Os descobrimentos marítimos no início da Idade Moderna somente podem ser comparados com os de hoje, visando a conquista do espaço. E, na verdade, a descoberta da América ou do caminho marítimo para as Índias exigiu muito mais esforço e coragem dos homens daquela época do que, dos astronautas que viajam para a Lua. As dificuldades eram enormes e de toda a sorte. Era preciso vencer as idéias dominadas pelas superstições e fantasias. A ciência praticamente não existia, pois estava misturada com crendices e absurdos. Os poucos que discordassem das verdades oficiais corriam risco de vida, sendo punidos por heresia. Além disso, ainda eram raros os recursos materiais à disposição dos que desafiavam todas essas dificuldades, pelos mares desconhecidos “nunca d’antes navegados”.
Apesar de toda sorte de dificuldades o espírito do homem triunfou. Navegadores audazes (primeiro portugueses e espanhóis, mais tarde ingleses, franceses e holandeses) forma, pouco a pouco, vencendo os perigos dos mares e ampliando as terras conhecidas.
Além das grandes invenções (bússola, papel, imprensa, caravela), favoreceram as navegações: o desejo de aventuras; as lendas que corriam sobre os fabulosos tesouros do Oriente; a vontade de converter o cristianismo os pagãos que viviam em terras longínquas. Mas, o principal fator foi, certamente, o comércio das especiarias das Índias, que tão grandes lucros alcançavam na Europa.
Nessa época, o fabrico de artigos de luxo para o vestuário e vários alimentos apreciados pelos europeus eram exclusividade do Oriente.
Quem controlasse as fontes de produção das especiarias e seu transporte até a Europa teria o negócio mais rendoso daquele tempo. Em conseqüência dos grandes lucros do comércio, vinha a prosperidade econômica, o crescimento das cidades e o aumento do poder político.
Essa prosperidade foi conhecida pelas cidades da península italiana (especialmente Gênova e Veneza) antes de 1553. A partir de então, os turcos tomam Constantinopla e fecham o caminho seguido pelas mercadorias procedentes das Índias.
É a vez dos navegadores portugueses e espanhóis. Pouco a pouco se aventuram pelo Atlântico (até então chamado “Mar Tenebroso”). Os portugueses contornam a África, atingem o Cabo das Tormentas, dobram-no e chegam às Índias em 1498. Colombo, a serviço dos espanhóis, já havia chegado às terras americanas (pensando que fossem as Índias), em 1492.
A partir de então os descobrimentos se intensificam. Os mais remotos mares da Terra são singrados pelas caravelas. Novas terras e novos povos são descobertos. Ampliam-se os horizontes. E não deixam de vir as conseqüências dessa extraordinária façanha do homem, explorando seu planeta.
Fica provada a esfericidade da Terra, até então negada pelos sábios mais notáveis.
Progride a Astronomia, pela necessidade de seguros pontos de referência para a navegação.
Aumentam os conhecimentos geográficos, corrigem-se mapas, e catalogam-se novas terras.
A Zoologia e a Botânica são enriquecidas com o conhecimento de milhares de novas plantas e animais.
A arte da navegação e a técnica da construção naval aperfeiçoam-se bastante.
Os países descobridores de novas terras projetam sua importância sobre os demais, passando a formar impérios coloniais.
Gênova, Veneza e outros portos mediterrâneos perdem importância, entrando em decadência.
As rotas comerciais deslocam-se do Mediterrâneo para o Atlântico.
Os portos portugueses, espanhóis e, mais tarde, ingleses, franceses e holandeses tornam-se as principais praças de comércio do globo.
Cai o preço das especiarias na Europa.
Produtos americanos como o fumo, o algodão, a batata e certas madeiras (entre as quais o pau-brasil) passam a ser usados pelos europeus.
Na América introduzem-se produtos de fora, como a cana-de-açúcar, o café, a manga, o coco da baía e outros.
As ricas minas de ouro e prata da América (Peru e México) fazem cair o valor daqueles metais.
Por outro lado aumenta a circulação das moedas; crescem os bancos e a burguesia enriquece-se cada vez mais.
O enriquecimento da burguesia, através do aumento do comércio e do acúmulo do ouro e prata nos bancos, faz subir sua influência social e política.
Milhões de habitantes das terras descobertas são catequizados. Aumenta a influência do cristianismo, pela sua expansão geográfica e número de fiéis.
