Três dos eixos centrais da medicina não era médicos. Charles Darwin era um naturalista navegador, Luís Pasteur era um químico industrial e Florence Nightingale era enfermeira.
Florence Nightingale (1820-1910) e lendária pelos motivos errados. Até a lâmpada está da Dama está errada, iluminando hora a antiga nota de 10 libras, hora a faixa de pedestres na rua da porta do culto clube Ateneu, para cavalheiros, em Pall Mall. Ao longo de seis quilômetros e meio de corredores que compunham as enfermarias de Scutari, ela balançava uma lâmpada de plano do exército turco, enrugada como uma lanterna chinesa, com uma vela de luz amarelada na base. Como a outra mão ela segurava as três essências da política: saber o que queria saber, saber quem podia dar a informação e saber quanto teria de esperar por ela. Podia ter governado o país tão bem quanto Lord Palmerson, se não tivesse ido diretamente para a cama, quando voltou da Crimeia, de onde não levantou durante 50 anos. Florence Nightingale tinha muitas outras peculiaridades, como bater irritantemente as tampas abertas das privadas.
Quando foi posto em andamento o destino de Churchill como Primeiro Lord do Almirantado, em 1911, Forence Nightingale foi lançada pela Instituição para cuidar de senhoras Respeitáveis em Circunstâncias Desafortunadas, Harley Street, nº 1, um ano antes da Guerra da Criméia. Ela era a superintendente, com o toque de Branca de Neve entre os Sete Anões. Imediatamente despediu o médico residente, passou a encomendar os mantimentos por atacado do Fortnum e os vegetais, por sacos, do Covent Garden; fazia ela própria a geléia, instalou elevadores para alimentos, água quente e campainhas para as pacientes, matou os ratos, os camundongos e outros parasitas e eliminou o perigo das explosões de gás. Em seis meses Florence Nightingale diminuiu pela metade o preço da estada das senhoras internadas. Ela sabia como conseguir o que queria: “Se um conserto não for feito, eu acampo com minhas 12 pacientes no meio da Praça Cavendish e deixo que a polícia e o comitê venham me prender como desocupada.”
Ela só podia ser inglesa. Os Nightingale, de Embley House, em Hampshire, eram viajantes elegantes (Florence nasceu em Florença, podia se chamar Rimini), e da alta sociedade de Londres (metade de um andar do Hotel Carlton, na temporada, duas filhas apresentadas à corte). Florence Nightingale conhecia Sidney Herbert, o Secretário na guerra (não da guerra, ele tomava conta dos livros). Uma vigorosa atividade política conseguiu do gabinete de Lord Aberdeen o voto unânime para sua promoção de Harley Street para superintendente do Estabelecimento de Enfermagem feminina do Hospital Geral Inglês, na Turquia, e dentro de uma semana ela partiu de Dover com 40 enfermeiras.
Florence Nightingale reorganizou imediatamente o hospital que fora criado pelo exército, simplesmente pintando de branco as paredes internas do quartel Selinie, em Scutari. É um prédio enorme, com quatro torres, uma em cada canto, que pode ser visto de Istambul, no outro lado do Bósforo (a paklava doce turca é deliciosa, e o raki é uma variação do gim tônica). Florence Nightingale cintilou intensamente, destacando— se do resto da guerra, que nada tinha de organizada. Em seguida, organizou os uniformes e a alimentação do exército britânico local, gastando nos bazares de Constantinopla as 30.000 libras concedidas pelo Times, depois de ter organizado o embaixador britânico, que havia planejado construir uma igreja protestante com esse dinheiro.
Quando a dor angústia franziam a testa, Florence Nightingale tinha coisas mais importantes para fazer do que ser um anjo de bondade. Estava sempre organizando o enterro dos pacientes — bem como suas cartas para casa —, mas deixava o trabalho para as enfermeiras sujas. Para ela, eram mulheres “velhas demais, fracas demais, bêbadas demais, sujas demais, calejadas demais ou incapazes de fazer qualquer outra coisa”. As suas enfermeiras haviam embarcado com ela, em Dover, para o inimaginável, por 12 shilings por semana, mais um quarto de litro de cerveja no almoço e um copo de Marsala no jantar. Três anos depois da guerra da Crimeia, as ordens de Florence Nightingale para elas apareceram em Notas de Enfermagem, um pequeno volume que trazia na conta capa da segunda edição de 1895 os os nomes dos dois outros livros, igualmente práticos, Pig-skiing or Hog-Hunting, do capitão Baden Powell, Cricket, Jerkes in from short Leg, de Quid, e as conveniências da estrada de ferro de Bailey parea homens e mulheres.
- Não faça do seu quarto de doente uma corrente de ar para toda a casa.
- Comparações estatísticas absurdas são feitas na conversa comum pelas pessoas mais sensatas para benefício do doente.
- As médias de mortalidade só nos dizem que tentos por cento vão morrer. A observação deve nos dizer quais desses cem vão morrer.
- Ajude o doente à variar seus pensamentos.
- Os pacientes não gostam de enfermeiras que usam roupas farfalhantes. Sobre esse assunto, Florence Nightingale acrescenta:
- Eu gostaria também que as pessoas que usam tecidos transparentes pudessem ver a indecência dos próprios vestidos como os outros os vêem. Uma mulher respeitável. inclinando-se para a frente, vestida com esse tipo de tecido, se expõe tanto para o paciente deitado quanto qualquer dançarina da ópera no palco. Mas ninguém amais dirá a ela essa verdade desagradável.
A luz do gênio é percebida em lampejos. Ela escreveu também Notas sobre Enfermagem para as Classes Trabalhadoras.
Na cama, em South Street, Mayfair, Florence Nightingale organizou o Departamento Médico do Exército, a Escola Nightingale para Enfermeiras, no Hospital St. Thomas, e o serviço sanitário da Índia. Recebeu visitantes da sala do Gabinete das nossas embaixadas, dos palácios episcopais e do Palácio de Buckingham com a ordem do Mérito, pouco antes da sua morte. Um dos visitantes era de Oxford.
“Primeiro venho eu: meu nome é Jowett.
Não há nenhum conhecimento que eu não saiba.
Sou mestre desse colégio.
O que eu não sei não é conhecimento”
O qual queria levá-la para Balliol e casar com ela.
Há alguns anos escrevi um romance no qual indico que Florence Nightingale, por suas declarações quando tinha 41 (“Acredito que eu sou como um homem… Minha experiência com as mulheres é quase tão grande quanto a Europa. E bastante íntima também. Eu vivi e dormi na mesma cama com condessas inglesas e moças prussianas do campo.. Nenhuma mulher despertou mais paixão entre as mulheres do que eu”) era lésbica. Essa denúncia tornou-se um brinquedo popular no play-ground da literatura. O lesbianismo é tão irrelevante para uma pessoa com as qualidades de Florence Nightingale quanto a sensibilidade a correntes de ar. Para ela, teve uma vantagem. Impediu que casasse com Jowett.
[Voltar]