A Grécia é uma das penínsulas da Europa situada no Mediterrâneo Oriental. Seu litoral é muito recortado, dando origem a numerosos golfos, baías e cabos. Isso veio a beneficiar os povos navegadores que nela habitaram, oferecendo-lhes muitos portos naturais. As ilhas são também bastante numerosas. O solo do país é pouco fértil, mas o clima é bastante saudável.
Os primeiros povos que habitaram a Grécia foram os Pelásgios, que refletiam na sua cultura influências dos fenícios, egípcios e cretenses. A partir do século XIV a.C., a península passou a sofrer sucessivas invasões de povos arianos. A primeira foi a do Aqueus. Povo combativo, dominou os naturais e destruiu o império cretense. Destes procurou imitar a civilização. Suas cidades mais notáveis foram Micenas e Tirinto.
Outros povos ocuparam, mais tarde, a península: os Eólios (pouco depois dos Aqueus); os Dórios e os Jônios. Os dois últimos chegaram no século XII e vieram a formar as duas mais notáveis cidades da península: Esparta (Dórios) e Atenas (Jônios).
Os antigos gregos chamavam-se Helenos e o seu país, a Hélade. Desconhecendo sua verdadeira origem, procuravam explicá-la através de lendas e mitos. Os criadores e protetores dos helenos eram os deuses e os heróis, cultuados respeitosamente devido a seus poderes e às proezas realizadas. Até o século VIII a.C., o que se sabe da vida dos helenos é através da “Ilíada” e da “Odisséia” – poemas de Homero que narram a guerra de Tróia e a volta do herói Ulisses a seu reino. Essa fase da história grega é conhecida por “Tempos Heróicos” ou “Tempos Homéricos”.
A partir do século VIII a.C., a história grega torna-se mais clara. Obrigados, pela pobreza do solo, a emigrar, fundam colônias na Ásia Menor e na Magna Grécia (sul da Itália e Sicília). Tirando partido de seu litoral recortado e rico em portos naturais, desenvolvem numerosas cidades, entre as quais Atenas, Esparta, Tebas, Corinto, Olímpia, Argos e Platéia. Tornam-se um povo de arrojados navegadores, substituindo os fenícios e os cretenses na tarefa de ligar, pelo comércio, os povos mediterrâneos.
Do VI ao IV séculos a.C. a Grécia alcança o apogeu de sua cultura. É a fase de maior desenvolvimento de suas principais cidades, Atenas e Esparta. É a época das guerras greco-pérsicas e da guerra civil do Peloponeso. Do século III para diante a Grécia é invadida pela Macedônia e, mais tarde, pelos romanos. Finda sua história como povo independente. Sua cultura, porém, passa a fazer parte dos povos conquistadores, que a espalham por todo o mundo antigo. É a Helenização, que chegou até nós, influindo nas artes, no esporte, na língua e nas ciências.
Apesar de sua origem comum e a pequenez de seu território, o povo grego jamais esteve todo unido. As poucas uniões surgidas foram de algumas cidades e de duração efêmera. Suas próprias cidades quase sempre estavam em luta, mantendo rivalidades constantes. Eram cidades – estado, cada uma independente e senhora de seus destinos. Com leis, tradições, costumes, deuses e heróis particulares.
As mais notáveis cidades gregas foram Esparta e Atenas. Esparta, situada na Lacônia, celebrizou-se por sua vida totalmente voltada para o militarismo. Ao contrário das demais, não tinha muralhas. Sua proteção, dizia-se, estava no peito de seus soldados. Dos 7 aos 60 anos o homem era um soldado em Esparta, aprendendo a rude vida dos quartéis e dos acampamentos militares. Por isso mesmo, o espartano era o mais respeitado dos soldados helênicos.
Atenas, situada na Ática, era uma cidade de comerciantes e navegadores. Preocupava-se com a cultura e nela sempre foram bem acolhidos os artistas, escritores e filósofos. Embora não desdenhasse a arte militar, ela não era o ideal de Atenas. Graças às suas aspirações culturais, Atenas passou à história como um centro de arte e beleza, imortalizada nos seus templos, estatuárias e peças literárias.
No ano 500 a.C., as colônias gregas da Ásia Menor haviam caído em poder dos persas. Era o expansionismo de Dario I para o Ocidente. Uma das colônias, Mileto, revolta-se contra Dario I, recusando submissão. Foi ajudada por Atenas, mas apesar disso, derrotada. Esse incidente levantou a ira dos persas contra os gregos. Dario I jura vingança e prepara-se para invadir a Grécia.
