Gripe suína

Conheça a GRIPE SUÍNA, previna-se contra ela e oriente as pessoas. Não há motivo para pânico, nem para comodismo.

Farm. Dr. Jaldo de Souza Santos
Presidente do Conselho Federal de Farmácia

I – Contexto epidemiológico

Uma gripe de origem suína aparece como nova candidata a pandemia e causa apreensão pelo mundo. Tal apreensão ameaça degenerar em alarme, mas não há razões objetivas para tanto, nesta fase inicial de obtenção de informações sobre a doença, ainda pouco conhecida.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública internacional, no sábado (25/04). Ontem (27/04), elevou o nível de alerta de 3 para 4, numa escala que vai até 6. Ainda assim, é cedo para traçar paralelos com a mais famosa das pandemias, a Gripe Espanhola (1916-1918), que vitimou cerca de 50 milhões de pessoas.

Epidemias de gripe surgem porque o vírus causador, o influenza, sofre mutações que o tornam mais transmissível e agressivo, ou facilitam a infecção entre espécies suscetíveis, como pássaros, porcos e humanos. Além disso, o crescimento exponencial das viagens de avião espalha doentes e portadores pelos continentes, multiplicando as oportunidades de contágio por todo o globo, em questão de dias.

A morbidade relacionada à gripe suína tende a ser alta, mas a letalidade é baixa (1% a 4%).

II – A doença

A gripe suína é uma doença respiratória aguda de porcos, altamente contagiosa, causada por um vírus influenza tipo A. Ocasionalmente, o vírus vence a barreira entre espécies e afeta humanos. O vírus da gripe suína clássico foi isolado, pela primeira vez, em um porco, em 1930.

Como todos os vírus de gripe, estes também mudam, constantemente. Os porcos podem ser infectados por vírus de gripes aviária e humana. Quando mais de um tipo de vírus contamina um porco, ao mesmo tempo, pode ocorrer uma mistura da carga genética dos vírus, dando origem a um novo vírus contendo os genes misturados.

Atualmente, há quatro classes principais de vírus de gripe suína do tipo A: H1N1, H1N2, H3N2 e H3N1. A crise atual é causada por um novo subtipo do vírus H1N1.

III – Contágio

Normalmente, esses vírus não infectam humanos. Entretanto, vez por outra, mutações no vírus permitem que eles contaminem pessoas. Na maioria das vezes, os contágios acontecem, quando há contato direto de humanos com porcos. Mas também já houve casos em que, após a transmissão inicial do porco para o homem, o vírus passou a circular de pessoa para pessoa. Foi o que aconteceu em Wisconsin, EUA, em 1988. Nestas situações, a transmissão ocorre como a gripe tradicional, pela tosse ou pelo espirro de pessoas infectadas.

Consumir carne de porco não causa a doença. Ao cozinhar a carne a 70º C os vírus são completamente destruídos, impedindo qualquer contaminação.

IV – Sintomas da doença

Os sintomas são normalmente similares aos da gripe comum e incluem febre, letargia, falta de apetite e tosse. Algumas pessoas com gripe suína também tiveram coriza, garganta seca, náusea, vômito e diarréia.

V – Diagnóstico

Segundo a OMS, os critérios de definição de caso suspeito é a febre repentina, superior a 38ºC, acompanhada de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse, dificuldade respiratória, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações; e ter como procedência o México ou as áreas afetadas nos Estados Unidos e no Canadá, nos últimos 10 dias.

Para identificar uma infecção por um vírus influenza do tipo A, é preciso analisar amostras respiratórias do paciente durante os primeiros quatro ou cinco dias da doença – quando uma pessoa infectada tem maior chance de propagar o vírus. Entretanto, algumas pessoas, especialmente crianças, podem manter o vírus presente por dez dias ou mais. A identificação do vírus é, então, feita em teste de laboratório.

VI – Tratamento

Na maioria dos casos notificados de gripe suína, houve recuperação completa da saúde, sem necessidade de cuidado médico e sem o uso de medicamentos antivirais.

Alguns vírus influenza desenvolvem resistência aos antivirais, limitando a efetividade do tratamento. Os vírus da gripe suína detectados, recentemente, em pacientes infectados nos Estados Unidos, são sensíveis a oseltamivir e a zanamivir, mas resistentes a amantadina e remantadina.

