Na Idade Média, à medida que se formavam os reinos “bárbaros” sobre as ruínas do Império Romano, pouco a pouco se modificaram as instituições políticas, econômicas e sociais. Já pelo século X estava enraizado o Feudalismo, que foi sem dúvida a mais marcante das instituições medievais.
O Feudalismo surgiu devido à falta de segurança reinante na época. Era conseqüência da fragmentação das terras doadas pelo rei aos nobres, em pagamento de serviços prestados. Formaram-se os feudos: áreas de terra sob a posse de um senhor, às vezes poderoso. O poder dos reis era, a miúdo, apenas simbólico.
Como estava estabelecida a sociedade feudal? O rei era o Suserano, geralmente reconhecido pelos nobres. Deviam-lhe homenagem e obediência, os príncipes, duques, condes e barões – seus vassalos. Estes, por sua vez, eram suseranos de outros vassalos que poderiam ser, também, suseranos de ainda outros vassalos. Os grandes senhores feudais possuíam, em suas propriedades, enorme autoridade, submetendo-se-lhes outros senhores feudais e pequenos proprietários, em busca de proteção e amparo contra inimigos e salteadores, fato comum na época.
Para selar um laço de vassalagem, um pequeno proprietário oferecia suas terras a seu futuro suserano, que as devolvia. Nessa restituição as terras voltavam como um Feudo. Os homens livres perdiam parte de sua liberdade voluntariamente, em troca de alguma proteção. As terras eram paulatinamente transformadas em estabelecimentos feudais. No século XI, praticamente toda a Europa era feudal.
O senhor feudal morava em um castelo fortificado, cercado de altas muralhas. Estas ligavam várias torres de vigia, de onde se podia ver, ao longe, o inimigo que se aproximasse. Internamente, as torres se comunicavam através do “caminho de ronda”. Dentro das muralhas do castelo, o senhor feudal oferecia proteção a seus vassalos em caso de guerra, e seus armazéns sustentavam-nos nas ocasiões de crise.
A sociedade feudal caracterizava-se pela desigualdade. Ninguém era totalmente livre, já que estava, de alguma forma, ligado a algum suserano ou vassalo. Ao redor dos castelos ficavam as terras de cultura, as áreas de caça e pesca do senhor. Lá trabalhavam os servos da gleba, cuja produção ia, na maior parte, para o paiol do seu suserano, dentro dos muros do castelo.
Os senhores feudais preocupavam-se, geralmente, em como fazer guerra a seus inimigos (a guerra entre nobres era freqüente), ou como defender seus suseranos. Cultivavam a bravura pessoal e a habilidade nos combates com espada, lança, arco e flecha.
Os servos da gleba viviam com suas famílias no feudo do seu suserano. Nem sempre eram obrigados a prestar serviço militar mas tinham que cultivar suas terras e a de seu senhor e contribuir para dote da filha do suserano. Mesmo recuperando a liberdade, pela compra da carta de alforria, não podiam deixar as terras. Também deviam obediência ao suserano em questões de casamento e da venda de seus bens. Muitos servos eram cruelmente maltratados pelos seus senhores.
Durante a Idade Média teve grande prestígio a instituição da Cavalaria. A Igreja combateu as lutas entre nobres, instituindo a chamada “trégua de Deus” (proibição de lutas durante certas épocas do ano). A influência da Igreja na Cavalaria foi benéfica, transformando-a numa instituição em defesa da religião, da mulher, dos fracos, dos órfãos, da lealdade até para com os inimigos, da cortesia e da honra.
Sendo o trabalho manual considerado indigno dos nobres, de cavaleiros e de homens livres, foi ele transformado em ocupação dos artífices, que moravam em aldeias (burgos) e cidades. Cada tipo de atividade concentrava-se numa rua determinada (rua dos Sapateiros, dos Alfaiates, dos Armeiros, etc.). Sob o mesmo teto viviam os “mestres” e oficiais trabalhando em seu mister. A oficina era a própria loja de venda.
A Igreja estimulou a formação de associações de classe (“fraternidades”) e corporações, que reuniam seus membros em torno de estatutos comuns, bandeira, tesouraria e santos padroeiros.
Essas corporações eram beneficentes e seus membros delas recebiam auxílio em época de necessidade. Eram, porém, contrárias ao trabalho livre e contra qualquer forma de inovação.
A falta de segurança nas estradas, a limitada circulação de moeda, o isolamento próprio da época, fez do comércio medieval uma atividade muito restrita. Eram raros os mercadores que se aventuravam pelas estradas com suas malas. Somente nas cidades é que havia alguma atividade comercial mais ativa. As lojas dos artífices, onde os próprios produtores vendiam o fruto do seu trabalho, eram os centros de negócio.
Lentamente as atividades comerciais foram-se desenvolvendo. A princípio dentro da própria cidade. Depois entre 2 cidades e, finalmente, entre países. Algumas cidades notabilizaram-se pela realização de feiras em determinadas épocas do ano. Para lá se dirigiam comerciantes de outras praças para realizarem negócios. Na Europa Ocidental destacaram-se as cidades – feiras de Lion, Frankfurt, Antuérpia e Leipzig.
A Idade Média foi uma época de insegurança geral. As grandes invasões dos bárbaros, destruindo o Império Romano, desarticularam suas defesas. Os novos reinos então estabelecidos estavam à mercê dos invasores, já que os reis eram incapazes de manter sua autoridade pelas armas, em todos os seus domínios. Essa incapacidade real de defender o território, levou à divisão dos reinos medievais em numerosos pedaços (feudos). Cada um deles era oferecido a um senhor, a quem caberia defendê-lo e prestar homenagem e obediência ao rei.
Os senhores feudais deviam vassalagem ao rei, seu suserano. Prometiam pegar em armas em sua defesa, juntamente com um certo número de soldados armados (seus vassalos). Por sua vez os nobres recebiam vassalagem de seus súditos; suas terras eram trabalhadas pelos vassalos, que lhe tinham de entregar a maior parte das colheitas.
A hierarquia feudal organizou-se na Cavalaria. O primeiro Cavaleiro era o Imperador ou o Rei. Abaixo dele, e em ordem hierárquica, estavam os duques, os condes, os barões, os viscondes e os cavaleiros ou senhores. Estes títulos eram prestigiados por toda a sociedade feudal e não implicavam em ordem de riqueza. Os filhos dos nobres eram educados desde cedo para ingressarem na Cavalaria. Começavam como pajens (quando aprendiam a cortesia a serviço das damas), depois escudeiros (a serviço de um Cavaleiro), até que eram proclamados cavaleiros (aos 18 anos), em cerimônia especial de investidura.
Graças a esse mecanismo de interdependência (suserano-vassalo), a sociedade medieval pôde sobreviver e atravessar os difíceis dias de insegurança então reinantes. Os laços de vassalagem, com obrigações de assistência e defesa mútua, substituíram o governo forte do rei, através da descentralização do poder, fracionado na mão dos nobres.