Um marco: Linux não funcionará mais nos velhos processadores

O kernel Linux é bem complexo: ele tenta manter suporte a uma enxurrada de processadores e dispositivos. Com o tempo algumas coisas antigas ficam engessando o sistema, embora o nível não seja tão crítico assim, dada a forma como o kernel é desenvolvido. Mas chegou a hora de deixar de lado algumas velharias: as novas versões do kernel não suportarão mais os processadores i386.

A remoção do suporte a esses processadores antigos visa facilitar a aplicação de algumas tarefas na reestruturação de partes do código. A discussão sobre a mudança vem ocorrendo desde agosto.

Com o fim do suporte aos i386 da Intel cai também o do Nx586 da Nexgen, empresa comprada pela AMD em 1996.

Foi proposto remover também a emulação de FPU (unidade de ponto flutuante), necessária para processadores 486sx. Mas segundo o desenvolvedor e funcionário da Intel H. Peter Anvin, que aplicou a remoção do suporte aos 386, aparentemente processadores clones do 486 sem FPU ainda são produzidos para dispositivos embarcados. Os desenvolvedores irão analisar melhor o caso antes de remover o emulador de FPU.

Não é novidade que distros atuais não rodam mais em PCs antigos. Seja por causa do “peso” dos módulos e interfaces atuais, ou por falta de drivers mesmo, é praticamente impossível imaginar alguém com uma distro de uso geral nessas máquinas. Só que até então quem realmente precisava bastava usar algumas distros especializadas ou recompilar o kernel com as otimizações necessárias. A partir das próximas versões, sem o suporte oficial dentro do kernel, quem precisar rodar Linux nessas máquinas bem antigas terá que se contentar com versões antigas do kernel. Acaba a esperança de ver o suporte voltar oficialmente.

É uma mudança necessária para os desenvolvedores e o estrago não será impactante. Afinal são processadores de décadas atrás, que provavelmente não estão tendo nenhuma utilidade prática hoje em dia. Só para ter ideia, o 80386 foi lançado em 1985, ainda era bastante popular na década de 90 e só deixou de ser produzido pela Intel em pleno 2007. Eles marcaram uma era, mas a hora chegou.

http://www.hardware.com.br/noticias/2012-12/linux-386.html

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Teclado ABNT2 no Mac

abnt_macUma dúvida cruel que permeia os andarilhos do Windows é a de não poderem utilizar um teclado ABNT2 num Mac. Como diz um amigo meu, para os macmaníacos isso nunca foi um problema, pois eles não se sentem incomodados com este pequenino empecilho face aos inúmeros benefícios de se utilizar um Mac (credibilidade, estabilidade e estética, para não dizer outras qualidades).

Eu mesmo sempre contestei essa suposição de que não era possível ter um teclado ABNT2 funcionando corretamente num computador da Apple. E como prova disso, após uma pesquisa – não muito extensa – sobre o assunto, encontrei dois arquivos que precisam ser divulgados (leia-se LAYOUTS DE TECLADO).

Um é o formato para a língua portuguesa (BR) para um teclado no padrão US-International (serve tanto para os notes como o teclado comum que vem com o Mac). Com ele é possível acentuar e utilizar a famosa “ç” sem qualquer problema (faça download clicando aqui

O outro é o arquivo da polêmica discussão: ABNT2 no mac (faça download clicando aqui). Tudo funciona. Eu mesmo testei um teclado Windows (eca) no Mac e, cara, it works perflectly.

Portanto, só dá para choramingar agora do fato de que os teclados com ‘ç’ não possuírem a estética preferida, mas logo logo quem sabe….. enquanto isso, problema resolvido!

Saudações!

Edição: Vejam a novidade da Apple Portugal sobre o assunto emTeclado ABNT2 da Apple direto da Fábrica – uma realidade.

PS. Para instalar, basta fazer download dos arquivos e colocá-los na pasta Macintosh HD/LIBRARY/KEYBOARD LAYOUTS (ou Biblioteca/Layouts de Teclado). Dê um restart. Após, abra System Preferences (Preferências de Sistema), vá em International e na aba input menu. Escolha o teclado instalado e pronto! Se tiver dúvida, veja o vídeo explicativo abaixo.

PS (2). Aproveitem a oportunidade e visitem a nova loja ONLINE da Apple e verifiquem os produtos, no ar desde 06 de outubro deste ano. E aos professores, universitários e demais estudantes, vale conferir a possibilidade de um desconto especial nos produtos Apple (veja aqui).

PS (3). Não me comprometo ou responsabilizo pelos arquivos, pois não são de minha autoria. Download at your own risk.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=kZAKYhoSxc8

http://spagbas.wordpress.com/2009/10/13/teclado-abnt2-no-mac

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Na hora de migrar para o pomar, o Mac Mini acaba sendo uma opção intessante, já que traz todas as vantagens Mac em uma bela caixinha e com um preço bastante acessível. Acontece que na hora de deixar o PC de lado, você acaba aproveitando aquele teclado bacana ou aquele mouse bonitinho que você usava.