A primeira tentativa persa de invasão da Grécia malogrou por causa de uma tempestade. A seguir grande exército desembarca próximo de Atenas, na planície de Maratona. Os gregos estão em minoria (9 mil atenienses e mil plateenses). Mesmo assim, sob as ordens de Milcíades, os dez mil gregos investem contra o invasor, pondo-o em fuga (490 a.C.). Vencidos, os persas regressam em seus navios para sua pátria.
Morto Dario I, Xerxes, seu filho e sucessor, reorganiza seus exércitos. Com a maior força militar até então vista, os persas pretendiam liquidar com a Grécia. Grande esquadra repleta de provisões e poderoso exército invadem a Grécia, conseguindo vitórias sobre algumas cidades.
No desfiladeiro das Termópilas, por onde deveriam passar os persas, Leônidas, rei de Esparta, com 300 soldados de sua cidade resistiu até a morte aos milhares de invasores.
A seguir Xerxes ataca Atenas. O saque e a destruição quase arrasam a bela cidade. O templo de Minerva foi incendiado.
No mar, porém, a esquadra ateniense (300 navios altos, com 3 filas de remadores e um esporão na proa) põe a pique a esquadra persa, formada de navios grandes e pesados. Derrotados pela segunda vez, os persas retiram-se (Salamina – 480 a.C.).
Prevendo outro ataque dos persas, Aristides sugere e Atenas organiza uma aliança dos gregos. As cidades aliadas deveriam contribuir com ouro, armas e navios para, no caso de novo ataque, os gregos estarem prevenidos e fortes. Chamou-se a “Liga de Delos”, porque o tesouro ficava depositado no templo de Apolo, naquela ilha. Esparta não quis fazer parte desta liga.
Novas batalhas são travadas entre gregos e persas até que Cimon, filho de Milcíades, destrói por completo a frota inimiga. Os persas são expulsos do mar Egeu e as colônias gregas da Ásia Menor reconquistam sua independência. O fim da guerra faz Atenas tornar-se a principal cidade grega.
Estamos no século V, o do apogeu da Grécia. Este é também chamado de Século de Péricles – estadista que governou Atenas com rara sabedoria. Foi sincero democrata, amigo das artes e das letras, grande orador e hábil político. Sob seu governo, Atenas embelezou-se construindo os magníficos templos de sua Acrópole. Foi a época de Fídias, construtor do Partenon, escultor de várias estatuetas de ouro, de marfim, de mármore, que maravilharam os visitantes. Além de Fídias, escultor, foram contemporâneos de Péricles: o poeta Píndaro, os teatrólogos Aristófanes, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, o filósofo Sócrates, os historiadores Tucídides e Heródoto e o médico Hipócrates, considerado o Pai da Medicina.
Tão grande esplendor de Atenas levantaria a inveja de suas rivais, especialmente Esparta. Também havia ressentimentos contra Atenas da parte das cidades – membros da Liga de Delos, que acusavam Péricles de desviar recursos da Liga para embelezar Atenas. Pequeno incidente bastou para dar origem à mais longa das guerras travadas entre os gregos – a do Peloponeso.
Essa guerra teve início com a invasão da Ática pelas tropas espartanas, apoiadas pela maioria das cidades gregas. Os refugiados da Ática concentraram-se em Atenas, fugindo dos invasores. Pelo mar, os atenienses revidaram, atacando Esparta e seus aliados do Peloponeso.
Uma peste assola Atenas, fazendo milhares de vítimas, entre as quais o próprio Péricles. A luta prossegue, sem definição, até que é celebrado o Tratado de Nícias, que previa uma paz por 50 anos entre Esparta e Atenas.
Essa paz foi perturbada pelos maus conselhos de um ambicioso ateniense – Alcebíades. Pretendia ele o ataque à cidade de Siracusa, situada na Magna Grécia, aliada de Esparta. Lá havia muito trigo, que seria trazido para Atenas, onde era escasso. Grande frota ateniense é preparada para o ataque a Siracusa. Alcebíades, porém, fugindo à acusação de ter profanado as estátuas do deus Hermes, busca abrigo em Esparta, onde trai sua pátria, revelando o segredo do ataque a Siracusa.
