Governo e grandes partidos articulam reforma política

Mais um golpe contra o eleitor, contra os cofres públicos e contra a moralidade. Se aprovada, esta “reforma” será a perpetuação da corrupção, do nepotismo, da bandidagem, do roubo descarado e legalizado dos cofres públicos… Será tudo o que os políticos corruptos e o (dês)governo Lula sempre sonharam. Viva a corrupção e abaixo o povo e o Brasil! Nunca votei em branco ou anulei meu voto, mas se essa reforma nojenta passar, me recuso a votar em lista de bandidos. Quero escolher meu candidato. Doravante anularei meu voto e conclamo todos os brasileiros que tem vergonha na cara a fazerem o mesmo.

Plano é aprovar até outubro financiamento público de campanha e voto em lista fechada

Proposta condensada por Ibsen Pinheiro tem o apoio das maiores siglas da Câmara e não depende de mudança constitucional

Sob o patrocínio do governo federal e com apoio de cinco partidos -além de parte expressiva do PSDB- a Câmara dos Deputados se mobiliza para aprovar, até outubro, o financiamento público de campanha e a adoção do voto em lista fechada já para 2010.

Com autoria atribuída a PT, PMDB, DEM, PPS e PC do B, o texto propõe a criação de um fundo com recursos equivalentes a R$ 7 por eleitor para cobrir as despesas do primeiro turno, o que corresponderia a R$ 913.197.656 -tomando por base o eleitorado de dezembro de 2008. Para o segundo turno seriam reservados R$ 2 por eleitor -ou R$ 260,9 milhões.

A pedido do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), o deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) condensou o texto, que prevê ainda a criação do voto em lista fechada para o Legislativo.

Pela proposta, o eleitor passa a votar numa sigla. Não mais no candidato. Os congressistas assumem a vaga segundo a votação obtida e a hierarquia previamente elaborada pelo partido ou pela coligação.

Como não requer mudança constitucional -o voto continuaria proporcional-, dependerá de maioria simples para aprovação. Segundo Ibsen, a minuta, à qual a Folha teve acesso, é produto do casamento entre “relevância e viabilidade”. “Sou a favor do voto distrital misto. Mas exige emenda constitucional. Esse projeto, não. Dá para votar para as próximas eleições”, disse Ibsen.

Ainda segundo o deputado, o “grau de unidade [em torno do projeto] é tão avançado” que será apresentado até a semana que vem. Hoje o tema será objeto de audiência pública na Câmara. Se aprovado, tem de ser submetido ao Senado e à sanção presidencial.

Além dos tradicionais adeptos, a proposta começa a conquistar apoio no PSDB, antes contrário à proposta. Na segunda, em reunião com a bancada do PSDB no Estado, o governador de São Paulo, José Serra, incentivou o partido a apoiar mudanças nas regras. “Ele passou posição de simpatia à ideia”, contou o líder do PSDB na Câmara, José Anibal.

Serra manifestou, no entanto, oposição ao financiamento público: além de impopular, não coibiria doações ilegais.

De 16 deputados, só Mendes Thame opôs-se à proposta. A começar pelo líder, os tucanos começam a se render a Ibsen. Segundo repete o deputado, depois de operações que investigam as doações de empresas, como a Castelo de Areia, “nenhum contribuinte vai querer recibo nas próximas eleições”.

“Concordo com lista como instrumento de valorização do partido. O que eu lamento é que não consigamos mover nem um palmo na direção do voto distrital. O financiamento, preciso analisar”, disse Anibal.

“Sou a favor da proposta. Mas precisamos ouvir o partido”, disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), reafirmou ontem apoio à proposta. Assim como o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP): “O PT é a favor. Se der para aprovar para 2010, queremos”.

Entre os avalistas da proposta também está o ministro da Justiça, o petista Tarso Genro.

Pelo projeto, 14% dos recursos do fundo serão dados aos partidos com assento na Câmara, e 85%, de acordo com o desempenho dos partidos na eleição passada. “Essa proposta beneficia os grandes partidos”, admite Maia. O próprio Ibsen admite que a proposta alimenta o “caciquismo”. “Cada sistema tem seus inconvenientes”, afirmou Ibsen, para quem “o financiamento privado esgotou”.

O custo, de R$ 9 por eleitor, é bem inferior ao registrado em 2008 (R$ 17 para cada votante).

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

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