Até aí sem problemas, mas experimente fazer uma acentuação ou usar o cedilha. Assim como nos teclados de padrão internacional (do MacBook ou iMac), este teclado que era do PC também precisa ser configurado. Chega de procurar no Google, postar mensagens desesperadas em fóruns de discussão ou ligar para a loja reclamando: o Baixaki traz para você o arquivo certo para a configuração de teclados em ABNT2 no Mac.

Siga abaixo os passos de instalação para que seu Mac funcione redondinho e as teclas não te deixem na mão.

Leia mais aqui

75207Abra o arquivo Brasileiro.DMG;

  1. Arraste o arquivo Brasileiro.bundle para a pasta /Biblioteca/Keyboard Layouts
  2. Reinicie a sessão (faça o logout e login);
  3. Vá até as Preferências do Sistema
  4. Em Internacional -> Menu de Entrada, selecione o ícone Brasil ou Brasileiro;
  5. Ative a linguagem desejada na Barra de Menu.

Leia mais aqui e aqui

Atenção: caso seu Mac esteja com um teclado internacional desconfigurado, faça o download do Brasileiro.bundle, o arquivo que corrige e remapeia o teclado.

Link para o programa aqui

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Um guia rápido do Debian Lenny

29 de abril de 2009 | Autor: heinz | Editar

Embora o Debian “puro” seja mais usado em servidores, ele também pode perfeitamente ser usado em desktops. Se você se sente confortável em usar o apt-get/aptitude e gosta da estrutura geral do sistema, mas está em busca de um sistema mais leve e personalizável, o Debian pode ser a melhor opção.

O Debian é a base para o Ubuntu e inúmeras outras distribuições. O próprio repositório “universe” do Ubuntu nada mais é do que um snapshot do repositório instável do Debian, com alguns patches e personalizações adicionais. Se somarmos o Ubuntu, Kubuntu e todos os descendentes diretos e indiretos, as distribuições da família Debian são usadas em mais de 70% dos desktops Linux.

O maior problema em utilizar o Debian diretamente, em vez de usar o Ubuntu ou outro derivado é que o sistema é bastante espartano, carecendo de muitas ferramentas de configuração automática. Em compensação, ele é bem mais leve que o Ubuntu, pois muitos pacotes são compilados com menos componentes e opções mais otimizadas, o que resulta em um desempenho geral sensivelmente superior, sobretudo nas máquinas mais modestas. Ao instalar e remover pacotes, você vai notar também que o sistema é menos “engessado” em relação às dependências de pacotes, permitindo que você tenha um desktop funcional com um volume muito menor de pacotes.

O Debian Lenny é composto por nada menos do que 5 DVDs (ou 31 CDs!), que totalizam 23.2 GB de download. Entretanto, como pode imaginar, estes DVDs todos incluem uma cópia completa dos repositórios oficiais, que é necessária apenas para quem realmente quer fazer uma instalação completa do sistema e não quer correr de precisar baixar pacotes adicionais.

Para situações normais, você pode escolher entre baixar apenas o primeiro CD ou o primeiro DVD. Em ambos os casos, a primeira mídia inclui quase todos os pacotes necessários para fazer uma instalação básica do sistema e o instalador se encarrega de baixar outros pacotes que sejam usados (como os pacotes de tradução para o Português do Brasil) durante a própria instalação, usando qualquer conexão disponível.

Se você tem uma conexão de banda larga, outra opção é baixar o NetInstall, uma imagem de 180 MB que inclui apenas os pacotes básicos do sistema e baixa o restante dos pacotes selecionados durante a instalação.

Faça o download no: http://ftp.br.debian.org/debian-cd/

ou no: http://www.debian.org/CD/http-ftp/

Ao dar boot pelo CD ou DVD, a primeira escolha é entre utilizar o tradicional instalador em modo texto (que é muito similar ao utilizado pelo alternate CD do Ubuntu) ou o novo instalador gráfico, que é uma novidade do Lenny. Na verdade, o instalador gráfico nada mais é do que uma interface em GTK para o instalador em modo texto, o que faz com que as opões em ambos os casos sejam basicamente as mesmas.

Na época em que surgiu a idéia de criar o instalador gráfico, muitos desenvolvedores defenderam o uso do Anaconda (o instalador usado no Fedora), mas a idéia acabou sendo abandonada em favor do instalador próprio devido a uma questão muito simples: em vez de se limitar aos PCs, o Debian suporta várias plataformas, uma característica da qual os desenvolvedores se orgulham bastante. Para usar o Anaconda, precisariam portá-lo para cada uma das plataformas suportadas, o que levou à conclusão de que desenvolver uma interface gráfica para o instalador tradicional seria a melhor saída.

Como de praxe, você pode também especificar opções de boot para solução de problemas, como em “installgui acpi=off” ou “installgui noapic. Para isso, pressione a tecla TAB para ter acesso à linha com as opções de boot.

