Estamos sós

Ernesto Caruso, 25/06/2009

É a conclusão que se pode tirar das mensagens, textos e artigos assinados por militares e digressões tais, que civis e jornalistas atentos externam com empenho, alertando a Nação para o perigo que representa esse alijamento por parte dos governos e políticos e o silêncio de clausura a que se impuseram as autoridades militares, diante das desastradas decisões de um Executivo dominador, um Legislativo submisso e um Judiciário aliado

No artigo “A fantasiosa estratégia”, do Gen Ex Luiz Gonzaga S. Lessa, comentando a palestra do M. da Defesa, consta: “Foi desolador ouvir o titular da pasta, por quase 3 horas, desfiar objetivos, metas, prioridades, princípios que, longe de convencerem, despertaram inquietação e pasmo pelo seu alto conteúdo teórico, calcado em falsas premissas de democratização, subordinação do militar ao poder civil e sua efetiva retirada do processo político brasileiro, alheando-o das grandes decisões nacionais. … Na realidade, é com “forças desarmadas” que dispõe o país para a sua defesa, incapazes de se oporem com razoável grau  de sucesso a possíveis investidas inimigas, sejam elas de que origem for. A responsabilidade por esse desastroso quadro é dos políticos, tem nome e sobrenome – poder civil – que vem governando o país por mais de 20 de vinte anos e que não atribui ao segmento militar as prioridades que ele necessita.”

Outra observação: “Alguns políticos erram ao ver as Forças Armadas como um instrumento de governo e não de Estado. Por isso, buscam alijar os militares (que são apartidários) das decisões políticas e estratégicas necessárias à defesa da sociedade e do Brasil. Tal atitude prejudica o planejamento e a implementação da Estratégia Nacional de Defesa, pois representa uma regressão do pensamento estratégico no País, em face de um injusto pré-julgamento dos militares feito por maus políticos de plantão. (Gen Ex Carlos Alberto Pinto Silva, “A implementação da Estratégia Nacional de Defesa – alguns aspectos julgados relevantes – 5 Mai 09”

Em “Verás que um filho teu não foge à luta”, o Gen Ex Armando Luiz M. de Paiva Chaves não faz por menos, “Há anos se arrastam processos escandalosos de apropriação indevida de dinheiros públicos; de compra de votos e consciências de parlamentares; de licitações fraudulentas; de crimes de morte de conotação político-partidária, sem solução. … A mais alta corte põe em risco a soberania nacional, com decisão que concede continuidade a reserva indígena de grande superfície, estendida ao longo de fronteira não vivificada. …Temas como os assassinatos do prefeito de Santo André e testemunhas, os Dólares apreendidos durante a campanha para o governo de São Paulo caem no esquecimento.

O Gen Paiva Chaves mais adiante em LIVRE EMPRESA (7 Jun 09) complementa “A empresa maior, a Nação, espera ainda mais de seu cidadão-empresário. Espera que, em sua visão de futuro, não se limite à produção da riqueza, mas se preocupe, também, com a proteção dessa riqueza.

No espaço menor da segurança individual e do negócio, o empresário está atento. E no espaço maior da segurança nacional?

Segurança nacional. É uma expressão atualmente evitada, se não procrastinada, por conotações históricas e ideológicas, Mas há que ser redimida, sob risco de nos esquecermos de que é uma condição imperativa de paz, respeito, proteção da riqueza, de soberania.”

Do jornalista Carlos Chagas, “A América Latina serviria como imensa reserva de recursos naturais para exploração na medida das necessidades da superpotência, aqui se permitindo até pérfidos enclaves, no caso, as nações indígenas, verdadeiros jardins zoológicos a ser visitados por seus turistas, negando-se às populações silvícolas, mesmo com ressalvas, os benefícios da civilização.

Isso ocorre diante de nossos olhos, e por conta de parcela de nossas elites, que detém o governo. Outra motivação não teve a criação do Ministério da Defesa, contrário à tradição brasileira mas patamar fundamental para o alijamento das Forças Armadas das decisões nacionais. (Como Dissolver a Soberania Nacional, 23 Jul 00)”

Há que se lembrar que o EMFA foi desativado por interesses no retraimento, no rebaixamento e no alijamento do segmento militar dos centros de poder, exercia uma coordenação entre as Forças, onde seus representantes se reuniam, se conheciam e trocavam informações em sadia e conveniente centralização.

Tal esvaziamento do Poder Militar teve suas sementes com o advento da Nova República, miscelânea nos ministérios decorrente de compromissos Tancredo/esquerdistas/cassados, culminando com a criação do Ministério da Defesa no governo FHC. Até a mudança da designação de Gabinete Militar, criado em 1938, nos parece ter origem no subconsciente dos novos donos do poder, remanescentes da luta armada desencadeada em nome do MCI, derrotados todas as vezes que intentaram contra as instituições democráticas. Eis que em 1992, passou o GABINETE MILITAR a chamar-se CASA MILITAR e em 1999, designado Gabinete de Segurança Institucional.

A menos que haja uma virada radical, não há perspectiva de mudança, pois a continuidade com Lula ou com Dilma Roussef, não vai diminuir a perseguição aos militares, com Tarso/Vanucchi e genéricos, nem a alternativa com Serra, que nos dizeres do jornalista Ipojuca Pontes, assusta: “Mas há projeto mais perigoso, na agenda do candidato Serra: como homem público “avesso aos militares”, leia-se Exército Nacional, ele pretende, caso chegue à Presidência da República, propor a criação de Ministério da Segurança Pública. Seu entendimento, segundo propala, é de que “a União precisa estar à frente da coordenação das ações de segurança, inclusive com maior presença no controle das fronteiras”.

No Mensageiro, o jornalista Flávio Pinto Ramos exclama: “Nos Cubes Militares, militares reformados e os da reserva gritam, mostrando os graves riscos que o país enfrenta, mas as palavras deles são jogadas ao vento. Sem que a imprensa comprada cumpra o seu dever de informar, a voz da experiência não é ouvida. E o povo, coitado, perde a sua única esperança.” (Circo dos horrores)

Do empresário e professor Marco Antonio Santos, uma interessante conclusão:

“Os políticos ainda não perceberam que o risco é infinitamente menor quando eles estão equipados com as melhores armas e idéias que a Nação puder lhes dar, conforme, sabiamente, profetizou o General Douglas MacArthur. São preparados para sobreviver na adversidade. Alimentam-se da fé em suas crenças. Não pedem muito, apenas o mínimo — o respeito —, sem humilhações.

O perigo existirá quando acreditarem que estão por si sós…”

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