Todos os anexos de Palocci

Crusoé obteve a íntegra dos capítulos da delação premiada do ex-ministro de Lula e Dilma. Saiba o que há de novo nos relatos.

 
 
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
 

Palocci com Lula no auge da era petista no poder: negócios na superfície e nas sombras

Quarenta dias depois, policiais federais voltaram na manhã desta quinta-feira, 3, à sede do BTG Pactual, no 14º andar de um moderno edifício espelhado na avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. Estavam atrás de novos documentos que possam elucidar mais uma suspeita envolvendo o banco fundado por André Esteves. Desta vez, o vazamento de informações privilegiadas do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, entre os anos de 2010 e 2012, no governo Dilma Rousseff. Como na ação realizada no fim de agosto, que também bateu na casa do banqueiro, a nova investida da Lava Jato está baseada na delação premiada do ex-ministro petista Antonio Palocci, com quem Esteves mantinha uma relação de proximidade desde 2005, no governo Lula. Segundo o delator, o controlador do BTG “grampeou” o BC para conseguir de forma antecipada as alterações da taxa básica de juros, a Selic, e lucrar com operações financeiras. Seu informante, diz Palocci, era o então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A lista de malfeitos atribuídos por Palocci a André Esteves é tão extensa que o banqueiro “ganhou” um capítulo exclusivo na delação de Palocci. Crusoé teve acesso aos 39 anexos entregues aos investigadores em que o ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma elenca uma série de pagamentos ilícitos feitos a ele, ao ex-presidente petista e a campanhas do partido. Os repasses eram feitos por empresários beneficiados com medidas do governo ou contratos de bancos públicos e estatais. Em um dos capítulos, precisamente o de número 9, Palocci narra suas práticas espúrias com o banqueiro ao longo de quase dez anos e detalha como iniciou a trama dentro do Palácio do Planalto para que o Banco Central pudesse ajudar na campanha de Dilma em 2010. Ele conta que, para o esquema dar certo, era preciso tirar Henrique Meirelles do comando do BC e colocar alguém que pudesse vazar as informações ao PT. Há detalhes. Palocci diz que em 2009, quando era deputado federal, recebeu de Lula, em uma reunião à noite no Palácio da Alvorada, um pedido para comunicar Meirelles que ele seria demitido. O posto seria ocupado pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo. No encontro estavam presentes Mantega e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. O delator disse ter se manifestado contra a ideia, mas que daria o recado a Meirelles, seu indicado para o cargo em 2003.

Palocci afirma que dias após o encontro conseguiu convencer Lula a manter Meirelles até o fim do governo. Por isso, viria a ser cobrado por Mantega mais tarde, em uma reunião na sede da Caixa Econômica Federal. Era 2010. Naquele ano, André Esteves, que já havia se livrado de uma punição no Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional em 2005 com a ajuda de Palocci em troca de uma doação de 4 milhões de reais para a campanha à reeleição de Lula em 2006, procurou novamente o ex-ministro. Ofereceu dinheiro para a campanha de Dilma. A ideia era resgatar o plano frustrado do BC no ano anterior e “ser um grande parceiro” no próximo mandato petista. Segundo o delator, 7 milhões de reais do BTG abasteceram a vitoriosa campanha presidencial, dos quais 5 milhões de reais por fora. Em 1º de janeiro de 2011, Alexandre Tombini assumiu o comando do Banco Central e a trama arquitetada por Mantega e Esteves finalmente se desenrolou, conta Palocci.