Está disponível também uma instalação em modo expert, que oferece um controle muito maior sobre a instalação (você pode escolher se quer utilizar o Debian Stable, Testing ou Sid, por exemplo), mas em troca a torna muito mais complicada e demorada. Para simplificar as coisas, vamos usar a opção de instalação tradicional em modo gráfico (Graphical Install).

O Lenny é uma das poucas distribuições lançadas em 2009 que ainda utiliza o KDE 3.5. Esse é, na verdade, um ponto positivo, pois oferece uma opção para quem não gostou do KDE 4 e prefere a estabilidade e a leveza da versão antiga. A próxima versão estável do Debian não deve ser lançada antes do final de 2010 e, mesmo após isso, o Lenny ainda continuará sendo suportado por um bom tempo, permitindo que você continue usando o KDE 3.5 até se sentir confortável em migrar.

Por default, o Debian instala o Gnome como desktop e não existe opção dentro do instalador para alterar isso. Para usar o KDE, é necessário usar a opção “desktop=kde”. Similarmente, você pode instalar com o XFCE usando a “desktop=xfce”. Para usá-las

Ambas as opções devem ser especificadas como um parâmetro na tela de boot. Para isso, selecione a opção “Graphical Install” no menu, pressione a tecla TAB para ter acesso à linha de boot e adicione a opção no final da lista:

Como de praxe, a primeira pergunta é sobre a linguagem; basta digitar “p” e selecionar o Português do Brasil. A pergunta seguinte é sobre a localização (que define a moeda, o padrão de medidas e outras opções regionais), seguida pela confirmação do layout de teclado.

A menos que você esteja com a coleção completa das mídias de instalação em mãos, é importante possuir uma conexão de rede disponível durante a instalação, para que o instalador possa baixar os pacotes necessários. O ideal é sempre usar uma conexão de rede local compartilhada, já que o instalador não oferece suporte a modems 3G e outras modalidades mais exóticas de conexão, se limitando a suportar placas cabeadas e placas wireless que possuem drivers open-source.

Por default, ele tenta configurar a rede via DHCP e, caso nenhum servidor esteja disponível, oferece a opção de configurar os endereços manualmente. É possível também desativar a configuração via DHCP especificando a opção de boot “netcfg/disable_dhcp=true” na tela de boot.

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Depois de ajustado o fuso-horário, chegamos ao particionamento, que é composto de opções similares às usadas no instalador do Ubuntu Alternate CD, com as tradicionais opções de instalação assistida ou particionamento manual, que é sempre a opção recomendada para ter um melhor controle sobre o tamanho das partições e evitar acidentes.

Dentro do particionador, basta dar um duplo clique sobre uma partição ou um trecho de espaço livre para abrir o menu de opções, que permite criar, remover ou indicar o diretório onde a partição será montada. Como de praxe, você precisa de pelo menos uma partição raiz (/) e uma partição swap, sendo recomendada também uma partição separada para o diretório /home.

Como de praxe, você pode compartilhar a partição home entre várias distribuições, mas é recomendável utilizar usuários diferentes para cada um para evitar misturar as configurações. É importante prestar atenção ao configurar a partição, usando sempre a opção “não, manter os dados existentes” para preservar os arquivos existentes:

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Ao terminar, basta usar o “Finalizar o particionamento e escrever as mudanças no disco”, ou voltar atrás nas modificações escolhendo o “Desfazer as mudanças nas partições”:

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Depois de aplicadas as mudanças nos discos, o instalador prossegue para a instalação do sistema base (o mesmo incluído no CD do NetInstall), que inclui apenas o Kernel e os utilitários básicos do sistema, incluindo o apt.

Em seguida, o instalador solicita a senha de root e cria uma conta de usuário para o uso regular do sistema. Diferente do Ubuntu, o Debian não utiliza o sudo por padrão, por isso a administração do sistema é feita da maneira tradicional, usando o “su -” ou “sux” para se logar como root.

Chegamos então à etapa principal da instalação, que é instalação dos pacotes adicionais, que começa com a configuração do gerenciador de pacotes, onde as mídias que serão usadas durante a instalação precisam ser “catalogadas”, para que o instalador gere uma lista dos pacotes disponíveis em cada uma. Como deve estar imaginando, se você gravou os 5 DVDs, ou os 21 CDs, vai precisar catalogar cada um deles antes de prosseguir com a instalação. Se, por outro lado, você seguiu o meu conselho e está usando apenas a primeira mídia, basta responder “não” e continuar. Smile

A etapa seguinte é a escolha do mirror de onde serão baixados os pacotes adicionais que forem necessários durante a instalação. Responda “sim” no “Utilizar um espelho de rede” e em seguida escolha qual será usado.

