O artista adormecido

Coriolano Caldas Silveira Mot

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Era na casa às margens da represa do Rio Iraí, ao longo da Estrada da Graciosa, que Coriolano vivia os seus melhores momentos.

A casa, projetada pelo filho e nora arquitetos, era o seu reduto dos finais de semana. Em meio aos jardins, que tanto serviam para a realização das festas de família como cenário para os trabalhos de pintura, relembrava suas histórias dos tempos da faculdade de Medicina, do trabalho que desenvolveu em diversas secretarias da prefeitura e do tempo que deu aulas na universidade.

Médico de formação, após a aposentadoria, em 1992, dedicou-se ao sonho de aprender a pintar, adiado pelos inúmeros compromissos profissionais. Entre eles, as aulas na Faculdade de Medicina da UFPR até 1991; a Faculdade Evangélica de Medicina, o qual foi um dos fundadores, professor titular e diretor até 2001; e a presidência do Instituto de Previdência da Prefeitura Municipal de Curitiba (IPMC) e diretoria geral do Departamento Bem-Estar Social.

A pintura surgiu de um sonho antigo. Diversas aulas em ateliês de artistas locais lhe renderam a exposição individual, no ano passado, no ateliê de Celso Coppio.

Culto e inteligente, apreciava a leitura e bons quadros. Sempre gostou do requinte, lembra a filha Rejane. Trajava-se com esmero, sempre de terno e gravata. Conhecia os locais de comidas raras, apreciava um bom vinho e enviar flores. Não falava muito, somente o relevante.

Ficou viúvo de Nara, em 1982. E, dez anos após, reencontrou Lúcia com quem foi companheiro até o fim da vida.

Tinha duas netas por quem nutria um amor incondicional. Não podia correr com elas, pelas limitações de um acidente vascular cerebral sofrido no ano passado, mas as acompanhava com os olhos atentos e lhe dava os braços para brincar.

Deixa a companheira Lúcia, seis filhos e duas netas.

Dia 11 de junho, aos 76 anos, de causas naturais.

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