Conselho Regional de Medicina reprova 61% em exame de universitários em SP

O problema básico é a política das faculdades de medicina que não formam mais médicos, servindo apenas como “cursinhos preparatórios” para os exames de residência médica. Não se formam mais médicos como antigamente, quando o indivíduo saía da escola dominando todas as especialidades, da anestesia até a dermatologia, passando pela cardiologia, neurologia, hematologia, oncologia e outras áreas mais complexas. Atualmente ensinam apenas o básico do básico, deixando a formação profissional para a residência médica.

Bruno Aragaki
Em São Paulo

Em 2008, foram reprovados 61% dos participantes do exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), aplicado aos futuros médicos que cursam o sexto – e último – ano da faculdade. Os resultados do exame foram divulgados nesta quarta-feira (5).

Apesar da reprovação, esses alunos poderão ingressar no mercado de trabalho e exercer a profissão normalmente, já que o exame é facultativo.

“As faculdades estão formando médicos que não sabem o básico”, diz Bráulio Luna Filho, coordenador do exame no Cremesp. Para ele, o exame deveria ser obrigatório para os médicos recém-formados – de maneira similar ao exame de ordem da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para os estudantes de direito.

“O problema é que as universidades, mesmo as consideradas melhores, não sabem avaliar cientificamente os alunos. Basta ser bonzinho, não faltar às aulas, que você passa”, critica Luna.

Participaram da avaliação 679 dos 2.300 estudantes de medicina que se formam por ano no Estado de São Paulo – 30% do total. Desses, apenas 262 acertaram 60% dos testes que compõem a primeira fase do exame, requisito para ser aprovado à segunda fase do exame.

É a primeira vez nestes quatro anos de aplicação da prova, que o número de reprovados supera o de aprovados. Em 2005, quando o Cremesp lançou o exame, 31% dos estudantes foram considerados inaptos para exercer a medicina.

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