A Farmácia nos primeiros tempos da idade atual

Durante muitos anos as farmácias conservaram seus estilos e no século XVIII, tanto as farmácias públicas, quanto as hospitalares, são descritas da seguinte maneira: os corpos das estantes suportadas pôr colunas no estilo barroco, apresentando gavetas na parte inferior, destinadas a receber as plantas medicinais, enquanto as prateleiras se encontrando cheias de potes, jarros, frascos, todos ricamente trabalhados e, no geral, pintado à mão ou decorados com inscrições latinas ou com flores de grande beleza. A mesa de recepção não era um simples balcão, mas uma banca ornada de artísticas obras de talha, em cima da qual as balanças, os pesos, os frascos, pintados com gosto, ocupavam o lugar de honra. Nesse século, onde as preparações de fórmulas já eram mais rápidas, bancos com decoração em relevo e cadeiras, encontrava-se dispostos ao longo das paredes com a finalidade de permitir aos clientes aguardarem comodamente o aviamento de suas receitas, sem perturbar os preparadores. Grandes espelhos eram colocados nos ângulos e nas paredes da oficina, variando o seu estilo segundo o estilo dos móveis da farmácia.

Não foram muitas as transformações que o século seguinte trouxe ao aspecto das farmácias, mas as tendências requintadas que durante o século anterior tão amplamente se manifestaram, parece terem atingido então o auge para, durante o século XIX entrarem em declínio. Talvez para isso tenham concorrido, pelo menos em certos países, acontecimentos político-sociais que nessa época tiveram lugar de destaque e que alteraram profundamente muitos aspectos da vida social como também não devem ter sido estranhos a essas modificações os progressos científicos que se registraram durante esse século.

Foi no século XIX, particularmente na sua segunda metade, uma das épocas mais brilhantes da história da farmácia, onde a oficina de farmácia se tornou mais sóbria, menos especulas e mais objetiva. Em meados deste século as farmácias foram sofrendo sucessivas transformações, perdendo muitas de suas características e transformando-se, muitas vezes, em estabelecimentos descaracterizados, com grandes vitrines cheias de produtos de perfumaria ou de beleza, exceto as farmácias hospitalares que não necessitavam de nenhum desses produtos, mas que pôr sua vez perderam em muito suas características de manipulação e certos requintes, tendo em vista o advento da indústria farmacêutica em 1914, que modificou, inclusive os sistemas de distribuição de medicamentos, tanto nos próprios estabelecimentos hospitalares como nas farmácias.

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