O caso mais emblemático ocorreu em agosto do ano seguinte, 2011. Segundo Palocci, Tombini informou Mantega e Dilma em uma reunião que, após dois anos de alta, o BC iria reduzir a taxa Selic de 12,5% para 12%. Mantega, então, teria repassado a informação privilegiada para Esteves, antes da divulgação da decisão pelo Copom. De acordo com a delação, o BTG realizou nos dias seguintes uma série de operações no mercado financeiro obtendo lucros muito acima da média. Após as operações, o patrimônio do Fundo Bintang, administrado pelo BTG, cresceu de 20 milhões para 38 milhões de reais em menos de três meses. O ex-ministro diz que a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, chegou a abrir uma investigação para apurar o caso, mas não constatou irregularidades. Em contrapartida pela informação privilegiada, Esteves teria doado 9,5 milhões de reais para a campanha à reeleição de Dilma, em 2014, e repassado 10% dos lucros obtidos pelo Bintang a Lula.

André Esteves chegou a ser preso pela Lava Jato em novembro de 2015, acusado de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró — nesse caso, ele foi absolvido no ano passado. As novas suspeitas envolvendo o banqueiro vão muito além das operações no mercado financeiro. Na operação deflagrada em agosto, a Lava Jato investiga pagamento de 15 milhões de dólares por meio de um fundo que seria reservado a Lula em troca de benefícios ao BTG nos contratos das sondas do pré-sal, caso também delatado por Palocci. Esteves também teria distribuído propina, segundo o delator, para retardar a aprovação de um projeto que permitia a compra de hospitais por empresas estrangeiras até que ele fechasse a aquisição da Rede D’Or, do ramo hospitalar. Feito o negócio, depois ele mesmo pressionou para que a proposta fosse aprovada em 2015. A ideia era vender a rede com lucro bem maior a um grupo canadense.

O BTG não é o único banco mencionado por Palocci no acordo de colaboração, que foi fechado com a Polícia Federal — o Ministério Público Federal rejeitou a proposta do ex-ministro alegando fragilidade das provas. Instituições como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Safra e Santander também são citadas em supostos pagamentos ilícitos a agentes públicos e ao PT em troca de favores dentro do governo. No caso do Safra, Palocci relata ter sido procurado, em 2008, por Joseph Safra, o dono do banco. Na conversa, o ex-ministro ouviu que o empresário havia recebido uma oferta superior a 3 bilhões de reais para o Safra vender sua participação na empresa Aracruz Celulose ao Grupo Votorantim. Apesar de Palocci ter estimulado o negócio, Safra não quis vender sua parte naquele momento. Mais tarde, por causa da crise financeira internacional de 2008, a Aracruz teve um prejuízo bilionário e Safra pediu ajuda de Palocci, que conseguiu um empréstimo de 2,4 bilhões do BNDES para o Votorantim comprar a parte do banco. Em contrapartida, Safra fez doações de 2,5 milhões de reais ao PT, em 2010, e de 5 milhões de reais, em 2014, além de repasses ao Instituto Lula.

Em outro anexo, Palocci aborda o que ele classifica como “batalha de grande porte” dos bancos para evitar perdas com ações na Justiça impetradas por cidadãos que se sentiram lesados com os planos econômicos brasileiros — entre eles, o Real. Quando esses casos começavam a chegar nas cortes superiores de Brasília, o banqueiro Pedro Moreira Salles, da família acionista do Unibanco, segundo Palocci, o procurou para tratar de uma ação de cerca de 400 milhões reais. O caso estava relacionado com ação movida pelo banco Multiplic contra o Unibanco.

Segundo o relato do ex-ministro, o banqueiro pedia a intervenção dele junto ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque o caso se transformaria numa contestação ao próprio Plano Real. Palocci diz ter conversado com Lula, que indicou o então secretário para assuntos Jurídicos da Casa Civil, o atual presidente do STF, Dias Toffoli, para atuar junto com Palocci em favor dos interesses do Unibanco. “Alguns dias depois, Pedro Moreira Salles envia um longo fax para a casa de Palocci, o qual repassa o documento para Dias Toffoli que, por sua vez, vai ao STF debater a questão com os ministros, em especial com Sepúlveda Pertence, então relator da ação”, diz trecho do anexo entregue por Palocci. De acordo com ele, Pertence, após esse encontro com Dias Toffoli, suspendeu a tramitação desse processo e de vários outros relacionados ao mesmo tema. “Representou uma importante vitória para o Unibanco”, diz o anexo. Dias depois da conquista, Fernando Salles, irmão de Pedro, diz o ex-ministro, fez um convite para ele palestrar em uma das empresas da família. Antes da palestra começar, conta Palocci, Fernando disse: “Nosso convite é uma contrapartida que estamos lhe dando pelo que você fez por nossa família junto ao STF. Queremos chamá-lo aqui durante algum tempo, em agradecimento”.

