Macedônia

Situada ao norte da Grécia, a Macedônia era um pequeno reino que durante muito tempo não teve expressão. Seus habitantes, da mesma origem que os gregos, cuidavam da agricultura e pecuária. Ao subir ao trono o rei Filipe II, a Macedônia iria transformar-se. Durante a juventude, Filipe passara vários anos como refém, na cidade de Tebas. Conhecera as virtudes e as fraquezas dos gregos. Aprendera a arte militar com Temístocles, grande general helênico. No poder, Filipe resolve conquistar a Grécia.

Para dominar as cidades gregas Filipe age em dois planos. Finge-se amigo dos helenos, intervindo sempre que solicitado por alguma cidade em dificuldade. Ao mesmo tempo organiza formidável exército, no qual introduz vários aperfeiçoamentos, como a falange, formada por fileiras de soldados com lanças de mais de 6 metros de comprimento.

Outra inovação militar de Filipe foi a vanguarda de cavalaria (800 cavalos fortes e velozes), seguida da infantaria (falange) e da artilharia (arqueiros), além de máquinas de assalto (Catapultas e Aríetes).

Antes de atacar a Grécia militarmente, Filipe usou largamente de sua habilidade política e até mesmo do suborno. Apenas uma voz se levantou contra seus planos imperialistas – a de Demóstenes, o maior orador grego, que tentou durante anos levantar Atenas e outras cidades contra o perigo macedônico. Suas orações ficaram conhecidas como Filípicas.

A batalha decisiva entre macedônios e gregos travou-se em Queronéia (338 a.C.). Atenienses e tebanos, finalmente unidos, são derrotados pelas forças invasoras. Filipe submete a Grécia, prometendo respeitar a autonomia de suas cidades, mas proibindo-as de ter exércitos independentes. Todas as tropas estariam, doravante, sob o comando do rei macedônio.

O próximo passo de Filipe era a conquista da Pérsia. Contando com os exércitos gregos aliados às suas forças, organiza a expedição ao Oriente. Às vésperas da partida, porém, é assassinado em Péla, capital da Macedônia, por um de seus generais.

Sucede-lhe no trono seu filho Alexandre, então com 20 anos de idade. Primeiramente o jovem monarca procura eliminar os outros pretendentes à sucessão de seu pai. Após assegurar o poder, prepara-se para realizar, e mesmo superar, os planos paternos.

Espírito vivo, culto, ex-discípulo do filósofo Aristóteles, enérgico, leal e generoso, Alexandre era estimado pelos seus comandados. Era também dotado de temperamento violento e capaz de terríveis vinganças. A Grécia, ao saber da morte de Filipe, tentou libertar-se. Pois ele atacou Tebas e arrasou a cidade, poupando somente a casa do poeta Píndaro, que muito admirava.

Com o triste castigo sofrido por Tebas, os gregos desistem de novos levantes contra Alexandre. Por sua vez o macedônio resolve atacar a Pérsia. À frente de 35 mil soldados e uma esquadra de 160 navios, atravessa o Helesponto e penetra na Ásia Menor.

Às margens do Granico vence o mais preparado exército de Dario III, dominando a Lídia, a Frígia e a Cilícia, províncias persas. A seguir combate diretamente outro exército de Dario (planície de Isso). Vencido, o rei persa abandona esposa, filhas e a própria mãe às mãos de Alexandre.

Em vez de avançar para leste e atacar o interior do Império Persa, Alexandre prefere dominar o litoral ocidental e destruir a esquadra persa. Assim, marchando para o sul, ocupa a Síria, a Fenícia e finalmente o Egito. Ali é recebido como o “Filho de Deus”. Entre suas obras no Egito funda Alexandria, no delta do Nilo.

Avança, então, para o Oriente. Na planície de Gaugamelas, no vale do Tigre, destroça o exército de Dario III, que mais uma vez foge. Seguindo ao encalço do rei fugitivo, Alexandre não o alcança. Dario III é assassinado por um de seus Sátrapas.

Alexandre ordena o sepultamento de Dario III com todas as honras e entrega o assassino aos parentes do rei, para que o justiçassem. A seguir, avança até o rio Indo, pretendendo conquistar a Índia. Mas seus soldados, cansados de combater, recusam-se a seguí-lo. Alexandre regressa e faz de Babilônia a capital de seu império.

Ali, pretendendo fundir em um só povo todo seu vasto império, Alexandre procura unir, através de casamentos europeus com orientais. Ele próprio se casa com Roxana, princesa persa e ordena a seus oficiais que o imitem.

