Brasil é um dos últimos lugares do mundo com F-1 ao vivo e de graça na TV

Assistir às corridas da Fórmula 1 ao vivo e em canais abertos, como acontece com a Rede Globo no Brasil, é cada vez mais raro ao redor do mundo. Seguindo diretrizes dos detentores de direitos comerciais da categoria, que buscam garantir contratos lucrativos com as TVs pagas, a temporada de 2015 será vista da mesma maneira que no Brasil em apenas outros nove países. E, em pelo menos um deles, a Espanha, isso vai acontecer pela última temporada em 2015.

Por enquanto, a transmissão da categoria em TV aberta está garantida no Brasil até 2020, segundo a Rede Globo. O contrato foi renovado junto do pacote que garantiu o GP em Interlagos até o mesmo ano e é um negócio lucrativo para a emissora, que ganha, apenas em cotas de patrocínio, mais de R$ 400 milhões com as transmissões.

A audiência no Brasil é atualmente de 15 pontos em média. A primeira etapa do mundial de 2015, disputada na madrugada pelo horário local, registrou 5 pontos, contra 3 do ano passado. Apesar de não se comparar com o desempenho de 10 anos atrás, quando chegava a 20 pontos por prova, representa um dos grandes mercados da categoria no mundo.

F-1 ´privatizada’
Mas a realidade brasileira está longe de ser regra ao redor do mundo. Na Europa, berço da categoria, fãs de vários países tradicionais já tiveram de se acostumar com a mudança. A Fórmula 1 continua grátis na Áustria, Bélgica, Hungria, Eslovênia, Eslováquia e na Espanha. Índia, Paquistão e Austrália completam a lista. Nem sempre, porém, todas as provas são transmitidas na íntegra e é comum emissoras colocarem comerciais no meio da transmissão, algo que não ocorre no Brasil.

Outros países, como Inglaterra e Itália, contam com um sistema de rodízio (tendo metade da temporada com transmissão ao vivo na TV aberta) ou totalmente pago. No Brasil, em algumas oportunidades especialmente nos últimos quatro anos, algumas provas também têm ficado de fora da Globo. Foi assim com os GPs do Canadá de 2011 e 2013 e nos EUA nos últimos três anos, sempre devido à preferência por jogos do Campeonato Brasileiro. O GP da Hungria de 2013 também não foi exibido, em detrimento do encerramento da Jornada Mundial da Juventude.

A variação dos preços pela assinatura anual impressiona. Os petrodólares dos Emirados Árabes Unidos não pagam somente pela prova mais cara da temporada, em Abu Dhabi, como também pela transmissão de maior valor. Uma assinatura anual para ver a F-1 por lá custa mais de R$ 6.000. Nos Estados Unidos, país em que a audiência da categoria tem crescido de maneira mais significativa, o preço é de R$ 2.000.

Coincidência ou não, paralelamente ao crescimento da Fórmula 1 na TV paga ao redor do mundo, a audiência da categoria vem caindo. Os últimos números mostram um decréscimo de 5,6%, de 450 milhões de espectadores no mundo todo para 425 em 2014. As perdas aconteceram inclusive na Inglaterra (em 5,2%), país de grande tradição no esporte e terra do campeão Lewis Hamilton. Lá, quem quiser acompanhar a temporada inteira tem de desembolsar quase R$ 2.500.

De Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

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