Os atenienses são recebidos na Sicília por poderosa frota espartana, que os derrota (413 a.C.). Novos combates travam-se entre as duas cidades. Esparta, ajudada pelos persas que lhe enviam ouro, reconstrui sua frota. Em Egos Pótamos, Lisandro destrói definitivamente a força naval ateniense. Em 404 a.C. Atenas, depois de ficar sitiada e sem alimentos, rende-se. Esparta torna-se a cidade líder da Grécia.
Durante a fase de hegemonia espartana, as cidades gregas são submetidas a governos aristocráticos, muitas vezes despóticos, que se mantinham no poder graças ao apoio das tropas. Até mesmo Atenas sofreu este regime. Entre as arbitrariedades cometidas, conta-se a condenação à morte do filósofo Sócrates – acusado de corromper a mocidade com suas idéias filosóficas.
Esparta, pressentindo a decadência da Pérsia, procura invadir seu território, pretendendo submetê-la. Os persas, porém, exploram os ressentimentos das cidades gregas contra os espartanos. Oferecendo-lhes farto ouro, conseguem a organização de uma coligação de cidades gregas contra Esparta. Agesilau, rei de Esparta, consente em assinar um tratado de paz com os persas, entregando-lhes as colônias da Ásia Menor. Perdiam os gregos os esforços das guerras greco-pérsicas.
Desrespeitando o compromisso de não violar a autonomia das cidades gregas, os espartanos invadem Tebas. Dois grandes tebanos, Pelópidas e Epaminondas organizam a resistência. Em Leuctras (371 a.C.) um pequeno exército tebano consegue vencer os outrora poderosos espartanos. A Lacônia é invadida pelas tropas de Tebas. A cidade da Beócia é a nova líder da Grécia.
Ao fim de tantos combates, os gregos estão exaustos. Nenhuma suas cidades consegue impor-se definitivamente às demais. Esgotados, divididos, enfraquecidos, os helenos encontram-se em via de perder sua existência autônoma para cair em poder de outros povos. O primeiro deles será um vizinho do norte – a Macedônia.
O povo grego, formado pela mistura de peslágios, dórios, jônios. aqueus e eólios, além de outros, apesar de ocupar um território minúsculo, jamais esteve unido politicamente. Ao contrário, fundou numerosas cidades-estado, autônomas, voltada cada uma delas para seus próprios problemas. Só se associavam em períodos muito breves, quando a necessidade as unia, diante de um inimigo comum.
Esse amor à liberdade era, talvez, conseqüência, entre outros fatores, da própria geografia da Grécia. Península em forma de mão espalmada, é extraordinariamente recortada, cheia de golfos, baías, cabos, promontórios, istmos, além de montanhosa. Tudo isso levou as cidades a instalarem-se junto ao mar, em portos naturais, vivendo sua própria vida.
As cidades gregas estabeleciam-se a partir da escolha de um sítio propício, à beira mar, de preferência. Numa elevação era instalada a Acrópole, onde se edificava uma fortaleza. A seu redor, em nível mais baixo, espalhavam-se casas comerciais e de habitação, unidas por laços familiares, religiosos, políticos e econômicos.
Muitas cidades, como Atenas, estavam situadas em regiões de solo paupérrimo. A agricultura era difícil e a necessidade de sobrevivência levou o povo a tentar encontrar, no mar, parte de seu sustento. Daí a vocação dos gregos para o comércio marítimo – dignos sucessores dos fenícios.
Suas cidades, a princípio humildes, tornaram-se, com o tempo e a evolução do comércio, extraordinários centros de vida urbana, dotadas de imponentes edifícios, templos, teatros, estádios, além de elaborados sistemas de serviços públicos. O melhor exemplo disso foi a cidade de Atenas, no século de Péricles (V a.C.). Muitas delas, destruídas totalmente por guerras cruentas, renasciam esplendorosamente tempos depois, sem mostrar, sequer, a marca das feridas.
Os gregos se alimentavam, geralmente, de pão (de centeio ou trigo), vinho, legumes, frutas, verduras, carne e peixe. Cada cidade tinha o seu mercado, sempre agitado pelos comerciantes e compradores, que faziam seus negócios entre alegre alarido.
O grego se vestia muito simplesmente. A nudez era comum, especialmente nos estádios e jogos olímpicos. Geralmente, porém, vestia uma túnica leve, sobre a qual colocava um manto, preso no ombro por um colchete. Calçava sandálias de couro.