Sua corte recebe tanto gregos e macedônios como persas, egípcios e babilônios. Alexandre leva a cultura grega para o Oriente, mas também adota alguns costumes dos povos conquistados. Entre esses está o extraordinário amor ao luxo e aos prazeres e a adoração do rei como se fora um verdadeiro deus.

Em 323 a.C., porém, aquele extraordinário general e notável político, que formara em 12 anos o mais vasto império da antigüidade, vem a falecer. Com 32 anos de idade é vítima de uma febre, enfraquecido pelos esforços das guerras contínuas que empreendera. Seu vastíssimo território foi disputado por alguns generais, sendo finalmente dividido em três. A Grécia e Macedônia (Cassandro), o Egito (Ptolomeu) e a Síria (Seleuco). A Síria, o mais extenso, dividiu-se depois em reinos menores, como Pérgamo e Ponto.

O império de Alexandre, através do qual se difundiu a cultura grega, ficou conhecido como o mundo helenístico. Mesmo depois de dividido, os soberanos adotaram costumes gregos mesclados de influências orientais. Várias cidades foram fundadas (Alexandria, Herat, Samarcand, Haiderabad).

Em Alexandria, a mais famosa de todas, havia ruas com 30 metros de largura; extenso cais; gigantesco farol, que através de espelhos, iluminava a grande distância; grande Museum com Jardim Zoológico e Botânico; Observatório Astronômico. Além disso, numerosos sábios ali pesquisavam e lecionavam para estudantes de toda a parte do mundo antigo. Também estava em Alexandria a maior biblioteca da antigüidade, com mais de 400 mil volumes, contendo todo o saber da época.

Outro extraordinário centro helenístico foi Pérgamo, cidade bem traçada, rica, de belos edifícios e monumentos e onde teria sido inventado o pergaminho. Também Pérgamo tinha importante biblioteca.

Em todo o mundo helenístico havia uma febre de saber e uma grande efervescência de artistas, como Apeles; matemáticos (Euclides, Ertóstenes); físicos (Arquimedes); astrônomos (Hiparco) e filósofos (Zeno, Epicuro).

A língua grega foi a língua do mundo helenístico e através dela difundiram-se os ideais helênicos: o amor à beleza, a lealdade à pátria, o culto do esporte, o desenvolvimento da ciência, o cultivo das letras e das artes e a semente da democracia.

O Habilidoso Filipe II

A Macedônia, região ao Norte da Grécia, tinha solo fértil, apesar de montanhoso. Nela viveram camponeses rudes, organizados em tribos relativamente desunidas entre si, enquanto os gregos já tinham alcançado sua notável civilização. Por isso eram considerados “bárbaros”, embora sua língua fosse uma variação do grego e, racialmente, constituíssem um povo helênico.

No V século a.C., durante o apogeu de Atenas, a Macedônia começou a ser organizada como nação. O rei Aquelau levou ao povo a cultura grega, construiu estradas, fortalezas e começou a organização do exército.

Em 359 a.C. sobe ao poder Filipe II. Na sua adolescência (dos 15 aos 18 anos) havia ficado em Tebas, como refém. Na ocasião, estudou a organização política e militar dos gregos e analisou suas virtudes e fraquezas como povo. À testa dos macedônios, Filipe, após dotar seu exército de extraordinário poderio, põe em ação um plano para a dominação da Grécia. Pacientemente aguarda o momento de invadir a península. Nesse tempo as cidades gregas estavam decadentes e divididas em lutas internas. Chamado para socorrer algumas cidades envolvidas em uma guerra de caráter religioso (da Liga Anfictiônica), Filipe marcha para o sul e domina a Grécia, apesar da resistência dos atenienses e tebanos, alertados pelo grande orador Demóstenes.

Habilidosamente, Filipe promete respeitar a autonomia das cidades gregas desde que seus exércitos ficassem, doravante, sob controle macedônico. Procurando um objetivo comum, capaz de unir os desunidos gregos, encontra-o na campanha contra os persas – velhos inimigos dos helênicos. O restante de seu governo é dedicado a essa tarefa, que, entretanto, não pôde realizar. Em 336, no casamento de sua filha, é assassinado.

Treze Anos que Abalaram o Mundo Antigo

Morto Filipe, seu filho Alexandre tinha apenas 20 anos. O trono vago logo atrai vários pretendentes que precisam ser rapidamente afastados. Entre eles estava a madrasta de Alexandre, que pretendia reservar o poder para si e para seu filho (irmão de Alexandre por parte de pai). Alexandre ordena a morte da madrasta, sufoca algumas revoltas e torna-se dono do poder.

