A Arábia é uma vasta península situada no extremo sudoeste da Ásia, entre o Mar Vermelho, o Oceano Índico e o Golfo Pérsico. Suas terras são desertas em 4/5 de sua extensão (quase 3 milhões de quilômetros). A área mais povoada é a do sudeste, onde, no sétimo século, destacavam-se duas cidades: Meca (ou Makka) e Iatreb (ou Yatrib).
Meca era a cidade santa dos árabes, aonde iam em peregrinação pelo menos uma vez na vida. À exceção dos habitantes dos oásis e das zonas mais favoráveis, onde viviam os sedentários, o povo da Arábia era nômade. Criavam camelos e viajavam em caravanas para a Síria, Palestina e regiões vizinhas. Eram desunidos, formando tribos muitas vezes rivais. Religiosamente idólatras, adoravam paus e pedras, aos quais atribuíam poderem sobrenaturais.
Sua cultura era bastante rude. Seu espírito contraditório. Leais à palavra empenhada, valentes em combate, supersticiosos, inteligentes e hospitaleiros, cruéis e generosos.
Em 570 do Calendário Juliano (calendário solar criado por ordem do Ditador Perpétuo de Roma, Júlio César e que jamais foi coroado Imperador de Roma, mas sim Ditador Perpétuo de Roma, título que ele recebeu pouco antes de ser assassinado pela corruptela liderada pelo seu filho adotivo chamado Bruthus) e que serviu de base para o Calendário Gregoriano “criado” pelo Papa Gregório IX que baseou-se no nascimento de Jesus Cristo como ano I desse calendário), nasceu em Meca (ou Makka) uma criança que iria transformar a Arábia e grande parte do mundo. Seu nome: Maomé ou MOHAMAD, como se diz na língua árabe. Pertencia à família dos Coreichitas, privilegiada por guardar e conservar o templo sagrado dos Árabes, a Caaba. Esta era uma casa cúbica, coberta com um véu negro, onde se guardavam 360 ídolos e mais uma pedra negra, considerada sagrada e cuja lenda consta do seguinte: “quando caiu sobre a terra, enviada por Deus, ela era branca como a neve, mas acabou escurecendo e enegrecendo devido aos pecados dos homens”.
Tendo perdido os pais ainda pequeno, Maomé foi criado pelo seu tio, Abu-Beckr (ou Abu-Bekre). Cedo tornou-se caravaneiro, trabalhando para sua prima Cadidja, rica viúva, que mais tarde fez sua esposa. Nas viagens que realizava pela Síria e Palestina, Maomé entrou em contato com judeus e cristãos e com suas idéias religiosas.
Após seu casamento com Cadidja, Maomé, enriquecido, deixou de trabalhar e dedicou-se à meditação. Retirava-se às montanhas para orar e de lá voltava dizendo ter tido visões nas quais o anjo Gabriel lhe ordenava pregar a verdadeira religião a seus semelhantes.
Resolvido a cumprir sua missão, Maomé começa convertendo seus parentes. Primeiramente Cadidja, seus filhos e genro. Abu-Bekre e sua segunda esposa, Aicha. A seguir resolve pregar em praça pública. Falando com veemência contra a religião de seus semelhantes, provoca neles grande revolta. Para salvar-se e à sua família, resolve fugir de Meca para Iatreb, que a partir de então passa a chamar-se Medina ou Madina, que significa Cidade do Profeta.
Tal fato ocorreu em 622 e ficou conhecido como a Hégira (ou a retirada, segundo tradução dos historiadores ocidentais). Em Medina Maomé continua sua pregações. Pouco a pouco vai conquistando mais adeptos, até que consegue unir a cidade sob sua liderança.
Apesar de analfabeto, ditava os mandamentos de sua religião (Islã – ou submissão à vontade de Deus) a seus secretários, que os registravam. Depois de reunidos, formaram o Corão (ou Alcorão Sagrado) que são as leituras, e a Suna (as tradições) em cujo livro Maomé coloca suas instruções e ensinamentos pessoais, como não comer carne de porco, jejuar nos tempos prescritos pela fé, normas de higiene, e muitas outras instruções, algumas das quais inspiradas no Código de Hamurabi, do qual é famosa a Lei do Talião, ou “olho por olho, dente por dente”). Em 630, oito anos após sua expulsão de Meca, Maomé volta à frente de numerosos guerreiros e destrói os ídolos da Caaba, respeitando apenas a Pedra Negra.