Como mostrou Crusoé, a primeira busca realizada pela PF no BTG rendeu uma volume tão absurdo de informações que foram necessários sete dias para baixá-los nos sistemas dos investigadores. Agora, a íntegra dos anexos do ex-todo poderoso da área econômica nos governos do PT mostra que as investigações abertas podem criar embaraços não só para o banco, mas para outros gigantes do setor, bem como para vários personagens importantes da cena política. Resumimos, a seguir, o que disse Palocci nos principais capítulos de sua delação.

Consultoria e vantagens indevidas

Palocci revela como usou sua empresa Projeto Consultoria para receber pagamento de propina de empresas por favores prestados a elas quando era ministro da Fazenda (2003 a 2006), deputado federal (2007 a 2010), ministro da Casa Civil (2011) ou simplesmente consultor com influência no governo. Menciona repasses feitos por dez pessoas ou empresas que são detalhados nos demais anexos, como um contrato de 1,5 milhão de reais com o também ex-ministro e advogado Márcio Thomaz Bastos para ajudar a anular a Operação Castelo de Areia no STJ, em 2011.

Lula

O ex-ministro relata que Lula recebia altas cifras de propina através da empresa de palestras LILS e do Instituto Lula — e que ele, além disso, operava uma espécie de mesada em espécie de até 100 mil reais a Lula, com dinheiro repassado pela Odebrecht e pelo Banco Safra. Os pagamentos eram feitos pessoalmente ao ex-presidente ou por Branislav Kontic, assessor do ex-ministro. Palocci também lista as vantagens indevidas que Lula teria recebido da Odebrecht e da OAS por meio do triplex no Guarujá, da reforma do sítio de Atibaia, da aquisição da sede do Instituto Lula em São Paulo e de um apartamento em São Bernardo. Menciona a conta de 300 milhões de reais que a Odebrecht teria disponibilizado ao ex-presidente, cita doação de dinheiro de empresas para financiar o filme biográfico do petista e narra um repasse de 1 milhão de dólares feito pelo ex-ditador líbio Muammar Kadhafi à campanha de Lula em 2002, em uma operação cujos detalhes foram revelados por Crusoé no ano passado. O dinheiro, diz, foi depositado em uma conta do marqueteiro Duda Mendonça na Suíça.

Dilma e Ambev

Palocci diz que a gigante Ambev, por meio de dois executivos, o contratou para que ele atuasse junto ao governo para impedir ou atrasar o aumento do PIS/Cofins que incide sobre bebidas alcoólicas. Ele conta ter ajudado a empresa em três ocasiões — 2010, 2013 e 2014 — e que recebeu vantagens indevidas do grupo por intermédio de um contrato de consultoria. Segundo Palocci, Lula recebeu 350 mil reais por meio de um depósito na conta de sua empresa de palestras. Em 2014, a Ambev ainda teria doado 7,5 milhões de reais para a campanha de Dilma.

Castelo de Areia

Antonio Palocci afirma que em um encontro realizado na residência oficial de Dilma Rousseff, o ex-ministro e advogado Márcio Thomaz Bastos disse que a Camargo Corrêa iria doar 50 milhões de reais para a campanha presidencial da petista em 2010 em troca de uma ajuda do governo para “derrubar” a Operação Castelo de Areia no Superior Tribunal de Justiça. A ajuda do governo seria fomentar a indicação do então presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha, para uma vaga no STF. A operação foi anulada em abril de 2011, mas como a indicação de Rocha ao Supremo acabou não se concretizando, a Camargo Corrêa teria pago 5 milhões de reais ao ministro. Pelo serviço prestado, Palocci recebeu 1,5 milhão de reais por meio de sua empresa de consultoria.