Alexandre é uma das personalidades mais paradoxais da História. Macedônio de nascimento, educado por Aristóteles, era grego de formação. Tinha rasgos de generosidade misturados com ataques de vingança repentina e cruel. De grande beleza física, forte, audaz e corajoso, aliava a nobreza, elegância e sabedoria do grego com a destreza rude do bárbaro macedônico.

Sua curta vida não conheceu descanso. Realizou em 13 anos o sonho de vários monarcas da antigüidade, conquistando o maior império até então formado no mundo. Foi o preparador do terreno para a futura expansão do Império Romano. Seu amor à cultura grega o levou a implantá-la no Oriente, estimulando a fusão de povos de natureza tão diferente e criando a chamada “civilização helenística”.

A Difusão da Cultura Grega

A chamada “Helenização do Oriente” foi obra de Alexandre e de seus sucessores. Consistiu na fusão da cultura grega com a oriental, estimulada pelo conquistador, que sonhava fazer de todo o seu vasto império um só povo.

Buscando essa finalidade, estimulou casamentos entre seus soldados e mulheres orientais e passou a adotar muitos costumes dos povos conquistados.

Por outro lado levou artistas gregos para as cidades orientais. Lá, eles procuraram criar um novo gênero de arte, aliando a simplicidade dos helenos ao espírito local, amante do luxo e da grandiosidade.

Muitas das estátuas gregas que chegaram até nós, são do período helenístico. Entre elas estão a Vênus de Milo e a Vitória de Samotrácia.

Entre os fatos positivos da Helenização do Oriente, além dos já mencionados, podem ser citados:

  • Fundação de novas cidades.
  • Ampliação do comércio marítimo.
  • Distribuição das imensas riquezas dos monarcas persas pelas tropas conquistadas, descentralizando-as e permitindo o florescimento de novos pólos econômicos.

Viveram no período helenístico grandes nomes da ciência e do pensamento. Entre eles estão: Arquimedes (físico), Euclides (matemático), Galeno (Alquimista), os filósofos Zenon (criador do Estoicismo), Epicuro (criador do Epicurismo) e Pirro (criador do Ceticismo).

Algumas Obras e Inovações Macedônicas

  • A FALANGE MACEDÔNICA – Criada por Filipe e baseada na espartana, a falange era um corpo de infantaria. Era formada por 16 mil dispostos em filas de mil de frente por 16 de profundidade. Os primeiros seis soldados mantinham suas lanças inclinadas, de forma que os de trás também pudessem usar as suas, que avançavam cerca de 1 metro à frente da primeira fila (as lanças tinham 6 metros de comprimento). Assim, a frente da falange era uma verdadeira muralha de pontas de ferro aguçadas que, lançadas contra o inimigo, causavam terríveis estragos.
  • INFANTARIA – Era usada pelos macedônios, logo após a falange. Dotado de armas mais leves, o infante possuía grande mobilidade em combate.
  • CAVALARIA – Foi utilizada como força de apoio à infantaria. Suas cargas contra os exércitos inimigos eram eficientes e, muitas vezes, devastadoras.
  • TORRES DE ASSALTO – Imitando os assírios, Filipe utilizou essas máquinas bélicas nos cercos de cidades. Graças a elas, foi-lhe possível transpor altas muralhas e invadir praças de guerra do inimigo, abrindo caminho para a entrada decisiva de suas tropas no coração da defesa do adversário.
  • ALEXANDRIA – A cidade fundada por Alexandre no delta do Nilo chegou a ser a mais notável cidade do mundo antigo. Nela existia um Museum (palácio das Musas), onde se faziam pesquisas em todos os campos do conhecimento. Acredita-se que sua biblioteca possuísse mais de 1 milhão de manuscritos, contendo toda a ciência da época. Lamentavelmente mais de 500 mil deles foram queimados pelo árabe Omã (ano 640), ao que se diz, para alimentar caldeiras de banhos quentes.

Os macedônios foram, devido ao seu ímpeto expansionista e belicoso, os grandes divulgadores de todas as ciências antigas, levando os conhecimentos obtidos dos povos subjugados para todos os cantos do velho mundo, facilitando, com isso, o aperfeiçoamento de técnicas, métodos, equipamentos e até de drogas e tratamentos novos desconhecidos até então.

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