O crescimento da população e a falta de recursos para mantê-la, levou os gregos à fundação de colônias. Os eólios fundaram várias delas, a partir do estreito de Dardanelos até o norte do Mar Negro. Os jônios, Mileto, Focéia, Cólofon, Éfeso, Teos. Os dórios estabeleceram Halicarnasso e Rodes. Outras colônias gregas: Nápoles (Nea-polis ou Nova Cidade), Nice, Marselha, Ampúrias, Denia. Os gregos estabeleceram-se em pontos da atual Espanha, França, Itália, Ásia Menor e norte da África.
As principais diferenças principais entre essas duas Cidades-Estado são:
1 – O povo espartano era formado por em parte pelos dórios, que submeteram os aqueus, enquanto o ateniense era composto pelos jônios, que se fundiram com os primitivos da região.
2 – O solo de Esparta era fértil (do vale do Eurotas, no Peloponeso), enquanto o de Atenas era pobre como todo o da região da Ática.
3 – Em esparta haviam leis rigorosas criadas por Licurgo, regulando a vida do espartano do berço ao túmulo, enquanto em Atenas as leis duras criadas por Dracon, acabaram substituídas pelas de Solon, que deram uma constituição democrática ao Estado Ateniense.
4 – Esparta era um estado militarista, voltado para a guerra, enquanto Atenas era voltada para as artes, para o comércio e para a filosofia.
5 – A educação espartana visava, antes de tudo, formar excelentes guerreiros, enquanto Atenas se preocupava em formar cidadãos são de corpo e de mente.
6 – Em Esparta as crianças fracas eram sacrificadas; as fortes, a partir dos 7 anos, separadas dos pais, recebiam educação do Estado (exercícios físicos, resistência ao cansaço e à fome). Em Atenas as crianças eram educadas para o culto da beleza e do amor à pátria.
7 – A disciplina cega do guerreiro espartano foi o segredo da eficiência de seus soldados. Por outro lado, apesar de sua educação liberal o ateniense foi, também, excelente soldado.
8 – Três classes sociais em Esparta: Periécos (descendentes dos povos conquistados); ilotas (escravos do Estado) e espartanos (descendentes dos dórios conquistadores). Em Atenas também três classes sociais: escravos, estrangeiros e cidadãos.
9 – O espartano era soldado, praticamente, dos 7 aos 60 anos. O ateniense era soldado, quando necessário, para a segurança de sua pátria.
10 – A mulher recebia a mesma formação que o homem e seu patriotismo era exaltado por ser ela a responsável pela geradora de prole (filhos), futuros soldados espartanos. Em Atenas a mulher era educada de forma distinta da do homem, não possuindo direitos políticos e consideradas como máquinas de gerar filhos. Muitos historiadores e também inúmeros filósofos não tem dúvidas ao apontar o modelo ateniense de machismo como fundamento do artigo da Summa Teológica de São Thomas de Aquino onde ele diz que a mulher não temalma.
Por Que os Gregos Ganharam as Guerras Médicas?
As guerras persas (ou médicas) foram as mais longas travadas pelos gregos contra um povo estrangeiro. Começaram em 501 a.C. (com a revolta de Mileto, na Ásia Menor) e só terminaram em 387 a.C. (com a paz de Antálcidas).
A causa desse conflito foi o choque de interesses entre o expansionismo persa (para oeste) e grego (para leste) na região do litoral da Ásia Menor. Os persas haviam anexado as colônias gregas daquela região e lhes estavam impondo seu modo de vida, quando surgiu a revolta de Mileto, apoiada por Atenas.
Para vingar-se de Atenas (que havia fornecido a Mileto 20 navios e 2 mil soldados), Dario ataca a Grécia com 700 navios e 100 mil soldados. Desembarcam na planície de Maratona, a 40 km de Atenas. Pedindo, mas não obtendo o auxílio de Esparta, os atenienses têm de combater sozinhos (e mais mil soldados da vizinha cidade de Platéia), sob o comando de Milcíades. Habilmente, os gregos vencem os persas, que se retiram para a Ásia.
Dez anos depois, Xerxes, filho de Dario, ataca a Grécia com poderosíssimo exército (tinha 5 milhões de homens, sendo 2 milhões e meio de combatentes). Milhares de mulas, cavalos e camelos carregavam as armas e alimentos. No mar, 1.200 navios de guerra e 3 mil de transporte. Atenas e Esparta unem-se para enfrentar o inimigo comum. Episódios heróicos sucedem-se (como o de Leônidas e seus 300 espartanos) e a batalha de Salamina, na qual a esquadra persa é derrotada. Mais tarde os persas perdem em Platéia para os espartanos e no mar, para os atenienses (Micale). Mais uma vez os persas se retiram derrotados para o Oriente.