Casino versus Abílio Diniz

O delator afirma que recebeu uma oferta de propina de um intermediário de Abílio Diniz para conseguir a liberação de um empréstimo do BNDES que permitisse ao Grupo Pão de Açúcar comprar o Carrefour e impedir que o grupo Casino assumisse o controle acionário da empresa criada por Abílio Diniz. Palocci diz que depois descobriu que o também ex-ministro José Dirceu estava atuando em defesa do Casino para “melar” o plano do fundador do Pão de Açúcar. Segundo Palocci, Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, teria oferecido 30 milhões de euros a Lula e o ex-presidente, depois, pediu que ele parasse de ajudar Abílio Diniz. Com a interferência de Lula, o BNDES não emprestou dinheiro ao Pão de Açúcar, segundo Palocci. Os repasses seriam feitos pelo Banco Safra. Segundo a delação, Safra repassou 2 milhões de reais para a campanha do ex-prefeito Fernando Haddad, em 2012, 10 milhões de reais para a campanha de Dilma, em 2014, e ainda fez repasses ao Instituto Lula.

Safra, Aracruz, PT e Palocci

Palocci relata que foi procurado em 2008 por Joseph Safra, dono do Banco Safra, dizendo que tinha recebido uma oferta superior a 3 bilhões de reais para vender sua participação na empresa Aracruz ao Grupo Votorantim. Apesar de Palocci ter estimulado o negócio, Safra não quis vender o ativo naquele momento. Mais tarde, por causa da crise financeira internacional de 2008, a empresa Aracruz teve prejuízo de bilhões de reais e Safra pediu ajuda de Palocci, que conseguiu um empréstimo de 2,4 bilhões do BNDES para o Votorantim comprar a parte de Safra na Aracruz. Em contrapartida, Safra fez doações de 2,5 milhões de reais ao PT em 2010 e de 5 milhões de reais em 2014, além de repasses ao Instituto Lula. Votorantim e Aracruz também doaram, juntas, 11,8 milhões ao partido.

PDG Realty

Palocci conta que recebeu 480 mil reais da PDG Realty para atuar junto ao BNDESPar, a fim de que o banco fizesse um aporte de 155 milhões de reais na empresa que o contratou em 2009, por meio da aquisição de debêntures conversíveis. Ele disse que ligou para o então presidente do BNDES, Luciano Coutinho, fazendo o pedido da PDG, que foi aceito pelo dirigente da instituição pública.

Camargo Corrêa e Petros

O delator descreve que o executivo Luiz Nascimento, da Camargo Corrêa, repassou 28 milhões de reais ao PT, ao também ex-ministro Luiz Gushiken e a Lula, via instituto, empresa de palestras e em uma conta no exterior aberta pela JBS, para que a Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, comprasse a participação de 5% da empreiteira do Itaú S/A. Segundo Palocci, o negócio foi efetivado em novembro de 2010, por mais de 1,6 bilhão de reais.

André Esteves

O ex-ministro narra uma série de pagamentos ilícitos do banqueiro fundador do BTG Pactual em troca de informações privilegiadas do Banco Central que permitissem sua empresa lucrar com operações no mercado. Segundo Palocci, o ex-ministro Guido Mantega antecipava a Esteves as decisões do Copom sobre a taxa básica de juros. Em troca, Esteves teria doado 9,5 milhões de reais para a campanha à reeleição de Dilma, em 2014, e repassado a Lula 10% dos lucros obtidos por um fundo beneficiado com as informações privilegiadas.