O mirror do Brasil (br.debian.org) é hospedado na Universidade Federal do Paraná, que tem uma boa conectividade com todos os principais backbones usados pelos provedores do Brasil. Na grande maioria dos casos ele é o mais rápido, mas sempre existem casos isolados em que o mirror dos Estados Unidos pode ser mais rápido, de acordo com o estado onde mora e o provedor que utiliza. Você pode fazer um teste rápido a partir de outro PC da rede, acessando ohttp://packages.debian.org/ e tentando baixar um pacote qualquer a partir dos dois para comparar a velocidade.

O instalador baixa então as listas de pacotes do mirror (similar a um “apt-get update”) e em seguida você tem acesso à tela de seleção de pacotes. O ideal é sempre manter selecionado apenas o “Ambiente Desktop” e o “Sistema Básico” (junto com o “Laptop”, caso esteja instalando em um notebook). As demais categorias são destinadas à instalação de servidores que, de qualquer forma, podem ser instalados posteriormente, usando o aptitude ou o apt-get.

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Em seguida, temos a “etapa do cafezinho”, onde o instalador vai obter todos os pacotes necessários, parte deles a partir da mídia de instalação e outros via download, para só então iniciar a instalação propriamente dita. Os download dos pacotes para uma instalação padrão usando apenas o primeiro CD demora cerca de uma hora em uma conexão de 1 megabit. Instalando a partir do primeiro DVD (ou usando uma conexão mais rápida), o download demora bem menos.

Finalizando, temos a configuração do grub (o instalador é capaz de detectar outros sistemas instalados automaticamente, assim como no Ubuntu) e a configuração do relógio (com a velha opção de usar ou não o UTC).

Além do instalador tradicional, outra opção é baixar um dos CDs do “Debian-Live”, uma série de live-CDs, contendo instalações com o KDE, Gnome, XFCE ou LXDE, que podem ser baixados no:
http://ftp.br.debian.org/debian-cd/5.0.0-live/i386/iso-cd/

Configurando: Depois de instalar o Debian, o primeiro passo é ajustar os repositórios, para que você possa instalar todos os demais pacotes necessários para obter um desktop funcional. O Debian tem por objetivo oferecer apenas pacotes distribuídos sob licenças livres, por isso pacotes com componentes proprietários são segregados, dando origem ao repositório “non-free”. Similarmente ao que temos no caso do Medibuntu, temos também o debian-multimedia, um repositório adicional, dedicado a distribuir pacotes como o libdvdcss2 e o w32codecs.

Por default, o arquivo “/etc/apt/sources.list” do Debian Lenny inclui apenas três repositórios: main (o repositório principal), updates (atualizações de segurança) e volatile (um novo repositório, destinado a oferecer atualizações para pacotes que mudam com frequência):

deb http://ftp.br.debian.org/debian/ lenny main
deb-src http://ftp.br.debian.org/debian/ lenny main

deb http://security.debian.org/ lenny/updates main
deb-src http://security.debian.org/ lenny/updates main

deb http://volatile.debian.org/debian-volatile lenny/volatile main
deb-src http://volatile.debian.org/debian-volatile lenny/volatile main

Assim como no caso do Ubuntu, as linhas “deb-src” incluem os repositórios com código fonte, que são necessárias apenas se você pretender compilar pacotes manualmente. Você encontrará também uma linha apontando para o CD/DVD de instalação, que também pode ser removida.

Para ativar os repositórios adicionais, adicione um “contrib non-free” nos dois primeiros, complementando o “main”. Aproveite para adicionar também a linha do debian-multimídia, que conclui as modificações:

deb http://ftp.br.debian.org/debian/ lenny main contrib non-free
deb-src http://ftp.br.debian.org/debian/ lenny main contrib non-free

deb http://security.debian.org/ lenny/updates main contrib non-free
deb-src http://security.debian.org/ lenny/updates main contrib non-free

deb http://volatile.debian.org/debian-volatile lenny/volatile main
deb-src http://volatile.debian.org/debian-volatile lenny/volatile main

deb http://www.debian-multimedia.org lenny main

Você pode também substituir a linha do Debian Multimídia pela “deb http://ftp.br.debian.org/debian-multimedia/ lenny main”, que orienta o apt a utilizar o mirror nacional, em vez do servidor principal.

Como de praxe, ao rodar o “apt-get update”, você receberá um erro de chave pública não disponível relacionada ao repositório do debian-multimedia, que acabou de ser adicionado.

Você pode resolver o problema instalando o pacote “debian-multimedia-keyring”, usando o apt:

# apt-get install debian-multimedia-keyring

Outra opção é adicionar a chave manualmente:

# gpg –keyserver subkeys.pgp.net –recv-keys 07DC563D1F41B907
# gpg –export –armor 07DC563D1F41B907 | apt-key add –

A partir daí, você pode completar o time de suporte a multimídia instalando o VLC e o Mplayer, juntamente com o libdvdcss2 e o w32codecs. Diferente do que temos no Ubuntu, a instalação do VLC e do Mplayer dispara a instalação de diversos codecs, que completam o time. Se você estiver usando o KDE, é interessante instalar também o Kaffeine, que é o player oficial:

# apt-get install vlc mplayer kaffeine libdvdcss2 w32codecs

Por algum motivo, o instalador do Lenny instala apenas o suporte à descompactação de arquivos gzip, sem suporte a arquivos .tar.bz2, .zip, .7z ou .rar, que precisam ser instalados manualmente:

# apt-get install bzip2 zip rar p7zip

O Lenny utiliza por padrão fontes da série DejaVu (que é uma evolução do conjunto Bitstream-Vera), combinado com as fontes Liberation e Dustin. Entretanto, os repositórios incluem diversos outros conjuntos de fontes (os pacotes que começam com “xfonts” e “ttf”, que você pode usar para reforçar o conjunto pré-instalado, como em:

# apt-get install xfonts-terminus xfonts-terminus-oblique xfonts-mona ttf-georgewilliams ttf-nafees ttf-freefont ttf-bitstream-vera

Para instalar as fontes do Windows, instale o pacote “mscorefonts-installer”, que é o sucessor do “msttcorefonts”, usando nas versões anteriores:

# apt-get install ttf-mscorefonts-installer

Ele é na verdade um pacote vazio, contendo apenas um script de instalação que se encarrega de baixar os arquivos das fontes, extrair os arquivos, copiá-los para a pasta de fontes do sistema e atualizar a configuração de fontes do sistema para que elas sejam usadas.

Por default, o Debian vem com o bash_completion desativado para o root, o que faz com que você não consiga completar os comandos usando a tecla TAB. Para resolver isso, abra o arquivo “/etc/bash.bashrc” e, próximo ao final, descomente as linhas:

if [ -f /etc/bash_completion ]; then
. /etc/bash_completion
fi

Para que o terminal fique colorido (pastas aparecem em azul, arquivos compactados em vermelho e assim por diante, o que torna mais fácil identificar os arquivos) adicione a linha:

alias ls=”ls –color=auto”

… no final do arquivo “/etc/profile“.

Em ambos os casos, para que a alteração entre em vigor, você deve fazer logout no terminal (usando o comando “exit”, ou pressionando Ctrl+D) e logando-se novamente.

Devido a escaramuças relacionadas à licença, o Debian não inclui o Firefox, mas sim o Iceweasel, que é uma versão alternativa do navegador, mantida pela equipe do Debian, que exclui todas as artes e marcas de propriedade da fundação Mozilla. Na verdade, o Iceweasel não é nem melhor nem mais seguro que o Firefox, é apenas uma derivação originada de discussões filosóficas.

Apesar disso, nada impede que você instale o Firefox manualmente, baixando o pacote disponível no:http://www.mozilla.com/pt-BR/firefox/all.html

Para substituir o Iceweasel por ele, é necessário remover o pacote, descompactar o arquivo na pasta /opt, criar o link “/usr/bin/firefox”, apontando para o executável dentro da pasta e substituir a pasta “/opt/firefox/plugins” por um link para a pasta “/usr/lib/mozilla/plugins”, que é o diretório onde os plugins são instalados por padrão no Debian.

Você pode baixar o arquivo no seu diretório home e fazer o restante usando o root, como em:

# apt-get remove iceweasel
# mv firefox-3.0.6.tar.bz2 /opt
# cd /opt
# tar -jxvf firefox-3.0.6.tar.bz2
# ln -s /opt/firefox/firefox /usr/bin/firefox
# rm -rf /opt/firefox/plugins
# ln -sf /usr/lib/mozilla/plugins /opt/firefox/plugins

Com tudo pronto, fica faltando apenas recriar o ícone no iniciar, apontando para o “/usr/bin/firefox”, que você pode criar usando o editor de menus.

Como ao fazer a instalação manual você não poderá contar com as atualizações de segurança via “apt-get upgrade”, é importante ativar as atualizações automáticas do Firefox. Para isso, transfira a posse da pasta “/opt/firefox” para o seu usuário, como em:

# chown -R gdh /opt/firefox

Isso permitirá que o próprio Firefox modifique o conteúdo da pasta, instalando as atualizações conforme elas forem disponibilizadas (verifique se as atualizações automáticas estão ativadas no “Editar > Preferências > Avançado > Atualizações”).

Concluindo, o tema default do Firefox é um pouco feio, mas você pode baixar outros no https://addons.mozilla.org/pt-BR/firefox/browse/type:2. Uma boa opção é o Nemesis.

Se você preferir ficar com o Iceweasel (a principal vantagem em utilizá-lo é ter acesso às atualizações diretamente pelo “apt-get upgrade”), é importante modificar a identificação do navegador dentro do “about:config”.

Pesquise pela opção “general.useragent.extra.firefox”. Originalmente ela contém o valor “Iceweasel/3.0.6″, o que faz com que muitos sites não reconheçam o navegador e bloqueiem o acesso ou exibam a versão simplificada para dispositivos móveis. Para resolver o problema, mude o texto para “Firefox/3.0.6″.