Os outros episódios dessa longa guerra desenvolvem-se em território persa (como o dos 10 mil gregos que combatem o rei Artaxerxes), até a vitória final dos helenos.
- O exército persa era formado por mercenários (egípcios, persas, hindus, fenícios, árabes), enquanto os gregos defendiam sua própria terra e seu modo de vida.
- Os persas vestiam pesados e desajeitados uniformes, enquanto os gregos combatiam com roupas leves.
- Os persas tinham sobre suas cabeças gorros de pano, ao invés de capacetes.
- Os gregos eram superiores em disciplina e qualidade de seus soldados, além de possuírem armas mais aperfeiçoadas, principalmente no mar.
- O terreno acidentado da Grécia favorecia a infantaria (base das forças gregas) e era difícil para as manobras da cavalaria persa.
Grécia – A Cultura
A base da organização social e política dos gregos era a família. Ela estava estabelecida sob a liderança do chefe, responsável pelo culto dos antepassados. Acreditava-se que os antepassados, quando cultuados, protegessem a família. Daí, em cada casa, existir um altar dedicado a esse mister.
As famílias descendentes de um antepassado comum, ao reunirem-se sob as ordens de um patriarca, formavam os Genos. O conjunto de Genos deu origem à fratria e a união dessas ao Demos. Nos primeiros tempos de sua história, enquanto se estruturava a sociedade grega, a vida era simples e o povo vivia da agricultura e da pequena criação.
Já pelo século VIII a.C., os Demos unem-se, dando origem à Polis. Surgem as cidades, que adotam deuses comuns a todos os seus habitantes. Também cultivam os mesmos heróis. Além do culto familiar, praticado no altar doméstico, os habitantes das cidades adoravam coletivamente os deuses da Polis. Para isso foram construídos os mais belos edifícios públicos, os templos, e esculpidas as mais belas estátuas dos deuses e heróis.
Os principais deuses gregos eram: Zeus, o maior de todos, Hermes, Ártemis, Hera, Febo, Palas, Ares, Afrodite, Hefaístos, Cronos, Poseidon, Deméter e Hestia. Os deuses habitavam o Olimpo, Monte Sagrado, onde decidiam o destino dos homens.
As cerimônias de adoração dos deuses consistiam de orações, cânticos e sacrifícios de carneiros e bois e na oferta de frutos, mel, vinho, incenso ou leite.
A cidade de Olímpia possuía importância especial no culto grego. Nela ficava o Olimpo, morada sagrada de Zeus e sua corte de deuses. Ali se realizavam, de 4 em 4 anos, as Olimpíadas, jogos de que participavam os melhores atletas da Grécia. A primeira olimpíada teria ocorrido no ano de 776 a.C.
Abaixo dos deuses, mas acima dos homens, os gregos tinham os Heróis. Eram mortais e cheios de paixão, como os homens em geral. Entretanto, tinham realizado extraordinárias façanhas em benefício do povo. O maior dos heróis gregos foi Hércules, autor de 12 trabalhos extraordinários. Entre eles matou o Leão da Neméia, desceu ao inferno libertando Teseu, venceu a Hidra de Lerna e abriu, com os ombros, o estreito de Gibraltar, separando a África da Europa.
Outro importante herói foi Teseu, que venceu o Minotauro, monstro que anualmente devorava 7 rapazes e 7 moças enviados de Atenas por sua exigência. Ajudado por Ariadne, que lhe deu um fio comprido, pôde sair do Labirinto após vencer o Minotauro.
Outros heróis: Perseu matou a Medusa, cujo olhar transformava os homens em pedra. Édipo venceu a Esfinge, decifrando seu enigma. Dessa lenda ou mito vem a tragédia Édipo-Rei, que inspirou Freud no estabelecimento de suas Teoria sobre a personalidade humana e que leva o nome de “Complexo de Édipo (vide resumo da obra na sessão sobre História da Psicologia).
As cidades gregas eram construídas em dois níveis. O mais elevado, chamado Acrópole, abrigava os edifícios principais, templos e palácios; era fortificado. Na parte baixa, espalhava-se o casario, havendo área especial reservada para o mercado, onde o povo se abastecia.