Refis da Crise

Palocci relata detalhes da compra da Medida Provisória 470, conhecida como o Refis da Crise, por ter instituído um programa de refinanciamento das dívidas de empresas com o governo federal. Segundo o delator, o texto da MP foi redigido por Maurício Ferro, então diretor jurídico da Odebrecht. Segundo Palocci, a empreiteira repassou 50 milhões de reais ao PT via caixa 2; Benjamin Steinbruch, da Companhia Sidergúrgica Nacional, repassou 14 milhões de reais por meio da Odebrecht; e Rubens Ometto, da Cosan, fez doações oficiais ao PT.

Carf

Palocci afirma que, no primeiro semestre de 2011, quando era ministro da Casa Civil do governo Dilma, foi procurado por um diretor da RBS que lhe pediu ajuda para resolver uma multa de 500 milhões de reais aplicada à empresa pela Receita Federal. Segundo o delator, Dilma deu sinal verde para ele entrar no circuito e resolver a questão. Palocci disse ter pedido para o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, interferir no caso e recomendado que a RBS pagasse propina aos membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf. Em contrapartida, “diversas intervenções midiáticas por parte da RBS foram realizadas em prol dos interesses do governo Dilma”.

Petrobras e Sete Brasil

O ex-ministro diz que a Petrobras, na gestão de Graça Foster, reduziu o preço de venda dos ativos na África de 8 bilhões de dólares para 1,5 bilhão de dólares e que 50% foram arrematados por André Esteves mediante pagamento de propina de 15 milhões de dólares, intermediada por Guido Mantega. Segundo Palocci, Esteves também interferiu para trocar o comando da Sete Brasil, a empresa de sondas do pré-sal. O delator cita ainda corrupção envolvendo contratos de publicidade da Petrobras na gestão do ex-diretor Wilson Santarosa. Um dos casos mencionados envolve um contrato de 2,6 milhões de reais para anúncios na revista IstoÉ.

Banco Panamericano

Palocci relata repasses ilícitos de 19 milhões de reais feitos ao PT pelo Grupo Silvio Santos, para que a Caixa Econômica Federal comprasse 35% do Banco Panamericano em 2009, por 739,3 milhões de reais. Depois, o ex-ministro convenceu André Esteves a comprar outra parte do Panamericano, que passou a receber aportes financeiros da Caixa.

Fernando Pimentel

Palocci menciona o pagamento de 2 milhões de reais da Camargo Corrêa à campanha do ex-governador de Minas Gerais em 2010 e o envolvimento do petista na guerra de dossiês envolvendo os tucanos Aécio Neves e José Serra na eleição presidencial daquele ano.

Gleisi Hoffmann

O ex-ministro detalha uma doação oficial de 1 milhão de reais da Camargo Corrêa à campanha da ex-ministra ao Senado, em 2010. Fala ainda de um repasse de 800 mil reais da OAS e de 2 milhões de reais entregues via caixa 2 da Odebrecht.

Carlos Zarattini

Palocci relata caixa 2 de 50 mil reais da Odebrecht para a campanha do deputado petista em 2010.

Jilmar Tatto

Um dos anexos da delação menciona um caixa 2 de 500 mil reais para o ex-deputado em 2010.

Tião Viana

Palocci narra o repasse de 1,5 milhão de reais via caixa 2 pela Odebrecht para a campanha de ex-governador do Acre em 2010.

Lindberg Farias

A Odebrecht, diz Palocci, repassou 3,2 milhões de reais via caixa 2 para a campanha de ex-senador petista.

Obstrução à Justiça

Palocci narra o plano de nomear Marcelo Navarro ministro do STJ para estancar avanço da Lava Jato e soltar Marcelo Odebrecht, em 2015. Também fala da nomeação de Lula para a Casa Civil no governo Dilma, para tentar tirar o ex-presidente da alçada da 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada pelo então juiz  Sergio Moro.

Engeform

O ex-ministro confessa ter recebido propina de 160 mil reais da Engeform por meio de sua empresa de consultoria, em 2011, para ajudar a empreiteira entrar para o clube das prestadoras de serviços da Petrobras.