Com relação aos plugins, o Lenny usa por padrão o swfdec, que é um plug-in flash open-source. Ele funciona bem para exibir animações básicas, mas possui várias limitações com relação à exibição de vídeos e execução de jogos e mini-aplicativos. Você pode substituí-lo pelo plugin da Adobe (disponível no repositório non-free) via apt:

# apt-get remove swfdec-mozilla
# apt-get install flashplayer-mozilla

Importante: Se você estiver usando o Gnome, uma falha nas dependências do pacote fará com que o apt tente remover quase todo o Gnome ao tentar remover o pacote “swfdec-mozilla”. Nesse caso, em vez de removê-lo, simplesmente instale o pacote “flashplayer-mozilla” em conjunto com ele e em seguida use o comando:

# /usr/sbin/update-alternatives –config flash-mozilla.so

Ele perguntará qual dos dois plugins será usado por padrão; basta escolher o “flashplayer-mozilla” na lista.

Você pode também instalar o suporte a Java através dos pacotes “sun-java6-jre” (o JRE propriamente dito) e “sun-java6-plugin” (o plugin para o Firefox/Iceweasel), que também fazem parte do repositório non-free:

# apt-get install sun-java6-jre sun-java6-plugin

Estas são apenas algumas dicas rápidas para uso do Lenny em desktops. Você pode também ler mais sobre o uso em servidores no Servidores Linux, Guia Prático.

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Receita descarta software do IR para Linux

6 de maio de 2009 | Autor: heinz | Editar

Quanto a Micro$oft pagou e quem ela comprou na SRF para acabar com o programa para Linux? Tem o cheiro podre da corrupção nesta notícia.

imagem: irpf_em_linux

Para linuxistas, resta a máquina virtual.

A Receita Federal descartou desenvolver o aplicativo Receitanet para outras plataformas que não Windows, como distribuições Linux e Mac OS.

Ao apresentar o balanço do período de recolhimento do IR este ano, o supervisor da Receita Joaquim Adir classificou como “pouca gente” o número de usuários que baixou a versão do Receitanet – software usado para preencher a declaração de IR – em Java, que funciona tanto em Macs como PCs com Linux.

Usuários de Linux e Mac pedem há anos uma versão adequada para seu sistema operacional e não um aplicativo Java, mais lento e limitado. Segundo a Receita, a demanda não justifica o desenvolvimento.

A Receita não informou, no entanto, qual foi o volume de acessos a seu aplicativo Java. No total, o órgão arrecadador afirma que recebeu 25, 565 milhões de declarações pela web. A previsão da Receita é manter uma versão em Java para usuários que não adotam Windows.

O uso de aplicativos que só rodam em Windows por órgãos públicos é controverso e, há dois anos, motivou uma ação movida pelo PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade) contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na ocasião, o partido protestava contra o fato do aplicativo para prestar contas à Justiça Eleitoral só rodar em Windows.

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Polícia encontra corpo de menina de 11 anos sequestrada

O primo da menina, um jovem de 20 anos, foi preso suspeito de ser o autor do crime…

A polícia encontrou o corpo da menina de 11 anos que teria sido sequestrada em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba.

Conforme o portal Banda B, Bruna Ferreira teria sido sequestrada por dois homens. Ela estava com o primo e com amigos em uma piscina.

O primo da menina, Moisés Alves, 20 anos, foi preso pela polícia suspeito de ser o autor do crime. Em depoimento o rapaz alegou que entrou em luta corporal com os criminosos. O caso está sendo investigado.

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Transiberiana: a mais longa ferrovia do mundo

De 1891 a 1904, milhares de operários enfrentaram frio, fome e epidemias para criar a linha férrea que atravessa a Rússia, projeto faraônico que quase não chegou ao fim.


Mapa da Transiberiana de 1897

por Claude Mossé

Para aqueles que tiveram o privilégio de percorrê-lo, ele é bem mais do que uma experiência. Uma referência, um mito. Impossível esquecê-lo. Basta evocar o rolamento do caminho de ferro na imensidão siberiana – caleidoscópio de paisagens diversas – para despertar a curiosidade. A ferrovia mais longa do mundo – quase 10 mil quilômetros, um quarto da circunferência da Terra na altura do Equador – ainda inflama os espíritos.

Na taiga, entre as colinas e montes pelados, os complexos industriais do rio Ural ao lago Baikal – o mais profundo do planeta, localizado no sul da Sibéria – da Europa à Ásia, os vagões fora de moda repintados nas cores da Rússia pós-comunista oferecem um passeio ferroviário excepcional. No século XXI, essa linha de trem – cuja construção exigiu que florestas inteiras fossem abatidas, rios desviados, milhares de quilômetros de trilhos instalados e centenas de pontes construídas – ainda surpreende pelo gigantismo. Antes da ferrovia, para atravessar a Sibéria, utilizava-se o trakt, uma estrada de cascalho, mantida sob os cuidados de presidiários ou de mujiques, os exilados voluntários, para que os negociantes, militares e adversários banidos – tais como os dezembristas, os primeiros a se revoltar, em 1825, contra o regime czarista – não tivessem os ossos deslocados nas carroças ou trenós, a cada quilômetro.