Independentes entre si, as cidades gregas formavam pequenos estados, compreendendo, além da área edificada, pequena zona rural, onde se praticava a agricultura da vinha, do trigo e da oliveira. O solo pobre limitava as colheitas, o que forçava os gregos a emigrar.
A emigração levou à fundação de colônias. Estas surgiram em 2 pontos principais: a costa asiática do mar Egeu e o sul da Itália e Sicília (Magna Grécia).
Essas colônias geralmente não tinham nenhuma relação de dependência com suas fundadoras. Apenas adoravam os mesmos deuses, falavam as mesmas línguas e mantinham relações comerciais, trocando o excesso de sua produção pelo de que necessitavam. Houve época, porém, em que algumas colônias estiveram sob a hegemonia de Atenas e de Esparta, pagando-lhes tributo.
Algumas colônias foram famosas pela riqueza e pelo luxo de seus habitantes. Entre elas podem ser citadas: Esmirna, Éfeso, Mileto, Siracusa, Síbaris. As atuais cidades francesas de Marselha e Nice foram, originariamente, colônias gregas.
Os gregos foram notáveis em quase todos os campos da atividade humana. Comprimidos entre o mar e as montanhas, tendo o solo pobre, tornaram-se grandes navegadores e comerciantes. Seus navios foram o elo de ligação do Mediterrâneo, durante vários séculos.
Sua indústria abrangeu a tecelagem, a cerâmica, a alimentícia (vinho e azeite), que fabricavam com grande maestria. Necessitavam de vasos para a armazenagem e transporte de vinho, de azeite e de trigo. Por isso a cerâmica alcançou alta qualidade pela perfeição e elegância de suas peças.
A construção naval foi a grande indústria grega. Os navios, fabricados com a madeira extraída de suas matas, destacaram-se pela versatilidade, facilidade de manejo e robustez. Tanto nas viagens comerciais, transportando mercadorias, como nas batalhas navais, os gregos sempre contaram com embarcações avançadas e eficientes.
No campo da ciência, foram os gregos os pioneiros de numerosos conhecimentos da astronomia, da matemática, da geometria, da medicina, da anatomia e da física.
No terreno da arquitetura, deixaram-nos alguns exemplos dos mais belos edifícios já construídos pelo homem, como o Partenon, em Atenas.
Na escultura foram mestres. Pela primeira vez no mundo antigo o homem consegue a perfeição no campo da estatuária: representam, na pedra ou no metal, o corpo humano, ou animal, em toda a sua beleza. Ficaram célebres as estátuas de Atenas Promacos, de 9 metros de altura, a do Discóbolo e a de Zeus – o maior dos deuses.
A pintura destacou-se pelo seu traço gracioso em vasos ou murais: ora representando deuses e heróis, ora cenas da vida doméstica, ora competições esportivas.
Na arte dramática os gregos foram também notáveis. Ficaram-nos suas tragédias e comédias, representadas em teatros ao ar livre, estes também obras primas de arquitetura e de acústica.
Na filosofia seu pensamento profundo varou os séculos chegando até nós e constituindo, muitas vezes, o fundamento de muitas concepções modernas. Poucos povos, como os gregos, deixaram tanto para seus pósteros, em todos os campos fundamentais do conhecimento humano.
Apesar de sua curta duração, o apogeu da cultura grega atingiu o mais alto nível até então conquistado pela humanidade. Assim, quando o Egito dos faraós durou mais de 4 mil anos, Creta 1.400 anos, o apogeu da Grécia estendeu-se apenas por 300 anos. Nesse curto espaço de tempo, o povo grego cultivou a beleza em suas múltiplas formas, como nenhum outro antes.
Todas as manifestações do pensamento grego estavam voltadas para alcançar o belo e o perfeito. Nos menores detalhes e no conjunto de suas obras, nota-se a preocupação em atingir o fim estético do equilíbrio e da graça.
Mesmo após a decadência das cidades gregas da Europa, sua força de criação se expande através das colônias da Ásia Menor e do Mediterrâneo (Magna Grécia), ou do Egito (Alexandria).
Graças à conquista do oriente por Alexandre, a cultura grega ganha as terras antes pertencentes ao Império Persa. E o culto da beleza desse povo extraordinário estende-se até os limites da Índia, criando uma nova cultura – a helenística. Mais tarde, à época do Império Romano, os generais dos Césares encontram, em tão distantes terras, a semente grega da beleza, revelada através da língua, das artes, das ciências e do pensamento, que esse pequeno, mas extraordinário povo, soube tão bem cultivar e expandir.