Parmalat

Palocci relata que, em 2008, atuou em benefício da Parmalat para que a empresa conseguisse uma liberação de crédito do Banco do Brasil. À época, o presidente do banco era Rossano Maranhão, que havia sido indicado por ele. O ex-ministro disse ter recebido propina de 100 mil reais da Parmalat nesse caso.

Fusão Itaú-Unibanco

Palocci cita repasse de 4 milhões de reais à campanha de Dilma, em 2010, para a atuação da base governista em favor da fusão Itaú-Unibanco e para que o Banco Central aprovasse o negócio.

Banco Bradesco

O delator narra uma série de doações feitas pelo banco a campanhas do PT, em troca da defesa dos interesses da instituição no conselho de administração da Vale, como a manutenção de Roger Agnelli na presidência da empresa, e em troca de informações privilegiadas junto ao Banco Central, para que o Bradesco não perdesse dinheiro com as variações da taxa Selic. Segundo Palocci, Bradesco e a Vale repassaram mais de 53 milhões de reais ao PT entre 2002 e 2014.

Votorantim

Palocci relata que atuou para salvar o Grupo Votorantim da crise financeira, fazendo com que o Banco do Brasil comprasse 49% do Banco Votorantim — foram injetados 4,2 bilhões de reais na instituição. O delator menciona ainda sua participação na redução de multas do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, aplicadas ao Grupo Votorantim.

Aeroportos de Viracopos e Galeão

Palocci relata que, em 2012, a então presidente Dilma Rousseff se envolveu diretamente na concessão do aeroporto do Galeão, no Rio, para que a Odebrecht ganhasse a concessão. Segundo o delator, o edital foi direcionado para a empreiteira em troca de repasses para campanhas do PT. Ele diz que 4 milhões de reais foram pagos ao ex-ministro da Aviação Moreira Franco.

Banco do Brasil e Brasil Seguros

Palocci cita pagamentos ilícitos feitos pela seguradora Mapfre ao PT no exterior, em troca de favorecimento em negócios com a Brasil Seguros. Segundo ele, o dinheiro foi depositado na conta aberta para o partido no exterior pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS.

Luciano Coutinho

O delator descreve o papel do ex-presidente do BNDES na intermediação de caixa 2 para campanhas do PT. Segundo Palocci, ele recebia os tesoureiros do PT Edinho Silva e José de Filippi Junior e pedia contribuição eleitoral às empresas que tinham contrato com o banco em prol da manutenção dos negócios.

Fusão da Sadia com a Perdigão

Palocci relata como atuou para a liberação de um empréstimo do BNDES e para que a fusão fosse aprovada pelo Cade, em 2011. Ele menciona a participação do ex-ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, nas tratativas e doações de dinheiro ao PT e ao Instituto Lula.

Porto da Odebrecht, TCU e MP

O ex-ministro fala sobre como atuou dentro do governo e junto ao Tribunal de Contas da União para defender interesses da Odebrecht na aprovação da Medida Provisória 595/12, a MP dos Portos, que foi transformada em lei em 2013, beneficiando a empreiteira no terminal portuário da Embraport, em Santos.

Tributação da Bolsa de Valores

Palocci narra neste anexo que, em 2004, foi procurado pelo então presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, que tinha interesse na redução da tributação sobre operações financeiras de ganhos sobre ações. Nos anos seguintes, Palocci diz ter editado ao menos duas medidas provisórias que iam ao encontro dos interesses de Cintra Neto. Como contrapartida, em 2006, a BM&F repassou 350 mil reais para a campanha presidencial do PT e 50 mil para a campanha do próprio Palocci à Câmara dos Deputados.

Reestruturação das Forças Armadas

Palocci aborda aqui sua atuação no programa de submarinos nucleares, o Prosub, e na compra de caças e helicópteros. No caso dos submarinos, Palocci conta que foi procurado por Marcelo Odebrecht, que reclamava dos pedidos de propina de Guido Mantega e de João Vaccari. Diz ainda que Odebrecht lhe contou ter destinado 50 milhões de reais à “parte francesa” envolvida no negócio, que seria representada pelo operador José Amaro Pinto Ramos. No caso dos caças, Palocci afirma que participou de reuniões sobre o tema, mas que ficou de fora das tratativas após deixar o governo.

