A história de Jesse Owens nunca foi bem contada, e na Rio 2016 não foi diferente

O atleta negro americano não foi ignorado por Hitler, mas pelo presidente americano.

Alexandre Garcia usou o Twitter para dizer que “Hitler também ficou furioso quando Jesse Owens prestou continência ao hino americano após quatro ouros na olimpíada de Berlim em 1936“. Mas – infelizmente? – não foi assim que o caso se deu. Na versão popularmente conhecida, o líder nazista teria se revoltado quando o atleta negro americano conquistou quatro medalhas de ouro, com direito a quatro recordes. Contudo, não houve fúria, continência ou mesmo repúdio por parte dos alemães: tudo não teria passado de propaganda explorada durante a Segunda Guerra Mundial.

Na verdade, o público alemão ficou maravilhado com a performance e aplaudiu Owens efusivamente. Quanto a Hitler, atendendo a um pedido da organização, já havia parado de cumprimentar um a um os vencedores, pois assim não mais atrasava o cronograma das competições. E o próprio atleta, em sua biografia, desmentiria muito do que a propaganda de guerra espalhou:

“Quando eu passei, o chanceler se ergueu, e acenou com a mão para mim, eu respondi ao aceno. Não foi Hitler que me ignorou, quem o fez foi Franklin Delano Roosevelt. O presidente nem sequer me mandou um telegrama.”

Os Estados Unidos só passariam a rever a postura oficial que mantinham a respeito da causa negra durante a Guerra Fria.

A Rio 2016 desperdiçou mais uma chance de contar essa história corretamente.

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