Ao morrer Maomé, em 632, toda a Arábia estava unida religiosa e politicamente. Entre os mandamentos do Islã, estava o da guerra santa aos infiéis (não está no Alcorão, mas sim na Suna). Prometendo o céu àqueles que tombassem na luta em defesa da propagação da fé, Maomé conseguia de seus soldados uma combatividade extraordinária. O guerreiro árabe não temia a morte. Para ele, era o maior prêmio que poderia almejar um islamita.
Morto Maomé, seguem-lhe os califas ou sucessores. Foram os califas que iniciaram a formação do Império Árabe. Abu-Bekre, Omar e Otmã foram os primeiros eleitos pelos fiéis, com a capital em Meca. Mais tarde, o califado tornou-se hereditário, surgindo as dinastias dos Omíadas, sediada em Damasco e dos Abássidas, sediados em Bagdá.
Omar foi um grande conquistador. Sob seu governo, os Árabes terminam a ocupação da Síria e da Palestina (até então províncias do Império Romano do Oriente). A seguir tomam a Pérsia e a Mesopotâmia. Depois avançam para o Egito. Na luta pela tomada de Alexandria, incendeia-se a famosa biblioteca edificada por Alexandre, o Grande. Contam alguns historiadores abalizados que grande parte do acervo da biblioteca, aproximadamente umas 500 mil peças literárias em pergaminhos foram queimadas em caldeiras para esquentar água de banho dos generais e o restante foi destruído durante uma das cruzadas cristãs. Os Árabes fundam a cidade do Cairo, atual capital do Egito. Do Egito dirigem-se para oeste e avançam pela Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos. O general Tárik transpõe o estreito que separa a África da Europa e pisa solo ibérico. A partir dessa época, tal estreito para a chamar-se Gibraltar, que traduz-se por Montanha de Tárik.
A Espanha estava ocupada pelos Visigodos. Os árabes derrotam-nos (711). Somente o norte da península (Astúrias) consegue impedir o total domínio árabe. Ali se refugiam os cristãos que, sete séculos mais tarde, conseguiram retomar a península dos muçulmanos. Não satisfeitos em dominar quase toda a península ibérica, os árabes ultrapassam os Pirineus e avançam pela Gália (atual França). Lá, porém, são rechaçados pelas tropas de Carlos Martel vencedor da Batalha de Poitiers (732) que os obriga a recuar para o território da Espanha.
A esses tempos os árabes eram donos de um vastíssimo império, que ia do atual Portugal até o sul do Himalaia, na Ásia, através do norte da África. A grandeza desse império era demasiada. Logo foi ele desmembrado formando os califados de Bagdá, de Córdoba, de Damasco e do Cairo. O mais famoso califa talvez tenha sido o de Bagdá - Harum – Al – Rachid – imortalizado nas lendas das “Mil e Uma Noites”.
O Profeta Mohamad deixou a seus seguidores uma doutrina simples e clara. Só um Deus: Alá. Seu verdadeiro profeta: Maomé. O Juízo Final, quando os homens serão julgados. A Predestinação; a Ressurreição dos mortos, para o prêmio ou o castigo eterno. Para fazer jus ao gozo do paraíso, o bom muçulmano deveria: orar várias vezes ao dia, prostrados com a face ao solo e voltado em direção à Meca; jejuar nas épocas determinadas pela fé; peregrinar a Meca, pelo menos uma vez na vida; dar esmolas; converter os infiéis, se necessário, pela guerra santa; perdoar as injúrias; praticar a caridade; não cometer adultério, roubo, homicídio; não comer carne de porco; não beber vinho e não jogar.
Famoso califa (786-809), piedoso e extraordinariamente combativo. Celebrizou-se por sua corte faustosa e pela sua generosidade. Foi grande admirador de Carlos Magno, a quem presenteou, enviando rica embaixada à sua corte.
