Carta à Profa. Elizabeth – 27 de agosto de 2013

Prezada Profª Elizabeth:

Tudo bem?

Estou montando um projeto experimental, baseado em um dos resultados da minha pesquisa de campo do mestrado e gostaria de saber se a senhora pode me orientar.

O dado que ficou pendente em minha pesquisa e que me chamou a atenção foi a não redução do número de pacientes com dor pós-operatória imediata para baixo de 30% com o uso de um anti-inflamatório associado à terapêutica analgésica – o cetoprofeno.

Conversei com a Profª. Drª Juliana Chichorro, do Programa de Pós-graduação em Farmacologia da UFPR, que me sugeriu um experimento com animais utilizando um protocolo de incisão em pata de rato para testar a ação anti-inflamatória do cetoprofeno em dor POI, comparando-o com o diclofenaco, que tem ação conhecida e consagrada neste tipo de inflamação e consequente dor, sendo o mais utilizado na Maternidade Victor Ferreira do Amaral no pós-parto e POI de cesareanas. Quando falta diclofenaco na MVFA é um stress daqueles. Fui obrigado até a comprar diclofenaco VO com dinheiro próprio para suprir aquela maternidade, quando estava na chefia do Serviço de Farmácia.

Cada frasco-ampola de cetoprofeno custa R$1,39, sendo utilizadas 4 frascos por paciente, ou seja, R$5,76 / paciente. São realizadas cerca de 10 CADs/dia só na unidade 5 – Cirurgia do Aparelho Digestivo, produzindo um custo diário médio de R$57,60. Isso só na UI 5.

Considerando que o cetoprofeno tem o mesmo potencial de produzir agranulocitose que a dipirona, conforme a literatura, se ele não contribui na redução do número de pacientes com dor POI, não compensa seu uso concomitante com a dipirona e/ou o tramadol

O desenho do projeto é o seguinte: 6 grupos de ratos. dois grupos com dipirona, dois com diclofenaco e dois com salina. Todos serão submetidos a incisão na pata e observado o tempo que levarão para pisar novamente com a pata cortada utilizando cetoprofeno, diclofenaco e salina, que serão aplicados imediatamenta após a incisão em todos os gurpos (simulando uma cirurgia e seu POI). No primeiro conjunto (três grupos) será observado o tempo que os ratos levarão para pisar novamente com a pata incisionada e no segundo conjunto, aplicando-se dipirona após o anti-inflamatório, em intervalos de 6 em 6 horas por 12 horas, será feita a mesma observação. Ambos os grupos serão observados até as primeiras 24 horas após a incisão e a aplicação do anti-inflamatório.

O levantamento de pacientes eu já tenho, bastando apenas requerer ao CEP dispensa dos TCLEs. A pesquisa experimental será feita no IPEM. O Setor de Ciências Biológicas teve que sacrificar as matrizes de ratos e camundongos e adquirir novas para reprodução e demorará um bom tempo até terem animais disponíveis.

O que a senhora acha? É viável? A senhora pode me orientar? Isso é um projeto e a senhora poderá modificar tudo o que achar necessário.

Já tenho 38 créditos no PPG em Clínica Cirúrgica e se eu fizer o doutorado em Ciências Farmacêuticas, no qual posso ingressar a qualquer momento, pois a seleção é por fluxo contínuo e tenho um projeto que interessa ao programa, levarei 3 anos para completar os 36 créditos necessários, conforme o cronograma de disciplinas que está no site do programa, mas eu já tenho 49 anos (c0mpletarei 50 anos no dia 5 de dezembro deste ano). Já estou bem “velhinho” para começar tudo novamente.

Não estou querendo fazer doutorado pelo incentivo à qualificação ou simplesmente pelo título de doutor, mas sim por pretender voltar ao magistério. Fui professor do Colégio Guadalupe (disciplinas de ciências, matemática e religião, de 1ª à 8ª série) e do curso de Psicologia da UTP (disciplina de genética) e na minha família tem mais professores do que gente, conforme diz minha mãe.

Sem mais, deixo-lhe um tríplice e fraternal abraço, extensivo ao Prof. Renato.

Vladimir Antonini

HC-UFPR

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