Petistas são burros e outros são bandidos mesmo

Queda do PT não tem relação com ascensão de Temer.

Durante junho de 2013, boa parte da população brasileira chegou à conclusão de que havia algo de muito errado com a condução dos destinos do país. Nas mãos de um grupo político há mais de dez anos, muitos cidadãos começaram a se dar conta que a corrupção e os tributos elevados impostos pelos que haviam se instalado no governo haviam se tornado hábitos que estavam se tonando insuportáveis.

Por outro lado, o mesmo governo que se gabava dos maiores feitos, não conseguia corresponder as expectativas mais elementares da sociedade em áreas como saúde, segurança e educação.

Eram os tempos da primavera Árabe. Governantes de todo o mundo estavam assustados com levantes populares como o que ocorreu no Brasil naqueles dias de revolta. O fenômeno era ainda mais ameaçador para a classe política justamente por não haver nenhum grupo ou partido político por trás das organizações das manifestações.

Apavorados com a possibilidade de que a situação se agravasse como ocorreu em outros lugares do mundo, o PT agendou uma reunião de emergência em São Paulo para encontrar uma forma de conter os ânimos acirrados da população. Mas existem coisas que não podem ser resolvidas em momentos de desespero e o PT subestimou esta máxima.

Lula Dilma e João Santana, (isso mesmo, um marqueteiro) se reuniram para encontrar uma saída para a situação. Milhões de brasileiros faziam o chão tremes debaixo dos pés dos ocupantes do poder e algo precisava ser feito com urgência.

O marqueteiro deduziu que a maior insatisfação percebida nas manifestações populares era com a corrupção. O mago do marketing sugeriu então que Dilma desengavetasse com urgência alguns projetos relacionados ao combate à corrupção e fizesse um pronunciamento sobre seus feitos neste sentido.

Foi aí que a coisa começou a degringolar. No dia 2 de agosto de 2013, Dilma assinou, às pressas, a lei 12.850 que instituiu a delação premiada. O intuito era dar uma reposta imediata ao povo nas ruas, uma forma desesperada de conter as manifestações espontâneas contra a classe política e o governo.

De forma irrefletida, Dilma seguiu o conselho de João Santana e assinou a sentença de morte do PT. Estava selado o destino do partido que ao longo de treze anos, manteve uma relação incestuosa com empreiteiros corruptos que financiavam campanhas do partido e dava “mimo$” a seus integrantes em troca de contratos bilionários com o governo.

Os avanços na Lei de delação premiada abriram a brecha para que, oito meses depois, fosse deflagrada a primeira fase da Operação Lava Jato, em março de 2014.

Voltando um pouco no tempo, enquanto a população manifestava sua indignação com a corrupção no pais, ao mesmo tempo, uma investigação no estado do Paraná apurava os crimes de lavagem de recursos relacionados ao ex-deputado federal José Janene desde 2009.

Em julho de 2013, a investigação começa a monitorar as conversas do doleiro Carlos Habib Chater. Pelas interceptações, foram identificadas quatro organizações criminosas que se relacionavam entre si, todas lideradas por doleiros. A primeira era chefiada por Chater (cuja investigação ficou conhecida como “Operação Lava Jato”, nome que acabou sendo usado, mais tarde, para se referir também a todos os casos); a segunda, por Nelma Kodama (cuja investigação foi chamada “Operação Dolce Vita”); a terceira, por Alberto Youssef (cuja apuração foi nomeada “Operação Bidone”); e a quarta, por Raul Srour (cuja investigação foi denominada “Operação Casa Blanca”). O monitoramento das comunicações dos doleiros revelou que Alberto Youssef, mediante pagamentos feitos por terceiros, “doou” um Land Rover Evoque para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Através de Costa, os investigadores descobriram um esquema criminoso bilionário na estatal. Os procuradores da República também descobriram que a corrupção em que o ex-diretor estava envolvido tinha uma abrangência do esquema era maior. Neste momento, o gesto de Dilma em assinar a lei 12.850 fez toda a diferença para o avanço da investigação: a colaboração de Paulo Roberto Costa por meio de um acordo de delação premiada.

Mas como não há nada de ruim neste mundo que não possa piorar um “pouquinho”, os petistas enfrentariam outros dissabores desde então.

Apavorados com o avanço da Operação Lava Jato e cientes de que o instituto da delação acabaria permitindo que os procuradores do Ministério Público Federal chegariam aos nomes de gente graúda dentro do PT, Lula, Dilma e companhia partiram para o tudo ou nada e fizeram uma campanha eleitoral suicida em 2014. Mentiram e omitiram como se o mundo fosse acabar amanhã. O problema é que o mundo não acabou. Dilma ganhou a eleição com pequena margem de diferença e toda a mentirada da campanha veio à tona.

Se o PT temia os “coxinhas” e seu poder de influenciar a sociedade, a situação de Dilma piorou bastante até mesmo entre os eleitores do partido após as eleições. A popularidade da presidente recém eleita começou a despencar antes mesmo da posse do segundo mandato. A soma das mentiras eleitoreiras, as pedaladas e as revelações dos assalto na Petrobras, estatal que tinha Dilma na presidência de seu conselho durante o auge dos esquemas de corrupção revelados no escândalo do petrolão, foram fatores que minaram a popularidade da petista em tempo recorde.

A erosão moral de Dilma e do PT trouxe de voltas para as ruas milhões de cidadãos indignados. Muitos dos quais haviam votado na petista poucos meses antes. Lula viu toda sua popularidade se reverter em ódio nas redes sociais e o desejo de remover o PT do poder alcançou um nível crítico no qual existem três indicadores de que um governo será derrubado: repúdio da sociedade, repúdio da sociedade e repúdio da sociedade.

Cientes de que o PT passou a representar um barco prestes a afundar, antigos aliados se voltaram contra o governo Dilma e passaram a apoiar seu impeachment. Por um mero acaso, coube ao então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acolher o pedido formulado por um ex-petista de honra: Hélio Bicudo contou com a colaboração dos juristas Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal para elaborar o pedido formal de cassação do mandato de Dilma Rousseff.

Qualquer outro político minimamente razoável que estivesse presidindo a Câmara dos Deputados teria acolhido aquele pedido sob tais circunstâncias. De mesmo modo, o pedido de impeachment de Dilma, assim como o ódio da sociedade em relação ao PT e tudo que o partido passou a representar, nunca teve nenhuma relação com o então vice-presidente Michel Temer.

Esta é a verdeira história sobre a derrocada do PT de Lula, Dilma e companhia do poder e do coração da maioria dos brasileiros. Sobraram apenas os petistas burros e os bandidos. Os primeiros acreditam na versão da história contada pelos últimos.
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