Embora existindo em função da arquitetura, como arte de decoração de edifícios ou monumentos, a estatuária alcançou, na Grécia, o ponto mais alto das criações do homem. A princípio as estátuas gregas não têm movimentos, guardando certo ar estático que lembra as egípcias. Depois, com o passar do tempo, vão ganhando desenvoltura e graça.
Estátuas como o Discóbolo (de Miron), apresentam um impressionante equilíbrio nas suas proporções, notável conhecimento de anatomia e extraordinária sensação de movimentos.
O maior nome da estatuária na Grécia foi Fídias, que decorou o Partenon (as Panatenéias) além de esculpir a estátua de Atenas Promacos, (com 9 metros de Altura).
Outra notável obra de arte é a Vênus de Milo, encontrada em 1820 por um camponês, que a vendeu por 1.200 francos, ao oficial de marinha francês Voutier. Inúmeras outras obras de notável beleza podem ser acrescentadas tais como: o Apolo de Belvedere, o Galo Moribundo e a Vitória de Samotrácia. Várias dessas obras encontram-se hoje em museus da Europa, onde podem ser admiradas pelos visitantes.
Os Mestres da Arquitetura
O povo grego revelou extraordinário poder criador em vários campos de atividade. Um dos mais notáveis é o da arquitetura. Suas cidades exibiam edifícios de extraordinária beleza plástica, apesar da simplicidade de concepção.
Os edifícios gregos não tinham arcos nem abóboda. Tais formas, de criação asiática, eram desconhecidas na Hélade. Por outro lado, os templos e palácios de teto plano ostentavam grande beleza e dignidade, através de suas linhas sóbrias, mas elegantes.
Os gregos usavam abundantemente colunas. Essas eram de três estilos:
A cidade grega que apresenta o mais notável conjunto arquitetônico é Atenas, onde, na sua Acrópole, podem ser vistos, embora em ruínas, alguns dos mais belos edifícios já concebidos pelo homem.
Os gregos foram os criadores da tragédia, gênero teatral (tragos era o bode sacrificado em honra ao deus Dionísio). As tragédias, os dramas (de movimento) e as comédias (de comos – populacho), eram representados, horas a fio, em teatros ao ar livre, assistidos por grande parte da população das cidades.
Acompanhando o desenrolar da ação dramática havia uma orquestra e coro que, através da música, contribuíam para acentuar a força do texto. Essa orquestra e coro ficavam entre o palco (cena) e o público (sentado em uma arquibancada semicircular). Esses teatros impressionam pela sua acústica absolutamente perfeita, o que mostra o alto grau alcançado pela arquitetura grega.
As mais notáveis obras do teatro grego são:
O primeiro fármaco reconhecidamente MARCA REGISTRADA ou TRADE MARK , surgiu nesta mesma época e chamava-se TERRA SIGILLATTA , no ano 500 a.C.
O advento da Farmácia deu-se mesmo com os gregos que, em seus Templos dedicados ao Deus ASCLÉPIO trataram, durante mais de mil anos, doentes vindos de todas as partes do mediterrâneo, utilizando a fitoterapia e secreções de animais para tratamento dos doentes do soma (corpo para eles), enquanto para os doentes da psique (y = alma, para eles e a mente para nós) eles utilizavam tratamentos a base de saunas, exercícios físicos e discussões filosóficas, sendo considerados os criadores da psicoterapia e os pais da PSICOLOGIA. Todas as formas de terapia praticada pelos grego era feita em nome do Deus ASCLÉPIO.
Entre as primeiras contribuições à psicologia, destacam-se as de Aristóteles, filósofo grego que precedeu Hipócrates, principalmente em seus estudos sobre os processos cognitivos do homem. Segundo o filósofo, é através dos órgãos sensoriais que o indivíduo forma a imagem, ou a representação sensível dos objetos. Sobre essas imagens o homem produz conceitos, ou seja, pensamentos sobre os objetos.
Baseando-se nas idéias de Aristóteles, São Tomás de Aquino, na Idade Média, desenvolveu o pensamento psicológico que dominou as velhas faculdades européias. Aceitando a concepção aristotélica de que a alma eqüivale ao “princípio da vida” Tomás de Aquino definiu-a como “o princípio imediato que é a origem de todas as operações que se cumprem no indivíduo”, controlando e ordenando o comportamento humano.
