Após os governos de Luís XIV e Luís XV a França estava empobrecida. A faustosa corte real e a guerra dos 7 Anos foram um encargo demasiado grande para o país. Com o tesouro do estado quase falido, a perda do Canadá e da Índia para os ingleses foi um rude golpe para a economia francesa.
A população da França no fim do século XVIII era de aproximadamente 25 milhões. Destes, 100 mil eram nobres e donos de todos os privilégios. Além de não pagarem impostos, podiam cobrá-los dos camponeses residentes em suas terras. Monopolizavam os melhores cargos públicos e tinham numerosas regalias na justiça.
O Clero, a segunda classe social, compreendia cerca de 400 mil pessoas. Dividia-se em alto Clero (com quase os mesmos privilégios dos nobres) e baixo Clero, com menores regalias.
A terceira classe da sociedade francesa e a mais numerosa (mais de 24 milhões) formava o “Terceiro Estado”. Esta não tinha regalias e pagava com pesados impostos o luxo e os privilégios das outras duas classes.
As injustiças sociais eram berrantes. Enquanto se desperdiçavam iguarias nos banquetes dos nobres, faltava o pão na mesa dos operários e dos camponeses. O mesmo crime praticado por um nobre ou por um membro do 3.º Estado era julgado com tratamento diferente aos réus. Protegia-se sempre o das classes privilegiadas.
Vendo a caótica situação das finanças reais, Luís XVI tentou recuperá-las, convocando a colaboração de bons ministros, como Necker e Turgot. Como tomaram medidas que contrariavam o interesse dos nobres, os ministros foram afastados por interferência da rainha Maria Antonieta.
Maio de 1789. Para resolver o problema financeiro, Luís XVI resolve convocar os Estados-Gerais – Assembléia de Representantes do Povo que não se reunia desde 1614. Os deputados reúnem-se e começam a debater problemas gerais, além dos financeiros. O 3.º Estado exige que a votação seja feita pelo número de deputados, pois assim ganharia sempre (tinha o dobro de representantes). O Clero e a Nobreza não concordam. Querem votação por classe.
O 3.º Estado encontrando fechada a sala da Assembléia Nacional, reúne-se em outro local e dali não se arreda, apesar da ordem do rei para dispersar-se. Finalmente, o rei cede e voltam a reunir-se as três classes, que passam a redigir uma Constituição para a França.
A partir de então, o rei reconhece que o poder do povo limitava o seu. Era o fim do absolutismo real. Desconfiando de que o rei poderia tentar dissolver a Assembléia Constituinte, o povo de Paris revolta-se e ataca a Bastilha. Era a odiosa prisão onde encarceravam os inimigos do regime (14 de julho de 1789).
A Assembléia Constituinte redige a “Declaração dos Direitos do Homem”, na qual afirma a igualdade de todos perante a lei. Para isso muito contribuíram as idéias dos filósofos e enciclopedistas franceses, que haviam combatido, com suas idéias, as injustiças da sociedade absolutista. Também as idéias liberais da independência dos Estados Unidos muito influíram na tomada de consciência dos revolucionários franceses.
Luís XVI havia prometido obedecer à Constituição. Em dado momento, porém, temeroso de seu destino, tentou fugir da França disfarçado de criado. Na fronteira foi reconhecido e voltou a Paris, onde reassumiu o poder.
Começa em 1791, com a novel constituição, a segunda fase da Revolução. A França tem agora uma monarquia constitucional. e a Assembléia Constituinte é substituída pela Assembléia Legislativa.
Desde os primeiros tempos da Revolução, milhares de nobres tinham fugido da França. Em território austríaco, organizaram um exército que, aliado aos prussianos, invade a França e toma Verdun. Paris é ameaçada. Luís XVI é acusado de traição à pátria (por ter concordado com o exército invasor) e é aprisionado na Assembléia Legislativa. O rei foi suspenso de suas funções.
A essa altura era grande a agitação em Paris. Marat, jornalista influente, convence o povo a invadir as prisões: dezenas de suspeitos de traição, que ali aguardavam julgamento são mortos.
