Em 395 o imperador romano Teodósio resolveu dividir seus imensos domínios em 2 Impérios. O Império Romano do Ocidente coube a seu filho Honório; com a capital em Roma. O Império Romano do Oriente, deu-o a Arcádio seu outro filho. As terras de Arcádio abrangiam a Europa, Ásia e África, e sua capital era Constantinopla ou cidade do Constantino, construída pelo Imperador Constantino em cima do uma antiga colônia grega chamada Bizâncio e que atualmente se chama Istambul e localiza-se na atual Turquia.
Enquanto o Império Romano do Ocidente teve vida curta, conquistado em 476 pelos bárbaros, o do Oriente durou mais de 1000 anos, tendo caído apenas em 1453, sob os turcos otomanos.
Internamente também foram muitas as crises que enfrentou. De seus 107 imperadores, 65 morreram violentamente e apenas 34 tiveram morte natural. Os demais ou renunciaram ou foram depostos.
A longa duração do Império do Oriente, ou Bizantino, não significa que tenha sempre vivido em paz interna, ou com seus vizinhos. Na verdade teve de enfrentar lutas seguidas contra os persas, contra os árabes e finalmente contra os turcos. Sólidas defesas, porém, conseguiram garantir a longa duração de sua história.
A princípio, as leis romanas e o próprio latim foram mantidos no Império do Oriente, tal, como em Roma. A partir do sétimo século, porém, a influência grega e a oriental foram se acentuando. A cultura bizantina tornou-se bastante diferente da romana, embora com ela mantivesse ainda muito em comum.
Grande foi a paixão dos bizantinos pelas discussões de natureza religiosa. Graças a isso surgiram muitas questões de doutrina cristã contrárias ao pensamento da Igreja Católica Romana. O Papa foi desobedecido e várias heresias dominaram os bizantinos. Durante o tempo de Leão III, ocorreu o movimento dos Iconoclastas, que condenavam o culto das imagens, destruindo-as. Essa heresia durou mais de cem anos.
Durante os séculos IX, X e XI as lutas entre a Igreja de Constantinopla e a romana acentuaram-se. As desavenças religiosas eram, muitas vezes do interesse dos imperadores, que apoiavam seus bispos e o Patriarca. No ano de 1503 houve a separação definitiva entre as 2 igrejas católicas (o Cisma do Oriente). A Igreja Católica do Oriente passou a chamar-se Ortodoxa, ou Grega.
Em seus mil anos de história o Império do Oriente conheceu muitos tipos de imperador. A maioria foi medíocre. Entre os grandes e notáveis, avulta a figura de Justiniano. de origem humilde, mas bem educado e inteligente, foi, sem nenhuma dúvida, o mais importante imperador de Bizâncio.
Ajudado por dois competentes generais, Belisário e Narsés, realiza conquistas na Europa e na África, vencendo os vândalos e os Ostrogodos. Justiniano foi um grande amigo das artes. Embelezou Constantinopla, edificando numerosos monumentos e prédios públicos. Sua mais notável obra foi a magnífica basílica de Santa Sofia, que levou quase seis anos de construção.
Para sua edificação Justiniano contou com os arquitetos asiáticos Isidoro de Mileto e Artêmio de Trales. Cem contramestres e mais de 10 mil operários levantaram a magnífica basílica. Quando pronta, teria feito o imperador exclamar “graças a Deus que me fez digno de realizar esta obra. Ó Salomão, eu te venci.”
Além das magníficas obras executadas por sua ordem em Constantinopla e das conquistas militares de seus generais, Justiniano foi autor de notável trabalho jurídico que preservou, para nós, o Direito Romano. Por sua ordem, o jurisconsulto Triboniano reviu e ordenou todo um conjunto de leis até então esparsas. Elas formavam um complexo emaranhado, que confundia até mesmo os especialistas.
Finda a tarefa surge o “Corpus Juris Civilis”, magnífico conjunto de livros jurídicos, assegurando a preservação do legado que nos deixaram os romanos. Toda a organização do estado moderno está baseada na experiência dos romanos e chegou até nós graças a essa extraordinária iniciativa do grande imperador. Formavam o “Corpus Juris Civilis”: o “Código de Justiniano” (com as principais leis imperiais a partir de Adriano); o “Digesto” ou “Pandectas” (com as decisões e pareceres dos Jurisconsultos); as “Institutas” (destinadas aos estudantes que se iniciavam na ciência jurídica), e as “novelas” (com as novas leis, a partir de Justiniano).
Uma das paixões dos bizantinos, que chegavam a provocar verdadeira histeria coletiva, eram as corridas de carros, no hipódromo da cidade. Os dois concorrentes, verdes e azuis, dividiam a preferência da assistência e, enquanto corriam na pista, provocavam disputas, atritos e mesmo lutas entre os torcedores.
Cada grupo procurava conquistar a simpatia do imperador para suas cores. Era preciso muita habilidade para não provocar o desagrado apaixonado do lado preterido.
Graças às corridas de carro, Justiniano quase perde o trono. Uma revolta dos perdedores da corrida contra o Imperador, acusado de favorecer a outra parte, levou o povo a depredar e incendiar a cidade. Atemorizado, Justiniano pensou em fugir. Foi, porém, chamado aos brios pela sua esposa, a imperatriz Teodora, que lhe disse: “foge, se quiseres, César; tens dinheiro, os navios estão prontos e o mar aberto; eu por mim ficarei; a púrpura é uma bela mortalha.”
Diante disso Justiniano reagiu. Seu general Belisário cercou o hipódromo, onde 30 mil dos amotinados foram mortos e o levante sufocado.
Após Justiniano, merece citação Heráclio, que venceu os persas e lutou contra os árabes. Apesar de seu esforço não pôde impedir que esses tomassem a Síria e a Palestina. Leão III, que prestigiou a heresia dos Iconoclastas, derrotou os árabes, que já forçavam as muralhas de Constantinopla.
Um dos principais fatos do século XIII foi a tomada de Constantinopla pela 4.ª Cruzada (1204), depois de esta, ter desistido de atacar Jerusalém. Os cruzados fundaram o Império Latino de Constantinopla, que durou pouco mais de 50 anos.
Constantinopla, pela sua admirável posição geográfica, passou a ser cobiçada por ocidentais (principalmente genoveses) e orientais (turcos, árabes). Todos a desejavam para poderem controlar a passagem do Ocidente para o Oriente – caminho obrigatório das especiarias, que, enormes lucros davam na Europa.
Por isso, repetiram-se os ataques a Bizâncio. Uma nova força, vinda do leste e convertida ao islamismo, iria guerrear sem tréguas a capital do Império do Oriente – os turcos.
Pouco a pouco os turcos aumentaram suas terras conquistadas. Bajazé quase toma Constantinopla, não o conseguindo, porque foi atacado pelos Mongóis. Maomé II realiza o grande sonho de tantos povos: conquista Constantinopla no dia 30 de maio de 1453. Lutas sangrentas travam-se nas ruas, praças e templos. Os bizantinos são derrotados. Os turcos conquistam sua nova capital. Tão importante foi esse fato histórico, que ele é considerado um marco: o fim da Idade Média. Começa a Idade Moderna.
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