Remédios para colesterol reduzem inflamações da gengiva, comprova estudo

O uso um fármaco desenvolvido para um fim específico, no tratamento de outro sintoma ou doença, se chama “uso off label”.

O cientistas ainda não recomendam que as doenças de gengiva sejam tratadas com estatinasO cientistas ainda não recomendam que as doenças de gengiva sejam tratadas com estatinas

É comum uma substância ser desenvolvida para uma doença e acabar tendo efeito sobre outra. Um exemplo disso é o sildenafil (Viagra(R)), que foi sintetizado e indicado para distúrbios da ereção masculina, mas tem efeito na hipertensão pulmonar maligna da recém-nascida. Um medicamento desenvolvido para tratamento de disfunção erétil, que é doença de homem idoso, usado no tratamento de uma patologia que é mortal em recém-natos do sexo feminino.

As estatinas, normalmente usadas para controlar o colesterol, talvez tenham um efeito colateral benéfico: reduzir as inflamações da gengiva ou periodontite. Quase metade dos americanos em idade adulta tem periodontite, e a doença constitui um fator de risco conhecido da arteriosclerose ou o acúmulo de placas nas artérias.

No experimento randomizado envolvendo 83 pessoas com doenças cardíacas ou com um risco alto de desenvolver tais doenças, os pesquisadores determinaram que parte do grupo tomasse atorvastatina (Lipitor ou um genérico), na dosagem de 80 mg, e a outra parte tomasse o mesmo medicamento na dosagem de 10 mg, durante 12 semanas.

Os médicos utilizaram exames de tomografia computadorizada e tomografia por emissão de pósitrons (PET) para avaliar a existência de doenças periodontais ou de inflamação nas artérias no início e ao término do estudo.

Segundo o estudo, ocorreu uma redução significativa das inflações de gengiva entre os pacientes que tomaram 80 mg em comparação ao grupo que tomou a dosagem menor. As diferenças foram maiores entre as pessoas que tinham inflamações de gengiva mais graves no início do estudo e ocorreram correlações entre alterações na inflação da gengiva e alterações na inflamação das arteriais.

“É surpreendente o efeito identificado recentemente”, afirmou o Dr. Ahmed Tawakol, autor sênior do estudo e co-diretor do programa MR-PET-CT da Universidade Harvard.

No entanto, o cientista recomenda que as doenças de gengiva não sejam tratadas com estatinas. “Primeiro precisamos realizar experimentos randomizados extensos para verificar a eficácia clínica e depois se vale a pena em termos de custo. Esse é um estudo de prova de conceito.”

A pesquisa foi financiada pela empresa farmacêutica Merck e publicada no periódico The Journal of the American College of Cardiology.

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