Os árabes deram extraordinária contribuição à civilização. Foram elementos de ligação entre o Oriente e o Ocidente. Divulgaram na Europa o uso da pólvora, da bússola, do papel de trapo e dos algarismos. Deixaram notáveis obras de arquitetura com belíssimos arcos e colunas delgadas, decorados com finos mosaicos. Produziram notáveis decorações com “arabescos” complicados. Embora fossem proibidos de representar a figura humana, extravasaram seu poder criador pintando folhas e formas geométricas. Foram notáveis matemáticos e produziram excelentes alquimistas, estes obtendo sucesso na expansão das ciências alquímicas graças ao voto de confiança incondicional que deram à alquimia desde o início da formação da nação árabe. Sobressaíram-se também grandes filósofos, escritores, músicos e psicólogos, especialmente os últimos, pois o primeiro nosocômio para tratamento de enfermos mentais foi fundado em Bagdá. Sua influência até hoje se faz presente nas culturas espanhola e portuguesa, por força da ocupação da Península Ibérica por vários séculos.
Com a formação da nação Árabe, a farmácia passou a contar com esses novos aliados que se revelaram desde o início seus maiores entusiastas e defensores fieis e leais, exercendo uma efetiva e marcante participação no estabelecimento da FARMÁCIA como ciência e como profissão. Foram eles quem primeiramente fizeram a separação da farmácia da medicina e deram os primeiros passos na direção de uma ciência autônoma, séria, estritamente científica e atuante.
A primeira Farmácia Pública de que se tem notícia foi fundada em Bagdá, pôr ordem do Califa ALIMAZUR, no ano de 776.D.C.
Além da primeira farmácia pública, os muçulmanos criaram ainda o primeiro Nosocômio (casa de Doentes) específico para o tratamento dos doentes mentais, na cidade de Bagdá por volta do ano 705d.C., no qual dispensavam um tratamento relativamente humanitário ao enfermo. Nesse mesmo nosocômio, destacou-se, pelos idos do ano 865d.C., um de seus chefes, um homem chamado RAZÉS, cuja propedêutica combinava uma causa orgânica para a doença mental com métodos psicológicos de tratamento.
Os maometanos tomaram numerosos sábios Sírios e Persas sob sua proteção e nessas condições foram estruturando-se as primeiras bases da química e da farmacologia, ainda confundidas com o misticismo e a astrologia.
A Arábia é uma península de forma quadrangular, situada entre o mar Vermelho, o Golfo Pérsico e o mar Mediterrâneo. Seus 3 milhões de quilômetros quadrados são dominados pelo deserto, onde o vento levanta negras nuvens que chegam a ocultar o Sol. São raríssimos os rios que conseguem vencer a areia e formar alguns oásis.
Os árabes, segundo a tradição, são descendentes de Ismael, filho de Abraão. Até o século VI estavam divididos em sedentários e nômades – grupos rivais que freqüentemente se combatiam. Organizados em tribos, preocupados com o aumento da família como forma da sobrevivência do grupo, os árabes tinham hábitos rudes e pouco refinados. Em matéria religiosa eram fetichistas, em sua maioria, adorando paus e pedras que encontravam em suas peregrinações pelo deserto. Algumas tribos, graças a viagens que realizavam periodicamente à Palestina, haviam-se convertido ao Judaísmo ou ao Cristianismo. O centro religioso da maioria era Meca, a cidade santa, onde ao centro da praça principal ficava a Caaba – templo de forma cúbica, sempre coberto com um véu negro.
Na Caaba, além da pedra negra – seu principal objeto de adoração, estavam numerosas outras, que eram procuradas pelos árabes em suas periódicas peregrinações a Meca. Ao redor da praça da Caaba desenvolveu-se próspero comércio, especializado na prestação de serviços aos peregrinos.
Além de atender aos visitantes da cidade santa, os mercadores de Meca dedicavam-se a outras lucrativas atividades. Uma delas era o mercado de escravos, camelos e mulheres. As famílias que viviam desse próspero negócio iriam resistir, naturalmente, à reforma religiosa tentada, a partir do ano 611, pelo profeta de Alá, também conhecido por Maomé.
Após a morte de Maomé, em 632, os árabes haviam conquistado sua unidade política e religiosa. Além disso tinham um importante dever a cumprir, deixado pelo Profeta, que era o de levar todos os infiéis a curvarem-se diante de Alá. Profundamente conscientes de sua fé e de seus deveres, os sucessores de Maomé (Califas) empreenderam a conquista das regiões vizinhas, espalhando a fé islamita, enquanto anexavam territórios e entesouravam riquezas dos povos vencidos.