Grande navegador português a quem coube realizar a descoberta do caminho marítimo para as Índias.
Nasceu em 1469. Destacou-se nas lutas travadas pelas forças portuguesas na África. Em 8 de julho de 1497 parte de Lisboa comandando uma frota que, após, agitada viagem, atinge Calicut dez meses depois.
Depois de uma estada no Oriente, repleta de aventuras, Vasco da Gama retorna a Lisboa, levando grande volume de especiarias para o Rei.
Chega à pátria em agosto de 1499, sendo recebido com festas e comemorações.
Em reconhecimento pelo seu trabalho, recebe os títulos de Conde de Vidigueira, Almirante dos Mares das Índias, Hábito da Ordem de Cristo, uma pensão anual (de trezentos mil réis) e o tratamento de Dom.
Volta à Índia em 1502, onde reprime manifestações com energia extrema. Morre no Natal de 1524, em Cochim, já no reinado de D. João III.
A descoberta da América em 1492 por Cristóvão Colombo, genovês a serviço da Espanha, provocou grande reação em Portugal.
Desde a subida ao trono de D. João I (1385), um século antes, Portugal desenvolvia sua política de expansão marítima, estimulando a navegação e conquistando palmo a palmo o caminho através do Atlântico, para tentar chegar às tão cobiçadas Índias.
Várias tinham sido já suas vitórias. O sul da África fora atingido em 1486 por Bartolomeu Dias e esperava-se, com pequeno esforço, chegar ao Oriente.
Para isso era preciso garantir o controle do Atlântico Sul, a fim de evitar que outra potência (na época a Espanha) pudesse preceder Portugal na conquista do Oriente.
Eis porque D. João II protesta junto à Espanha e reivindica as terras descobertas por Colombo para a coroa portuguesa, baseado numa bula do Papa Sixto IV (1481).
Os reis da Espanha, D. Fernando e D. Isabel, apelam para o novo Papa, o espanhol Alexandre VI. Este baixa outra bula, garantindo à Espanha todas as terras situadas além de 100 léguas a oeste das ilhas dos Açores.
Portugal protesta e ameaça ir à guerra contra a Espanha. São enviados emissários à corte espanhola, que procuram defender o direito de Portugal ao Atlântico Sul e às terras que ali se encontrassem.
Ao fim do debate, os soberanos ibéricos acordam entre si por um documento chamado Tratado de Tordesilhas. Seriam portuguesas as terras localizadas a leste de um meridiano situado a 370 léguas a ocidente das ilhas de Cabo Verde. As terras situadas a oeste do citado meridiano seriam espanholas.
A linha de Tordesilhas passava por onde hoje estão as cidades brasileiras de Belém (ao norte) e Laguna (ao sul). Por esse Tratado, grande parte do Brasil já pertencia a Portugal, antes mesmo da sua descoberta por Cabral.
O descobridor da América nasceu em Gênova, de família humilde. Apesar de pouca cultura, era dotado de grande inteligência e espírito de observação. Grande interessado pelo mar, procurava conhecer tudo que se relacionasse com a navegação. Através de documentos de seu sogro, Perestelo ficou convencido da existência de terras situadas a oeste das ilhas de Cabo Verde, Açores e Canárias.
Em Portugal, propôs realizar para o rei D. João II uma viagem às Índias, navegando para oeste. Sendo repelido, dirige-se para a Espanha, onde, após longa espera, é atendido pela rainha Isabel, a Católica que lhe fornece 3 caravelas: Santa Maria, Pinta e Niña. Vencendo inúmeras dificuldades para tripular seus navios, Colombo parte, a 3 de agosto de 1492, de Palos, na Espanha.
Após acidentada viagem pelos mares desconhecidos, enfrentando a fome, a incerteza, a revolta dos marinheiros apavorados pela demora, é avistada terra no dia 12 de outubro. Era a ilha de Guanaani, batizada por Colombo de São Salvador. Pouco mais tarde descobre Cuba e Haiti (batizada de Hispaniola).
Recebido com honras na sua volta, Colombo ainda faz mais 3 viagens à América. Na 3.ª é vítima de inimigos e volta algemado para a Espanha. Libertado, faz sua 4.ª e última viagem, regressando à Espanha desgostoso. Morre pobre e esquecido em 1506, num convento em Valadolid.