Durante a Idade Média se acreditou em tudo o que o clero dizia e esse era um dos personagens utilizados pela Igreja Católica, que o copiou da mitologia grega, para aterrorizar os fiéis e mantê-los sob seu julgo cego, no decurso de toda a Idade Medieval, na chamada “IDADE DA FÉ DEMAIS” e que acabou desembocando na Reforma, quando o povo começou a enxergar os desmandos e abusos do Clero
O Dragão engole o cavaleiro e palita os dentes com a lança – O cristianismo medieval segundo os chargistas contemporâneos.
Nos últimos anos do século XV a Igreja estava a braços com sérios problemas internos. Havia abusos de várias naturezas, falta de disciplina entre os padres, corrupção no alto clero, tudo isso criando um ambiente difícil de ser tolerado por mais tempo. Já antes, alguns líderes se haviam revoltado contra este estado de coisas, como João Huss, na Boêmia e Wiclef, na Inglaterra. Ambos pregavam a necessidade de reformar a Igreja em seus aspectos negativos, mas foram condenados como hereges.
No começo do século XVI, um movimento mais sério contra a corrupção dos costumes eclesiásticos toma vulto. As idéias de Wiclef e Huss, a influência dos humanistas (partidários do livre exame das idéias), o desregramento da corte dos Papas Alexandre VI e Leão X, o desrespeito do celibato clerical, além do baixo nível cultural do clero regular, foram algumas das razões desse movimento.
O líder do movimento reformador do catolicismo foi Martinho Lutero, frade agostiniano. Ao ver os dominicanos vendendo indulgências sob ordens do Papa Leão X, Lutero passa a negar o valor das citadas indulgências. Afixa à porta da catedral de Wittenberg uma lista de 95 teses, atacando vários pontos da doutrina católica.
Apesar da repercussão de seu ato, o Papa a princípio não lhe dá importância, julgando tratar-se de uma simples “querela de frades”. Lutero, porém, continua a atacar a Igreja. Convidado a retratar-se, nega-se e é excomungado (1520).
O Imperador Carlos V convoca a Dieta de Worms, que condena Lutero. Este esconde-se no Castelo de Wartburgo, onde traduz a Bíblia para o alemão. Essa tradução é considerada obra prima, sob o aspecto literário.
As doutrinas luteranas cedo se espalharam pela Europa. Foram apoiadas por príncipes, que nelas viam interesse para suas causas, e por camponeses que, em nome da religião, exigiam reformas sociais. Alastra-se pela Europa uma onda de revoltas, com incêndios de propriedades, castelos, conventos e igrejas.
Carlos V, pela Dieta de Spira, concede a princípio alguma liberdade de culto aos reformistas, mas pouco depois, revoga-a. Foi proibida a propaganda luterana nos territórios católicos, enquanto nos reformistas era obrigatória a propaganda católica. Os luteranos protestaram contra Carlos V, o que lhes valeu, desde então, a designação de protestantes.
Outra Dieta reuniu-se em 1530. Desta vez em Augsburgo. Os protestantes apresentam um resumo de suas crenças ( a “Confissão de Augsburgo”), que Carlos V nega-se a aprovar. Em conseqüência é formada a Liga de Smalkalde pelos príncipes protestantes, prontamente combatida por Carlos V. Finalmente os protestantes conquistam igualdade política com os católicos.
Após Lutero, vários movimentos reformistas verificaram-se. Entre eles merecem citação os de Zuínglio e Calvino. Zuínglio chefiou na Suíça um movimento contra a igreja católica e cedo conquistou certo número de seguidores. Entretanto, pretendendo aumentar seus prosélitos, Zuínglio acaba morrendo numa guerra civil. Calvino, francês de nascimento, elabora uma doutrina mais severa que a de Lutero. Na França começa a ser perseguido e resolve refugiar-se na Suíça. Ali, em Genebra, consegue grande número de seguidores e organiza sua igreja e um seminário, onde se formavam os líderes, que iriam propagar suas crenças em outras nações européias (França, Holanda, Inglaterra e Escócia).
Na Inglaterra o rei Henrique VIII foi, a princípio, grande adversário de Lutero, chegando a receber o título de “Defensor da Fé”. Pretendeu, porém, anular seu casamento com Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena. Não obtendo a aprovação do Papa, revolta-se contra a Igreja. Proclama-se chefe da Igreja inglesa, embora não tenha feito nenhuma alteração doutrinária no catolicismo. Mais tarde, sua filha Isabel I estabelece o anglicanismo definitivamente.
Verificando a extensão do movimento protestante, o alto clero católico passou a preocupar-se. Era preciso reformar a Igreja de dentro para fora. O Papa Paulo III convoca o Concílio de Trento com essa finalidade (1545). Após 18 anos de funcionamento, o Concílio realiza profundas alterações na estrutura eclesiástica, estabelecendo normas sobre as Escrituras, sacramentos, tradição e vários outros aspectos da fé. Foi estabelecida severa disciplina entre os clérigos e cuidada a sua preparação para o ministério. Foi estabelecido o catecismo romano, que passou a resumir a doutrina católica.
Segue-se um período de intenso trabalho no seio da Igreja. Vários Papas, ajudados pelas ordens religiosas, dedicam-se à propagação da fé. Purificam-se os costumes, criam-se ordens dedicadas ao ensino, à caridade e a outras formas de apostolado. A Igreja ressurge com uma nova face; essa mais cristã e piedosa.
A mais importante ordem religiosa então criada foi a dos jesuítas. Fundada pelo espanhol Inácio de Loyola, antes militar, os jesuítas foram os principais soldados da Igreja no combate à expansão do protestantismo. Os jesuítas dedicaram-se especialmente à educação e à pregação do Evangelho. Seus colégios multiplicaram-se pela Europa, Ásia (China, Japão, Índia) e América do Sul (especialmente no Brasil).
No movimento de auto-reforma encetado pela Igreja como resposta ao protestantismo, chamou-se de “Contra-Reforma”. Ela foi eficaz e graças a seu esforço, o avanço protestante foi detido no sul da Europa, Bélgica, Polônia e Hungria.
À reforma protestante, abraçada por numerosos nobres em grande parte da Europa, deu lugar a vários conflitos chamados de “guerras de religião”. Na França, onde havia mais de duas mil igrejas ao tempo de Henrique II, logo os protestantes formaram um partido político (Huguenotes). Seus chefes eram o Almirante Coligni, Antonio de Bourbon (rei de Navarra) e o príncipe de Condé.
Apesar do aspecto religioso aparecer em primeiro plano, as guerras que se seguiram tinham suas causas políticas e econômicas. Aos nobres interessava fustigar a realeza que lhes combatia certos privilégios. Assim, 8 guerras tiveram lugar na França, tombando milhares de vítimas, a maioria inocente e à margem dos interesses em conflito. A invasão francesa do Rio de Janeiro, em 1555 por Villegaignon, foi uma das conseqüências dessas lutas religiosas, políticas e econômicas na França.
Outra guerra sangrenta que ceifou milhares de vidas na Europa foi a dos Trinta Anos,. Além da causa religiosa ela também teve motivações políticas e econômicas. Envolveu a Alemanha, Áustria, Dinamarca, França, Suécia, Itália, Espanha e Holanda. Terminou em 1648, com o Tratado de Westphalia, deixando mais de 1.000 cidades alemãs destruídas.