Entre as regiões conquistadas estava a Palestina, a Síria, a Pérsia, o Egito e quase todo o norte da África. No ano de 711, partindo da África, cruzam o estreito de Gibraltar e desembarcam na Espanha. Ali vencem os Visigodos, até então senhores de grande parte da Península Ibérica. Estabelecem na Espanha uma sólida base, que iria resistir por muito tempo à reconquista por parte dos cristãos (só completada ao tempo dos reis católicos, já na Idade Moderna).
Partindo da Espanha, os árabes tentam penetrar na França, transpondo os Pirineus. São batidos na célebre batalha de Poitiers (732), pelas tropas de Carlos Martel, que estabelecem o limite máximo da ocupação árabe, naquele ponto do território europeu.
Até 750 governava os árabes a dinastia dos Omiadas. Nesse ano, Abul-Abas estabelece a dinastia dos Abássidas, que passa a ter sua sede em Bagdá. Ali ficaram célebres seus sucessores pelo luxo de suas cortes e pela suntuosidade de seus palácios. Apesar das divisões que sucessivamente irão desmembrar o imenso Império Árabe, sua grandiosidade pode ser avaliada pela extensão do território: do rio Indo ao Atlântico; do Cáucaso ao Saara.
A expansão árabe e a segurança dos califas obrigaram-nos a manter poderosas tropas formadas por aguerridos soldados. Em Bagdá chegou a haver um exército regular de 50 mil homens, que recebiam soldo e participavam do produto das pilhagens contra os povos vencidos. Mais tarde, precisando de soldados mais disciplinados, os califas substituíram os jovens árabes pelos turcos, que passaram a servi-los como mercenários.
Nestas épocas se pode encontrar, entre outros: AVICENA (980-1037d.C), um diplomata, filósofo e poeta persa, cognominado o Galeno Persa, deu contribuição às ciências farmacêuticas, chegando a montar uma botica dentro de sua própria casa, onde atendia os necessitados, e ainda, podem ser encontrados muitos outros grandes cientistas e alquimistas anônimos que, mesmo na condição de meros anônimos ou coadjuvantes, deram grandes contribuições às ciências farmacêuticas.
Com a invasão expansionista sarracena da península ibérica, fundaram-se as Universidades, como a de Córdoba, transformando-se estas, em centros importantíssimos de difusão da cultura greco-asiática da qual os muçulmanos eram depositários e, com isso, a farmácia ganhou enorme impulso com os ALQUIMISTAS que passaram a ser formados nestas universidades Sarracenas, trazendo enormes conhecimentos e avanços na preparação de xaropes medicinais e pílulas e ainda, em busca da pedra filosofal (que transformaria tudo o que tocasse em ouro e cuja busca da Pedra Filosofal começou com Zoroastro, também chamado de Zaratustra, lá na Babilônia antiga.) e do elixir da longa vida (que tornaria os homens imortais ou pelo menos mais longevos, também idealizado por Zoroastro), foram descobrindo e produzindo novos compostos químicos, novas drogas e, apesar de toda a perseguição deflagrada contra eles pela Igreja Católica pôr suspeitas de bruxaria, eles lançaram as bases da Farmácia Moderna. Esses homens deixaram um modelo de perseverança, de dedicação, devoção e doação de si mesmos, pois deram suas vidas em nome das CIÊNCIAS ALQUÍMICAS. Muitos acabaram queimados em fogueiras como bruxos, não pôr processos da Santa Inquisição, pois esta ainda não existia na Idade Média, mas sim pelo temor que assolava todos os homens de então, temores estes impostos pelo pensamento religioso da época, predominantemente impositivo, despótico e teocrático e que era seguido à risca pôr plebeus, nobres, fidalgos, vassalos, reis, enfim, pôr todos os homens, mulheres e crianças que faziam exatamente o que o Clero ordenava “em nome de DEUS.” Até guerra fizeram em nome do CRIADOR, as famosas CRUZADAS que acabaram pôr facilitar a difusão da ALQUIMIA pelo mundo medieval.