Atualmente, as informações disponíveis são insuficientes para sustentar recomendações sobre o uso de antivirais no tratamento de infecção por gripe suína. Os médicos devem tomar decisões com base em avaliação clínica e epidemiológica, considerando os benefícios e riscos do tratamento para o paciente. Para combater a epidemia recentemente deflagrada, as autoridades sanitárias dos Estados Unidos e do México estão recomendando o uso de oseltamivir ou zanamivir para o tratamento da doença, com base no perfil de sensibilidade do vírus.

O tratamento com antiviral é mais eficaz, no começo da gripe suína, e pode ser ineficaz, se iniciado 48 horas após seu começo. Em indivíduos que tiveram contato com pessoas doentes, o antiviral apresenta boa eficácia como profilático.

VII – Vacinas

A vacina utilizada na Campanha Nacional de Vacinação contra Gripe, que está sendo realizada, nesse momento, no Brasil, direcionada à população com mais de 60 anos, destina-se somente à proteção contra a influenza sazonal e não protege contra a influenza suína. A Campanha segue normalmente até o próximo dia 8 de maio.

No momento, somente há vacinas contra gripe suína para porcos, que são mais comumente afetados por esse tipo de vírus. Mas autoridades internacionais já anunciaram estar trabalhando numa versão humana da vacina.

VII – O  que fazer para evitar o contágio da gripe suína

-Cubra seu nariz e boca com um lenço quando tossir ou espirrar. Jogue no lixo o lenço após o uso.
-Lave suas mãos constantemente com água e sabão, especialmente, depois de tossir ou espirrar. Produtos à base de álcool para limpar as mãos também são efetivos.
-Evite tocar seus olhos, nariz ou boca. Os germes se espalham deste modo.
-Evite contato próximo com pessoas doentes.
-Se você ficar doente, fique em casa e limite o contato com outras pessoas.

VIII – Informações e medidas de ocmbate a gripe suína no Brasil

– Até o momento, NÃO HÁ EVIDÊNCIAS de circulação do novo subtipo do vírus da influenza suína A (H1N1), no Brasil.

– O Ministério da Saúde acompanha o estado de saúde de  viajantes procedentes de áreas afetadas que apresentaram alguns sintomas clínicos da doença. Até o momento, NENHUMA DESSAS PESSOAS preenche a definição de caso suspeito conforme os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Os pacientes continuam sendo acompanhados pelas Secretarias Estaduais de Saúde.

– Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo descartou o diagnóstico de influenza suína para um segundo paciente que estava internado no Hospital Emílio Ribas, na capital. O diagnóstico era sinusite.

– O Ministério da Saúde considera que todas as recomendações da OMS estão de acordo com as medidas já adotadas, no País, em especial aquelas referentes a não restrição às viagens internacionais e a orientação para procura de atendimento médico, no caso dos viajantes procedentes das áreas afetadas que apresentem sintomas compatíveis com a influenza suína.

– O Ministério da Saúde está distribuindo panfletos com informações sobre influenza suína e a Infraero está veiculando avisos sonoros nos aeroportos internacionais e, posteriormente, estenderá o procedimento para todos os aeroportos brasileiros.

– Se entre os viajantes que utilizam os aeroportos houver pessoas com os sintomas, elas serão encaminhadas, pelos funcionários da ANVISA, à(s) unidade(s) de saúde de referência no respectivo Estado de desembarque. São 49 unidades, em todo o País, ao menos uma por unidade da federação.

– Nesta segunda-feira, os atendentes do Disque Saúde (0800 61 1997) foram capacitados para tirar dúvidas da população sobre a influenza suína.

– Desde a última sexta-feira (24/4), a Declaração de Bagagem Acompanhada (DBA) dos passageiros de voos internacionais que desembarcam, no Brasil, está sendo recolhida pela ANVISA. O documento, de preenchimento obrigatório, é fonte de informações para eventual busca de contatos se for detectado caso suspeito na mesma aeronave.

– A OMS também não recomenda, até o momento, restrições de comércio ou viagens para as áreas afetadas.

-Outras informações na página especial sobre influenza suína no portal do Ministério da Saúde – www.saude.gov.br.

Fontes:

Ministério da Saúde. http://www.saude.gov.br
Organização Mundial da Saúde: http://www.who.int/
Centers for Disease Control (EUA): http://www.cdc.gov/

Autores: Farm. Dr. Emília Vitória, Farm. Dr. Rogério Hoefler, Farm. Dr. Carlos Vidotti e Farm. Dr. Jarbas Tomazoli

Leia mais:

[07/05/2009] – Ministério da Saúde confirma quatro casos de gripe suína no Brasil

[08/05/2009] – Gripe suína: Somos vítimas ou candidatos a trouxas?

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