Estrada da Graciosa – História e aspectos gerais

Partindo da BR-116, a 37 km de Curitiba, a Rodovia PR-410, Estrada da Graciosa, cujo percurso genérico dá-se no sentido NW-SE, corta a área correspondente ao Projeto Marumbi 1, em seu ponto médio transversal, sendo uma estrada de grande interesse turístico, com traçado peculiar cheio de contornos, oferecendo vários atrativos paisagísticos e panorâmicos, equipamentos para piquenique, quedas d’água e ribeirões, apropriados para banho.

Além da Estrada em si, há, em todo o percurso de aproximadamente 20 km, pontos como: Vista Engenheiro Lacerda, Vista Engenheiro Cavalcanti, Marco Histórico, pequena casa próxima ao Viaduto Engenheiro Cavalcanti, Caminho dos Jesuítas, ponte de ferro sobre o rio Mãe Cativa.

Essa Estrada ligando Curitiba ao Litoral Paranaense começou a ser utilizada antes mesmo da chegada do homem branco à região; por algum tempo, foi a única rota trafegável permanente, transpondo a Serra do Mar. Hoje a Graciosa é, acima de tudo, uma via turística, com vistas espetaculares.

Serpenteando através da serra, com seus paralelepípedos e pontes, ladeada por bicas de águas cristalinas e rios cascateantes, compete com igualdade de condições com a estrada de ferro Curitiba- Paranaguá na preferência dos visitantes.

Não se sabe exatamente quando foram concluídas as obras da graciosa. Um relatório do engenheiro Francisco Monteiro Tourinho, datado de 1873, diz que só faltavam pequenos detalhes para o fim da construção. Acredita-se, portanto que a estrada ficou pronta em março daquele ano.

O projeto original era ligando o porto de Antonina e Curitiba. Mais tarde foram construídos os ramais de Morretes e Paranaguá. Em tempos mais remotos, no entanto, havia ali uma tribo de índios, conhecida como Peabirá, segundo o padre Ruiz de Montóia da Companhia de Jesus.

Origem mística
Segundo o Padre Ruiz de Montóia, o próprio São Tomé Apóstolo foi construtor da Graciosa. “Cerros e penhascos conservam as pegadas de São Tomé em toda a extensão do caminho de mais de 200 léguas, com oito palmos de largura e nesse espaço nascia certa erva muito miúda que dos dois lados crescia até quase meia vara e ainda quando se queimassem aqueles campos e veredas sempre nascia a erva do mesmo modo”.

A teoria do Jesuíta baseava-se no fato de que, quando chegou ao Brasil, os nativos e aventureiros chamavam a Estrada de “Caminho do Pai Zumé”. É certo que foi palmilhada por Aleixo Garcia, em 1523, até o Peru. Nuñez Cabeza de Vaca a percorreu em 1541, descobrindo as Cataratas do Iguaçu. Também a trilharam os primeiros exploradores da região, como Raposo Tavares, João Ramalho e seus companheiros de Santo André.

Via em disputa
A Graciosa surge como fruto de uma longa disputa entre duas cidades: Antonina e Paranaguá. Os parnanguaras defendiam a utilização da Estrada de Itupava, atual leito da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, para transpor a Serra do Mar. Já os capelistas (antoninenses) preferiam a Graciosa menos íngreme, e mais curta.

A pendência começada em 1707 e mantida através de disputas permanentes, nas quais entravam em jugo, além da habilidade política de uma ou de outra parte, os interesses comerciais, só acabou em 1820, quando D. Pedro I baixou a ordem régia, considerando de transito livre a Estrada da Graciosa, razão pela qual a estrada pode na realidade ser considerada 53 anos mais antiga. No entanto, em 1973 comemorou-se o centenário das melhorias introduzidas em 1873, alargando-a e lhe dando condições de transito permanente, para tropas e carroções.

Atualmente a rodovia BR-277 que liga Curitiba ao litoral, coloca a Graciosa em segundo plano como escoadouro de tráfego, mas modernizada com revestimento asfáltico e bem cuidada em seus canteiros de flores silvestres, a histórica estrada voltou a ganhar a preferência dos que desejam uma viagem sem engarrafamentos e cercada de inúmeras vistas panorâmicas.

Com a conceção da Rodovia BR-277 para exploração de pedágio, a Graciosa voltou a receber tráfego intenso de motoristas que não concordam ou não querem pagar o valor do pedágio (R$12,50 em dezembro de 2009),  tornando o turismo praticamente impossível por todo seu percurso. Veja na imagem abaixo, a quantidade de veículos passando pelo posto de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal na entrada da estrada, a partir da BR-116, sentido Curitiba – São Paulo. As imagem foi capturada por volta das 15 horas dao domingo, 24 de janeiro de 2010, debaixo de muita chuva. Para se conseguir transitar com calma e conhecer os belos pontos turísticos hoje em dia, só é possível durante a semana, mais precisamente de terça-feira à quinta-feira, entre às 7 horas da manhã e às 16 horas. Fora desse período, é perda de tempo e estresse garantido.

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