O exército de voluntários franceses, sob o comando do general Dumouriez, salva a pátria da invasão, vencendo os soldados prussianos em Valmy (setembro de 1792). É conjurado o primeiro grande perigo externo enfrentado pela Revolução.
A seguir tem início o terceiro período da Revolução. Começa a reunir-se a assembléia conhecida como Convenção. Seus primeiros atos foram a Proclamação da República e a condenação de Luís XVI à morte, pela guilhotina (janeiro de 1793).
A morte do rei provocou consternação em toda a Europa. Temerosos dos rumos que tomava a situação na França, Inglaterra, Espanha e Áustria organizam uma coligação contra os revolucionários franceses.
Na convenção reinava o desentendimento. O partido político dos Girondinos, moderado, tentara por todos os meios impedir a execução de Luís XVI. Isso gerou a animosidade de Danton, temível orador do partido Montanhês, e de Robespierre. Os Girondinos acabaram expulsos da Convenção.
Segue-se o período mais agitado da Revolução. Sozinhos no poder os montanheses passam a julgar sumariamente todos aqueles que eram considerados inimigos da Revolução. Milhares de pessoas são condenadas à morte e guilhotinadas. À frente da Junta de Salvação Pública, Danton e depois Robespierre presidiram à queda da cabeça de centenas de seus inimigos. É o terror.
Entre os guilhotinados estavam a rainha Maria Antonieta, o sábio Lavoisier e o duque de Orleãs. Mais tarde o próprio Danton foi condenado à morte por Robespierre.
Segue-se um período em que se perseguem os cristãos, sendo atacadas as igrejas e punidos os padres. Muda-se o calendário religioso por um revolucionário. Após 13 meses de sangrentas execuções, chega ao fim o Terror, com a condenação do próprio Robespierre, acusado de tirania. Após sua morte a França começa a experimentar um período de acomodação, caminhando para a normalidade.
Apesar dos dias turbulentos que viveu, a Convenção realizou algumas das mais notáveis obras legislativas num país em guerra. Criou o Sistema Métrico Decimal, o Museu do Louvre, a Escola Politécnica, o Conservatório de Franca, numerosas escolas primárias e o Telégrafo Aéreo.
Além disso a Convenção redigiu a nova Constituição, por meio da qual a França seria governada pelo Diretório. A Assembléia dos Quinhentos e a dos Anciãos compunham o poder ;legislativo. Os 5 membros do Diretório eram eleitos pelos “Anciãos”.
Em 1795, em pleno governo do Diretório, a região da Vendéia é agitada por uma rebelião de caráter realista. Ao mesmo tempo travava a França duras batalhas contra seus inimigos no exterior. O Diretório combateu com todas as suas forças, conseguindo repetidas vitórias.
Internamente foi grave a crise econômico – financeira que teve de ser combatida. Os Assignats (papel moeda emitido pela revolução) desvalorizam-se quase totalmente, gerando desassossego. O Diretório “pagou” aos credores 2/3 da dívida em títulos sem valor. Isso levou à bancarrota os meios financeiros.
Nos campos de batalha do exterior, começava a brilhar cada vez mais a estrela de um grande general surgido da Revolução: Napoleão Bonaparte. Vencida na campanha da Itália, a Áustria é obrigada a pedir paz.
Para combater a Inglaterra, Napoleão vai ao Egito (onde eram grandes os interesses econômicos ingleses). Lá não pôde permanecer por muito tempo, pois a Áustria, a Rússia e Nápoles haviam-se aliado, formando a Segunda Coligação contra a França.
O Diretório a esse tempo estava desgastado perante a nação. Era grande a corrupção de costumes, e os erros políticos acumulados colocavam seus membros sob a antipatia do povo francês. Chegando à França, Napoleão, com a ajuda de alguns amigos, dá um golpe de Estado, derrubando o Diretório e criando um novo regime: o Consulado (9 de novembro de 1799).
Com Napoleão tem início um dos períodos mais grandiosos da história da França. A Revolução Francesa, que lhe deu oportunidade de surgir como obscuro soldado e de subir pelo valor pessoal ao mais alto posto de sua carreira, vai ser por ele completada em muitos de seus ideais. Napoleão restabelecerá o prestígio nacional francês e fará da França a mais importante nação européia.
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