Grécia - Educação
A cultura grega é a mais valiosa herança da antigüidade para a cultura e a para a civilização ocidental.
Na Grécia se tem o berço da Filosofia, esta nascendo da necessidade e da busca de explicações racionais para a realidade, superando o estágio das explicações místicas. Vigorosa crença na razão humana.
Na Grécia antiga surgem as primeiras reflexões sistemáticas sobre a educação, assinalando o nascimento da Pedagogia. A educação era vista como atividade destinada à formação integral do homem.
Cidade marcada por instituições militaristas e autoritárias e dividida em classes sociais diversas:
a – Espartanos: eram os cidadãos legítimos de Esparta.
b – Periécos: compreendia os comerciantes e artesãos.
c – Ilotas eram os escravos e servos presos à terra.
A educação espartana era baseada na legislação legada por Licurgo e objetivava a formação de bons soldados e não fazia distinção de sexo, pois tanto o menino quanto a menina eram educados pelo Estado a partir dos sete anos de idade. O Espartano era soldado dos sete aos sessenta anos de idade.
Atenas era a cidade rival de Esparta e exerceu, durante vários séculos a liderança da civilização grega, do ponto de vista cultural, político e econômico.
A sociedade Ateniense era dividida em três classes principais:
a – Eupátridas: os verdadeiros atenienses, que tinham todos os direitos políticos, se fossem homens.
b – Metecos: eram os estrangeiros que, devido à xenofobia (é um termo grego e significa medo ou aversão à estranhos) e à valorização do Estado Ateniense, eram mal vistos e não tinham direitos políticos.
c – Escravos: constituíam-se na maioria da população. Viviam marginalizados e não tinham direito à nenhum tipo de participação social.
A educação em Atenas antiga não era controlada pelo Estado. Desenvolvia-se em escolas particulares. A educação de cidadão estava voltada para aspectos amplos da vida intelectual. Objetivo: “mente sã em um corpo são”, que foi copiado e adaptado ao latim pelos romanos, ficando: “Mens sana in corpore sanus”.
Os sofistas eram uma espécie de professores viajantes que cobravam pelos seus ensinamentos práticos e filosofia, esta, nem sempre correspondendo fielmente à lógica e a estrita interpretação do fato e do evento filosófico. Davam aulas de eloqüência, argumentação e habilidade no manejo das doutrinas divergentes, ou seja, eram capazes de conciliar opostos e harmonizar, através da farsa e da argumentação bem montada, idéias diametralmente opostas e completamente impossíveis de serem aceitas na prática, via razão. Ao bem da verdade, os sofistas no fundo não passavam de hábeis impostores.
Protágoras de Abdera foi um dos sofistas mais conceituados. Afirmou que “o homem é a medida de todas as coisas”. Sua doutrina gerou o subjetivismo relativista.
A educação dos sofistas dava ênfase ao valor humano; as virtudes não são privilégio da aristocracia; incentivo à formação de uma cultura geral.
Fundamentou sua doutrina no “Conhece-te a ti mesmo” e utilizou como método educacional o diálogo crítico, dividido em duas partes:
a – Ironia: o interlocutor acabava reconhecendo sua ignorância;
b - Maiêutica: ajudava o interlocutor a conceber suas próprias idéias.
Devido à abrangência e a força de suas idéias e ainda, devido ao prestígio e influência que exercia sobre os jovens, Sócrates acabou acusado de desordem, desestabilização do poder e ainda, corrupção de jovens, jovens estes que eram a razão de sua existência e doutrina.
Em A REPÚBLICA, Platão concebeu uma sociedade ideal, composta de três classes sociais:
a – Governantes: reis e filósofos;
b – Militares: os braços dos reis filósofos;
c – Povo: produtores dos bens materiais, sem direitos políticos.
Na educação estabeleceu etapas precisas para o processo de educação, inspirando-se nas instituições espartanas.
O princípio fundamental da educação para este filósofo era a natureza do aluno, a formação de hábitos virtuosos, a orientação racional.
Virtude é a prática do bem, conduzida pela consciência racional. Representa o equilíbrio entre o excesso e a ausência de atributos antagônicos.
Processo do conhecimento: percepção, memorização do percebido e aplicação dos conteúdos memorizados, relacionando-os entre si.