Os pioneiros
Quando se iniciaram as obras, em 1890, Anton Tchekhov, viajando pelo trakt com destino à Ilha Sacalina, escreveu: “Eis-me em Ecaterimburgo (onde, em 1918, foram executados o czar Nicolau II e sua família), eu tenho o pé direito na Europa e o esquerdo na Ásia”. Se viajasse na década seguinte, poderia ter chegado de trem. Foi o tempo gasto para a instalação de 10 mil quilômetros de trilhos. Engenheiros e operários pagaram caro para construir esse colosso em tão pouco tempo.

Tudo começou em 1867, depois que o Império Russo, em dificuldades financeiras por conta da Guerra da Crimeia (1853-1856), vendeu o Alasca para os EUA. O governo russo percebeu, que a Sibéria, terra selvagem e de exílio onde somente os negociantes de pele faziam fortuna, dispunha de riquezas ainda não exploradas, entre elas as enormes jazidas de ouro. Como transportá-las, se não fosse por ferrovia? Assim, nasceu a ideia da Transiberiana. Desde que o projeto da ferrovia se tornou conhecido, as sugestões se multiplicaram – algumas delirantes, como a de comboios puxados por cavalos, na falta de carvão para alimentar as locomotivas a vapor…

Iniciativa militar
As autoridades czaristas compreenderam rapidamente a importância econômica e estratégica de um trem que ligasse Moscou a Vladivostok, a jovem cidade construída em frente ao Japão, rival histórico da Rússia. Após o conflito franco-prussiano de 1870, a diplomacia russa percebeu que, no caso de guerra com os japoneses, a ferrovia seria um meio eficaz para transportar as tropas – o que foi confirmado em 1904. Pode-se dizer que a Transiberiana foi, a princípio, construída por militares e para militares.

Em 1875, a publicação do romance Michel Strogoff , de Júlio Verne, apresenta as terras desconhecidas da Sibéria Oriental ao grande público. O entusiasmo foi tamanho que, de forma inesperada, os chineses, invejosos da publicidade dada a essa região, interromperam as exportações de chá para a Rússia. Fosse boiardo ou mujique, ninguém ficou indiferente a essa medida: um dia inteiro sem chá era tão insuportável que, na Transiberiana do século XXI, continua-se a dar mais atenção à manutenção do samovar – um em cada carro – do que à do eixos…


Para o ministro das Finanças Serguei Witte, ardor e fé eram fundamentais para uma obra tão monumental. Retrato do Ministro das Finanças e membro do Conselho de Estado Sergei Yulyevich Witte, óleo sobre tela, Ilya Repin, 1903

Embora no final do século XIX, o trem existisse somente nos documentos do Comitê das linhas férreas, a colonização das terras aráveis siberianas se acelerou. As pressões sobre o czar Alexandre III se intensificaram. O barão Korf, governador da Sibéria Oriental, repete que, do lado de Vladivostok, a via férrea seria uma espécie de muralha contra toda e qualquer invasão chinesa ou japonesa. Seu filho, o czareviche Nicolau, reteve a lição. Num documento assinado de próprio punho e datado de 29 de março de 1891, ele sela o destino da Transiberiana – ignorando que, 27 anos mais tarde, ele faria, naquela ferrovia, sua última viagem.

Diante de um casebre de madeira, ele instalou em Vladivostok o primeiro trilho. Para Serguei de Witte, ministro das Finanças, tanto o ardor quanto a fé nessas obras tornaram-se uma necessidade. As responsabilidades eram enormes: definir um traçado, achar materiais, recrutar os operários, que precisariam ser alimentados e alojados e ainda trabalhariam em condições climáticas extremas. Primeira decisão: a construção deveria ocorrer, simultaneamente, em três grandes áreas. Uma dificuldade maior surgiu: a travessia do lago Baikal.

A Sibéria não dispunha de estaleiros navais. Os comboios atravessavam essa extensão de água, verdadeiro mar interior, numa barca construída na Inglaterra e enviada em peças isoladas pelos trechos da linha já finalizados. De vocação militar, no início, a ferrovia devia ser protegida. Daí, a ideia de expandir em 11 centímetros a largura dos trilhos, fixada na Europa e na Ásia a 1,52 metro.

Os construtores foram declarados “heróis da pátria”, uma homenagem modesta para quem sofreu tanto. Após um dia inteiro cavando, atulhando, instalando vigas e trilhos, os trabalhadores eram transportados em carroças pelo trakt, de volta aos casebres de madeira mofada dispostos por seções de 5 km, distância que eles deveriam percorrer em caso de neve, vento ou calor escaldante, e sob o ataque constante de mosquitos. O abastecimento de provisões, água potável – e vodca – era problemático. Fossem engenheiros ou operários, esses homens famintos podiam se transformar em animais selvagens, capazes de estrangular um camarada por uma simples migalha de pão.

