Cuidado com trocadilhos ao batizar empresa

Açougue Ex-touro. Petshop Au que Mia. Funerária Boa Morte. Motel C Q Sabe. Não são raros nomes de negócios que brincam com as palavras. Mas, ao nomear sua empresa, o empreendedor precisa estar consciente de que sua escolha vai determinar como ela será vista pelos clientes.

Trocadilhos podem surtir efeito positivo para o negócio. Mas, ao colocar a criatividade em ação, especialistas recomendam cuidado para não cometer erros ou passar uma imagem negativa do negócio. Mais do que um simples título, o nome deve ter identidade com o público e com o setor de atuação.

Para saber o que pode ser usado e o que deve ser evitado, o UOL conversou com professores e consultores na área.

Veja abaixo 10 cuidados para nomear sua empresa:

Nome deve ter identidade com o público

O nome do negócio precisa ter identidade com o público-alvo e utilizar palavras que remetam ao produto ou ao setor de atuação. Segundo o professor do curso de administração da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Marcos Hashimoto, uma bicicleta, chamada “velociter”, por exemplo, chama atenção por transmitir a imagem de algo veloz. “É um nome único e remete a um conceito que se deseja passar ao público”, afirma.

Segundo o professor do curso de administração da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Marcos Hashimoto, um nome ruim é aquele que não transmite a ideia do que a empresa faz. “O nome tem de ser fácil de ser lembrado e refletir a identidade do negócio”, afirma.

O nome comercial de uma empresa, chamado de nome fantasia, é diferente da razão social – título utilizado para registro nos órgãos públicos. Um não depende do outro, mas o empreendedor pode formá-los com palavras em comum.

No entanto, antes de decretar o nome do negócio, o empresário precisa fazer duas checagens. A primeira, no site da Junta Comercial do seu Estado, para saber quais são as razões sociais em uso. A segunda, no site do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), para verificar se há o registro da marca.

Ao utilizar um nome comercial já registrado, o empresário corre risco de ser processado e de ser obrigado a mudar o título da empresa. “É muito difícil achar bons nomes. Quando se acha, eles já existem”, diz Hashimoto. Se não houver registro do nome criado, o empreendedor pode providenciá-lo sob sua propriedade. Veja o passo a passo.
Nome deve ser pensado junto com slogan e logotipo

De acordo com o professor da escola de administração de empresas da FGV (Fundação Getulio Vargas) Gilberto Sarfati, a criação do nome da empresa deve ser pensado em conjunto com o logotipo e o slogan. “Uma montagem adequada é meio caminho para o público entender conceito do negócio”, declara.

A má elaboração deste conjunto pode afastar clientes e gerar prejuízos financeiros. Por isso, o professor da FGV afirma que a criação do nome vem após a elaboração do plano de negócios.

Antes de nomear, o empreendedor deve ter claro o tipo de problema que vai resolver e a solução oferecida ao mercado. “O mais importante é o negócio em si, não o nome da empresa”, diz Sarfati.

Veja algumas recomendações dos especialistas para dar nome às empresas:
– Nome deve ter identidade com o produto
Segundo o professor do curso de administração da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Marcos Hashimoto, uma bicicleta, chamada “velociter”, por exemplo, chama atenção por transmitir a imagem de algo veloz. “É um nome único e remete a um conceito que se deseja passar ao público”, afirma.

– Palavras estrangeiras atraem classes C e D
Utilizar nomes em línguas estrangeiras, principalmente inglês, pode elevar o status para a empresa. De acordo com Hashimoto, a estratégia funciona melhor em negócios que têm como público-alvo consumidores das classes C e D. No entanto, o nome precisa ter proníncia e escrita fáceis.

– Nomes curtos são memorizados mais rápido
Em geral nomes curtos são mais fáceis de serem memorizados pelo público. Porém, segundo o professor da ESPM, se a empresa vende bens de consumo e artigo de luxo para as classes A e B, pode ser interessante apostar em um nome maior e mais sofisticado. “Às vezes, pode-se abrir mão do nome curto para criar uma marca única”, declara.

– Siglas são melhores para escritórios
Utilizar siglas ou nome dos sócios não é recomendável. Para Hashimoto, em geral, elas não dizem nada a respeito da área de atuação da empresa. A estratégia só faz sentido no caso de escritórios baseados no capital intelectual, como consultoria, contabilidade e advocacia. “Neste caso, o mais importante são as pessoas por trás do negócio.”

– Palavras da moda podem ficar ‘velhas’
Empresários devem evitar palavras da moda ou gírias ao nomear empresas. Um termo que está em alta hoje pode ficar ultrapassado em alguns anos e, com isso, o negócio também. Os modismos, no entanto, quando ligados a produtos sazonais podem alavancar as vendas. “Produtos vêm e vão, mas a empresa é perene”, afirma Hashimoto.

-Trocadilhos com a sonoridade chamam atenção
Fazer brincadeiras ou trocadilhos com a sonoridade do nome costuma chamar atenção e facilitar a memorização. São mais indicados para negócios locais, como pequenos varejos e prestadores de serviços. O consultor do Sebrae-SP Reinaldo Messias, diz, no entanto, que é preciso cuidado para a sonoridade não passar uma imagem negativa.

– Empresa deve ter endereço fácil na internet
Algumas letras não são comuns em português e ficam esteticamente ruins quando utilizadas. É o caso do “x”, “k” e “ç”. Por não existir em endereços na internet, o “ç” pode confundir clientes que buscarem pela empresa na web. A letra também não é usada em na maioria dos idiomas estrangeiros e pode ser uma barreira em negociações com o mercado externo

– Evite diminutivos
Nomes no diminutivo reduzem o status e a credibilidade da empresa. A ideia do pequeno não é recomendável, mesmo quando a empresa ainda está em fase inicial. “A empresa está pequena, mas não o será para o resto da vida. Ela deve crescer”, declara o consultor do Sebrae-SP.

– Cuidado com nomes recusados no passado
O empreendedor deve ter cuidado para não utilizar nomes iguais ou parecidos com os de empresas que fracassaram no passado. O público pode se lembrar da operação que não deu certo e criar uma imagem negativa do negócio.

– Nomes fortes são bem aceitos
Palavras fortes como “rei” e “império”, por exemplo, remetem a algo forte e poderoso. Costumam ser bem aceitas pelo público, mas é preciso atrelar o nome à qualidade do produto ou serviço oferecido. “Se não oferecer uma solução de qualidade, o nome por si só não fará e empresa vender mais”, diz o professor Gilberto Sarfati.

=> http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/11/27/motel-c-q-sabe-funeraria-boa-morte-cuidado-com-trocadilhos-ao-batizar-empresa.jhtm

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