Os bárbaros habitavam inicialmente as terras situadas além dos limites do Império Romano. Dividiam-se em numerosos povos, dos quais os mais importantes foram os germanos.
Os germanos habitavam as terras do norte do Império Romano e, apesar de não formarem uma nação, estavam unidos pela língua, costumes, religião e origem comum. Eram extremamente belicosos. Combatiam permanentemente, muitas vezes à vista da mulher e dos filhos. Guerreavam entoando um canto, que aumentava de volume até tornar-se ensurdecedor. Acreditavam que após a morte ganhariam o céu (Valhala), onde continuariam a combater eternamente.
Os germanos tinham estatura elevada, pele alva, cabelos ruivos e olhos azuis. Cultivavam a lealdade e a vida simples, sendo, em seus acampamentos, bastante hospitaleiros. Eram nômades, deslocando-se continuamente com suas famílias em carros de bois. Algumas vezes se fixaram em certos territórios como agricultores.
Nos primeiros tempos da a nossa Era, os bárbaros estiveram contidos pelas legiões romanas, além das fronteiras do Império. Aos poucos, porém, já no século III, começou a penetração bárbara nas fronteiras romanas. A princípio pacífica (agricultores e pastores que ganhavam terras para cultivar; soldados mercenários para defender Roma), e depois violenta.
Essa fase foi a das grandes invasões. Sua causa parece ter sido a expansão chinesa para oeste, o que levou os hunos a avançarem sobre as terras dos bárbaros acampados nas planícies da Ásia Ocidental e da Europa do Norte. Fugindo dos hunos, milhões de bárbaros de várias origens precipitaram-se sobre as então frágeis defesas do Império Romano, terminando por destruí-lo por completo.
O antigo Império Romano foi dividido em numerosas áreas, ocupadas por diferentes povos, que se cruzaram com a população romana. Lentamente surgiram novos reinos, onde se misturavam, pacificamente, costumes, leis e tradições. Esses reinos deram origem, já no fim da Idade Média, a grande parte das nações modernas da Europa.
De todos os povos bárbaros, o único que conseguiu estabelecer um reino com duração relativamente longa foram os francos. Quando do ataque de Átila ao território romano, um dos chefes francos, Meroveu, destacou-se pela luta ao lado de Roma. Meroveu foi o fundador da dinastia Merovíngia. Mais tarde, seu neto Clóvis estabeleceu as bases do reino franco, aceitando o cristianismo e algumas tradições romanas.
Travando lutas contra os alamanos, Clóvis consegue estabelecer sua autoridade sobre grande parte do território gaulês. Abraçando a religião de sua mulher Clotilde, após uma difícil vitória na batalha de Tolbiac (496), Clóvis foi batizado pelo bispo de Reims, São Remígio.
Depois da morte de Clóvis, a dinastia Merovíngia entra em decadência. Seus sucessores, conhecidos por reis indolentes, preocupavam-se apenas com os prazeres, delegando poderes a seus prefeitos de palácio, para os negócios de Estado e da guerra. Graças a isso, enquanto o rei descansava, um prefeito de palácio, Carlos Martel, enfrentava os árabes que, após dominarem a Península Ibérica, avançavam sobre a França. Carlos Martel derrota os árabes em Poitiers, salvando o resto da Europa do domínio muçulmano.
O filho de Carlos Martel, Pepino o Breve, de prefeito de palácio foi feito rei dos francos, através de um golpe de estado que depôs o último rei merovíngio, Childerico III. Começa a dinastia dos Carolíngios.
O maior dos Carolíngios foi Carlos Magno, filho de Pepino o Breve. Seu reinado, de quase meio século, caracterizou-se pela defesa intransigente da Igreja, por cuja causa lutou durante toda a sua vida. Travou 54 campanhas militares, a maioria das quais bem sucedida. O próprio Papa Leão III esteve refugiado na corte de Carlos Magno, após sua expulsão de Roma. Carlos Magno confirmou a doação à Igreja da parte central da Itália, feita por seu pai, expulsando dali os lombardos.
Graças às lutas que travou, conseguiu pacificar as fronteiras de seu reino, além de alargá-las progressivamente. Sua proteção à Igreja granjeou-lhe a simpatia dos papas e bispos. No ano 800, quando orava durante o Natal, foi coroado sem o esperar: “o grande e pacífico imperador dos romanos”. Isso o fazia sucessor dos grandes imperadores de Roma, e restabelecia o Império Romano do Ocidente.
Apesar de quase analfabeto, Carlos Magno prestigiou a cultura. Em seu palácio foi estabelecida uma escola – a palatina – onde sábios como Alcuíno, historiadores como Eginhard e vários poetas e estudiosos davam a força do seu saber. Muitos manuscritos preciosos foram escritos por pacientes copistas, embelezados por ricas iluminuras, trazendo até nós a ciência e a cultura da época.
O prestígio de Carlos Magno ultrapassou as fronteiras de seu reino e chegou à longínqua Bagdá, de onde o célebre Califa Harum-al-Rachid (o das “Mil e uma Noites”) enviou-lhe ricos presentes, entre os quais um elefante, um relógio de água (que batia as horas – novidade na Europa de então), uma rica tenda de campanha, além de macacos e especiarias.
Depois da morte de Carlos Magno (814) em Aquisgran (ou Aix-la Chapelle), o reino dos francos entrou em decadência. Luís, o Piedoso, seu filho, sem as qualidades paternas, resistiu como pôde às invasões dos normandos, que acabaram ocupando parte de seu território. Ao morrer, o reino foi dividido por seus três filhos, que, entretanto, passaram a lutar entre si pelas terras. Pelo Tratado de Verdun (843), Luís o Germânico, ficou com as terras do Leste do rio Reno (Germânia); Carlos o Calvo possuiu a França; a Lotário coube o Norte da Itália e estreita faixa de terra dos Alpes até a foz do Reno.
Após o Tratado de Verdum, as lutas entre os sucessores de Carlos Magno continuaram. Disso se aproveitaram seus inimigos. Em 911 reinou o último dos carolíngios da Germânia. Na França, a decadência carolíngia levou os nobres à eleição do rei Hugo Capeto (987), que inaugurou a dinastia dos Capetíngios. Essa dinastia durou na França mais de 800 anos, tendo-se extinguido no ano de 1792 com a Revolução Francesa.