas pobres e desgraçadas filhas e ainda, que
Creonte o sentenciasse de acordo com a vontade do deus Apolo. E
assim se fez. Creonte, a pedido do próprio Édipo o mandou embora em
degredo.