Milhares ficaram cegos
Algumas estelas ao longo do caminho lembram aos passageiros que ali ocorreram mortes, muitas mortes. O ministro Witte escreveu um relatório destinado ao czar, que se solidarizou, ordenando somente a substituição dos defuntos por novas levas de trabalhadores – ninguém na capital procurou criar um serviço de saúde. Entre as vítimas figuram milhares de operários que ficaram cegos por causa de picadas de insetos.

Após a morte de Alexandre III, em 1894, boiardos e mujiques imploraram para que Nicolau II interrompesse as obras. O Transiberiana talvez nunca tivesse sido concluída não fosse a contribuição do rico industrial belga Georges Nagelmackers. Inventor dos vagões-leito, sob a sigla Pullman, ele sugere a Witte o lançamento de um trem “confortável” e chega a oferecer de presente um vagão-igreja. As obras, não mais sob tutela militar, continuam. Gustav Eiffel, o pai da torre, sempre à procura de um bom negócio, propõe o fornecimento de todo o percurso de vigotas metálicas.

Meretrizes de toda a Europa
Quilômetro após quilômetro, o trilho avançava pela floresta boreal. Witte tem, então, uma revelação: o que falta aos homens? Mulheres! Por meio de pequenos anúncios, prostitutas, bem pagas, são trazidas de toda a Europa – e não da perversa Ásia! O czar concorda. Quantos siberianos são descendentes de meretrizes das calçadas de Paris!

Estação de Krasnoyarsk, na Rússia, em agosto de 2006Estação de Krasnoyarsk, na Rússia, em agosto de 2006

Considerando que os industriais seriam os principais beneficiários do trem, Nagelmackers recorre aos mais afortunados. Sem resultado. Ele sopra, então, a Witte uma ideia, banal hoje em dia, mas original em 1898: uma viagem para a imprensa, de Moscou a Tomsk. Três carros com dois leitos, um vagão-salão com piano, uma cozinha delicada preparada por Auguste Escoffier. Oriundo da Côte d’Azur, esse chefe fez as delícias dos ricos russos, para os quais a Riviera é a antecâmara do paraíso. Todos aprovam a ideia, com exceção do czar: ele não queria que os estrangeiros tomassem conhecimento das terríveis condições de trabalho nas obras. A solução foi dar folga para todos os trabalhadores de 5 a 25 de agosto, durante toda a viagem, que se faz ao longo de 3 500 km. Os relatos dessa “fabulosa Sibéria” transbordavam de entusiasmo – mas nenhuma palavra sobre os deportados. O luxo oferecido justificava uma tal dissimulação?

O czar, entretanto, se voltou contra Witte por causa de gastos não justificados; o ministro das Finanças invocou epidemias, chuvas, rebeliões rapidamente reprimidas dos aldeões incompetentes empregados à força… E manteve seu cargo. Em 1903, a Transiberiana foi concluída. A partir do ano seguinte, ela provou sua utilidade. Quando, na noite de 9 de fevereiro, uma armada japonesa atracou em Port-Arthur, o czar, humilhado, gritou: “Que as tropas sejam enviadas pela ferrovia!”. Sim, mas… Sem dúvida instalados muito rapidamente, os trilhos entre Khabarovsk e Vladivostok apresentam vários defeitos. E o que tinha que acontecer, aconteceu: perto de Tchita, o trem descarrilou numa floresta, uma zona pouco povoada onde faltam provisões e água doce. Alguns militares morrem, outros perdem a razão ou fogem para a estepe – uma vasta escolha de presas para os ursos, tigres e lobos.

Assim, apesar da derrota, a Transiberiana mostrou sua utilidade e sua fragilidade.

Trem da insurreição
Até 1916, os trens circularam. No ano seguinte, Churchill declarou: “A Batalha do Marne também foi ganha na linha do trem Transiberiano.” A Sibéria não era somente uma terra de deportação; o trem facilitava a rebelião, a linha de trem tornou-se símbolo da insurreição. Os amotinados, quando não eram fuzilados diante dos vagões, eles usam a sala de reunião.

Em 1918, após a revolução, o general tcheco Kolchak, tendo ocupado as estações, fez espalhar a existência de um Estado independente com o qual se sonhava. Mas em vão: ele é executado pelos milicianos soviéticos. Pai do Exército Vermelho, Trotski instala cinco vagões como casa, escritório e centro de espionagem cobrindo toda a Sibéria. De 1922 a 1940, Stalin instala próximo às vias os infames gulags, campos de trabalhos forçados.

Não nos enganemos: se civis e militares russos mantêm amáveis conversas – sob os olhos da provonitsa, a ferromoça que reina entre samovares e passageiros, o “trem n° 1”, sempre lotado, também facilita o desenvolvimento de práticas mafiosas. Sem, no entanto, espantar os cavalos selvagens que galopam através das montanhas Altai e da imensidão siberiana…

Claude Mossé é jornalista e autor de livro sobre a Transiberiana

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