Angola

Palocci conta ter sido procurado por Marcelo Odebrecht em busca de ajuda em temas relacionados ao BNDES e ao aumento nas linhas de financiamento a obras em Angola. O herdeiro da empreiteira baiana teria dito que a “boa vontade” de Palocci poderia render um “significativo valor adicional” para o PT. Palocci teria dito que não poderia ajudar, mas soube que Odebrecht estava tratando do tema com o ex-ministro Paulo Bernardo. A atuação nesse caso, segundo Palocci diz ter ouvido de Marcelo, teria resultado no comprometimento da empresa em repassar 64 milhões de reais de propina.

Assessores e funcionários

O ex-ministro aborda neste tópico a atuação de três ex-funcionários dele nos esquemas ilícitos: Branislav Kontic, Juscelino Dourado e Rogério Buratti. Além disso, cita trabalhos prestados a ele por dois motoristas, Carlos Possente e Claudio Gouveia. Possente, por exemplo, teria feito entregas para Lula e retiradas de valores no banco Safra. Gouveia, por sua vez, teria levado Dilma para se encontrar com o banqueiro André Esteves e feito entrega para Lula.

Belo Monte

Palocci narra neste anexo que foi procurado, em 2010, pelo então presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, para que ajudasse na licitação da hidrelétrica de Belo Monte. Palocci teria dito que não poderia porque era uma área de influência de Dilma Rousseff. Azevedo conta que havia negociado uma propina de 1% do valor da obra a ser dividido entre o PT e o PMDB.

Prefeitura de Ribeirão Preto e Banco Santander

Quando era prefeito de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Palocci diz que tratou com um então dirigente do Santander, que havia adquirido o Banespa, para manter as contas do município no banco. No anexo, diz Palocci, um diretor do banco se comprometeu a doar para o PT na campanha de 2002, quando Lula foi eleito presidente. A doação foi de 2 milhões de reais.

Qualicorp

Palocci fala sobre a relação com a empresa Qualicorp, de José Siripieri Júnior. Segundo o ex-ministro, a empresa bancou o pagamento do advogado para defender Rosemary Noronha, ex-funcionário do governo federal ligada a Lula que foi alvo da operação Porto Seguro, da PF. Além disso, Palocci contou que a empresa emprestava avião e helicóptero sempre que Lula precisava.

Unibanco e Multiplic

Nesse tópico, o ex-ministro cita sua atuação em favor do Unibanco, da família Moreira Salles, no que chamou de “batalha de grande porte” dos bancos para evitar perdas com ações na Justiça impetradas por cidadãos que se sentiram lesados com os planos econômicos brasileiros — entre eles, o Real. Quando esses casos começavam a chegar nas cortes superiores de Brasília, o banqueiro Pedro Moreira Salles, da família acionista do Unibanco, segundo Palocci, o procurou para tratar de uma ação de cerca de 400 milhões reais. O caso estava relacionado com ação que o banco Multiplic entrou contra o Unibanco. Segundo o relato do ex-ministro, o banqueiro pedia a intervenção dele junto ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque o caso se transformaria numa contestação ao próprio plano Real. Palocci diz ter conversado com Lula, que indicou o então secretário para assuntos Jurídicos da Casa Civil, o atual presidente do STF, Dias Toffoli, para atuar em favor dos interesses do Unibanco.

Touchdown

Palocci relata sua atuação para que empresas próximas do governo do PT realizassem doações e financiamentos para a Touchdown, empresa de um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-ministro cita os casos da Ambev, Amil, Caoa e Mitsubishi. Os repasses, disse Palocci, eram definidos em reuniões com o ex-presidente no Instituto Lula.

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